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Leitura de barracos a biblioteca sem paredes

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que os Livros ficam adormecidos .1 espera de serem tocados; só assim [. 11![.'
sivel, ao profissional da informação e bibliotecário, deslocar-se da fornM\lf'
discursiva dorni~ante,?odel1do falar de. outro lugar sobre o ~ell fazer; fJlJKíl
n.1:nte, sé aSSUTle ~OS_Slvel acreditar no_vir-a-ser de outros sentidos, em 1}l111ri
silêncio seja substituído por falajs) diferentejs) e por outras palavras, plmlkl~
e movimentadas, para significar a biblioteca escolar.
Referências
AVTHIER-REVVZ,j. Entre a ttansparência e a opacidade: um estudo cnunciativo do ~cmií111
Porto Alegre: EUlPUCTlS, 2004.
FERNi\NDES. C. A. Allálise do Discurso: reflexões inrrodutór ias. Coeâuia.Trilhas Utb,'!h,t
2005·
FERRElRA, M. C. L. Nas trilhas do discurso: a propósito de leitura, sentido e interpn·t;líWI·
ln: Olu.Mml, Eni P. (Org.) fi leitura e os leitores. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003.
MANIFESTO lFLA/UNESCO PAllA BIEl.lOTECA ESCOLAH.Edição ern língua portltgtllfl!\~
traduzida por Neusa Dias de Macedo. UNESCO: São Paulo, 1999. Disponível em: <hl~íl
/ /www.ifla.org/Vl l/s r I/pubs/porruguese-brazil.pdf>.
OnL"NDI, E. P As [anuas do silêncio: no movimento dos sentidos. 4. ed. Call1}1I~14'1
Editora da UNICAMI', 1997.
___ o • ",,/ilise de discurso: princípios & procedimentos. 5. cd. Campinas: Pontes, 2rlPJ
PÊeHEVX i M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3. cd, Call1}lillil~
Editora da UNI(;AMP, 1969.
PEIlHOTT1., R \.onjillallH'I'/t'.) culuuul, illjiincia e leitura, São Paulo: Sumrnus Editorial, 1~I.N,\
R.oMÀo. L. M. S.;TFOUNl, Leda Verdiaru.Vejam' caros amigos: o litígio no discurso Jbr
nalistico, Revista Achegas, Rio de Janeiro, 11. 2, nov.idez. 2002. Disponível em: <hltl'lll
www.achegas.net/ numero! dois/Iuci lia, c_Icd,i. htm>,
ROMÃO, L. M. S. Sentidos de biblioteca. In: ROMÃO, Lucilia M. S.; [>ACÍrlco, S\J11t}'41
Maria Romano (Org.) Leitura e estrita: no caminho daslinguagens. Ribeirão !JHà(l
Editora Alphabcro, 2007 (no prelo).
ROMÃO, L. M. S. R.; PAcíFICO. S. M. R. Em linla vc: utua outra história: leitura ~.ílll'd
pretação I~a sala de aula. São Paulo: Editora D,el, 200).
Sn.VA, E. T. Leitura /lll escola « lia biblioteca. Campinas: Papirus, f()R<í. ,I
SILVA, W. C Miséria da biblioéem escolar. 3- ed. S50 Paulo: Corta. 200j.
SILVA, M. do A. Biblioteca escolar: lima reflexão sobre :1 litcratur». 111: SI'MINÁllflj
BIBLIOTECA Escor.an: ESPAÇO DE AçÃO PEDAG.,f)/31CA, 2., :!004, lkln J 1\l/'170Ilt\'. /1/MiI
Eletrônicos ... Belo Horizonte: Escola de Ciência da Illf(lrJll.I~·~O d.1 UI'M(;; Al,\(l(~hI
ção de Bihliotccárros de Minas Gerais, 2004· Disponível CII l. - lu [p'/I WW'V.I'( 1.11 "!li
br/gebe/downloads/ jz a.pdf>. Acesso em: 10 ubr. :!OU7.
