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Conforto Ambiental (Insolação, Iluminação e Ventilação) Aula 2 Arquitetura e Urbanismo Profª Ma Nayda Rocha Termorregulação Em estado de enfermidade: 32ºC limite inferior e 42ºC limite superior para sobrevivência Homem – Animal Homeotérmico; Temperatura interna sensivelmente constante: 37ºC Limites muito estreitos: entre 36,1 e 37,2ºC Termorregulação Metabolismo: produção de energia; Cerca de 20% da energia é transformada em potencialidade de trabalho; 80% da energia transforma-se em calor que deve ser dissipado; Em repouso absoluto o calor cedido ao ambiente é de cerca de 75W (Watts). Termorregulação Termorregulação: meio natural do organismo para o controle de perdas de calor; Esforço extra = Queda da produtividade de trabalho. Sensação humana de conforto térmico: Quando o organismo não precisa recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação; Quando o calor produzido pelo metabolismo é compatível com sua atividade. Termorregulação Em 1916 a Comissão Americana de Ventilação estudou a influência das condições termo- higrométricas no rendimento do trabalho, e identificaram que: O aumento da temperatura ambiente de 20ºC para 24ºC diminui o rendimento em 15%; A 30ºC de temperatura ambiente, com umidade relativa 80%, o rendimento cai 28%. Termorregulação Reação ao frio Sistema nervoso simpático reage através de mecanismos automáticos, buscando reduzir as perdas de calor e aumentar as combustões internas. Vasoconstrição, arrepio e tiritar Reação ao calor Sistema nervoso simpático reage através de mecanismos automáticos, buscando aumentar as trocas de calor e reduzir as combustões internas. Vasodilatação e exsudação Termorregulação Calor sensível Trocas secas: condução, convecção e radiação É função das diferenças de temperatura entre o corpo e o ambiente. Calor latente Trocas úmidas: evaporação Envolve mudança de estado de agregação: o suor, líquido, passa para o estado gasoso, de vapor, através da evaporação. Trocas térmicas entre o corpo e o ambiente: Termorregulação Calor dissipado pelo corpo, cedido ao ambiente, em função da atividade de um indivíduo médio e sadio: Atividade Calor Metabólico Calor Sensível Calor Latente Dormindo 80 40 40 Sentado, em repouso 115 63 52 Em pé, em repouso 120 63 57 Andando 220 75 145 Descendo escada 420 140 280 Nadando 580 - - Subindo escada 1280 - - Fonte: Mesquita, A.L.S – Engenharia de ventilação. São Paulo, Edgar Blucher, 1977. Termorregulação Condições do Conforto Térmico (são função de uma série de variáveis) As condições ambientais capazes de proporcionar sensação de conforto térmico em habitantes de clima quente e úmido... ... não são as mesmas que proporcionam sensação de conforto em habitantes de clima quente e seco... ... muito menos em habitantes de regiões de clima temperado ou frio. Então quando vocês foram escolher os exemplos de edifícios com “bom conforto ambiental” levaram em consideração das condições do local onde foram construídos ou levaram em consideração as condições do local onde vocês moram (Goiânia)? Índices de Conforto Existem vários índices de conforto térmico, mas para fins de aplicação às condições ambientais correntes nos edifícios que iremos projetar e para as condições climáticas brasileiras, serão estudados apenas 3 índices: • Carta Bioclimática de Olgyay e Diagrama de Givoni; • Temperatura Efetiva (de Yaglou e Houghthen) ou Temperatura Efetiva Corrigida (Vernon e Warner); • Índice de Conforto Equatorial ou Índice de Cingapura, de Webb. Carta Bioclimática Irmãos Olgyay (década de 1960) criaram a expressão Projeto Bioclimático ao aplicar a bioclimatologia na arquitetura, considerando o conforto higrotérmico humano; O ambiente construído busca utilizar, por meio de elementos próprios, as condições favoráveis do clima com o intuito de satisfazer as exigências de conforto higrotérmico do homem; Olgyay desenvolveram então a chamada Carta Bioclimática propondo