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curso 40187 aula 00 v3

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Aula 00
Direito Constitucional p/ Analista MPU 2017/2018 (Especialidade Direito) Com
videoaulas
Professores: Equipe Ricardo e Nádia, Nádia Carolina, Ricardo Vale
31178412881 - Mariana Marques Machado
   
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
!ULA !! 
TEORIA!GERAL!DA!CONSTITUIÇÃO! 
 
Conceito de Constituição ............................................................................................................... 4 
1O Direito Constitucional e os Demais Ramos do Direito .................................................. 4 
Estrutura das Constituições ........................................................................................................... 6 
A Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas ....................................................................... 7 
Aplicabilidade das normas constitucionais .............................................................................. 12 
Poder Constituinte ......................................................................................................................... 17 
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ............................................... 23 
1) Regras e Princípios: ............................................................................................................... 23 
2) Princípios Fundamentais: ..................................................................................................... 23 
2.1 ‑ Fundamentos da República Federativa do Brasil: ...................................................... 24 
2.2‑ Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Político: .......................................... 29 
2.3‑ Harmonia e Independência entre os Poderes: ............................................................. 33 
2.3‑ Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil: .................................... 35 
2.4‑ Princípios das Relações Internacionais: ........................................................................ 37 
QUESTÕES COMENTADAS ..................................................................................................... 39 
LISTA DE QUESTÕES ................................................................................................................. 74 
GABARITO ..................................................................................................................................... 89 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
APRESENTA‚ÌO E CRONOGRAMA DE AULAS 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
ƒ com enorme alegria que damos in’cio hoje ao nosso ÒDireito Constitucional 
p/ Analista do MPU (Especialidade Direito)Ó, focado na banca Cespe. 
Antes de qualquer coisa, pedimos licena para nos apresentar: 
- N‡dia Carolina: Sou professora de Direito Constitucional do 
EstratŽgia Concursos desde 2011. Trabalhei como Auditora-Fiscal da 
Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no 
concurso de 2009. Tenho uma larga experincia em concursos pœblicos, 
j‡ tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6¼ lugar), 
TRE/GO 2008 (22¼ lugar) ATA-MF 2009 (2¼ lugar), Analista-Tribut‡rio 
RFB (16¼ lugar) e Auditor-Fiscal RFB (14¼ lugar). 
- Ricardo Vale: Sou professor e coordenador pedag—gico do EstratŽgia 
Concursos. Entre 2008-2014, trabalhei como Analista de ComŽrcio 
Exterior (ACE/MDIC), concurso no qual fui aprovado em 3¼ lugar. 
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito 
Constitucional, ComŽrcio Internacional e Legisla‹o Aduaneira. AlŽm 
das aulas, tenho trs grandes paix›es na minha vida: a Prof» N‡dia, a 
minha pequena Sofia e o pequeno JP (Jo‹o Paulo)!!  
Como voc j‡ deve ter percebido, esse curso ser‡ elaborado a 4 m‹os. Eu 
(N‡dia) ficarei respons‡vel pelas aulas escritas, enquanto o Ricardo ficar‡ 
por conta das videoaulas. Tenham certeza: iremos nos esforar bastante para 
produzir o melhor e mais completo conteœdo para vocs. 
Vejamos como ser‡ o cronograma do nosso curso: 
Aulas T—picos abordados Data 
Aula 00 Constitui‹o da Repœblica Federativa do Brasil de 1988. 
Princ’pios fundamentais. Aplicabilidade das normas 
constitucionais. Normas de efic‡cia plena, contida e 
limitada. Normas program‡ticas. 
15/09 
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 01). 18/09 
Aula 02 Dos direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 02). 20/09 
Aula 03 Direitos sociais. Nacionalidade. 22/09 
Aula 04 Direitos pol’ticos. Partidos pol’ticos. 25/09 
Aula 05 Organiza‹o pol’tico-administrativa do Estado. Estado 
federal brasileiro, Uni‹o, estados, Distrito Federal, 
munic’pios e territ—rios. 
27/09 
Aula 06 Administra‹o pœblica. Disposi›es gerais, servidores 
pœblicos. 
29/09 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Aula 07 Poder Executivo. 02/10 
Aula 08 Poder legislativo. Estrutura. Funcionamento e atribui›es. 
Fiscaliza‹o cont‡bil, financeira e orament‡ria. 
Comiss›es parlamentares de inquŽrito. 
04/10 
Aula 09 Processo Legislativo. 06/10 
Aula 10 Poder judici‡rio. Disposi›es gerais. îrg‹os do poder 
judici‡rio. Organiza‹o e competncias, Conselho 
Nacional de Justia. Composi‹o e competncias. 
09/10 
Aula 11 Fun›es essenciais ˆ justia. MinistŽrio pœblico, advocacia 
pœblica. Defensoria pœblica. 
11/10 
Dito tudo isso, j‡ podemos partir para a nossa aula 00! Todos preparados? 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale 
 
  
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Conceito de Constitui‹o 
Comeamos esse t—pico com a seguinte pergunta: o que se entende por 
Constitui‹o? 
Objeto de estudo do Direito Constitucional, a Constitui‹o Ž a lei 
fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do 
povo. ƒ ela que determina a organiza‹o pol’tico-jur’dica do Estado, 
dispondo sobre a sua forma, os —rg‹os que o integram e as competncias 
destes e, finalmente, a aquisi‹o e o exerc’cio do poder. Cabe tambŽm a ela 
estabelecer as limita›es ao poder do Estado e enumerar os direitos e 
garantias fundamentais.1 
A concep‹o de constitui‹o ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-
se de constitui‹o de car‡ter liberal, que apresenta os seguintes elementos: 
a) Deve ser escrita; 
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais 
(liberdades negativas); 
c) Deve conter a defini‹o e o reconhecimento do princ’pio da separa‹o 
dos poderes; 
d) Deve adotar um sistema democr‡tico formal. 
Note que todos esses elementos est‹o intrinsecamente relacionados ˆ 
limita‹o do poder coercitivo do Estado. Cabe destacar, por estar 
relacionado ao conceito de constitui‹o ideal, o que disp›e o art. 16, da 
Declara‹o Universal dos Direitos do Homem e do Cidad‹o (1789):ÒToda 
sociedade na qual n‹o est‡ assegurada a garantia dos direitos nem 
determinada a separa‹o de poderes, n‹o tem constitui‹o.Ó 
ƒ importante ressaltar que a doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ defini‹o do 
conceito de constitui‹o, podendo este ser analisado a partir de diversas 
concep›es. Isso porque o Direito n‹o pode ser estudado isoladamente de 
outras cincias sociais, como Sociologia e Pol’tica, por exemplo. 
1O Direito Constitucional e os Demais Ramos do Direito 
Como vimos, a Constitui‹o Ž fundamento de validade de todas as demais 
normas do ordenamento jur’dico. Por esse motivo, o Direito Constitucional Ž 
um tronco de onde partem todas as ramifica›es que constituem os 
demais campos do Direito. Desse modo, Ž o Direito Constitucional que 
                                                        