~'~JO (.)Iv 111M." 'til"" I 11,,111pUII, li !Il" di. ,••.nlll1,·I','VI. !.'jildn '1. i J,'\i('illl!1',t11l
Leitura de barraco
Sentidos de biblíoteco em um acampamento rurol
Lucilia Maria Sousa Româo'
Adenilsou Alves'
Ludrnila Ferrarezi '
Texto 7
I
I
Dialogando com Borges (200I), que nos apresenta a sua eterna "Biblioteca 4-k
llalbel", buscamos significar este espaço de produção e circulação de saberes:
a biblioteca. Olhar a biblioteca sob uma perspectiva discursiva inscreve 1I1ll
novo modo de signiücá-la e compreender os conceitos de ideologia, S\.UeÍlO.
memória e discurso, dos quais falaremos brevemente a seguir. O abjeto de
análise da teoria do discurso é produzido socialmente, sendo concebido pOl
Pêcheux (t9ó9) corno "efeito de sentido entre interlocutores", o que dCI1<H.l
seu caráter incompleto e transitório'. O discurso não' é rnaterialidade dê !"ll,l
vras fixas, imutáveis, acabadas, mas sim o movimento de sentidos já POSlt1S t'lll
funcionamento em diversos discursos e também o movimento de vir"i:Hi(!J'dt'
outros. Podemos dizer. então, que um discurso é atravessado por vár1~)~QUti'lI1.
per várias vozes, pela exterior idade. sendo assim:
trabalhar com a matcrialidadc lingüística dos discursos t'1í('eriJ fld~f;p
as marcas dessas vozes outras, desse sempre-já-ai que fala .ljÚí',. {kl
correndo' seus meandros, apontando. tanto quanto possível, .l~.{olu
de memória discursiva nas quais os sujeitos fez ancorar os 1•.10'\1', \!tull
, I'rofa. Dra. do Curso de Ciências da Inforrnaçào e ,b 1)oC1H1\cnta\:iio da Faculdade ,k I·llfl~nl\",I .i~H
"." c Letras de R.ibeido Prcro da Univervidadc ale 5"0 1>:1\,10(USI'). Pwf"S>OfaColabor.ulor., 1!,.l'u'f'LIH1~
de' l'úS-jlr3duaçlo em C,i-tlCÍJ, Tecnologia e Soci<da,'k na Linha de Pesquisa Linguagen,. Cn"!\Ílllt"\~'i i
(·\~,,(ia. E·mail: <lucijiall1sr@lfdrp.usp.br>.
.: AlUDO do Curso de Ciências d•• Informação c d.' Do, ut1wnc;,,·;'io dI' rau,l<bde de hlm"Il,. ( li'", i " I
I ctu'; de l\.ibclr:1o Preto da Universid.rde .1" Sâo Paulo (USP). bolml.1 l'1I'jc!CN PC}.
1 (;l.ldll;ld3 em Ciéllci.,s ,I. Inforlllação c da i)",cun,cnt.,(h, 1":1., bruld.tcI •.de' rilo,ofi,l. (.'('11<1-" t 1..-1""
tk Ribr,rà" Pre-to (i;) Un,vel~id.,dl' .I,' S50 Paulo (USI'). M,·\II.,,,d., .:'0 ",."g,.II>1,' dI' 1'0'. IXl4dl.lI\j" ,111
l'''lf'olo14i.\ da lIw<>nlal III\tIHlt\f.\'" bol,'\I;1 CAPI:\.
•
dos e o modo C0l110 os inscreveu para poder enunciar (FI:I\llIüt~'"
ROMÀO,2006).
Dessa forma, a memória sobre a qual falamos é definida pOI n,1
(2003, p. 31) como o "saber discursivo que torna possível todo o di1.~,t (
retoma sob a forma do pré-construído, o já-dito que está na base do ~h
sustentando cada tomada da palavra", Sendo assim, tal memória n~()
ponde il lembrança, memória física constituída e imutável, mas àquela (
passível de repetições, deslocamentos, rupturas no discurso, sendo ar~'(iliL,
esquecimento que, segundo Orlandi (2003, p. 36) é conscitutivo no j
constituição dos sujeitos e sentidos:
os sujeitos 'esquecem' o que foi dito - e este não é um esquecia
voluntário- para, ao se identificarem C0111o que dizem, se cOll5litltf
em sujeitos. É ;;!ssimque suas palavras adquirem sentido, é assim Ç]u
se significam retomando palavrasjá existentes como se elas se Ori~Úl(\
neles e é assim que os sentidos e sujeiras estão sempre em movun
significando sempre de muitas e variadas maneiras, Sempre as
mas ao mesmo tempo, sempre o urras.
