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Características Empreendedoras de Estudantes de Psicologia

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Características Empreendedoras de Estudantes de Psicologia: Uma Análise Descritiva 
Entrepreneurial Characteristics of Psychology Students – a Descriptive Analisys
LilianeCristina de Além-Mar e Silva1
João Paulo L. de Oliveira2
1Centro Universitário Estácio Uniseb - E-mail: liliane.alemmar@gmail.com
2Centro Universitário Estácio Uniseb - E-mail: joao.leonardo@estacio.br
Resumo
O psicólogo atua em ampla gama de áreasque sempre envolvem as características humanas, incluindo-se o empreendedorismo, como principal objeto de trabalho. No entanto questiona-se sobre como se percebe no que tange suas próprias características empreendedoras, e sobre as possíveis variáveis de influência sobre elas. O estudo propõe a discussão sobre o perfil empreendedor de alunos que estão prestes a se graduar no curso do Psicologia. Foram convidados a participar do estudo 202 alunos do último ano de graduação (9º e 10º períodos) em Psicologia em quatro universidades públicas e privadas de Uberaba-MG e Ribeirão Preto-SP. Ao final do levantamento de dados dos participantes seus escores foram descritos considerando as variáveis idade, gênero, cidade e tipo de universidade. A amostra foi composta predominantemente por mulheres (80%), da cidade de Uberaba (84%), adulta jovem entre 21 e 24 anos de idade (78%). Capacidade de assumir riscos calculados foi a maior fraqueza identificada neste estudo, assim como comportamentos associados às capacidades de planejamento e organização foram especialmente as maiores fraquezas sugeridas pelos homens que colaboraram com o trabalho. As capacidades relacionadas à comunicação são destacadas como maiores fortalezas deste grupo de estudantes.
Palavras-chave:Empreendedorismo, Inovação, Psicologia, Formação Acadêmica, Perfil Profissional.
Abstract
Once the human behavior is her (his) main object of work, the psychologist’s career involves a wide range of areas, including entrepreneurship. However, it’s interestingknowing the way the professional perceives oneself as regards their own entrepreneurial characteristics, as well as about the variables that can influence them. This study proposes the discussion about the entrepreneurial profile of students who are aboutto graduate in the university course of Psychology. 202 undergraduate students (9th and 10th periods) in Psychology, from four public and private universities in Uberaba-MG and Ribeirão Preto-SP, were invited to participate. At the end of the data collection, the participants’ scores were described considering the variables; age, gender, city, and type of university. The sample consisted predominantly of women (80%), from the city of Uberaba (84%), young adults between 21 and 24 years of age (78%). Abilityto take calculated risks was the greatest weakness identified in this study, as well as behaviors associated with planning and organizational skills were especially the biggest weaknesses suggested by the men who collaborated with the work. Communication skills are highlighted as the greatest strengths of this group of students.
Keywords:Entrepreunership, innovation, psychology, professional profile, entrepreunership education and training.
1. Introdução
Empreender parece ser um ato cada dia mais relacionado ao amadurecimento pessoal e emocional em paralelo com a formação acadêmica da pessoa que o pratica. Neste contexto, é preocupante pensar no pouco foco que todas as grades curriculares de cursos de graduação em todo o mundo dão ao desenvolvimento de habilidades e comportamento empreendedores. Especificamente no que tange a psicologia e os psicólogos, profissionais que trabalham com os conteúdos do comportamento e essência humana, questiona-se como ele próprio vivencia a realidade do empreendorismo.	
Pensando nesta realidade específica do psicólogo, este estudo propõe realizar uma análise descritiva da auto-percepção das competências empreendedoras em alunos do último ano de graduação em psicologia nos municípios de Uberaba e Ribeirão Preto. Atravésde entrevistas estruturadas e não identificadas, deseja-se especificamente: caracterizar os sujeitos em relação aos 9 comportamentos empreendedores selecionados para este estudo; comparar as características empreendedoras coletadas por gênero, idade, instituição, tipo de instituição (pública ou privada) e cidade dos participantes.
