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Fase de Recria

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FASE DE RECRIA: MANEJO DA DESMAMA À TERMINAÇÃO (10/02) 
 
O que marca o inicio da recria? A desmama. Momento de alto estresse pois além de deixar de mamar, o animal se 
vê no meio de uma seca e tem que começar a aprender a ingerir gramínea. 
 O que mais estimula o desenvolvimento do rúmen? Forragem ou concentrado? Concentrado, pois tem 
mais ácido propiônico. 
Na fase da recria, devemos entender os eventos limítrofes. Enquanto que na fase de cria sabemos que o fim é o 
desmame e o inicio desde a estação de monta, passando pela estação de parição. 
 Na recria começa no desmame (animal entre 150-200 kg), o animal vai passar pela seca e a fase de recria 
deve perdurar até que o animal atinja o mínimo de 10@ (300 - 390kg). No Brasil temos a intenção sempre 
de que o animal tenha mais de 10@, cerca de 12 a 13@. Países mais ao norte, com índices produtivos mais 
significativos, eles já têm percebido que é interessante o animal começar a terminação em torno de 10@. 
Com isso eles visam aproveitar a curva de crescimento do animal. 
A recria para os machos vai conseguir características peculiares: o macho tem menor exigência de mantença (por 
ser um animal mais leve, então tem menor exigência), no entanto, apesar dele ter menor exigência, ele tem 
grande eficiência para ganho muscular. É como em seres humanos, quando adolescentes, conseguimos comer 
muito e não engordar, pois estamos na chamada fase de crescimento. 
 Na nossa adolescência também ainda passamos por um processo interessante, principalmente os 
meninos: ocorre o crescimento alométrico. Vemos muitas vezes meninos com o braço passando do joelho, 
pernas muito compridas, etc. Isso ocorre com os bovinos também. Crescimento alométrico: é quando os 
tecidos do nosso corpo não crescem de forma isométrica; ou seja, quando está tendo um pico de 
crescimento ósseo, não coincide com o momento de maior crescimento muscular e nem com o de tecido 
adiposo. Temos varias curvas de crescimento para cada um desses tecidos, que ocorrem em momentos 
distintos. O tecido nervoso continua crescendo? Não, o que foi formado já se estabeleceu, e se houver 
lesão não recupera. O tecido ósseo também tem sua fase de crescimento, começando na concepção e 
depois estagna. O tecido muscular cresce a vida toda? Fisiologicamente não, ele pode hipertrofiar, então 
se lacerar, não repõe aquela perda. Logo, essas curvas de crescimento são diferentes (ver gráfico nos 
slides). 
Já as fêmeas vão ter também esse momento voltado para o crescimento dos tecidos, mas boa parte de sua 
energia está voltada para o desenvolvimento reprodutivo  então a energia que ela recebe da dieta está sendo 
particionada para mantença, crescimento e desenvolvimento reprodutivo. Então, se não suplementarmos a 
novilha de forma correta, vamos gerar vacas pequenas e isso pode me causar problemas sérios, como partos 
distócicos. 
 Qual a relação entre PESO e REPRODUÇÃO? Tudo haver, pois só vamos ter novilhas aptas para reprodução 
após elas atingirem um mínimo de 60-65% do PV. 
Quanto tempo dura a recria? Não existe receita de bolo, pois o termino da recria é definido pelo peso; se tenho 
ganhos diários maiores a recria será mais curta. Aqui no Brasil, varia de 24 - 36 meses, o que é uma média 
considerada alta, ou seja, demoro de 2 a 3 anos com o animal na fase de recria e se fizer a conta com o tempo que 
o animal fica na fase de cria, então vou abater animais com 3 a 4 anos de idade, o que não seria adequado do 
ponto de vista produtivo. 
 
No gráfico, vemos que alem da questão nutricional, mas mesmo se eu der todo o suporte ao animal, os fatores 
intrínsecos do animal atuam. Animais com genética melhorada conseguem ter taxas de ganho de peso maior, 
portanto chegam a um peso maior em um tempo menor. No gráfico vemos que foram usados três animais: Nelore 
controle (rebanho que não passou por nenhum tipo de seleção ou melhoramento), nelore seleção (animais que 
passaram por melhoramento) e nelore tradicional/ comercial. 
 Percebemos que o nelore sem seleção nenhuma, tem taxas de ganho de peso bem menores, então esse 
animal não conseguiu atingir o mesmo peso que os outros rebanhos no tempo do estudo. Isso se deve a 
fatores genéticos. 
 
