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Aula 10 – Freios e Embreagens 30/10/2017 1 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Freio de tambor com sapatas externas longas Quando o ângulo de contato q entre a sapata e o tambor na figura ao lado excede cerca de 45o, então a hipótese de distribuição uniforme de pressão sobre a superfície da sapata será incorreta. A maior parte dos freios de sapata possui um ângulo de contato de 90o ou mais, de modo que deve ser feita uma análise mais exata que a empregada para sapatas curtas. Considerando-se que o tambor gira à velocidade constante, e que o desgaste é proporcional ao trabalho de atrito, isto é ao produto pv, em qualquer ponto da sapata a pressão normal p será proporcional a sua distância do ponto 0. Uma vez que a distância b é constante, a pressão normal em qualquer ponto é proporcional a sen(q). Chamemos a constante de proporcionalidade de K. Aula 10 – Freios e Embreagens 2 Freio de tambor com sapatas externas longas Se a máxima pressão permissível no material de forração for pmax, então a constante K pode ser definida como: com qmax = p/2, então, A equação acima define a pressão normal em qualquer ponto na sapata e varia com sen q. Considerando-se o elemento diferencial dq mostrado na figura ao lado, verifica-se que duas forças diferenciais agem neste elemento, dFn e dFf. Elas possuem braços de momento com relação ao ponto 0 de b . sen q e r – b . cos q. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 3 Ao integrá-las para obter os momentos referentes a toda a superfície com relação a 0, temos, para o momento devido à força normal: onde w é a largura do tambor na direção z e as outras variáveis são definidas na figura. Para o momento devido à força de atrito: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 4 A soma dos momentos com relação ao ponto 0 produz: Onde o sinal superior é para um freio autoenergizante e o inferior, para um freio autodesenergizante. O torque de frenagem é encontrado integrando a expressão para o produto da força de atrito Ff e o raio r do tambor. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 5 As forças reativas Rx e Ry são encontradas a partir da soma das forças nas direções x e y: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 6 Exercício 4) Para o arranjo de freio de tambor mostrado na figura ao lado, determine o torque T, a força aplicada Fa e as forças reativas Rx e Ry. Dados: As dimensões são a = 180 mm, b = 90 mm, r = 100 mm, w = 30 mm, q1 = 30 o, q2 = 120 o e qmax = 90 o. Hipóteses: Coeficiente de atrito m = 0,35, máxima pressão admissível na forração pmax = 1,5 MPa e condição de auto- energização do freio. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 7 Freio de tambor com sapatas internas longas Consideremos a pressão p atuante sobre um elemento de área do material de atrito localizado no ângulo q a partir do ponto de articulação A na figura ao lado. Para encontrar a distribuição de pressões na periferia da sapata interna considere o ponto B na sapata. Quando a sapata se desloca de um ângulo infinitesimal Df em torno do ponto A, a deformação perpendicular à AB é h.Df. Da trogonometria, no triângulo isósceles AOB, vale a relação, h = 2 r sen(q/2), então: ou portanto, a deformação e consequentemente a pressão, é proporcional a sen(q). Considerando-se a pressão no ponto B e no local onde ela é máxima, isto significa A deformação perpendicular para o aro é: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 8 Freio de tambor com sapatas internas longas Esta distribuição de pressões tem as seguintes características: - A distribuição de pressão é sinusoidal com relação ao ângulo q. - Quando a sapata é curta, como no gráfigo da imagem (a), a pressão máxima que ocorre na sapata é pmax ocorrendo no fim da sapata em q2. - Quando a sapata é longa, como mostrado na imagem (b), a pressão máxima que ocorre na sapata é pmax, ocorrendo no ângulo qmax = 90 o. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 9 Freio de tambor com sapatas internas longas Considerando-se a figura ao lado, as reações na articulação são Rx e Ry. A força atuante F tem componentes em x e em y e atua a uma distância c do ponto de articulação. Em qualquer ângulo q a partir da articulação, atua uma força diferencial dN cuja magnitude é: Na qual b é a largura da face. Substituindo- se a função da pressão: A força normal dN tem componentes horizontal e vertical dN cosq e dN senq como mostradas na figura. A força de atrito fdN tem componentes horizontal e vertical, cujas magnitudes são fdN senq e fdN cosq, respectivamente. a = máxima 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 10 Freio de tambor com sapatas internas longas Aplicando-se as condições de equilibrio estático, encontram-se a força atuante F, o torque T e as reações na articulação Rx e Ry. A força F é encontrada a partir da condição de soma dos momento em torno da articulação sendo igual a zero. As forças de atrito têm um braço de momento em torno da articulação igual a r – a cosq. O momento Mf das forças de atrito é E o momento das forças normais em torno do ponto de articulação é 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens Verifica-se que a condição de força atuante igual a zero existe, ou seja, na condição em que MN = Mf a condição de auto travamento é obtida e nenhuma força F é necessária. Deste modo, para se obter algum efeito auto energizante a dimensão a, na figura ao lado, precisa ser tal que 11 Freio de tambor com sapatas internas longas A força atuante F precisa equilibrar-se com estes momentos. Portanto 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 12 Freio de tambor com sapatas internas longas O torque T aplicado ao tambor pela sapata de freio é a soma das forças de atrito multiplicadas pelo raio do tambor As forças de reação