	
	
	
2. Revisão Teórica
Por bastante tempo, o ato de empreender esteve associado à abertura de uma empresa ou provocar o crescimento industrial, e, assim, promover odesenvolvimento produtivo das nações. Sua primeira conceituação, na França em 1755, refere que empreender é identificar oportunidades, enfrentar riscos para gerar valores monetários (Cantillon, 1755). A partir da década de trinta, entretanto, Schumpeter foi pioneiro ao relacionar o termo empreendedorismo à criatividade e inovação (1934, 1943), teoria complementada por Druker (1985), que referiu que o empreendedorismo é dependente do fato de a empresa ser especial, produzir algo novo e fazer com que o público demande aquela novidade. Nos dias de hoje é reconhecido que odesenvolvimento econômico e social, geração de empregos e competitividade entre diferentes nações (Comissão das Comunidades Europeias, 2006; Redford, 2007) são consequências possíveis e condicionados ao empreendedorismo associado à inovação e iniciativa (Drucker, 2002) e à criatividade (Collins, et al, 2003).
No entanto o empreendedorismo não é um ato automático para todas as pessoas, mas sim um processo cognitivo complexo. A compreensão dessarealidade fez com que historicamente o conceito passasse da realidade militar francesa para o estudo da economia e administração, e, mais recentemente, também para as ciências humanas e gerenciais (FILLION, 1999). 
Como ato mental complexo, cada passo rumo ao empreendedorismo pode carecer de aprendizado e treino, atribuindo à formação cultural das pessoas, da fase infantil à profissionalizante, e, muitas vezes, às universidades, a responsabilidade de contribuir para a revelação de novos empreendedores àsdiferentes sociedades. As universidades americanas foram pioneiras nesse sentido. A “Harvard Business School”, em 1947 realizou o seu primeiro curso de empreendedorismo (Volkmann, 2004; Araújo et al, 2005), mas o seguimento dessa mentalidade tem sido lento. Em 1970, mesmo nos EUA, poucas universidades disponibilizavam cursos nesta área, e, desde essa época, o aumento de cursos com este paradigma tem sido crescente com maiores volumes nas áreas de gestão, e ainda insipientes nas ciências e engenharias (Araújo et al, 2005).
Especificamente no curso de psicologia, os alunos percorrem domínios curriculares que têm, como meta central, a formação do Psicólogo voltado para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia (Conselho Nacional deEducação, 2004). Área de atuação e estudo extremamente diversificada, a Psicologia conta hoje com especialidades em campos completamente distintos tanto no que tange seu embasamento teórico quanto sua aplicação técnica e ambiente de trabalho. São elas: área clínica, escolar, detrânsito, esportiva, organizacional, social e comunitário, hospitalar, jurídica, psicometria, neuropsicologia. Para tanto, suas diretrizes curriculares contemplam ampla diversidade de orientações teórico-metodológicas, práticas e contextos de inserção profissional. A formação em Psicologia diferencia-se em ênfases curriculares, entendidas como um conjunto delimitado e articulado de competências e habilidades que configuram oportunidades de concentração de estudos e estágios em algumdomínio da Psicologia escolhido pelo próprio graduando de acordo com suas identificações profissionais (Conselho Nacional de Educação, 2004). 
Partindo desse ponto de vista curricular generalista, Gondim (2002) aponta que cursos de graduação brasileiros em todas as áreas baseam-se na ampliação das possibilidades de experiência prática durante o curso superior como alternativas para atender a exigência de um perfil multiprofissional e proporcionara maturidade pessoal e a identidade profissional necessáriaspara agir em situação de imprevisibilidade, realidade a que estão sujeitas as organizações atuais. Porém A dúvida é como isso está sendo concretizado na formação universitária, já que as constantes mudanças sócio político econômicas atuais mudanças estãolevando as organizações formais a se reestruturarem, e então carecem de profissionais que acompanhem este processo paulatinamente.
Ainda para Gondim (2002), a remodelação constante das organizações repercute no delineamento de um perfil profissional mais compatível com a nova realidade, que esteja baseado em três grandes grupos de habilidades: I) as cognitivas, comumente obtidas no processo de educação formal (raciocínio lógico e abstrato, resolução de problemas, criatividade, capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento geral); II) as técnicas especializadas (informática, língua estrangeira, operação de equipamentos e processos de trabalho) e III) as comportamentais e atitudinais - cooperação, iniciativa, empreendedorismo (como traço psicológico e como a habilidade pessoal de gerar rendas alternativas que não as oferecidas pelo mercado formal de trabalho (Karlöf, 1999)), motivação, responsabilidade, participação, disciplina, ética e a atitude permanente de aprender a aprender.
