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Clima na Região de Goiânia e recomendações para o Projeto de Arquitetura Arquitetura e Urbanismo Profª Ma Nayda Rocha Localização A cidade de Goiânia situa-se geograficamente na latitude 16º 41’ sul e na longitude 49º 17’ oeste. Segundo mapa atribuído a Köppen a região de Goiânia localiza-se numa imaginária linha divisória entre a zona tropical e a subtropical. A seguir veremos que o clima de Goiânia e da região ao seu redor é composto. Clima De acordo com o Sistema de Meteorologia e Hidrologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Simehgo/Sectec), a temperatura média em Goiânia varia entre 18ºC e 26ºC, com amplitude térmica significativa, variando segundo o regime dominante no Planalto Central. O clima de Goiânia é composto por duas estações, a saber: • Verão úmido, nos meses de dezembro a março, e • Inverno seco, predominante no período de junho a agosto. Clima Esta composição de duas estações bastante distintas é decorrente de duas características significativas: 1. A continentalidade, pois está no interior do continente, muito afastada do litoral atlântico; 2. E a grande regulari- dade do processo cíclico dos desloca- mentos das massas de ar determinando um regime de ventos com predominâncias de direção muito evidentes e que, conjugado com outros fatores, implica e justifica as diferentes estações. Primavera No mês de setembro, com o início da primavera, as chuvas passam a ser mais intensas e frequentes, marcando o período de transição entre as duas estações protagonistas. As pancadas de chuva, no final da tarde ou noite, ocorrem em decorrência do aumento do calor e da umidade que se intensificam e que podem ocasionar raios, ventos fortes e queda de granizo. Verão No verão, coincidente a alta temporada de férias no Brasil, há a ocorrência de dias mais longos e mudanças rápidas nas condições diárias do tempo, com chuvas de curta duração e forte intensidade, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento. Há ainda o registro de períodos de estiagem com duração de 7 a 15 dias. O índice pluviométrico oscila entre 1.200 e 2.500mm entre os meses de setembro a abril. Outono No outono, assim como na primavera, há o registro de transição entre estações o que representa mudanças rápidas nas condições de tempo com redução do período chuvoso. As temperaturas tornam- se mais amenas devido à entrada de massas de ar frio, com temperaturas mínimas variando entre 12ºC e 18ºC e máximas de 18ºC e 28ºC. A umidade relativa do ar é alta com valores alcançando até 98%. Inverno Já o inverno traz o clima tipicamente seco do Cerrado, com baixos teores de umidade, chegando a valores extremos e níveis de alerta em algumas partes do Estado. Há o registro da entrada de algumas massas de ar frio que, dependendo da sua trajetória e intensidade, provocam quedas acentuadas de temperatura, especialmente à noite, apesar dos dias serem quentes, propícios à alta temporada de férias no Rio Araguaia. Clima A figura ao lado mostra as temperaturas ao longo do ano, e a partir dela podemos afirmar que temos calor à tarde o ano inteiro, com um destaque curioso: a menor média das máximas não é no solstício de inverno (junho), mas em dezembro, em pleno solstício de verão; temos frio apenas de madrugada durante os meses da estação seca, isto é, em maio, junho, julho e agosto e é este frio noturno que faz a temperatura média cair, embora pouco, no período do solstício de inverno. Clima A amplitude térmica diária média apresenta uma variação significativa ao longo do ano. Nos meses da estação chuvosa, oscila entre 10 e 12°C, enquanto, no período seco, fica acima de 16°C, com ápice em agosto, mês mais seco do ano, com cerca de 19°C. Neste período, sem dúvida, as características são de clima desértico. No período chuvoso, os valores da amplitude caem bastante, embora não sejam baixos, como em climas quentes e úmidos. O resfriamento noturno é apreciável. Clima Clima