1
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 17. 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
confere unidade ao Direito como um todo, seja ele pœblico ou privado. Veja 
como a nossa disciplina se relaciona com os demais ramos do Direito: 
a) Direito Constitucional e Direito Administrativo - o Direito 
Constitucional determina os princ’pios gerais e os fundamentos da 
Administra‹o Pœblica, bem como estabelece normas para os servidores 
pœblicos. 
b) Direito Constitucional e Direito Penal - Ž o Direito Constitucional que 
fixa os fundamentos e determina os limites da pretens‹o punitiva do Estado, 
bem como garante o direito de defesa do acusado. Os limites ˆ atua‹o do 
Estado se encontram nos direitos e garantias fundamentais estabelecidos pela 
Constitui‹o, estando insertos impl’cita ou explicitamente no art. 5¼ da Carta 
Magna, que estudaremos adiante neste curso. 
c) Direito Constitucional e Direito Processual - o Direito Constitucional 
est‡ intimamente ligado ao Direito Processual, uma vez que: 
- Garante o acesso ˆ Justia (art. 5¼, XXXV, CF); 
- Estabelece o devido processo legal (art. 5¼, LIV, CF), bem como o 
contradit—rio e a ampla defesa (art. 5¼, LV); 
- Determina a inadmissibilidade, no processo, de provas obtidas por 
meios il’citos (art. 5¼, LVI, CF); 
- Prev remŽdios constitucionais como o mandado de segurana 
individual e coletivo (art. 5¼, LXIX e LXX, CF), o habeas data (art. 5¼, 
LXXII, CF) e a a‹o popular (art. 5¼, LXXIIII, CF); 
- Garante a assistncia jur’dica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficincia de recursos (art. 5¼, LXXIV, CF), bem como a razo‡vel 
dura‹o do processo, no ‰mbito judicial e administrativo, e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramita‹o (art. 5¼, LXXVIII, CF); 
- Regula a a‹o direta de inconstitucionalidade, a a‹o declarat—ria de 
constitucionalidade, a argui‹o de descumprimento de preceito 
fundamental e a a‹o direta de inconstitucionalidade por omiss‹o. 
d) Direito Constitucional e Direito do Trabalho - Ž a Constitui‹o que 
prev os principais direitos sociais do empregado (arts. 7¼ a 10, CF), o que 
torna o Direito Constitucional intrinsecamente relacionado ao Direito do 
Trabalho. 
e) Direito Constitucional e Direito Civil - a partir da Constitui‹o de 1988, 
houve o fen™meno da constitucionaliza‹o do Direito Civil, que passou a 
ter suas normas sujeitas aos princ’pios e regras constitucionais. Valores 
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constitucionais como a dignidade da pessoa humana, a solidariedade social e a 
igualdade substancial, previstos na Constitui‹o, conferiram ao Direito Civil um 
car‡ter mais humanista, em oposi‹o ˆ base patrimonial que se verificava 
outrora. Uma das consequncias desse fen™meno Ž a aplicabilidade dos 
direitos fundamentais ˆs rela›es privadas e n‹o apenas ˆs rela›es com 
o Poder Pœblico. Assim, pode o particular opor um direito ou garantia 
fundamental a outro particular, o que reduz a autonomia privada. 
f) Direito Constitucional e Direito Tribut‡rio - o Direito Constitucional 
delineia o sistema tribut‡rio nacional, estabelece o conceito de tributo2, 
discrimina a competncia tribut‡ria e fixa limites ao poder de tributar. 
Estrutura das Constitui›es 
As Constitui›es, de forma geral, dividem-se em trs partes: pre‰mbulo, 
parte dogm‡tica e disposi›es transit—rias. 
O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. 
O pre‰mbulo serve para definir as inten›es do legislador constituinte, 
proclamando os princ’pios da nova constitui‹o e rompendo com a ordem 
jur’dica anterior. Sua fun‹o Ž servir de elemento de integra‹o dos artigos 
que lhe seguem, bem como orientar a sua interpreta‹o. Serve para 
sintetizar a ideologia do poder constituinte origin‡rio, expondo os valores por 
ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele n‹o Ž norma constitucional. 
Portanto, n‹o serve de par‰metro para a declara‹o de inconstitucionalidade e 
n‹o estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador 
ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposi›es n‹o s‹o de 
reprodu‹o obrigat—ria pelas Constitui›es Estaduais. Segundo o STF, o 
Pre‰mbulo n‹o disp›e de fora normativa, n‹o tendo car‡ter 
vinculante3. Apesar disso, a doutrina n‹o o considera juridicamente 
irrelevante, uma vez que deve ser uma das linhas mestras interpretativas do 
texto constitucional. 4 
                                                        
2 Segundo Geraldo Ataliba, o conceito de tributo tem origem na Constitui‹o, n‹o podendo ser 
alargado, reduzido ou modificado pelo legislador constitucional. Isso por ser ele um conceito-
chave para demarca‹o das competncias legislativas e balizador do regime tribut‡rio, 
conjunto de princ’pios e regras constitucionais de prote‹o do contribuinte contra o chamado 
poder tribut‡rio, exercido, nas respectivas faixas delimitadas de competncias, por Uni‹o, 
Estados e Munic’pios (Hip—tese de Incidncia Tribut‡ria, S‹o Paulo: Malheiros). 
 
3
 ADI 2.076-AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 23.08.2002. 
4 MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 53-55 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
A parte dogm‡tica da Constitui‹o Ž o texto constitucional propriamente dito, 
que prev os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do 
corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1¼ ao 250. 
Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a princ’pio, essas 
normas n‹o tm car‡ter transit—rio, embora possam ser modificadas pelo 
poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. 
Por fim, a parte transit—ria da Constitui‹o visa integrar a ordem jur’dica 
antiga ˆ nova, quando do advento de uma nova Constitui‹o, garantindo a 
segurana jur’dica e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e 
outro. Suas normas s‹o formalmente constitucionais, embora, no texto da 
CF/88, apresente numera‹o pr—pria (vejam ADCT Ð Ato das Disposi›es 
Constitucionais Transit—rias). Assim como a parte dogm‡tica, a parte 
transit—ria pode ser modificada por reforma constitucional. AlŽm disso, 
tambŽm pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis.(DPE-MS Ð 2014) O pre‰mbulo da Constitui‹o n‹o 
constitui norma central, n‹o tendo fora normativa e, 
consequentemente, n‹o servindo como paradigma para a 
declara‹o de inconstitucionalidade. 
Coment‡rios: 
O pre‰mbulo n‹o tem fora normativa e, em raz‹o disso, 
n‹o serve de paradigma para o controle de 
constitucionalidade. Quest‹o correta. 
A Pir‰mide de Kelsen Ð Hierarquia das Normas 
Para compreender bem o Direito Constitucional, Ž fundamental que estudemos 
a hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de 
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi concebida pelo jurista austr’aco para fundamentar 
a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jur’dicas inferiores (normas 
fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jur’dicas 
superiores (normas fundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da Òpir‰mide de KelsenÓ para explicar o 
escalonamento normativo no ordenamento jur’dico brasileiro. 
A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui‹o como seu vŽrtice (topo), por ser 
esta fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, 
nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui‹o: ela Ž 
superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo, 
denominadas infraconstitucionais. 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Na Constitui‹o, h‡ normas constitucionais origin‡rias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais origin‡rias s‹o produto 
do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder que elabora uma nova Constitui‹o); 
elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que resultam da 
manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a 
Constitui‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais, que tambŽm se 
situam no topo da pir‰mide de Kelsen. 
ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais bastante cobrados em prova acerca da hierarquia das 
normas constitucionais (origin‡rias e derivadas): 
a) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. Assim, n‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as 
normas constitucionais origin‡rias tm o mesmo status hier‡rquico. 
Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais 
tm a mesma hierarquia do ADCT (Atos das Disposi›es Constitucionais 
Transit—rias) ou mesmo do art. 242, ¤ 2¼, que disp›e que o ColŽgio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, ser‡ mantido na —rbita 
federal. 
b) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se 
situam no mesmo patamar. 
c) Embora n‹o exista hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e derivadas, h‡ uma importante diferena entre elas: as 
normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser declaradas 
inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais 
origin‡rias n‹o podem ser objeto de controle de constitucionalidade. J‡ 
as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) poder‹o, 
sim, ser objeto de controle de constitucionalidade. 
d) O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra doutrin‡ria 
denominada ÒNormas constitucionais inconstitucionaisÓ, na qual 
defende a possibilidade de que existam normas constitucionais 
origin‡rias eivadas de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto 
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas pŽtreas 
(normas cujo conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder Constituinte 
Derivado) e as normas constitucionais origin‡rias. As cl‡usulas 
pŽtreas, na vis‹o de Bachof, seriam superiores ˆs demais 
normas constitucionais origin‡rias e, portanto, serviriam de 
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas. Assim, o 
jurista alem‹o considerava leg’timo o controle de constitucionalidade de 
normas constitucionais origin‡rias. No entanto, bastante cuidado: no 
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Brasil, a tese de Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se 
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais normas 
constitucionais origin‡rias. 
Com a promulga‹o da Emenda Constitucional n¼ 45/2004, abriu-se uma nova 
e importante possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e 
conven›es internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa 
do Congresso Nacional (C‰mara dos Deputados e Senado Federal), em dois 
turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser 
equivalentes ˆs emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da 
pir‰mide de Kelsen, tendo ÒstatusÓ de emenda constitucional. 
Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. Em virtude 
da matŽria de que tratam (direitos humanos), esses tratados est‹o gravados 
por cl‡usula pŽtrea5 e, portanto, imunes ˆ denœncia6 pelo Estado 
brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de 
emenda constitucional foi a ÒConven‹o Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados 
pelo rito ordin‡rio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegal. Isso significa 
que se situam logo abaixo da Constitui‹o e acima das demais normas do 
ordenamento jur’dico. 
A EC n¼ 45/2004 trouxe ao Brasil, portanto, segundo o Prof. ValŽrio Mazzuoli, 
um novo tipo de controle da produ‹o normativa domŽstica: o controle de 
convencionalidade das leis. Assim, as leis internas estariam sujeitas a um 
duplo processo de compatibiliza‹o vertical, devendo obedecer aos 
comandos previstos na Carta Constitucional e, ainda, aos previstos em 
tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao 
ordenamento jur’dico brasileiro.7 
As normas imediatamente abaixo da Constitui‹o (infraconstitucionais) e 
dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o as leis 
(complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es legislativas, os tratados 
                                                        