Naturalmente atuante nas áreas do desenvolvimento humano, de toda sua peculiaridade emocional, social, cultural e comportamental, em estruturas institucionais e campos de trabalho de naturezas tão distintas, o psicólogo também constitui um profissional submerso na realidade altamente dinâmica do mercado de trabalho. A esse profissional recai a mesma demanda de formação generalista, porém de necessidade de desenvolvimento pessoal com vistas à adaptação, recolocação, flexibilização para sua adequação às novas demandas. Neste contexto que faz-se necessário este estudo, que questiona sobre como o aluno do curso de psicologia, que está nas etapas finais do corso, percebem suas capacidades empreendedoras, e sobre que fatores possivelmente influenciam esta realidade.
3. Métodode Pesquisa	
3.1. População de referência: Estudantes do curso de graduação em psicologia em quatro universidades das cidades de Uberaba-MG e Ribeirão Preto-SP.
3.2. População de estudo: Em Uberaba-MG: Estudantes que, durante o período de coleta de dados,cursavam os 9º e 10º períodos do curso de graduação em psicologia na Uniube – Universidade de Uberaba (Universidade privada) – e na UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Universidade pública). Em Ribeirão Preto-SP: Estudantes que, durante o período de coleta de dados, cursavam os 9º e 10º períodos do curso de graduação em psicologia na Estácio (Universidade privada) e na USP – Universidade do Estado de São Paulo (Universidade pública).
3.3. Critérios de inclusão: Foram incluídos todos os alunos graduandos do último ano do curso de psicologia (9º e 10º períodos) das quatro universidades elencadas – Uniube e UFTM em Uberaba-MG, Estácio e USP em Ribeirão Preto.
3.4. Critérios de exclusão: Foram excluídos do estudo os graduandos dos cursos de psicologia das quatro universidades elencadas que cursavam períodos diferentes dos incluídos, ou que não tenham a possibilidade de acesso ao questionário on line.
3.5. Variáveis de estudo: Foram consideradas no estudo as seguintes variáveis: idade; sexo; tipode IES – Instituição de Ensino Superior (pública ou privada); cidade (Uberaba-MG ou Ribeirão Preto-SP); pontuação de 9 diferentes capacidades empreendedoras (elencadas no item 3.7.1).
3.6. Procedimentos: A pesquisadora responsável pelo estudo contatou cada IES (Instituição de Ensino Superior) selecionada, e, a partir de então, acessou todos os e-mails dos seus alunos que estavam cursando os 9º e 10º períodos. A partir de então, enviou-lhes, por e-mail, o convite de participação no estudo com breve explanação acerca dos objetivos e procedimentos envolvidos no processo. Através o próprio e-mail, cada aluno pôde acessar o link de acesso ao questionário, cujas respostas, após seu completo preenchimento, foram analisadas pelos pesquisadores. Dada baixa participação de alunos, a pesquisadora realizou busca de contatos de alunos em redes sociais, e, através do Facebook® e Whatsapp® divulgou a todos o link de acesso à pesquisa. As entrevistas foram realizadas entre maio e agosto de 2017.
3.7. Instrumento: OQuestionário selecionado para o estudo foi aplicado nos candidatos através do Software Survey Monkey®.
3.7.1. Questionário de Avaliação do Perfil de Empreendedor – adaptado (anexo): Adaptado a partir do Manual do Empreendedor, Instituto Politécnico de Leiria – Portugal, este questionário foi elaborado e validade pelo próprio Instituto Politécnico de Leiria (Costa & Carvalho, 2012) com o objetivo de avaliar a auto-percepção empreendedora de alunos de graduação. Neste estudo ele sofreu pequenas adaptações dooriginal, todas com característica única de adequação da estrutura linguística, para manutenção da adequada compreensão por parte dos participantes do estudo. O questionário é constituído por 9 grupos, representando, cada grupo, uma capacidade empreendedora: observar e explorar (OE); sentido crítico e criativo (SCC); assumir riscos (AR); decisões e responsabilidades (DR); comunicar (C); inspirar e motivar (IM); planejar e organizar (PO); trabalho ordenado e minucioso (TOM); perseverança e vitalidade (PV).Cada grupo é composto por 5 dimensões com uma escala compreendida entre 1 a 5 (1 – Nunca, 2 – Raramente, 3 – Por vezes, 4 – Frequentemente, 5 – Sempre). Após responder às 45 perguntas, o próprio participante pôde somar a pontuação obtida em cada dimensãode cada capacidade empreendedora correspondente, de modo a obter e visualizar facilmente o seu perfil empreendedor.