A variação da temperatura ao longo do ano está relacionada com a variação diária no mapa das curvas isotérmicas. As estações das chuvas e da seca ficam bem caracterizadas: as curvas, de novembro a abril, aparecem como linhas quase paralelas. Clima Enquanto que, entre maio e outubro, as oscilações são muito significativas: em maio, junho e julho, temos uma caída significativa da temperatura noturna, enquanto em agosto, setembro e outubro, temos uma subida da temperatura vespertina bastante evidente. Clima A precipitação pluviométrica e a umidade relativa (UR) seguem a lógica do chamado clima composto: • Na época da chuva há cinco meses de chuvas na casa dos 200 mm/mês e UR média na casa dos 80%, de novembro a março; • Na época da seca temos cinco meses do período seco, temos dois, maio e setembro, com pouca chuva e os outros, junho, julho e especialmente agosto, extremamente secos, com precipitações médias abaixo de 10 mm/mês com a UR média em 50% (à tarde, alcança valores bastante baixos). Clima Quanto aos ventos, a variação anual das predominâncias de rumo é a responsável pelo regime de dupla estação: seco em uma época, quando o vento sopra principalmente de leste/sudeste e chega com baixo teor de umidade (em agosto com valores de deserto) e, na outra época, soprando de norte/nordeste, vem carregado de umidade. Clima Os dados de nebulosidade, insolação e radiação solar estão apresentados na tabela abaixo pois há uma relação entre eles muito importante, peculiar de grande significado para o trato de uma arquitetura adequada às condições climáticas. Nebulosidade (N) %; Insolação (I) h/mês; Radiação (R) w/m².dia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N 80 77 74 60 49 43 38 34 50 67 78 80 I 177 162 188 233 267 275 288 299 211 207 178 161 R 3285 3148 2451 3120 3077 2708 3301 3473 3198 2871 3077 3361 Fonte: FERNANDES, 2006, p. 23 Os valores mensais de radiação variam muito pouco (apenas 10%) entre ‘inverno’ e verão. Explica-se: quando os dias são menores (2 horas), temos poucas nuvens e, portanto, muito sol (a radiação direta é cerca de 80% da global) e quando os dias são maiores, temos muitas nuvens e menos sol direto (a radiação direta é cerca de 40% da global). Muro-ícone Arquitetura se faz com ideias-síntese, daí um ícone: o muro-ícone, que sintetiza os fenômenos vistos anteriormente, na verdade, grande parte dos elementos do clima da região de Goiânia. Muro-ícone Acompanhe a construção: PASSO 1 > um muro posicionado no eixo leste- oeste e suas faces orientadas a norte e a sul; PASSO 2 > posição do sol ao meio- dia em função da latitude sul 16,5° e as variações de 23,5°, pra sul e pra norte, que representam as posições- limite nos solstícios de verão e de inverno. Muro-ícone PASSO 3 > identifica os ângulos de incidência com as faces do muro: 83° com a face sul e 50° com a norte. A variação de angulação é de 33°, uma assimetria bem definida, apesar da latitude pequena; PASSO 4 > em dezembro, com muita nebulosidade (80%), pouca radiação direta (40%) e muita radiação difusa (60%); em junho, pouca nebulosidade (40%), muita radiação direta (80%), pouca radiação difusa (20%): a insolação efetiva ultrapassa 90% (céu azul por dias seguidos). Muro-ícone À assimetria norte-sulda incidência do sol soma-se a assimetria das condições de céu, que implicam as variações da proporção entre radiação direta e radiação difusa. Muro-ícone O sol, no meio do ano, atingirá, durante mais tempo, com mais intensidade e grande profundidade, as aberturas orientadas a norte. No verão, as aberturas a sul, ao contrário, serão atingidas por menor tempo, com menor intensidade e pequena profundidade. Sombreamento Radiação solar global elevada e constante o ano inteiro: sombreamento eficiente O sombreamento da fachada do edifício, seja através da cobertura, das paredes exteriores e dos envidraçados, deverá merecer atenção especial, evidentemente diferenciada para cada um dos três elementos constitutivos do edifício