5
 Estudaremos mais ˆ frente sobre as cl‡usulas pŽtreas, que s‹o normas que n‹o podem ser 
objeto de emenda constitucional tendente a aboli-las. As cl‡usulas pŽtreas est‹o previstas no 
art. 60, ¤ 4¼, da CF/88. Os direitos e garantias individuais s‹o cl‡usulas pŽtreas (art. 60, ¤ 4¼, 
inciso IV). 
6
  Denœncia Ž o ato unilateral por meio do qual um Estado se desvincula de um tratado 
internacional. 
7
    MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no 
Direito Brasileiro. In: Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano. 
Gazeta Jur’dica. Bras’lia: 2013. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
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internacionais em geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os 
decretos aut™nomos. Todas essas normas ser‹o estudadas em detalhes em 
aula futura, n‹o se preocupe! Neste momento, quero apenas que voc guarde 
quais s‹o as normas infraconstitucionais e que elas n‹o possuem hierarquia 
entre si, segundo doutrina majorit‡ria. Essas normas s‹o prim‡rias, sendo 
capazes de gerar direitos e criar obriga›es, desde quen‹o contrariem a 
Constitui‹o. 
Novamente, gostar’amos de trazer ˆ baila alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais muito cobrados em prova: 
a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis 
federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo 
grau hier‡rquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e 
estaduais ou entre leis estaduais e municipais n‹o ser‡ resolvido por 
um critŽrio hier‡rquico; a solu‹o depender‡ da reparti‹o 
constitucional de competncias. Deve-se perguntar o seguinte: de qual 
ente federativo (Uni‹o, Estados ou Munic’pios) Ž a competncia para 
tratar do tema objeto da lei? Nessa —tica, Ž plenamente poss’vel que, 
num caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei 
federal. 
b) Existe hierarquia entre a Constitui‹o Federal, as Constitui›es 
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? Sim, a Constitui‹o 
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui›es Estaduais 
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas. 
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um 
procedimento mais dificultoso, tm o mesmo n’vel hier‡rquico das 
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo: ambas tm campos 
de atua‹o diversos, ou seja, a matŽria (conteœdo) Ž diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre 
direito tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar. 
c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs 
leis ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode 
mais, pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova‹o 
Ž mais simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a 
que uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, 
a lei complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa 
lei complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por 
simples lei ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ 
subsumir-se ao regime constitucional da lei ordin‡ria. 8 
                                                        
8AI 467822 RS, p. 04-10-2011. 
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d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis 
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de 
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica). 
e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados 
normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis ordin‡rias. 
Na mesma situa‹o, encontram-se as resolu›es do CNMP (Conselho 
Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de Justia). 
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos 
Deputados), por constitu’rem resolu›es legislativas, tambŽm s‹o 
considerados normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis 
ordin‡rias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o 
normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de 
impor obriga›es. N‹o podem contrariar as normas prim‡rias, sob pena de 
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, das instru›es 
normativas, dentre outras. Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os 
decretos aut™nomos (normas prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os 
decretos regulamentares (normas secund‡rias, infralegais). 
 
 
CONSTITUIÇÃO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS E TRATADOS 
INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS COMO 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
OUTROS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
LEIS COMPLEMENTARES, ORDINÁRIAS E DELEGADAS, MEDIDAS 
PROVISÓRIAS, DECRETOS LEGISLATIVOS, RESOLUÇÕES 
LEGISLATIVAS, TRATADOS INTERNACIONAIS EM GERAL E DECRETOS 
AUTÔNOMOS
NORMAS INFRALEGAIS
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(MPE-BA Ð 2015) Existe hierarquia entre lei complementar 
e lei ordin‡ria, bem como entre lei federal e estadual. 
Coment‡rios: 
N‹o h‡ hierarquia entre lei ordin‡ria e lei complementar. 
Elas tm o mesmo n’vel hier‡rquico. TambŽm n‹o h‡ 
hierarquia entre lei federal e lei estadual. Quest‹o errada. 
Aplicabilidade das normas constitucionais 
O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais Ž essencial ˆ correta 
interpreta‹o da Constitui‹o Federal. ƒ a compreens‹o da aplicabilidade das 
normas constitucionais que nos permitir‡ entender exatamente o alcance e a 
realizabilidade dos diversos dispositivos da Constitui‹o. 
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas s‹o 
imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas 
constitucionais surtem efeitos jur’dicos: o que varia entre elas Ž o grau 
de efic‡cia. 
A doutrina americana (cl‡ssica) distingue duas espŽcies de normas 
constitucionais quanto ˆ aplicabilidade: as normas autoexecut‡veis (Òself 
executingÓ) e as normas n‹o-autoexecut‡veis. 
As normas autoexecut‡veis s‹o normas que podem ser aplicadas sem a 
necessidade de qualquer complementa‹o. S‹o normas completas, bastantes 
em si mesmas. J‡ as normas n‹o-autoexecut‡veis dependem de 
complementa‹o legislativa antes de serem aplicadas: s‹o as normas 
incompletas, as normas program‡ticas (que definem diretrizes para as pol’ticas 
pœblicas) e as normas de estrutura‹o (instituem —rg‹os, mas deixam para a 
lei a tarefa de organizar o seu funcionamento). 9 
Embora a doutrina americana seja bastante did‡tica, a classifica‹o das 
normas quanto ˆ sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo 
Prof. JosŽ Afonso da Silva. 
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, JosŽ Afonso da Silva 
classifica as normas constitucionais em trs grupos: i) normas de efic‡cia 
plena; ii) normas de efic‡cia contida e; iii) normas de efic‡cia limitada. 
1) Normas de efic‡cia plena:  
                                                        
9
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi‹o. Editora 
Saraiva, S‹o Paulo: 2012, pp. 417-418. 
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S‹o aquelas que, desde a entrada em vigor da Constitui‹o, produzem, ou tm 
possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis 
regular. ƒ o caso do art. 2¼ da CF/88, que diz: Òs‹o Poderes da Uni‹o, 
independentes e harm™nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rioÓ. 
As normas de efic‡cia plena possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, Ž dizer, elas independem de lei posterior 
regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso n‹o 
quer dizer que n‹o possa haver lei regulamentadora versando sobre 
uma norma de efic‡cia plena; a lei regulamentadora atŽ pode 
existir, mas a norma de efic‡cia plena j‡ produz todos os seus efeitos 
de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamenta‹o. 
b) s‹o n‹o-restring’veis, ou seja, caso exista uma lei tratando de 
uma norma de efic‡cia plena, esta n‹o poder‡ limitar sua aplica‹o. 
c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e integral (n‹o podem sofrer limita›es ou restri›es 
em sua aplica‹o). 
2) Normas constitucionais de efic‡cia contida ouprospectiva: 
S‹o normas que est‹o aptas a produzir todos os seus efeitos desde o 
momento da promulga‹o da Constitui‹o, mas que podem ser restringidas 
por parte do Poder Pœblico. Cabe destacar que a atua‹o do legislador, no caso 
das normas de efic‡cia contida, Ž discricion‡ria: ele n‹o precisa editar a lei, 
mas poder‡ faz-lo. 
Um exemplo cl‡ssico de norma de efic‡cia contida Ž o art.5¼, inciso XIII, da 
CF/88, segundo o qual Ҏ livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou 
profiss‹o, atendidas as qualifica›es profissionais que a lei estabelecerÓ. Em 
raz‹o desse dispositivo, Ž assegurada a liberdade profissional: desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, todos j‡ podem exercer qualquer trabalho, of’cio 
ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer restri›es ao exerc’cio 
de algumas profiss›es. Citamos, por exemplo, a exigncia de aprova‹o no 
exame da OAB como prŽ-requisito para o exerc’cio da advocacia. 
As normas de efic‡cia contida possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, ou seja, est‹o aptas a produzir todos os seus 
efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em outras 
palavras, n‹o precisam de lei regulamentadora que lhes complete o 
alcance ou sentido. Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser 
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publicada, o direito previsto em uma norma de efic‡cia contida pode ser 
exercitado de maneira ampla (plena); s— depois da regulamenta‹o Ž 
que haver‡ restri›es ao exerc’cio do direito. 
b) s‹o restring’veis, isto Ž, est‹o sujeitas a limita›es ou restri›es, 
que podem ser impostas por: 
- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, Ž norma de efic‡cia 
contida prevista no art. 9¼, da CF/88. Desde a promulga‹o da CF/88, o 
direito de greve j‡ pode exercido pelos trabalhadores do regime 
celetista; no entanto, a lei poder‡ restringi-lo, definindo os Òservios ou 
atividades essenciaisÓ e dispondo sobre Òo atendimento das 
necessidades inadi‡veis da comunidadeÓ. 
Art. 9¼ ƒ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
¤ 1¼ - A lei definir‡ os servios ou atividades essenciais e dispor‡ sobre 
o atendimento das necessidades inadi‡veis da comunidade. 
- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prev a 
possibilidade de que sejam impostas restri›es a certos direitos e 
garantias fundamentais durante o estado de s’tio. 
- conceitos Žtico-jur’dicos indeterminados: o art. 5¼, inciso XXV, 
da CF/88 estabelece que, no caso de Òiminente perigo pœblicoÓ, o 
Estado poder‡ requisitar propriedade particular. Esse Ž um conceito 
Žtico-jur’dico que poder‡, ent‹o, limitar o direito de propriedade. 
c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e possivelmente n‹o-integral (est‹o sujeitas a 
limita›es ou restri›es). 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas de efic‡cia 
contida tm efic‡cia plena atŽ que seja materializado o fator 
de restri‹o imposto pela lei infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
As normas de efic‡cia contida s‹o restring’veis por lei 
infraconstitucional. AtŽ que essa lei seja publicada, a norma 
de efic‡cia contida ter‡ aplica‹o integral. Quest‹o correta 
 