Por meio do mecanismo ideológico do esquecimento, os sujeitos 1('
impressão de que são donos do seu dizer, de que suas palavras são lWUtl
homogêneas, não percebendo as redes de memória nas quais se ancormri
enunciar seus discursos, as formações discursivas sob as quais (rejprod;
seu dizer e se constituem sujeitos. É oportuno acrescentar qw: as foruu
discursivas representam as formações ideológicas que lhe sâo corresponde
(PEcHEUX, 19ó9) e determinam as posições dos sujeitos .i1O discurso, ,10
pode e deve ser dito. Dessa forma, as mesmas palavras podem signifi car de fo
diferente, dependendo da formação discursiva à qU:11 se filjial11.Regulado'!
ideologia, por relações de poderes e saberes, há dizeres que são permitidos
determinada formação discursiva enquanto outros são proibidos, silcu: i
censurados (FOUCAULT, zoos). Assim, interessa-nos indagar sobre os S~'It! .
materializados nos discursos e também sobre as bordas desse dizer, () Il~O dt
o implícito, realizando uma leitura menos ingênua, que duvida da tramp,!ifr'Ü
cia da linguagem (R.oMÃO & PAcínco, 20'(5). .
O sujeito sobre o qual falamos até agora uâo é o sujeito elllpíric(), li ínrl1hf!
duo COIjIl existência particu lar, mas sim um efeito sócio-históric«, 1111\,1 JllJ"JI~lln'
no discurso.Trata-se do sujeito do discurso que, coníorruc explicir.r (;J íg"I(!H~~
(200S, p. r), "carrega consigo Jn:lrC;IS do soci.il, do itkl)lú~i('t), dI) hls. ('rjllrl j
temailusâodeserafon.·!cdesl.lltic!o ". E.te~uJl·j\O.quepull(.\I(II!..UIIIII.\·.lti
mais posições discursivas, Í;' 1/1:\ I{ rdo pd1il phll,l!ld,III,'. pd.\ /re'l L'I'()f<\"IH·ltli~thl~
'J!aj Ili.~l; I j;'&.i-i: •• t •• úll i ~ríllUh tU, t,-I1-.,., 1JC!ili •••.••~fl-.U~i4\ •••• t t-~t".-,u- t. -f lt~"'fh.lh.lfl< U ..l"i.,
Iwla incomplcrudc. constituído por" VO/('~ oriun.Lrs dt' d I'NI ~m (••\t1.tI,O~'fl 1\ I I\~
t' diferentes discursos" (FERNANDES, 2005, p. 43). J\~~lill c 01)\0 L> dl·tc1H!iIl. 11 \11
Jeito migra, constituindo-se em movimentos de tCl1s:\o. Es';1.' percurso l.t:íllll (1
pode contribuir para traçar uma interface com a Ciência da IJlf()fI11i1~':\tl. \.\:\
medida em que inscreve a relação entre o dizer e ~Iha cxterioridade, ou ~t:i·',
cnére as palavras c os contexros sócio-histórico-ideológicos em Q11t' lól.J li\
ditas, documentadas e arquivadas (ou não), possibilitando lima reflexâ« sobre "
nu-mória discursiva (PÊeHEUX, 1969), que significa tanto as palavras Q\J:1il[O (l~
contextos, memória esta sem ;I qual não poderiam se constituir. Cousidcr,n ;1
biblioteca neste 3mibito faz com que pensemos em algo diferente, que (;(Ii ;ll{'lll
do conceito de instituição detentora da memória nacional tal como Buratiu &
jacob (2000, p. 9) p.ostularn:
Lugar de memória naciona: espaço de consecvaçâo do patrirnôuio ínt(·
lectual, literário e anisrico I, .. 1·É UI1l lugar de diálogo com O passado, ele
criaçâo c inovação. e a conservação só tem sentido corno fermento dos
saberes e motor dos conhecimentos, a serviço da coletividade inteira.