são encontradas pela soma das forças horizontais e verticais. Portanto, para Rx tem-se: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 13 Freio de tambor com sapatas internas longas A reação vertical, Ry, é encontrada da mesma maneira: O sentido das forças de atrito é invertido quando a rotação é invertida. Portanto, no sentido anti horário a força atuante é Deste modo o efeito auto energizante é perdido e as reações na articulação tornam-se: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 14 Freio de tambor com sapatas internas longas Para melhor organização dos cálculos: No sentido horário tem-se: No sentido anti horário tem-se: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 15 Freio de tambor com sapatas internas longas Ao usar estas equações, o sistema de referência precisa ter sempre sua origem no centro do tambor. O sentido positivo do eixo x é tomado através do ponto de articulação. O sentido positivo de y é tomado através da sapata. As seguintes hipóteses são ainda consideradas: - A pressão em qualquer ponto da sapata é assumida como proporcional à distância do ponto de articulação e sendo zero neste ponto. - A sapata é considerada como rígida. Alguma deformação pode ocorrer e a distribuição de pressões na sapata pode ser diferente desta que foi assumida. - A análise inteira é baseada num coeficientede atrito que não muda com a pressão. Na realidade o coeficiente de atrito pode mudar em função de outras variáveis como temperatura, desgaste e ambiente. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 16 Exercício 5) O freio mostrado na figura ao lado tem diâmetro de 300 mm, sobre o qual um mecanismo exerce a mesma força em cada sapata. As sapatas são iguais e têm largura da face igual a 32 mm. O revestimento de atrito é asbesto moldado, tendo um coeficiente de atrito de 0,32 e uma limitação de pressão de 1000 kPa. Estime as máximas: a) Força atuante; b) Capacidade de frenagem; c) Reações nas articulações das sapatas. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 17 Exercício 5) Os sistemas de coordenadas e reações nas articulações são indicadas esquematicamente na figura ao lado. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 18 Freios à disco Diferentemente das embreagens, os freios à disco retiram grandes quantidades de energia do sistema e necessitam que a maior parte de área do disco esteja livre para troca de calor. Nos freios à disco não ocorre o efeito de auto-energização, como nos freios à tambor, e deste modo possuem uma relação entre a força de acionamento e momento de frenagem mais linear, considerando-se também a variação do coeficiente de atrito. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 19 Freios à disco Considerando-se a atuação da pastilha sobre o disco de freio, a equação que rege o desgaste da pastilha é: A coordenada r define a altura da linha de aplicação da força F de compressão da pastilha contra o disco, em relação ao eixo x e intercepta o eixo y. Considerando-se p a pressão de contato, então a força de acionamento F e o torque de frenagem T são definidos por: f = coeficiente de atrito f1 = Tipo de movimento, velocidade e intensidade de carga; f2 = Influência do ambiente. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 20 Freios à disco O raio equivalente re pode ser encontrado a partir de f F re = T, ou: A coordenada r é definida calculando-se o momento em torno do eixo x: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 21 Pressão uniforme Nesta situação, a qual se aproxima de um freio novo, temos para a força atuante: e para o torque atuante: max max max max 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 22 Pressão uniforme O raio equivalente re: e considerando-se o equilíbrio dos momentos atuantes em torno do eixo x: max max 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 23 Desgaste uniforme Na abordagem do desgaste uniforme, o produto PV precisa ser constante. Deste modo a pressão p pode ser expressa em termos da pressão pmax (a qual ocorre no raio ri) como: max max A força atuante torna-se: e o torque torna-se: max max 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 24 Desgaste uniforme Considerando-se a distribuição de pressão como: max max max e a coordenada r torna-se: o raio equivalente re torna-se: 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 25 Exercício 6) Duas pastilhas anulares, ri = 3,875 in (98,425 mm), ro = 5,50 in (139,7 mm) com ângulo de extensão de 108o, têm um coeficiente de atrito de 0,37 e são forçadas contra o disco por um par de cilindros hidráulicos com diâmetro de 1,5 in (38,1 mm). O torque necessário é de 13000 lbf in (1468729,6 Nmm) ou (1468,7 Nm). a) Encontre a pressão normal máxima; b) Estime a força atuante F; c) Encontre o raio atuante re e a coordenada r de localização da força; d) Estime a pressão hidráulica necessária. 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 26 Exercício 7) Encontre o torque que um freio de disco com pinça de duas pastilhas, com um ângulo de extensão de 60o, pode transmitir se os diâmetros externos e internos são de 160 mm e 90 mm, respectivamente, e a força axial aplicada é de 3 kN. Suponha que haja desgaste uniforme e m = 0,35. A pressão na forração é aceitável? Quais materiais de forração seriam adequados? 30/10/2017 2017-PM_Aula10_Freios_Embreagens Aula 10 – Freios e Embreagens 27 Bibliografia [1] JUVINALL, Robert & MARSHEK, Kurt M., Projeto de Componentes de Máquinas, Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008. [2] NORTON, Robert L., Projeto de Máquinas – Uma abordagem integrada, Porto Alegre: Bookmann, 2013. [3] BUDYNAS, R. G.; NISBETT J. K. Elementos de Máquinas de Shigley – Projeto de engenharia mecánica. Porto Alegre: Bookman, 2011. 2016-PM_Aula08_Freios_Embreagens 20/10/2016
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