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3) Normas constitucionais de efic‡cia limitada:  
S‹o aquelas que dependem de regulamenta‹o futura para produzirem 
todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de efic‡cia limitada Ž o art. 37, 
inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores pœblicos 
(Òo direito de greve ser‡ exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
espec’ficaÓ). 
Ao ler o dispositivo supracitado, Ž poss’vel perceber que a Constitui‹o Federal 
de 1988 outorga aos servidores pœblicos o direito de greve; no entanto, para 
que este possa ser exercido, faz-se necess‡ria a edi‹o de lei ordin‡ria que o 
regulamente. Assim, enquanto n‹o editada essa norma, o direito n‹o pode ser 
usufru’do. 
As normas constitucionais de efic‡cia limitada possuem as seguintes 
caracter’sticas: 
a) s‹o n‹o-autoaplic‡veis, ou seja, dependem de complementa‹o 
legislativa para que possam produzir os seus efeitos. 
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulga‹o 
do texto constitucional n‹o Ž suficiente para que possam produzir todos 
os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de efic‡cia restrito 
quando da promulga‹o da Constitui‹o). 
 
Muito cuidado para n‹o confundir! 
As normas de efic‡cia contida est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o 
momento em que a Constitui‹o Ž promulgada. A 
lei posterior, caso editada, ir‡ restringir a sua 
aplica‹o. 
As normas de efic‡cia limitada n‹o est‹o 
aptas a produzirem todos os seus efeitos com 
a promulga‹o da Constitui‹o; elas dependem, 
para isso, de uma lei posterior, que ir‡ ampliar o 
seu alcance. 
JosŽ Afonso da Silva subdivide as normas de efic‡cia limitada em dois 
grupos: 
a) normas declarat—rias de princ’pios institutivos ou 
organizativos: s‹o aquelas que dependem de lei para estruturar e 
organizar as atribui›es de institui›es, pessoas e —rg‹os previstos na 
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Constitui‹o. ƒ o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o 
qual Òa lei dispor‡ sobre a cria‹o e extin‹o de MinistŽrios e —rg‹os da 
administra‹o pœblica.Ó 
As normas definidoras de princ’pios institutivos ou organizativos podem 
ser impositivas (quando imp›em ao legislador uma obriga‹o de 
elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem 
mera faculdade ao legislador). O art. 88, da CF/88, Ž exemplo de norma 
impositiva; como exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, ¤ 3¼, 
CF/88, que disp›e que a Òlei estadual poder‡ criar, mediante proposta do 
Tribunal de Justia, a Justia Militar estadualÓ. 
b) normas declarat—rias de princ’pios program‡ticos: s‹o aquelas 
que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador 
infraconstitucional. Um exemplo Ž o art. 196 da Carta Magna (Òa saœde 
Ž direito de todos e dever do Estado, garantido mediante pol’ticas 
sociais e econ™micas que visem ˆ redu‹o do risco de doena e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualit‡rio ˆs a›es e servios 
para sua promo‹o, prote‹o e recupera‹oÓ). Cabe destacar que a 
presena de normas program‡ticas na Constitui‹o Federal Ž que nos 
permite classific‡-la como uma Constitui‹o-dirigente. 
ƒ importante destacar que as normas de efic‡cia limitada, embora tenham 
aplicabilidade reduzida e n‹o produzam todos os seus efeitos desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, possuem efic‡cia jur’dica. Guarde bem isso: a 
efic‡cia dessas normas Ž limitada, porŽm existente! Diz-se que as normas de 
efic‡cia limitada possuem efic‡cia m’nima. 
Diante dessa afirma‹o, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais s‹o os 
efeitos jur’dicos produzidos pelas normas de efic‡cia limitada? 
As normas de efic‡cia limitada produzem imediatamente, desde a promulga‹oda Constitui‹o, dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii) efeito 
vinculativo. 
O efeito negativo consiste na revoga‹o de disposi›es anteriores em 
sentido contr‡rio e na proibi‹o de leis posteriores que se oponham a 
seus comandos. Sobre esse œltimo ponto, vale destacar que as normas de 
efic‡cia limitada servem de par‰metro para o controle de constitucionalidade 
das leis. 
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obriga‹o de que o 
legislador ordin‡rio edite leis regulamentadoras, sob pena de haver 
omiss‹o inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de 
injun‹o ou A‹o Direta de Inconstitucionalidade por Omiss‹o. Ressalte-se que 
o efeito vinculativo tambŽm se manifesta na obriga‹o de que o Poder Pœblico 
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concretize as normas program‡ticas previstas no texto constitucional. A 
Constitui‹o n‹o pode ser uma mera Òfolha de papelÓ; as normas 
constitucionais devem refletir a realidade pol’tico-social do Estado e as pol’ticas 
pœblicas devem seguir as diretrizes traadas pelo Poder Constituinte Origin‡rio. 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas constitucionais de 
efic‡cia limitada s‹o aquelas que, no momento em que a 
Constitui‹o Ž promulgada, n‹o tm o cond‹o de produzir 
todos os seus efeitos, necessitando de lei integrativa 
infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! As normas de efic‡cia limitada n‹o produzem 
todos os seus efeitos no momento em que a Constitui‹o Ž 
promulgada. Para produzirem todos os seus efeitos, elas 
dependem da edi‹o de lei regulamentadora. Quest‹o correta. 
(CNMP Ð 2015) As normas constitucionais de aplicabilidade 
diferida e mediata, que n‹o s‹o dotadas de efic‡cia jur’dica e 
n‹o vinculam o legislador infraconstitucional aos seus vetores, 
s‹o de efic‡cia contida. 
Coment‡rios: 
As normas de efic‡cia limitada Ž que tm aplicabilidade 
diferida e mediata. Cabe destacar que as normas de efic‡cia 
limitada possuem efic‡cia jur’dica e vinculam o legislador 
infraconstitucional. Quest‹o errada. 
Poder Constituinte 
ƒ hora de aprendermos tudo sobre Poder Constituinte. Vamos l‡? 
A teoria do poder constituinte foi originalmente concebida pelo abade francs 
Emmanuel Sieys, no sŽculo XVIII, em sua obra ÒO que Ž o Terceiro 
Estado?Ó. Nesse trabalho, conclu’do ˆs vŽsperas da Revolu‹o Francesa, Sieys 
trouxe tese inovadora, que rompia com a legitima‹o din‡stica do poder.10 Ao 
mesmo tempo, colocava por terra as teorias anteriores ao Iluminismo, que 
determinavam que a origem do poder era divina. Quanta coragem para um 
clŽrigo, n‹o Ž mesmo? 
                                                        