Na aula passada também vimos que, quando falamos fase de recria a gente começa a ver que podemos contar o 
tempo de vida do animal pelo numero de secas que ele passa. Então, se esse animal está passando pela 2ª seca, 
significa que ele tem no mínimo 24 meses de idade. 
 No gráfico vemos o desempenho de animais suplementados em diferentes momentos. Temos 5 situações 
diferentes: 
1) Rebanho não foi suplementado nem na 1ª, nem na 2ª seca  o animal teve que se virar com o 
que tinha disponível; 
2) Suplementado na 1ª seca; 
3) Suplementado na 2ª seca; 
4) Suplementado na 1ª e na 2ª; 
5) Suplementado na 1ª e confinado na 2ª. 
 
 Qual seria a melhor situação para favorecer o crescimento do meu rebanho? Para que o animal atinja o 
peso limítrofe para terminar a fase de recria? 
O que define o término da fase de recria é o animal atingir de 300 - 390kg de PV. No gráfico vemos que a depender 
do manejo (situação utilizada) o peso foi atingido em épocas diferentes. Como já era esperado, o grupo que não teve 
nenhuma forma de suplementação, chegou aos 390kg entre o 26º e 27º mês. 
Já na opção 2, onde foi suplementado na 1ª seca, ele atingiu 390kg no 25º mês. 
Na opção 3, atingiu o peso no 22º mês. 
Na opção 4 atingiu no 21º mês; e na opção 5 atingiu no 19º mês. 
Então há uma diferença considerável entre os manejos. Quem suplementou na 1ª seca teve um resultado pior do 
que quem suplementou só na 2ª. Isso ocorreu devido ao crescimento compensatório. O animal chega magro na 2ª e 
existe um mecanismo do organismo de crescimento compensatório. 
 
 o melhor é suplementar a opção 5, mas quando falamos em termos de custo benefício, a opção 3 é melhor. Ou 
seja, suplementar apenas na 2ª seca, pois apesar de ter um ganho de peso mais lento que na opção 4 e 5, o custo 
também é menor, o que compensa. 
 o que favorece esse crescimento depois de suplementar na 2ª seca é o crescimento compensatório, que é um 
evento de homeorrese para manter as funções fisiológicas em um momento de estresse. 
Sempre que passamos por situações de estresse, o corpo tenta reverter. Em ruminantes esse crescimento 
compensatório é mito visível quando o animal passa por um estresse nutricional (animal que passa por privação 
alimentar). 
 
O crescimento compensatório ocorre quando o organismo do animal mantém ou aumenta a taxa de ganho de 
peso, para chegar ao mesmo peso em uma mesma idade que um animal que não sofreu estresse nutricional. 
 
O crescimento compensatório ou Ganho Compensatório (G. C.) é uma estratégia muito utilizada por produtores e 
que em ruminantes é algo muito evidente. O G.C. pode ser de 3 maneiras: 
 Completo = chega ao mesmo tempo que um animal que não passou por estresse;  ocorre raramente, só 
quando o período de restrição alimentar for curto e não muito severo. 
 Parcial = o animal passa por uma restrição severa, mas chega no peso, só que mais tardiamente; 
 G.C. inexistente = se o estresse for tão grande que ele nunca vai chegar ao peso do outro animal. 
 
O animal que passa um estresse nutricional aos 90 dias de idade, terá 
consequências muito mais graves do que um que passou por isso após 
desmama; pois após desmama já tem o tecido ósseo bem formado, o 
tecido muscular parcialmente formado, etc. então já tem estrutura para 
crescer; mas quando acontece na primeira infância, dificilmente o 
animal atingirá o mesmo peso que outro que não tenha passado 
restrição. 
No gráfico ao lado, vemos os momentos da vida do animal e como se 
comporta o seu crescimento potencial (ou seja, como o animal poderia 
se comportar em condições ideais). Os momentos são: concepção (a), 
nascimento (b), puberdade / fasede recria (c) e maturidade / fase 
adulta (d). 
Nossa curva de crescimento cessa após a puberdade, por isso meninas que menstruam cedo, crescem pouco. Qual o 
período em que o animal mais cresce? Da concepção a puberdade  fase de recria. 
Essa curva de crescimento potencial pode ser modificada de acordo com a restrição nutricional, como vimos nas 
situações anteriores. 
Isso ocorre muito em gado leiteiro, quando apartamos o animal muito cedo, ou quando faz a desmama precoce de 
forma incorreta, comprometendo para sempre o crescimento daquele animal. 
 