Gostaríamos de torná-Ia <:111 sua discursividade, levando em conta os
s.iberes e poderes que circulam socialmente nela e sobre da, investigando
também a posição política e social que ela ocupa e que determina sua posição
discursiva de esquecimento ou prestíigio e o imaginário que a representa. Dcst.
íorma, sob esses dois olhares diferentes e complementares é que sugerimos
que se pense e signifique a biblioteca do século xxt. Pensá-Ia discursivaincntc
implica investigar zj imagem que ocupa em nossa sociedade inforrnscional i.'
tecnológica que valoriza o novo, o eletrônico e o acesso e recuperação ime-
diatos de arquivos: :.t posição discursiva ocupada pelo sujeito-profissional d,l
inrormação que atua nas bibliotecas c a POSturJ destes profissionais diante dei
se espaço, acervo, usuário etc., entendidos aqui não como realidades cmpiricas,
mas como discurso. A Análise do D/ls(\I1'sO também sanaliza um caminho p.II.1
pensarmos sobre c' sujeito-usuário da biblioteca de forma nâo-pndromv.ul.i,
levando-se em conta sua inserção em determinado contexto social, qUI: implJ
Cl observar e escutar suas necessidades específicas, inccrpretando o ínl:l!4l1d,1P
sobre :\ leitura no país ..Ainda segundo a perspectiva discursiva, consiclcr.nnox
os Jogos de poderes que atuam na constituição de todas essas imng';'th l' 1111
.ilenciamento que a biblioteca vem sofrendo, continuamente, na Iq~I•.III.,"~I,
Il;IS políticas públicas, 11.1 prática profissional.
Percorridos esses caminhos teóricos. nos aproximaremos da Biblllll('j .1 de'
Ilorgt's p:lr;l tll:tr11l<JS dessa nova for uu de expressar a nossa biblioteca. 1';111~"IJ
\'('\('h1'(, conto, o n:;fcrido autor constrói, aos poucos, a SU:lBiblioteca de 1I.1I!!'1,
IlllillÍt.I, eterna, múltipla, imensa como o universo: "O Universo (qec Olll '0.\
rxl~llfl,ü\.u '''mlrrol ~'J'li \11.10 ,,:, rJIJ)IIt!.,.!
chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez, ilttml/tl
de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercadt\~JI~"
balaustradas baixíssimas" (2001, p. 91). ESS,à definição pode significar, t;)lHh~[IlI,
uma metáfora sobre o ql!1e é, hoje, a (quase) infindável rede de illform~\\:~!('í
formada pela Internet Gá que, C0ll10 vimos, não há apenas um sentido posilNhll
em que pese sua multiplicidade: não aquela que abriga todas as letras. ttc)(~lp,
os volumes, mas sim a que contém todas as possibilidades, todos os djsclll'srX~ I
sentidos passíveis de enunciaçâo, todas as vozes, todas as redes de mem6rl't\HI
ser e o vir-a-ser infinito dos sentidos em rede(s). Nessa direção, procurrtnl!tJ-
compreender não apenas o sentido dominante sobre a biblioteca, lllt\'íjjl~p
modo de Foucault (1971), fazemos uma escavação arqueológica que pr()('~Il!
os vestígios do ideológico na materialidade do lingüístico, consideraudn+a
11111irasformas de se pensar e falar sobre a biblioteca.
Na metáfora de Borges, o sujeito que decifrasse todos os códigos C alHlbt
vesse todo esse conhecimento seria comparado a um deus, que possui a ehA!,\f1'
de rodos os saberes e, conseqüentemente, os poderes. Est:~alusão ao jJ1'l1.'11!loI1
poder auribuído à informação e à biblioteca, apesar de um pouco tllôl~l,.1,
ajudou aIconstruir o imaginário de prestígio que se delineou para rol ullid;i~h
inforrnacional, desde seus tempos mais n'!'1110toS,em que foi tida corno 'í J~.lh
tituição detentora do conhecimento, lugar dos remédios da alma, espaço 'Hf<
prestígio, muitas vezes, restrito e fechado à maioria. Ainda que os dizeres g~lh'(
a biblioteca façam falar 11]0V3S posições afetadas por urna outra historid~tildf
observamos a persistência dos sentidos de pouco acesso, fechamento e ri!st~l<l\\l
. ,I
já inscritos sócio-historicamente em outros contextos, visto que a sitn:l\ão 1ft'
abandono e silenciamenro da biblioteca pode ser observada atualmente ~qª."