10
  MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocncia M‡rtires. 
Curso de Direito Constitucional, 5» edi‹o. S‹o Paulo: Saraiva, 2010. 
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A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com 
Constitui‹o escrita e r’gida, distingue poder constituinte de poderes 
constitu’dos. Poder Constituinte Ž aquele que cria a Constitui‹o, enquanto 
os poderes constitu’dos s‹o aqueles estabelecidos por ela, ou seja, s‹o 
aqueles que resultam de sua cria‹o. 
Pergunta importante que se deve fazer Ž a seguinte: quem Ž o titular do Poder 
Constituinte? 
Para Emmanuel Sieys, a titularidade do Poder Constituinte Ž da na‹o. 
Todavia, numa leitura moderna dessa teoria, h‡ que se concluir que a 
titularidade do Poder Constituinte Ž do povo, pois s— este pode 
determinar a cria‹o ou modifica‹o de uma Constitui‹o. 
Segundo Canotilho, o ͆problema do titular do poder constituinte s— pode ter 
hoje uma resposta democr‡tica. S— o povo entendido como um sujeito 
constitu’do por pessoas ̽ mulheres e homens ̽ pode ͂decidir̓ ou deliberar 
sobre a conforma‹o da sua ordem pol’tico-social. Poder constituinte significa, 
assim, poder constituinte do povo.Ó11 
Embora o povo seja o titular do poder constituinte, seu exerc’cio nem 
sempre Ž democr‡tico. Muitas vezes, a Constitui‹o Ž criada por ditadores 
ou grupos que conquistam o poder autocraticamente. 
Assim, diz-se que a forma do exerc’cio do poder constituinte pode ser 
democr‡tica ou por conven‹o (quando se d‡ pelo povo) ou autocr‡tica 
ou por outorga (quando se d‡ pela a‹o de usurpadores do poder). Note que 
em ambas as formas a titularidade do poder constituinte Ž do povo. O 
que muda Ž unicamente a forma de exerc’cio deste poder. 
A forma democr‡tica de exerc’cio pode se dar tanto diretamente quanto 
indiretamente. Na primeira, o povo participa diretamente do processo de 
elabora‹o da Constitui‹o, por meio de plebiscito, referendo ou proposta de 
cria‹o de determinados dispositivos constitucionais. Na segunda, mais 
frequente, a participa‹o popular se d‡ indiretamente, por meio de assembleia 
constituinte, composta por representantes eleitos pelo povo. 
A Assembleia Constituinte, quando tem o poder de elaborar e promulgar uma 
constitui‹o, sem consulta ou ratifica‹o popular, Ž considerada soberana. 
Isso se d‡ por ela representar a vontade do povo. Por isso mesmo, seu poder 
independe de consulta ou ratifica‹o popular. Diz-se que a Assembleia 
Constituinte Ž exclusiva quando Ž composta por pessoas que n‹o 
pertenam a qualquer partido pol’tico. Seus representantes seriam 
                                                        
11
 CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui‹o, 7» 
edi‹o. Coimbra: Almedina, 2003. 
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professores, cientistas pol’ticos e estudiosos do Direito, que representariam a 
na‹o. A Assembleia Constituinte de 1988 era soberana, mas n‹o exclusiva. 
O poder constituinte pode ser de dois tipos: origin‡rio ou derivado. 
Poder constituinte origin‡rio (poder constituinte de primeiro grau ou 
genu’no) Ž o poder de criar uma nova Constitui‹o. Apresenta 6 (seis) 
caracter’sticas que o distinguem do derivado: Ž pol’tico, inicial, incondicionado, 
permanente, ilimitado juridicamente e aut™nomo. 
a) Pol’tico: O Poder Constituinte Origin‡rio Ž um poder de fato (e n‹o 
um poder de direito). Ele Ž extrajur’dico, anterior ao direito. ƒ ele que 
cria o ordenamento jur’dico de um Estado. 
Cabe destacar que os jusnaturalistas defendem que o Poder Constituinte seria, 
na verdade, um poder de direito. A vis‹o de que ele seria um poder de fato Ž a 
forma como os positivistas enxergam o Poder Constituinte Origin‡rio. Cabe 
destacar que a doutrina dominante segue a corrente positivista. 
b) Inicial: O Poder Constituinte Origin‡rio d‡ in’cio a uma nova 
ordem jur’dica, rompendo com a anterior. A manifesta‹o do Poder 
Constituinte tem o efeito de criar um novo Estado.  
c) Incondicionado: O Poder Constituinte Origin‡rio n‹o se sujeita a 
qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifesta‹o.  
d) Permanente: O Poder Constituinte Origin‡rio pode se manifestar a 
qualquer tempo. Ele n‹o se esgota com a elabora‹o de uma nova 
Constitui‹o, mas permanece em Òestado de latnciaÓ, aguardando um 
novo chamado para manifestar-se, aguardando um novo Òmomento 
constituinteÓ. 
e) Ilimitado juridicamente: O Poder Constituinte Origin‡rio n‹o se 
submete a limites determinados pelodireito anterior. Pode mudar 
completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidad‹os, por 
exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento 
jur’dico anterior. Por esse motivo, o STF entende que n‹o h‡ 
possibilidade de se invocar direito adquirido contra normas 
constitucionais origin‡rias.6 
A doutrina se divide quanto a essa caracter’stica do Poder Constituinte. Os 
positivistas entendem que, de fato, o Poder Constituinte Origin‡rio Ž ilimitado 
juridicamente; j‡ os jusnaturalistas entendem que ele encontra limites no 
direito natural, ou seja, em valores suprapositivos. No Brasil, a doutrina 
majorit‡ria adota a corrente positivista, reconhecendo que o Poder Constituinte 
Origin‡rio Ž ilimitado juridicamente. 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Embora os positivistas defendam que o Poder Constituinte Origin‡rio Ž 
ilimitado, Ž importante que todos reconheamos, como o Prof. Canotilho, que 
ele dever‡ obedecer a Òpadr›es e modelos de conduta espirituais, culturais, 
Žticos e sociais radicados na conscincia jur’dica geral da comunidadeÓ. 12 
f) Aut™nomo: tem liberdade para definir o conteœdo da nova 
Constitui‹o. Destaque-se que muitos autores tratam essa 
caracter’stica como sin™nimo de ilimitado. 
 
As bancas examinadoras adoram confundir os candidatos 
com rela‹o ˆs caracter’sticas do Poder Constituinte 
Origin‡rio. Vamos entender o que elas fazem? Veja a 
frase abaixo: 
ÒO poder constituinte origin‡rio Ž inicial porque n‹o sofre 
restri‹o de nenhuma limita‹o imposta por norma de 
direito positivo anterior.Ó 
Ora, sabemos que o Poder Constituinte Ž mesmo inicial. 
Mas por que ele Ž considerado inicial? Porque ele 
inaugura a ordem jur’dica (e n‹o porque ele n‹o 
encontra limites em norma de direito positivo anterior!) 
A quest‹o estaria correta se ela tivesse dito o seguinte: 
ÒO poder constituinte origin‡rio Ž ilimitado porque n‹o 
sofre restri‹o de nenhuma limita‹o imposta por norma 
de direito positivo anterior.Ó 
Portanto, amigos, fiquem atentos! N‹o basta saber as 
caracter’sticas do Poder Constituinte Origin‡rio: Ž 
fundamental conhecer tambŽm a caracter’stica associada 
a cada uma delas. 
O Poder Constituinte Origin‡rio pode ser classificado, quanto ao momento de 
sua manifesta‹o, em hist—rico (fundacional) ou p—s-fundacional 
(revolucion‡rio). O Poder Constituinte Origin‡rio hist—rico Ž o respons‡vel 
pela cria‹o da primeira Constitui‹o de um Estado. Por sua vez, o poder 
p—s-fundacional Ž aquele que cria uma nova Constitui‹o para o Estado, 
em substitui‹o ˆ anterior. Ressalte-se que essa nova Constitui‹o poder‡ ser 
fruto de uma revolu‹o ou de uma transi‹o constitucional. 
                                                        