QUESTÃO PRÁTICA: se for fazer uma fazenda de recria, devo optar por bezerros mais descarnados ou gordinhos? 
Descarnados, pois a energia de mantença é menor e no G.C. haverá o crescimento que necessito. Portanto, se quiser 
fazer um suplementação, eu gastarei menos com concentrado ou sal proteinado. 
Se comprar um animal mais gordinho, a energia de mantença é alta e será mais complicada a recria. 
Na segunda seca eu posso aproveitar o G.C. Se eu começar com o animal gordinho, eu vou ter perda de peso e essa 
peso vai estacionar. Dificilmente o G.C. na 2ª seca vai bater o crescimento compensatório em um animal magrinho 
Agora se eu sou rica, com recursos, com dinheiro pra suplementar, eu compro o animal gordinho pois vou encurtar o 
tempo de recria. 
 
Variação na composição corporal: 
 O NRC é uma instituição que define as formulações de rações para 
diferentes animais  é um compêndio. 
 Na tabela 1 vemos que quanto mais pesado (+ velho), menor o teor de 
água e maior o de gordura. 
O teor de proteína é o que se mantém mais estável, caindo suavemente. O 
teor de proteína cai um pouco, proporcionalmente ao teor de gordura. 
 
Na 2ª tabela, para um animal de X kg ganhar 1kg, esse 1kg é composto pelas 
porcentagens descritas na tabela abaixo (Tabela 2). 
Observamos que o animal vai depositando cada vez mais gordura e menos 
água. O que isso significa na prática? A maior exigência de um animal, quando 
ele entra na recria (150 a 200kg) a maior repartição de nutrientes é para 
deposição de proteínas; com o passar do tempo essa deposição de proteínas 
começa a cair. Se é nessa fase que tem maior deposição de proteína, então é 
quando as exigências são maiores. Quando pensamos na recria, temos que 
pensar em suporte de proteínas, por isso podemos usar a estratégia de 
consorcio entre gramíneas e leguminosas. 
 
 No crescimento, o animal precoce precisa de um aporte de proteína maior para depositar, por isso pode usar 
estratégias como consorcio de gramíneas e luguminosas. 
 
Qual a importância de saber a composição do ganho? (Ela disse que não vai cobrar isso) 
 Determinar as exigências nutricionais. Ex.: A) 1kg de ganho de peso entre 200 e 201 kg possui 183g de 
proteína. B) 1 kg de ganho de peso entre 300 e 301 kg, possui 144g de proteína.  a exigência para 
deposição de proteína é maior me A ou B? Quantos %? Devo fazer um cálculo simples: 183 - 144 = 39g. 
 144 --- 100% 
 39 --- X  27% 
Então, se dou X g de proteína para um animal na fase de cria, tenho que dar 27% a mais na fase de recria. 
A fase de recria é a mais longa do sistema de produção e é a fase que temos que ser mais cuidadosos, pois 1g de 
proteína que damos, é um custo a mais e falta de reflexo na produção. 
 
EXIGÊNCIAS E EFICIÊNCIAS NA FASE DE RECRIA: 
 
Vimos que a exigência de um bovino na fase de recria é definida pela proteína, pois é a fase que mais deposita 
tecido muscular. Para que o animal atinja as exigências, preciso montar estratégias. 
 Necessita de muita proteína pois é quando mais deposita. Uma estratégia para atingirmos isso é consorciar 
gramínea e leguminosa, mas o grande problema é serem C3 e C4  a gramínea (C4) suprime a leguminosa (C3)  
(que além disso é muito sensível a pisoteio). 
 
De quanto deve ser a % de proteína ofertada a um animal na recria? De 20 - 25%. 
É possível suprir isso só com gramíneas tropicais de boa qualidade? Muito difícil, quase impossível. 
O animal de 300 kg tem que comer 250g de PB. Se o capim tem 5% de PB, o animal teria que comer muito para 
atingir a demanda diária  é impossível comer o tanto que precisaria. Então, suplementa. 
 