estratégias de adaptação da arquitetura ao clima; Limitação: baseava-se estritamente nas condições climáticas externas. Carta Bioclimática Carta Bioclimática para habitantes de regiões de clima quente, em trabalho leve, vestindo 1 "clo" (vestimenta leve), cuja resistência térmica é equivale a 0,15ºC m²/W. Zona de Conforto: Condições de conforto; Demais zonas: Necessidade de medidas corretivas. Diagrama de Givoni Diagrama de Givoni Givoni desenvolveu uma carta bioclimática a partir da carta psicrométrica, corrigindo algumas limitações da carta idealizada por Olgyay. Diagrama de Givoni: baseia-se em temperaturas e taxas de umidade internas do edifício, propondo estratégias construtivas para adequação da arquitetura ao clima. Mediante os valores destas variáveis para os principais períodos do ano climático de cada localidade, o arquiteto poderá ter indicações fundamentais sobre a estratégia a ser adotada no projeto. Limitações: não considera o efeito da atividade desenvolvida pelas pessoas nem o efeito da velocidade do ar. Diagrama de Givoni 1. Zona de conforto 2. Zona de ventilação 3. Zona de resfriamento evaporativo 4. Zona de massa térmica para resfriamento 5. Zona de ar condicionado 6. Zona de umidificação 7. Zona de massa térmica para aquecimento 8. Zona de aquecimento solar passivo 9. Zona de aquecimento artificial 1. Zona de Conforto Zona de Conforto no Diagrama de Givoni • Nas condições delimitadas por esta zona haverá uma grande probabilidade de que as pessoas se sintam em conforto térmico no ambiente interior. • O organismo humano pode estar em conforto mesmo em diversos limites de: Umidade Relativa: 20% – 80% Temperatura: 18ºC – 29ºC Zona de Conforto no Diagrama de Givoni • Quando o ambiente interior estiver com temperatura próxima a 18ºC, deve- se evitar o impacto do vento, que pode produzir desconforto. • Em situações de temperatura próxima a 29ºC é importante controlar a incidência de radiação solar sobre as pessoas, evitando assim o excesso de calor. Analisando esta situação pelo método de Fanger, conclui-se que o conforto térmico só é possível próximo aos 29ºC se as pessoas estiverem vestindo roupas leves e submetidas a pequena quantidade de ventilação. 2. Zona de Ventilação Supondo que a velocidade máxima permitida para o ar interior é da ordem de 2 m/s, a ventilação é aplicável até o limite de temperatura exterior de 32ºC, pois a partir daí os ganhos térmicos por convecção tornam esta estratégia indesejável. • Se a temperatura do interior ultrapassar os 29ºC ou a umidade relativa for superior a 80%, a ventilação pode melhorar a sensação térmica. • No clima quente e úmido, a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser adotada, fazendo, porém, que a temperatura interior acompanhe a variação da temperatura exterior. Zona de Ventilação no Diagrama de Givoni • Em todos os casos, os espaços exteriores devem ser amplos, evitando barreiras edificadas para favorecer a boa distribuição do movimento do ar. • Em regiões onde a temperatura diurna é maior que 29ºC e a umidade relativa é inferior a 60%, o resfriamento convectivo é mais adequado. Zona de Ventilação no Diagrama de Givoni Esta estratégiaé aplicável principalmente em regiões áridas, onde a temperatura diurna é de 30ºC a 36ºC e a temperatura noturna se situa por volta de 20ºC. Mesmo que seja mais confortável, a ventilação diurna é indesejável nesta situação, pois implica em calor adicional a ser armazenado na edificação, aumentando a temperatura interior noturna. Zona de Ventilação no Diagrama de Givoni Em regiões áridas, onde a temperatura é superior a 36ºC, a ventilação noturna não é suficiente para o conforto. Outros sistemas de resfriamento (ar condicionado, resfriamento evaporativo ou massa térmica) são necessários. • O princípio bioclimático se resume a controlar a ventilação durante o dia para reduzir o ingresso de ar quente e incrementar a ventilação noturna, aproveitando o ar mais fresco para resfriar o interior. Zona de Ventilação no Diagrama de Givoni As soluções arquitetônicas mais utilizadas são: • Ventilação cruzada; • Ventilação sob a casa; • Uso de captadores de ventos. • Mesmo assim o resfriamento convectivo não deve ser descartado, pois pode significar a redução do tempo de uso dos outros sistemas. 