12
 CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui‹o, 7» 
edi‹o. Coimbra: Almedina, 2003. 
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O Poder Constituinte Origin‡rio Ž, ainda, classificado, quanto ˆs dimens›es, 
em material e formal. Na verdade, esses podem ser considerados dois 
momentos distintos na manifesta‹o do Poder Constituinte Origin‡rio. 
Primeiro, h‡ o momento material, que antecede o momento formal; Ž o 
poder material que determina quais ser‹o os valores a serem protegidos pela 
Constitui‹o. ƒ nesse momento que toma-se a decis‹o de constituir um novo 
Estado. O poder formal, por sua vez, sucede o poder material e fica 
caracterizado no momento em que se atribui juridicidade ˆquele que ser‡ o 
texto da Constitui‹o. 
Trataremos, agora, da segunda forma de Poder Constituinte: o Derivado. 
O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) Ž o 
poder de modificar a Constitui‹o Federal bem como de elaborar as 
Constitui›es Estaduais. ƒ fruto do poder constituinte origin‡rio, estando 
previsto na pr—pria Constitui‹o. Tem como caracter’sticas ser jur’dico, 
derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. 
a) Jur’dico: Ž regulado pela Constitui‹o, estando, portanto, previsto 
no ordenamento jur’dico vigente. 
b) Derivado: Ž fruto do poder constituinte origin‡rio 
c) Limitado ou subordinado: Ž limitado pela Constitui‹o, n‹o 
podendo desrespeit‡-la, sob pena de inconstitucionalidade. 
d) Condicionado: a forma de seu exerc’cio Ž determinada pela 
Constitui‹o. Assim, a aprova‹o de emendas constitucionais, por 
exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no artigo 60 da 
Constitui‹o Federal (CF/88).  
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: i) Poder Constituinte 
Reformador e; ii) Poder Constituinte Decorrente. 
O primeiro consiste no poder de modificar a Constitui‹o. J‡ o segundo Ž 
aquele que a CF/88 confere aos Estados de se auto-organizarem, por meio da 
elabora‹o de suas pr—prias Constitui›es. Ambos devem respeitar as 
limita›es e condi›es impostas pela Constitui‹o Federal. 
Em nosso mundo globalizado, fala-se hoje em um poder constituinte 
supranacional. Atualmente, tal modalidade de poder constituinte existe na 
Uni‹o Europeia, onde v‡rios Estados abriram m‹o de parte de sua soberania 
em prol de um poder central. ƒ a manifesta‹o m‡xima daquilo que se chama 
direito comunit‡rio, reconhecido como hierarquicamente superior aos direitos 
internos de cada Estado. 
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(MPF Ð 2015) O car‡ter ilimitado e incondicionado do poder 
constituinte origin‡rio precisa ser visto com temperamentos, 
pois esse poder n‹o pode ser entendido sem referenda aos 
valores Žticos e culturais de uma comunidade politica e 
tampouco resultar em decis›es caprichosas e totalit‡rias. 
Coment‡rios: 
Esse Ž uma quest‹o doutrin‡ria muito interessante, que 
consiste em saber se o Poder Constituinte Origin‡rio encontra 
algum tipo de limita‹o. Adota-se aqui a posi‹o de Canotilho, 
para quem o Poder Constituinte Origin‡rio deve observar 
Òpadr›es e modelos de conduta espirituais, culturais, Žticos e 
sociais radicados na conscincia jur’dica geral da comunidade 
Quest‹o correta. 
(PC / DF Ð 2015) O poder constituinte origin‡rio pode ser 
material ou formal. O poder constituinte origin‡rio material Ž 
respons‡vel por eleger os valores ou ideais fundamentais que 
ser‹o positivados em normas jur’dicas pelo poder constituinte 
formal. 
Coment‡rios: 
O Poder Constituinte Origin‡rio tem duas dimens›es: material 
e formal. O PCO material determina quais valores ser‹o 
protegidos pela Constitui‹o; o PCO formal Ž o que atribui 
juridicidade ao texto constitucional. O PCO material precede o 
PCO formal. Quest‹o correta. 
(TRE-GO Ð 2015) As constitui›es estaduais promulgadas 
pelos estados-membros da Federa‹o s‹o express›es do poder 
constituinte derivado decorrente, cujo exerc’cio foi atribu’do 
pelo poder constituinte origin‡rio ˆs assembleias legislativas. 
Coment‡rios: 
Exatamente isso! O Poder Constituinte Derivado Decorrente Ž o 
respons‡vel pela elabora‹o das Constitui›es Estaduais. 
Quest‹o correta. 
 
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Princ’pios Fundamentaisda Repœblica Federativa do Brasil 
1) Regras e Princ’pios: 
Antes de tratarmos dos princ’pios fundamentais da Repœblica Federativa do 
Brasil, Ž necess‡rio que compreendamos dois conceitos: o de regras e o de 
princ’pios. 
De in’cio, vale destacar que as normas se dividem em dois tipos: i) regras 
e; ii) princ’pios. Em outras palavras, regras e princ’pios s‹o espŽcie do gnero 
normas; se estivermos tratando de regras e princ’pios (impl’citos e expl’citos) 
previstos na Constitui‹o, estaremos nos referindo a normas 
constitucionais. 
As regras s‹o mais concretas, servindo para definir condutas. J‡ os 
princ’pios s‹o mais abstratos: n‹o definem condutas, mas sim diretrizes 
para que se alcance a m‡xima concretiza‹o da norma. As regras n‹o admitem 
o cumprimento ou descumprimento parcial, seguindo a l—gica do Òtudo ou 
nadaÓ. Ou s‹o cumpridas totalmente, ou, ent‹o, descumpridas. Portanto, 
quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito 
determinar qual delas foi suprimida pela outra. 
Por outro lado, os princ’pios podem ser cumpridos apenas parcialmente. No 
caso de colis‹o entre princ’pios, o conflito Ž apenas aparente, ou seja, um n‹o 
ser‡ exclu’do pelo outro. Assim, apesar de a Constitui‹o, por exemplo, 
garantir a livre manifesta‹o do pensamento (art. 5¼, IV, CF/88), esse direito 
n‹o Ž absoluto. Ele encontra limites na prote‹o ˆ vida privada (art. 5¼, X, 
CF/88), outro direito protegido constitucionalmente. 
2) Princ’pios Fundamentais: 
Os princ’pios constitucionais, segundo Canotilho, podem ser de duas espŽcies: 
a) Princ’pios pol’tico-constitucionais: representam decis›es 
pol’ticas fundamentais, conformadoras de nossa Constitui‹o. S‹o os 
chamados princ’pios fundamentais, que estudaremos a seguir, os 
quais preveem as caracter’sticas essenciais do Estado brasileiro. Como 
exemplo de princ’pios pol’tico-constitucionais, citamos o princ’pio da 
separa‹o de poderes, a indissolubilidade do v’nculo federativo, o 
pluralismo pol’tico e a dignidade da pessoa humana. 
b) Princ’pios jur’dico-constitucionais: s‹o princ’pios gerais 
referentes ˆ ordem jur’dica nacional, encontrando-se dispersos pelo 
texto constitucional. Em regra, derivam dos princ’pios pol’tico-
constitucionais. Como exemplo de princ’pios jur’dico constitucionais, 
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citamos os princ’pios do devido processo legal, do juiz natural e da 
legalidade. 
Uma vez entendidos esses conceitos, passaremos ˆ an‡lise dos princ’pios 
fundamentais (pol’tico-constitucionais), respons‡veis pela determina‹o das 
caracter’sticas essenciais do Estado brasileiro. 
Princ’pios Fundamentais s‹o os valores que orientaram o Poder 
Constituinte Origin‡rio na elabora‹o da Constitui‹o, ou seja, s‹o suas 
escolhas pol’ticas fundamentais. Segundo Canotilho, s‹o os princ’pios 
constitucionais politicamente conformadores do Estado, que explicitam as 
valora›es pol’ticas fundamentais do legislador constituinte, revelando as 
concep›es pol’ticas triunfantes numa Assembleia Constituinte, constituindo-
se, assim, no cerne pol’tico de uma Constitui‹o pol’tica. 13 
Na Constitui‹o Federal de 1988, os princ’pios fundamentais est‹o 
dispostos no T’tulo I, o qual Ž composto por quatro artigos. Cada um desses 
dispositivos apresenta um tipo de princ’pio fundamental. O art. 1¼ trata dos 
fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil (RFB); o art. 2¼, do princ’pio da 
separa‹o de Poderes; o art. 3¼, dos objetivos fundamentais; e o art. 4¼, dos 
princ’pios da RFB nas rela›es internacionais. 
 
Se uma quest‹o disser que um determinado fundamento 
da RFB (por exemplo, a soberania) Ž um princ’pio 
fundamental, ela estar‡ correta. Da mesma forma, se uma 
quest‹o disser que um objetivo fundamental da RFB (por 
exemplo, Òconstruir uma sociedade livre, justa e solid‡riaÓ), 
Ž um princ’pio fundamental, ela tambŽm estar‡ correta. Ou, 
ainda, se a quest‹o afirmar que um princ’pio das rela›es 
internacionais (por exemplo, Òigualdade entre os 
EstadosÓ), Ž um princ’pio fundamental, esta, mais uma vez, 
estar‡ correta. 
A explica‹o para isso Ž o fato de que os art. 1¼ - art. 4¼ 
evidenciam, todos eles, espŽcies de princ’pios 
fundamentais. 
2.1 - Fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil: 
Os fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil est‹o previstos no art. 1¼, 
da Constitui‹o Federal de 1988. S‹o eles os pilares, a base do ordenamento 
jur’dico brasileiro. 
                                                        
13 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui‹o, p. 1091-92. 
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Art. 1¼ A Repœblica Federativa do Brasil, formada pela uni‹o 
indissolœvel dos Estados e Munic’pios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democr‡tico de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo pol’tico. 
Par‡grafo œnico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constitui‹o. 
Para memoriz‡-los, usamos a famosa sigla ÒSOCIDIVAPLUÓ: soberania, 
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa e pluralismo pol’tico. 
 