3.8. Tratamento de dados: Após a coleta dos dados procedeu-se o seu tratamento estatístico através da utilização dos softwares Excel e SPSS(Statistical Package for the Social Sciences).
3.9. Análise estatística dos dados: Inicialmente foram realizadas análises descritivas a fim de caracterizar o perfil dos participantes do estudo. Possíveis associações entre variáveis foram testadas inicialmente em análises univariadas, mediante o teste de qui-quadrado ou teste exato de Fisher.
3.10. Equipe de estudo: A equipe deste estudo foi composta pela aluna de pós-graduação em nível de doutorado Liliane Cristina de Além-Mar e Silva – psicóloga responsável pela coleta de informações junto às IES selecionadas – e Dr. João Paulo Leonardo, orientador do estudo.
	Resultados
De 202 alunos totalizados nas 4 Univerdidades participantes, 87 estudantes (43%) contribuíram com o estudo, e, dentre eles, 50 (57,5%)completaram adequadamente todas as questões do questionário, e 37 (42,5%) abriram o questionário, informaram a Universidade de estudo, gênero e idade, mas não responderam nenhum dos demais itens. A distribuição da participação de cada Universidade em relação ao seu total de alunos que cursam o último ano de Psicologia, bem como quantidade de participantes com respostas completas por universidades, é apresentada na Tabela 1; enquanto a distribuição de respostas completas e incompletas por idade do participante, e o percentual de participatividade é representado na Tabela 2; e a distribuição de participantes de cada Universidade por gênero é exposta na Tabela 3:
	Universidade
	Total de alunos
	incompletas
	completas
	total
	USP (RP pública)
	36
	6
	7
	13 (36%)
	Estácio (RP privada)
	9
	1
	1
	2 (22%)
	UFTM (Uberaba pública)
	66
	10
	15
	25 (37,9%)
	Uniube (Uberaba privada)
	91
	20
	27
	47 (51,6%)
	Total
	202
	37 (18,3%)
	50 (24,75%)
	87 (43%)
	Tabela 1.Distribuição de respostas completas e incompletas por Universidade participante, e percentual de participação do estudo em relação ao total de alunos
	
Tabela 2.Distribuição de respostas completas e incompletas por idade dos participantes, e participação incompleta ou completa
	
Tabela 3.Distribuição de participantes decada Universidade por gênero
A amostra foi caracterizada predominantemente por alunos da cidade de Uberaba (84%), com 51,6% estudantes da Uniube, e 37,9% da UFTM, enquanto o grupo de Ribeirão Preto contou com 36% de participação da USP e 22% da Estácio. 
Com relação a idade, a amostra está entre 21 e 57 anos de idade, e é caracteristicamente adulta jovem, com 39 participantes (78%) entre 21 e 24 anos, e apenas 4 deles (8%) acima de 30 anos de idade. 
Sobre o gênero,40 participantes são mulheres (80%), enquanto 10 (20%) são homens. Relacionando as variáveis gênero, tipo de instituição e cidade com as características empreendedoras avaliadas, encontra-se as médias e desvios padrão apresentadas na Tabela 4. Devido à limitada amostra deste estudo, não foi possível efetuar provas de comparabilidade, nem constatadas correlações e significâncias estatísticas. Mas as médias encontradas nos sugerem as seguintes descrições:
a)	comportamento geral da amostra: menores médias foram encontradas no que tange a capacidade de assumir riscos calculados (média 17,3), sugerindo ser este o ponto de maior fraqueza geral dos participantes, enquanto o de maior facilidade geral parece ser a comunicabilidade (média 20,6).
b)	comportamento daamostra em relação a gênero: as duas cidades contaram com mais participantes mulheres que homens, mas mulheres das duas universidades de Uberaba sugeriram mesmo perfil de respostas, tendo como maior fraqueza a capacidade de assumir riscos calculados (médias 16,9 e 16,7). Homens, tanto de Uberaba quanto de Ribeirão Preto, indicaram como maior fraqueza as capacidades de planear e organizar, e de realizar trabalho organizado e minucioso. Homens de Ribeirão Preto também indicaram como fraqueza a manutenção deperseverança e vitalidade.