acima citados. Constata-se que os ganhos solares admitidos pelos envidraçados, exceto no solstício de “inverno” e às primeiras horas da manhã, são indesejáveis e quase sempre comprometem o aumento da temperatura no interior do edifício. Sombreamento O sombreamento eficiente começa por uma orientação e uma forma conveniente do edifício e concretiza-se por uma cobertura cuidadosamente projetada (em especial para edifícios térreos), seja com uma concepção eficiente de ventilação ou pela incorporação de materiais isolantes térmicos; por proteções solares dos vãos envidraçados concebidas em função da orientação da fachada onde estejam localizados. (FERNANDES, 1983, p. 5 e 6) Inércia térmica Amplitude térmica diária elevada (em especial no período da seca): inércia térmica da construção (...) só uma inércia térmica considerável poderá se responsabilizar pela boa aclimatação natural do edifício. No mês de agosto, por excelência, os efeitos do uso de uma considerável inércia serão extremamente benéficos; neste mês, temos a menor umidade relativa média (51.6 %) e a maior amplitude térmica (19.4 °C). Não havendo necessidade de uma ventilação sensível (umidade relativa baixa facilita a evaporação cutânea), não haverá grande renovação do ar interior e a inércia térmica poderá amortecer sensivelmente a variação térmica exterior, permitindo que se obtenha uma resposta interior confortável, tanto no período diurno, quanto noturno, (...) Ventilação intensiva Temperatura e umidade relativa elevadas (no período das chuvas): ventilação intensiva As temperaturas não se apresentam como as mais elevadas do ano, mas podem ser consideradas altas (28/30 °C). Considerando tal parâmetro de temperaturas, não muito longe da temperatura média da superfície do corpo humano (34/35 °C), a principal forma de perda de calor passará a ser a evaporação que, por sua vez, estará prejudicada pela umidade relativa comprometedora. O único recurso natural a ser utilizado, então, é aumentar a velocidade do ar junto ao corpo humano por intermédio de uma ventilação intensiva – ventilação que só se conseguirá, sem recorrer à mecanização, admitindo uma ventilação cruzada no interior do edifício, de fachada a fachada, aproveitando convenientemente os rumos predominantes do vento local combinados com a orientação das fachadas e a localização e tipo das aberturas. Essa ventilação natural descrita acima é a que se designa por ventilação sensível, isto é, tem que se processar ao nível do corpo do homem para poder cumprir sua função. Ventilação intensiva Ventilação intensiva Podemos verificar que a direção predominante dos ventos varia com as estações do ano, conclui-se que: • no período seco a predominância dos ventos em Goiânia é na direção Nordeste e Sudeste e • no período chuvoso a predominância é na direção Norte e Nordeste. As maiores velocidades encontram-se na fase de transição do período seco para o início do período chuvoso nos meses de setembro e outubro com velocidade de 1,8 m/s e as menores velocidades do vento estão centrados nos meses de fevereiro a abril com oscilação de 1,1 a 1,2 m/s. Ventilação intensiva Carta Bioclimática Carta Bioclimática 3. A necessidade de EXCELENTE PROTEÇÃO SOLAR como resposta ao calor vespertino (as temperaturas estão além da zona de conforto o ano inteiro). 1. A VENTILAÇÃO como resposta à estação chuvosa, quente e úmida; 2. A MASSA TÉRMICA como resposta às grandes amplitudes térmicas (frio à noite e calor à tarde) na estação quente e seca; Constata-se claramente a dicotomia das duas estações do clima composto: o período chuvoso, meses/segmentos de menor comprimento (menor amplitude térmica) se situam na zona de umidade relativa elevada: novembro a abril; junho a setembro representam o período seco e são segmentos de maior comprimento (maior amplitude térmica). Carta Bioclimática Carta Bioclimática Carta Bioclimática Carta Bioclimática Carta Bioclimática
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