A soberania Ž um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade 
n‹o se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano 
internacional. A soberania Ž considerada um poder supremo e 
independente: supremo porque n‹o est‡ limitado a nenhum outro poder na 
ordem interna; independente porque, no plano internacional, n‹o se subordina 
ˆ vontade de outros Estados.14 
Assim, no ‰mbito interno, as normas e decis›es elaboradas pelo Estado 
prevalecem sobre as emanadas de grupos sociais intermedi‡rios como fam’lia, 
                                                        
14 CAETANO, Marcelo. Direito Constitucional, 2» edi‹o. Rio de Janeiro, Forense, 1987, 
volume 1, pag. 169.  
S
O
C
ID
IV
A
P
L
U
SOBERANIA
CIDADANIA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE 
INICIATIVA
PLURALISMO POLÍTICO
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escola e igreja, por exemplo. Por sua vez, na —rbita internacional, o Estado 
somente se submete a regras em rela‹o ˆs quais manifestar livremente o seu 
consentimento. A soberania guarda correla‹o direta com o princ’pio da 
igualdade entre os Estados, que Ž um dos princ’pios adotados pela Repœblica 
Federativa do Brasil em suas rela›es internacionais (art. 4¼, V, CF/88). 
ƒ relevante destacar que a soberania deve ser vista sob uma perspectiva 
(sentido) democr‡tica, donde surge a express‹o Òsoberania popularÓ. Com 
efeito, o art. 1¼, par‡grafo œnico, disp›e que Òtodo o poder emana do povo, 
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamenteÓ nos termos 
da Constitui‹o. 
A cidadania, por sua vez, Ž simultaneamente um objeto e um direito 
fundamental das pessoas; ela representa um verdadeiro status do ser 
humano: o de ser cidad‹o e, com isso, ter assegurado o seu direito de 
participa‹o na vida pol’tica do Estado. 15 A previs‹o da cidadania como 
fundamentodo Estado brasileiro exige que o Poder Pœblico incentive a 
participa‹o popular nas decis›es pol’ticas do Estado. Nesse sentido, est‡ 
intimamente ligada ao conceito de democracia, pois sup›e que o cidad‹o se 
sinta respons‡vel pela constru‹o de seu Estado, pelo bom funcionamento das 
institui›es. 
A dignidade da pessoa humana Ž outro fundamento da Repœblica Federativa 
do Brasil e consiste no valor-fonte do ordenamento jur’dico, a base de todos os 
direitos fundamentais. Trata-se de princ’pio que coloca o ser humano como a 
preocupa‹o central para o Estado brasileiro: a prote‹o ˆs pessoas deve ser 
vista como um fim em si mesmo. 
Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana Ž princ’pio supremo, 
Òsignificativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e 
inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pa’s e que traduz, 
de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre n—s, a 
ordem republicana e democr‡tica consagrada pelo sistema de direito 
constitucional positivo.Ó16 
O princ’pio da dignidade da pessoa humana possui elevada densidade 
normativa e pode ser usado, por si s— e independentemente de 
regulamenta‹o, como fundamento de decis‹o judicial. AlŽm de possuir 
efic‡cia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o princ’pio 
da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Pœblico, impelindo-o a adotar 
pol’ticas para sua total implementa‹o. 
                                                        
15
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 61.  
16 STF, HC 85.237, Rel. Min. Celso de Mello, j. 17.03.05, DJ de 29.04.05. 
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Em raz‹o da import‰ncia do princ’pio da dignidade da pessoa humana, o STF 
j‡ o utilizou como fundamento de diversas decis›es importantes. A 
seguir, comentaremos os principais entendimentos do STF acerca da dignidade 
humana: 
a) O STF considerou leg’tima a uni‹o homoafetiva como entidade familiar, 
em raz‹o do princ’pio da dignidade da pessoa humana e do direito ˆ busca 
pela felicidade. 
Segundo a Corte: 
Òa extens‹o, ˆs uni›es homoafetivas, do mesmo regime jur’dico 
aplic‡vel ˆ uni‹o est‡vel entre pessoas de gnero distinto justifica-se e 
legitima-se pela direta incidncia, dentre outros, dos princ’pios 
constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurana 
jur’dica e do postulado constitucional impl’cito que consagra o direito ˆ 
busca da felicidade, os quais configuram, numa estrita dimens‹o que 
privilegia o sentido de inclus‹o decorrente da pr—pria Constitui‹o da 
Repœblica (art. 1¼, III, e art. 3¼, IV), fundamentos aut™nomos e 
suficientes aptos a conferir suporte legitimador ˆ qualifica‹o das 
conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espŽcie do gnero 
entidade familiarÓ. 17 
b) O STF considera que n‹o ofende o direito ˆ vida e a dignidade da pessoa 
humana a pesquisa com cŽlulas-tronco embrion‡rias obtidas de embri›es 
humanos produzidos por fertiliza‹o Òin vitroÓ e n‹o utilizados neste 
procedimento.18 Sobre esse ponto, vale a pena esclarecer que, quando Ž 
realizada uma fertiliza‹o Òin vitroÓ, s‹o produzidos v‡rios embri›es e apenas 
alguns deles s‹o implantados no œtero da futura m‹e. Os embri›es n‹o 
utilizados no procedimento (que seriam congelados ou descartados) Ž que 
poder‹o ser objeto de pesquisa com cŽlulas-tronco. 
c) O STF entende que n‹o Ž poss’vel, por violar o princ’pio da dignidade da 
pessoa humana, a submiss‹o compuls—ria do pai ao exame de DNA na 
a‹o de investiga‹o de paternidade.19 
... 
Voltando ˆ an‡lise dos fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil, a 
eleva‹o dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa a essa 
condi‹o refora que o nosso Estado Ž capitalista, e, simultaneamente, 
demonstra que o trabalho tem um valor social. ƒ o trabalho, afinal, ferramenta 
                                                        
17 RE 477554 MG, DJe-164 DIVULG 25-08-2011 PUBLIC 26-08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-
00287. 
18 STF, ADI 3510/DF Ð Rel. Min Ayres Britto, DJe 27.05.2010 
19 STF, Pleno, HC 71.373/RS, rel. Min. Francisco Rezek, Di‡rio da Justia, Se‹o I, 22.11.1996. 
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essencial para garantir, em perspectiva menos ampla, a subsistncia das 
pessoas e, em perspectiva mais abrangente, o desenvolvimento e crescimento 
econ™mico do Pa’s. 
Observe que o art. 170 da CF/88 reitera esse fundamento, ao determinar que 
Òa ordem econ™mica, fundada na valoriza‹o do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os 
ditames da justia socialÓ. 
Por œltimo, o Estado brasileiro tambŽm tem como fundamento o pluralismo 
pol’tico. Esse princ’pio visa garantir a inclus‹o dos diferentes grupos sociais 
no processo pol’tico nacional, outorgando aos cidad‹os liberdade de convic‹o 
filos—fica e pol’tica. Como seu corol‡rio, tem-se a liberdade de cria‹o e 
funcionamento dos partidos pol’ticos. O STF entende que a cr’tica 
jornal’stica Ž um direito cujo suporte legitimador Ž o pluralismo pol’tico; o 
exerc’cio desse direito deve, assim, ser preservado contra ensaios autorit‡rios 
de repress‹o penal. 20 
Cabe destacar que o pluralismo pol’tico exclui os discursos de —dio, assim 
considerada qualquer comunica‹o que tenha como objetivo inferiorizar uma 
pessoa com base em raa, gnero, nacionalidade, religi‹o ou orienta‹o 
sexual. No Brasil, considera-se que os discursos de —dio n‹o est‹o 
amparados pela liberdade de manifesta‹o de pensamento. 
 
(FUB Ð 2015) O pluralismo pol’tico, fundamento da Repœblica 
Federativa do Brasil, Ž pautado pela toler‰ncia a ideologias 
diversas, o que exclui discursos de —dio, n‹o amparados pela 
liberdade de manifesta‹o do pensamento. 
Coment‡rios: 
O discurso de —dio n‹o est‡ protegido pela liberdade de 
manifesta‹o de pensamento. Por isso, o pluralismo pol’tico 
exclui discursos de —dio. Quest‹o correta. 
(TJ-SE Ð 2014) A dignidade da pessoa humana, princ’pio 
fundamental da Repœblica Federativa do Brasil, promove o 
direito ˆ vida digna em sociedade, em prol do bem comum, 
fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do 
direito individual. 
Coment‡rios: 
A dignidade da pessoa humana Ž um fundamento da Repœblica 
                                                        
20
 STF Ð Pet 3486/DF, Rel. Ministro Celso de Mello. DJe. 22.08.2005. 
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Federativa do Brasil. Enquadra-se como princ’pio 
fundamental, assim como todos os outros inscritos dos art. 
1¼ a art. 4¼, CF/88. Esse princ’pio coloca o ind’viduo (o ser 
humano) como a preocupa‹o central do Estado. Assim, 
n‹o h‡ que se falar em Òprevalncia do interesse coletivo em 
detrimento do direito individualÓ. Quest‹o errada. 
 