3. Zona de Resfriamento Evaporativo Zona de Resfriamento Evaporativo no Diagrama de Givoni Com o resfriamento direto dos espaços interiores através da evaporação se requer boa taxa de ventilação para evitar o acúmulo de vapor de água. Considerando- se este fator deve-se sugerir que o resfriamento evaporativo é aconselhável apenas quando a temperatura de bulbo úmido (TBU) máxima não excede os 24ºC e a temperatura de bulbo seco (TBS) máxima não ultrapassa os 44ºC. • A evaporação da água pode reduzir a temperatura e simultaneamente aumentar a umidade relativa de um ambiente. • Um exemplo deste recurso é a típica fonte dos pátios mouros. • Em épocas quentes e secas também a vegetação permite otimizar as condições de conforto por resfriamento evaporativo (transpiração do vegetal). Zona de Resfriamento Evaporativo no Diagrama de Givoni • Exemplos de resfriamento evaporativo direto são o uso de vegetação, fontes de água ou outro recurso (mecânico) que se fundamente na evaporação da água diretamente no ambiente que se quer resfriar. • Também existe a forma indireta, como acontece ao se empregar tanques de água sombreados no telhado. • Neste caso, a temperatura da água inicialmente é igual à do ambiente interior. Com a evaporação, a água perderá calor, diminuindo a temperatura do teto e, consequentemente, a temperatura radiante média do interior. A forma indireta de resfriamento evaporativo pode ser aplicada em edificações de um pavimento ou no último andar de edificações de vários pavimentos. 4. Zona de Massa Térmica para Resfriamento Zona de Massa Térmica para Resfriamentono Diagrama de Givoni • O uso da inércia térmica de uma edificação pode diminuir a amplitude da temperatura interior em relação à exterior, evitando os picos. • Esta solução pode ser empregada com sucesso em locais onde as condições de temperatura e umidade relativa se situam entre os limites da zona de massa térmica. Zona de Massa Térmica para Resfriamentono Diagrama de Givoni O comportamento de temperatura em um ambiente que se utilize desta estratégia é o seguinte: • O calor armazenado na estrutura térmica da edificação durante o dia é devolvido ao ambiente somente à noite, quando as temperaturas externas diminuem. • De forma complementar, a estrutura térmica resfriada durante à noite mantém-se fria durante a maior parte do dia, reduzindo as temperaturas interiores nestes períodos. Além do uso da massa térmica dos fechamentos, pode-se tirar partido também da massa térmica da terra ou de emprego de materiais isolantes nas construções. 5. Zona de Ar Condicionado Zona de Ar Condicionado no Diagrama de Givoni • Em algumas regiões o clima pode ser muito severo, ultrapassando os limites de temperatura e umidade relativa que tornam possível a aplicação de algum sistema passivo de resfriamento. • Neste caso, quando a temperatura de bulbo seco (TBS) for maior que 44ºC e a de bulbo úmido for superior a 24ºC – recomenda-se o uso de aparelhos de ar condicionado para climatização. • O ar condicionado não deve se limitar à aplicação para estas situações, podendo ser utilizados como sistemas complementares nas zonas anteriormente analisadas. Da mesma forma, o uso dos sistemas naturais de resfriamento pode não ser suficiente nestas condições extremas, mas eles poderão, se empregados conjuntamente ao ar condicionado, reduzir a dependência do ambiente ao uso deste. 