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RESUMO DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESQUEMATIZADO CAPÍTULO I NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1 – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS O DIREITO TRIBUTÁRIO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO A principal característica do direito privado é a predominância do interesse dos indivíduos participantes da relação jurídica. Mesmo havendo normas jurídicas de aplicação cogente ao caso concreto, haverá necessariamente a subjacência do interesse individual. Em direito privado, portanto, pela subjacência sempre presente do direito privado, a regra é a livre manifestação da vontade, a liberdade contratual, a igualdade entre as partes da relação jurídica. Além disso, a regra no direito privado é a disponibilidade de interesses, podendo os particulares abrir mão de seus direitos, ressalvados aqueles considerados indisponíveis, pois, a necessária subjacência do interesse privado não exclui a existência de disposições cogentes relativas a ordem pública. A relação jurídica é horizontalizada. Quando se passa a tratar de direito público, a análise parte de premissas bastante diferentes, quase que diametralmente opostas. Os princípios fundamentais do regime jurídico público são: a) a supremacia do interesse público; e b) a in disponibilidade d o interesse público. A relação jurídica é verticalizada. O direito tributário é, inequivocamente, ramo do direito público e que a ele são aplicáveis os princípios fundamentais inerentes ao regime jurídico de direito público. 1.2. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Para obter as RECEITAS ORIGINÁRIAS, o Estado se despe das tradicionais vantagens que o regime jurídico de direito público lhe proporciona e, de maneira semelhante a um particular, obtém receitas patrimoniais ou empresariais. Ex. Contrato de aluguel em que o locatário é um particular e o locador o Estado. Na obtenção de RECEITAS DERIVADAS, o Estado, agindo como tal, utiliza-se de suas prerrogativas de direito público, edita uma lei obrigando o particular que pratique determinados atos ou se ponha em certas situações a entregar valores ao s cofres públicos, independentemente de sua von tade. Ex. Aquele que auferiu renda será devedor do IR. RECEITAS PÚBLICAS ORIGINÁRIAS DERIVADAS Originam-se do patrimônio do Estado. Originam-se do patrimônio do particular. Predominantemente de direito privado. Predominantemente de direito público. O Estado explora seu próprio patrimônio O Estado usa seu poder de império e obriga o particular a contribuir. Aluguéis e receitas de empresas públicas e sociedades de economia mista. Tributos, multas e repartições de guerra. IMPORTANTE!!! Existem tributos cuja finalidade principal é FISCAL, ou seja, arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos. Há tribu tos, contudo, que tem por finalidade precípua intervir numa situação social ou econômica. É a FINALIDADE EXTRAFISCAL. Já a FINALIDADE PARAFISCAL se caracteriza no fato de a lei tributária nomear sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu, atribuindo -lhe a disponibilidade dos recursos arrecadados para o implemento de seus objetivos. Obs. É possível concluir, portanto, que, na parafiscalidade, o objetivo da cobrança do tributo é arrecadar, mas o produto da arrecadação é destinado a ente diverso daquele que institui a exação. É possível se afirmar que, atualmente, o fenômeno da parafiscalidade somente se caracteriza pelo DESTINO DO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO a pessoa diversa da competente para a criação do tributo. IMPORTANTE!!! Em concursos públicos tem se adotado o entendimento clássico, considerando correta as afirmativas que incluem como elemento do conceito de parafiscalidade a delegação da capacidade tributária ativa. Quando a DELEGAÇÃO (capacidade tributária ativa) está presente existe a parafiscalidade. 1.3. CONCEITO DE TRIBUTO Está previsto no art. 3º, do CTN: Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, e m moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Esse dispositivo deve ser analisado dividindo-se essas afirmações, para entender direito o que é tributo e quais são as espécies tributárias. a) “Prestação pecuniária, em moeda ou cujo o valor nela se possa exprimir” O CTN permite a quitação de créditos tributários mediante a entrega d e outras utilidades que possam ser ex pressas em moedas, desde que t ais hipóteses estejam previstas no próprio texto do código, que no s eu art. 141 afirma que o crédito tributário somente s e extingue nas hipóteses nele previstas. Obs. Apesar de ter sido acrescentado o inciso XI no art. 156 do CTN, permitindo a DAÇÃO em pagamento de bens IMóveis como for ma de extinção do crédito tributário, não se pode tomar a autorização como uma derrogação da definição de tributo no ponto em que se exige que a prestação