2.2- Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Pol’tico: 
Dentre as decis›es pol’ticas fundamentais, est‹o a defini‹o da forma de 
Estado e a forma de governo. Essas op›es pol’ticas foram escolhidas pelo 
Poder Constituinte Origin‡rio logo no in’cio do texto constitucional (art. 1¼, 
caput). 
a) Forma de estado diz respeito ˆ maneira pela qual o poder est‡territorialmente repartido; em outras palavras, Ž a reparti‹o territorial 
do Poder que ir‡ definir a forma de Estado. Nesse sentido, um Estado 
poder‡ ser unit‡rio (quando o poder est‡ territorialmente centralizado) 
ou federal (quando o poder est‡ territorialmente descentralizado). 21 
O Brasil Ž um Estado federal, ou seja, adota a federa‹o como forma de 
Estado. H‡ diversos entes federativos (Uni‹o, Estados, Distrito Federal e 
Munic’pios), todos eles aut™nomos, dotados de governo pr—prio e de 
capacidade pol’tica. S‹o pessoas jur’dicas de direito pœblico que mantm entre 
si um v’nculo indissolœvel. Em raz‹o dessa indissolubilidade, um estado ou 
munic’pio brasileiro n‹o pode se separar do Brasil; diz-se que, em uma 
federa‹o n‹o h‡ o direito de secess‹o. ƒ esse o princ’pio da 
indissolubilidade do v’nculo federativo, o qual Ž reforado pelo fato de que 
a federa‹o Ž cl‡usula pŽtrea da CF/88 (art. 60¤ 4¼, I, CF), n‹o podendo, 
portanto, ser objeto de emenda constitucional tendente ˆ sua aboli‹o. 
O Estado federal, segundo a doutrina, apresenta duas caracter’sticas: 
autonomia e participa‹o. A autonomia traduz-se na possibilidade de os 
Estados e Munic’pios terem sua pr—pria estrutura governamental e 
competncias, distintas daquelas da Uni‹o. A participa‹o, por sua vez, 
consiste em dar aos Estados a possibilidade de interferir na forma‹o das leis. 
Ela Ž garantida, em nosso ordenamento jur’dico, pelo Senado, —rg‹o legislativo 
que representa os Estados. 
Cabe destacar que autonomia difere de soberania. No Brasil, apenas a 
Repœblica Federativa do Brasil (RFB) Ž considerada soberana, inclusive para 
                                                        
21
  O objetivo dessa aula n‹o Ž nos aprofundarmos no conceito de Estado unit‡rio e Estado 
federal. Nesse momento, os conceitos acima mencionados j‡ s‹o suficientes ao nosso 
aprendizado. 
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fins de direito internacional; s— ela possui personalidade internacional. Isso 
porque, na Federa‹o, os entes reunidos, apesar de n‹o perderem suas 
personalidades jur’dicas, abrem m‹o de algumas prerrogativas, em benef’cio 
do todo (Estado Federal). Dessas, a principal Ž a soberania. 
A Uni‹o Ž quem representa a RFB no plano internacional (art. 21, inciso I), 
mas possui apenas autonomia, jamais soberania. Destaque-se, todavia, que 
os outros entes federativos atŽ podem atuar no plano internacional, mas 
apenas na medida em que a RFB os autoriza. Como exemplo, pode-se citar a 
contrata‹o de emprŽstimo junto ao Banco Mundial pelo Estado de S‹o Paulo, 
para fins de constru‹o de uma rodovia. 
Na CF/88, os Munic’pios foram inclu’dos, pela primeira vez, como entidades 
federativas. Com essa previs‹o constitucional, o federalismo brasileiro passou 
a ser considerado um federalismo de terceiro grau: temos uma federa‹o 
composta por Uni‹o, Estados e Munic’pios.22 
No Brasil, a Uni‹o, os Estados-membros e os Munic’pios, todos igualmente 
aut™nomos, tm o mesmo ÒstatusÓ hier‡rquico, recebendo tratamento jur’dico 
ison™mico. O governo de qualquer um deles n‹o pode determinar o que o 
governo do outro pode ou n‹o fazer. Cada um exerce suas competncias 
dentro dos limites reservados pela Constitui‹o. 
A federa‹o brasileira tem como caracter’stica ser resultado de um 
movimento centr’fugo, ou seja, formou-se por segrega‹o. Isso porque no 
Brasil, atŽ a Constitui‹o de 1891, o Estado era unit‡rio (centralizado), tendo, 
ent‹o, se desmembrado para a forma‹o dos estados-membros. J‡ nos 
Estados Unidos, por exemplo, os Estados se agregaram, num movimento 
centr’peto, para formar o Estado federal. 
Outra caracter’stica de nosso federalismo Ž que ele Ž cooperativo. A 
reparti‹o de competncias entre os entes da federa‹o se d‡ de forma que 
todos eles contribuam para que o Estado alcance seus objetivos. Algumas 
competncias s‹o comuns a todos, havendo, ainda, a colabora‹o tŽcnica e 
financeira entre eles para a presta‹o de alguns servios pœblicos, bem como 
reparti‹o das receitas tribut‡rias. 
b) Forma de Governo Ž o modo como se d‡ a institui‹o do poder na 
sociedade e a rela‹o entre governantes e governados. Quanto ˆ forma 
de governo, um Estado poder‡ ser uma monarquia ou uma repœblica. 
No Brasil, a forma de governo adotada (art. 1¼, caput), foi a repœblica. 
                                                        
22 O Prof. Manoel Gonalves Ferreira Filho diz que o Brasil Ž um federalismo de 2¼ grau, mas 
essa Ž a posi‹o minorit‡ria. Para esse autor, haveria dois graus: um da Uni‹o para os 
Estados, e outro, dos Estados para os Munic’pios. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – MPU 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
S‹o caracter’sticas da Repœblica o car‡ter eletivo, representativo e 
transit—rio dos detentores do poder pol’tico e responsabilidade dos 
governantes. 
Os governantes, na Repœblica, s‹o eleitos pelo povo, o que vincula essa forma 
de governo ˆ democracia. AlŽm disso, na Repœblica, o governo Ž limitado e 
respons‡vel, surgindo a ideia de responsabilidade da Administra‹o Pœblica. 
Finalmente, o car‡ter transit—rio dos detentores do poder pol’tico Ž inerente ao 
governo republicano, sendo ressaltado, por exemplo, no art. 60, ¤4¼ da CF/88, 
que impede que seja objeto de delibera‹o a proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir o Òvoto direto, secreto, universal e peri—dicoÓ. 
Outra importante caracter’stica da Repœblica Ž que ela Ž fundada na 
igualdade formal das pessoas. Nessa forma de governo Ž intoler‡vel a 
discrimina‹o, sendo todos formalmente iguais, ou seja, iguais perante o 
Direito. 
c) O regime pol’tico adotado pelo Brasil Ž a democracia, o que fica 
claro quando o art. 1¼, caput, da CF/88 disp›e que a Repœblica 
Federativa do Brasil constitui-se um Estado democr‡tico de direito. 
O Estado de Direito Ž aquele no qual existe uma limita‹o dos poderes 
estatais; ele representa uma supera‹o do antigo modelo absolutista, no qual 
o governante tinha poderes ilimitados. O surgimento do Estado de direito se 
deve aos movimentos constitucionalistas modernos. 
A evolu‹o hist—rica do Estado de Direito nos evidencia que, inicialmente, 
predominava a ideologia liberal; era o chamado Estado Liberal de Direito, 
no qual a limita‹o do poder estatal e a garantia das liberdades negativas 
eram os principais objetivos. Posteriormente, com a Revolu‹o Industrial e a 
Revolu‹o Russa, o Estado liberal d‡ lugar ao Estado Social de Direito, 
marcado pela exigncia de que o Estado oferte presta›es positivas em favor 
dos indiv’duos (direitos sociais). 
Hoje, vive-se o momento do Estado Constitucional, que Ž, ao mesmo 
tempo, um Estado de Direito e um Estado democr‡tico. Cabe destacar que a 
express‹o ÒEstado Democr‡tico de DireitoÓ n‹o implica uma mera reuni‹o 
dos princ’pios do Estado de Direito e do Estado Democr‡tico, uma vez que os 
supera, trazendo em si um conceito novo, mais abrangente. 
Trata-se, na verdade, da garantia de uma sociedade pluralista, em que todas 
as pessoas se submetem ˆs leis e ao Direito, que, por sua vez, s‹o criados 
pelo povo, por meio de seus representantes. A lei e o Direito, nesse Estado, 
visam a garantir o respeito aos direitos fundamentais, assegurando a todos 
uma igualdade material, ou seja, condi›es materiais m’nimas a uma 
existncia digna. Nos dizeres de Dirley da Cunha Jr, Òo Estado Democr‡tico de 
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