c)	comportamento amostral em relação ao tipo de instituição de graduação dos participantes – pública ou privada: é encontrado semelhante comportamento em ambos os tipos de universidades.
d) comportamento da amostra em relação àcidade dos participantes: estudantes de Ribeirão Preto indicaram como sua fraqueza a realização de trabalho organizado e minucioso (média 16,9), e maior fortaleza o sentido crítico e criativo (média 20,6). A amostra uberabense demonstrou a capacidade de assumir riscos calculados como maior fraqueza (média 17,3), e perceber fortaleza em sua capacidade de comunicar-se (média 20,7).
No geral, os comportamentos relacionados à capacidade de comunicação são identificados pelos sujeitos como sua maior fortaleza.Isto possivelmente se explica tanto pelas habilidades naturais dessas pessoas, que as levaram a fazer a opção por essa carreira, quanto por aquelas profundamente treinadas durante o curso de psicologia. 
Da mesma forma, este estudo destaca a defasagem doensino de conteúdos relacionados ao empreendedorismo e inovação na graduação em psicologia, semelhantemente ao que a literatura apresenta em outros países e cursos de graduação (Araújo et al, 2005). As menores competências constatadas nesta pesquisa, portanto as que possivelmente também foram menos ensinadas e treinadas nos últimos anos destes estudantes, retratadas no Gráfico 1, foram a de projetar situações de riscos, se preparar para enfrenta-los de forma amadurecida, persistente, organizada, e tolerar frustrações. É importante discutir que o mercado de trabalho mundial aponta para franca retração dos empregos públicos e tradicionais, e plena ascensão daquelas carreiras inovadoras, autônomas e criativas, altamente dependentes de comportamentos planejadores, persistentes e arriscados. Portanto, a dificuldade que esses alunos já reconhecem em si, possivelmente justificará algumas dificuldades que encontrarão em breve no início de investimentos em sua atuação profissional.
Gráfico 1. Percentual de respostas de cada um dos 5 componentes considerados para a avaliação do comportamento “Assumir riscos calculados”
Tanto pontos fortes quanto fracos deste estudo demonstram que os comportamentos empreendedores constatados ao final do curso de graduação são profundamente relacionados às habilidades aprendidas e treinadas durante os últimos anos da vida dos participantes. Como público predominantemente adulto jovem, ambos, pontos fortes e fracos, também parecem relacionar-se com características naturais da idade. Além disso, o gênero feminino e a cidade de Uberaba também parecem contribuir para que as pessoas tenham perfil mais conservador, expondo-se menos a situações de alto risco, e, possivelmente, desistindo com mais frequência quando encontram algum desafio ou dificuldade importante.
	Considerações Finais
Quando o estudo foi projetado, era esperada a participação de aproximadamente 60 alunos de cada uma das duas cidades, totalizando 120 graduandos, sendo 30 de cada uma das instituições, o que permitiria ampla análise e discussão tanto sobre a percepção que os participantes têm sobre suas próprias características, quanto sobre que fatores possivelmente associam-se a estes resultados. No entanto, apesar dos contatos institucionais, da ampla divulgação do estudo inclusive através dos grupos de e-mails e de mídias sociais (Facebook® e Whatsapp®), da praticidade do uso da ferramenta de coleta de dados (Survey Monkey®) que permitiu rápido preenchimento do questionário através de um smartphone pessoal com acesso à internet, não foi possível alcançar esse quórum. Isto fez com que um estudo correlacional se transformasse em um trabalho descritivo. 
Mantendo as qualidades de sua contribuição, ainda que com alteração de método analítico, o trabalho destaca importantes pontos que merecem maior aprofundamento investigativo. Este estudo sugere a possibilidade de influência de gênero, idade e cidade sobre os comportamentos empreendedores, e nega a influência do tipo de graduação. Com uma maior amostra, possivelmente com análises correlacionais entre diferentes cursos de graduação, seria possível checar se os mesmos comportamentos empreendedores são percebidos da mesma forma por pessoas sob a influência das mesmas variáveis.
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