seja em moeda, pois o próprio dispositivo oferece a alternativa “ou cujo o valor nela (na moeda) se possa exprimir”. O STF, por maioria dos votos (em 2006), afirmou ser possível a criação de novas hipóteses de extinção do crédito tributário n a via de lei ordinária local. Os principais fundamentos para o julgado foram os seguintes: O pacto federativo, que permite ao ente estipular a possibilidade de receber algo de seu interesse para quitar o crédito de que é titular; A diretriz interpretativa segundo a qual “quem pode o mais pode o menos” , uma vez que se o ente pode até perdoar o que lhe é devido, mediante a edição de lei concessiva de remissão (o mais), pode, também, autorizar que a extinção do crédito seja feita de uma forma não prevista no CTN (o menos). Obs. Em 2007, o STF reafirmou seu entendimento relativo a INCONSTITUCIONALIDADE da previsão, em lei local, de extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento de bens móveis, só que desta vez o motivo foi a reserva de Lei federal para estipular regras gerais de licitação (se um ente recebe em pagamento um bem, está, na pratica, adquirindo tal bem sem licitação). Obs. A dação em paga mento de bens Imóveis somente é possível porque está prevista em Lei nacional CTN. NO CONCURSO!!! Nas provas de concurso público deve-se manter o entendimento de que o crédito tributário NÃO pode ser extinto mediante dação em pagamento de bens Móveis (mediante lei local) tendo em vista a reserva de L ei Nacional para dispor sobre regras gerais de licitação. Há discussões também sobre a possibilidade de “pagamento” de tributo com títulos da dívida pública. Tal hipótese de extinção configur a, a rigor, compensação tributária prevista no art. 156 II do CTN. Da caracterização da hipótese como compensação, decorre a necessidade de LEI AUTORIZATIVA para a utilização dos títulos da dívida pública na extinção do crédito tributário. b) “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória” Significa que o tributo é uma prestação que se reverte em dinheiro, por isso é um a prestação pecuniária. Eu tenho que entregar dinheiro ao Estado e eu faço isso de forma compulsória e, portanto, de forma não voluntária. Essa prestação pecuniária é dada ao Estado de forma compulsória. Isso significa que, diante de um tributo, ficam de fora as considerações relativas à autonomia da vontade, porque no caso do tributo, estou em uma relação de subordinação com o Estado, e não em uma relação de coordenação. O dever de pagar o tributo é imposto pela lei, sendo irrelevante a vontade das partes. Somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa ( Art. 5º II, CF). Em se tratando de obrigação tributária, a lei é fonte direta e imediata, de forma que seu nascimento independe da vontade e at é do conhecimento do sujeito passivo. A regra, (sem exceção) é a compulsoriedade e não a voluntariedade. c) “Que não constitua sanção por ato ilícito” É exatamente neste ponto que reside a diferença entre tributo e multa. Apesar de ambos serem receitas derivadas, a multa é, por definição, justamente o que o tributo,também por definição, está proibido de ser: a sanção, a penalidade por um ato ilícito. IMPORTANTE!!! O dever de pagar tributo surge com a ocorrência no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei. Portanto, se alguém obtém disponibilidade eco nômica ou jurídica de rendimentos, passa a ser devedor de IR, mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato ilícito, ou até criminoso, como a corrupção, o tráfico ilícito de entorpecente e etc. A cobrança ocorre porque o fato gerador (obtenção de rendimentos) aconteceu e deve ser interpretado abstraindo-se da validade jurídica dos atos praticados. O STF, ao julgar um caso sobre trafico ilícito d e entorpecentes, entendeu que, antes de ser agressiva a moralidade, a tributação do resultado econômico de tais atividades é decorrência da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. Essa possibilidade é conhecida na doutrina como princípio do pecunia non olet (dinheiro não cheira). IMPORTANTE!!! Correlação entre a proibição de tributo de caráter sancionatório e o princípio que proíbe a instituição de tributo com efeito de confisco. A CF prevê a possibilidade de que a lei, regulando a individualização da pena, adote a perda de bens. Trata-se de formal autorização para a existência de confisco no Brasil, mas tão somente como punição. Considerando que o tributo não pode se constituir em sanção por ato ilícito e que o confisco somente é admiti do no Brasil como pena, há de se concluir que o tributo não pode ter o caráter confiscatório, justamente para não se transformar numa sanção por ato ilícito. O princípio da não utilização do tributo com efeito de confisco dá -se, principalmente, pela falta de correspondência entre a punição de u m ato ilícito e a cobrança de um tributo.
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