NA SECA: Forragem 
 Baixa qualidade e baixa quantidade 
Na seca a forragem é senescente, amarelada, ou seja, tem crescimento / perfilhamento inibido. 
Plantas senescentes têm teor de fibra muito maior, pois passa pelo processo de lignificação, e tem alto teor de 
carboidratos estruturais, ditos fibrosos, e também o teor FDN (composto por fibra, celulose e lignina). Além disso, 
baixa PB (fração analítica). Qual o problema de um ruminante ingerir um alimento com alto teor de fibra e baixo 
teor de proteína? 
 O bovino digere celulose e hemi-celulose? Sim, por ação de bactérias no processo chamado de 
fermentação. Lignina é indigerível. A celulose é digerível no processo de fermentação, já que o rúmen é 
uma câmara anaeróbia. 
 Propionato 
 CELULOSE + HEMI-CELULOSE + LIGNINA Bactérias  Fermentação  AGV Butirato 
 Acetato 
* AGV: Ácidos Graxos Voláteis 
As substancias do FDN, listadas acima, são fontes de carbono e de energia para as bactérias ruminais. 
Para a bactéria fermentar, ela precisa de proteína. Quando o conteúdo é excretado, as bactérias vão junto no bolo, 
então o animal acaba perdendo parte de sua capacidade de fermentação. 
 Os AGV são absorvidos no tecido ruminal indo para o fígado e gerando energia para o animal 
(gliconeogênese); 
AGV  FÍGADO  GLICONEOGÊNESE  GLICOSE 
 
Para a bactéria ter eficiência de fermentação, ela precisa de proteína para recompor suas membranas bacterianas e 
repor sua população de bactérias (já que as grupos de bactérias são carreados continuamente com a ingesta à ser 
excretada). 
 Na seca tenho um alimento com alto teor de FDN (quanto maior FND, menor NDT). A FDN, para 
ruminantes, é sinônimo de energia. O FND alto, por si só, não é um problema, só que associado a isso 
tenho baixo teor de proteína, o que vai comprometer a capacidade fermentativa ruminal; mas isso ocorre 
não só pelo baixo teor de PB, mas porque alimentos fibrosos demandam mais tempo para fermentar, do 
que o tempo que leva pra fermentar amido (por isso chamamos os carboidratos de prontamente 
digestíveis )  se demora pra fermentar os alimentos fibrosos, então o animal fica com o rúmen repleto 
por mais tempo. 
 Alem disso, as bactérias não conseguem produzir suas próprias proteínas comprometendo o processo 
fermentativo. 
 
RESUMINDO: 
 Celulose e hemi-celulose vão ser fontes de carbono ou fontes de energia para as bactérias ruminais. Ao 
ingerir alimentos fibrosos as bactérias geram AGV no processo fermentativo que podem ser os 3 listados 
acima. Esses AGV vão para o fígado e geram glicose, dando energia ao ruminante. Pra as bactérias terem 
eficiência de fermentação, elas precisam de fonte proteica para recompor suas membranas bacterianas e 
repor sua população no rúmen; se não repor o processo fermentativo está fadado ao fracasso. 
 
A bactéria ruminal pega a proteína cheia de unidades de aminoácidos. A bactéria não pega a proteína do jeito que 
veio da dieta e utiliza; ela pega a proteína e corta ela nas suas mais diversas unidades de aminoácidos (AA) e se 
tiver um AA que seja interessante pra ela, ela guarda ele para constituir suas próprias proteínas. Se não tiver o AA 
interessante para ela, ela corta um grupamento amina e uma cadeia carbonada e sintetiza sua própria proteína 
que é chamada de proteína microbiana, uma proteína de altíssimo valor biológico. Por isso, na dieta dos animais, 
não nos importamos muito com a fonte de proteína, podendo ser proteína verdadeira ou uma fonte não proteica 
como a ureia, porque a ureia vai fornecer N necessário para ela sintetizar as próprias proteínas. 
 Para sintetizar, então ela precisadas partes como grupamento amina e cadeia carbonada. Se, por exemplo, 
ela tem a cadeia carbonada e não tem o grupamento amina, ela fica com aquilo retido e pode ser perdido. 
Tudo isso que vimos, foi para que possamos compreender que o principal nutriente a ser suplementado, 
principalmente durante a seca, é a proteína. Mas não adianta pensar só na proteína, como vemos muitos produtores 
dando apenas sal proteinado ou farelo de soja. Para isso podemos pensar nas seguintes formas de suplementação: 
 Sal proteinado = o mais barato, mas com ganhos mais acanhados (aproximadamente 0,1 a 0,2% do PV); 
 Mistura múltipla = pode usar uma fonte de proteína verdadeira (0,6%), com uma fonte de N não proteico, 
uma fonte de concentrado energético (como farelo de milho) e aí algumas misturas múltiplas fazem uso de 
aditivos alimentares como os ionoforos (uma outra opção). Posso também suplementar com ingredientes 
em separado, mas esse é um grande desperdício de dinheiro, por exemplo, suplementar só com farelo de 
soja, o que tem uma eficiência muito menor se você o associasse ao farelo de milho. A indicação da mistura 
múltipla varia com o tipo de dieta e objetivo.

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