6. Zona de Umidificação Zona de Umidificação no Diagrama de Givoni • Quando a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura inferior a 27ºC, haverá desconforto térmico devido à secura do ar. • Nestes casos, a umidificação do ar melhora a sensação de conforto, ainda que possa produzir um efeito de resfriamento evaporativo indesejável. • As baixas taxas de renovação do ar permitem manter o vapor de água a níveis confortáveis com mínima evaporação e resfriamento. • Alguns recursos simples podem ser empregados no interior dos ambientes, como a utilização de recipientes com água e a hermeticidade das aberturas, que ajuda a conservar o vapor proveniente das plantas e das atividades domésticas. 7. Zona de Massa Térmica para Aquecimento Zona de Massa Térmica para Aquecimento no Diagrama de Givoni • Nesta região da carta (temperaturas entre 14ºC e 20ºC), pode-se utilizar a massa térmica junto ao aquecimento solar passivo ou o aquecimento solar com isolamento térmico. • A primeira alternativa (massa térmica com ganho solar) pode compensar as baixas temperaturas pelo armazenamento do calor solar, que fica retido nas paredes da edificação e pode ser devolvido ao interior nos horários mais frios, geralmente à noite. • Na segunda opção (isolamento solar com isolamento térmico), pode-se evitar as perdas de calor da edificação para o exterior (normalmente mais acentuadas pela cobertura e aberturas) enquanto se aproveitam os ganhos de calor internos (pessoas, aparelhos elétricos, cozinha, banho) aumentando a temperatura interior. 8. Zona de Aquecimento Solar Passivo Zona de Aquecimento Solar Passivo no Diagrama de Givoni • Entre 10,5ºC e 14ºC, o uso de aquecimento solar passivo é o mais indicado. • Nesta região é recomendado o isolamento térmico do edifício de forma mais rigorosa, pois as perdas de calor tenderão a ser muito grandes. • O edifício deverá incorporar superfícies envidraçadas orientadas ao sol, aberturas reduzidas nas orientações menos favoráveis e proporções apropriadas de espaços exteriores para conseguir sol no inverno. • O aquecimento solar passivo pode ser feito utilizando-se diversas técnicas no projeto arquitetônico. Zona de Aquecimento Solar Passivo no Diagrama de Givoni Alguns exemplos: • Adequada orientação; • Cor dos fechamentos; • Uso de aberturas zenitais controláveis (permitindo seu fechamento à noite); • Emprego de painéis refletores externos; • Parede Trombe; • Coletores de calor no telhado; • Estufa e coletores de calor de água ou óleo. Zona de Aquecimento Solar Passivo no Diagrama de Givoni Parede Trombe 9. Zona de Aquecimento Artificial Zona de Aquecimento Artificial no Diagrama de Givoni • Em locais muito frios, com temperaturas normalmente inferiores a 10,5ºC, o aquecimento solar passivo pode não ser suficiente para o conforto. • Nestes casos, o uso de aquecimento artificial é adequado. • É oportuno lembrar que o uso em conjunto dos dois sistemas (artificial e solar passivo) é aconselhável, pois reduz a dependência do consumo de energia. Interseções entre Estratégias Interseções entre EstratégiasEntre as Zonas de Ventilação (2), de Resfriamento Evaporativo (3) e de Massa Térmica para Resfriamento (4) podem acontecer algumas interseções. Interseções entre Estratégias Entre as Zonas de Ventilação (2), de Resfriamento Evaporativo (3) e de Massa Térmica para Resfriamento (4) podem acontecer algumas interseções. • A região A representa a interseção entre a Zona de Ventilação e a Zona de Massa Térmica para resfriamento. Para esta situação se pode adotar ambas as estratégias, inclusive simultaneamente. • Pelo mesmo raciocínio, na região B se pode utilizar os benefícios da Massa Térmica para Resfriamento ou do Resfriamento Evaporativo. • E, na região C, as três estratégias podem ser aplicadas separadamente ou em conjunto. Interseções entre Estratégias PMV: consiste em um valor numérico, que traduz a sensibilidade humana ao frio e ao calor, obtido avaliando pessoas de diferentes nacionalidades, idades e sexos. PPD: conceito de pessoas insatisfeitas implementado a partir dos dados do PMV. Para conforto térmico: PMV = 0 Para o frio: PMV < 0 Para o calor: PMV > 0
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