políticas públicas, pela visitação esparsa e irregular dos usuários, pejos n('t:t'~;p,
nem sempre arualizados, pelos profissionais não-bibliotecários que atuam i'w
seu interior (KOMÃO, 20(7). Tudo isso reclama um olhar mais apurado Mlbl"'
esta instituição, sua função social e os discursos que circulam nela c sobre li/lu
A questão da socialização da biblioteca dialoga com as teorias vlg~'!U
na Ciência da rnforrnaçãe que privilegiam o acesso à infor mação. ins('rid:t 1~>1"
práticas sociais, devendo "ser vista como um bem social e um direito cllh II
\10 como qualquer outro, .. " (ARAL1.lO, 19')9, p. 155/. Esta qucsrâo do :\n·H~é.\Í
informação merece atenção nos dias de hoje (ou deveria merecer}, p()i~ ítlll'
inscreve uma nova percepção sobre a biblioteca.sua atuação (' i111f)()J·till11 1.1 p/li "I
a "transmissão da cultura e dos saberes" (Bt\H/\TI N & )AC()!\, op. rit.. p, 1\), ou "II')!I
sobre o modo de produção, constituição e circulação d(J~ Sl'lltidll!, (( li/I f,p.~nl
200I). Marcamos que essa função social da biblioteca 11.1 dt'lIlO( r,j(I·I,I~.lP d,!
informação e do conhecsmcnto refere-se, prl/l(ip;11Illt'llit', .\s hll1liOlc·(.I·, I'I\htr
cas, bibliotecas escolares t' universiránas (li' insuuuçôcs plll·i"~as. ,11('111 d,ltjti(jil,}\
que visam a atender grupos socini-, ç<;pecifi\ ov, para f)S 1J1I.tis r nrv..\diJ ti ,I! I~hfl
"lL A "'"i_ .. ,~__ .••. I_~' •••i •.••.• ,it!. U L.J_"".I •••• I •..•• · .••••.::utl-.l.··~ •.••...•_I •••••__·J.,~ .d"",,·~ •• t_ •••..•_._.i<o.:;;.
aos meios de inforrnaçâo, Cabe aos profissionais atuantes nas bibliotecas ter
erm mente as necessidades inforrnacionais dos diversos sujeitos circulantcs na
biblioteca (e dos qne estão à sua margem, também}, promover a escuta das
vozes que nela estão silenciadas e assumir a posição de órgão socializador da
informação na sociedade moderna. Borges (2001, p. 93) também ÜIZ referência
ao homem como o "imperfeito bibliotecário". Comparando a posição ocu-
pada por esse sujeito-bibliotecário nesse discurso, o imaginário delineado para
de, com a descrição da biblioteca, percebemos uma oposição/separação entre
o divino e o humano:
o homem, o imperfeito bibliotecário. pode ser obra do acaso ou dos
demiurgos malévolos; o universo, com seu elegante provimento de pra-
tclciras, de tornos enigmáticos, de infatigáveis escadas para o viajante c
de lauinas para O bibliotecário sentado. somente pode ser obra de um
deus. Para perceber a distância que há entre (J divino e o humano, basta
comparar esses rudes simples rrérnulos que minha falível mão garatuja 0:1
capa de um livro, com as letras orgânicas do interior: pontuais, delicadas,
negríssirnas. inirnitavelmentc simétricas.
~
Quando discursiviza sobre o universo-biblioteca "com seu elegante pro-
virnento de prateleiras", o sujeite-autor enuncia sobre seu encantamento por
esse espaço, delineando lI1113 aura mágica em torno dos livros e da biblioteca,
atribuindo um grande valora esse universo.já o bibliotecário e seu papel den
tro desse mesmo universo não são significados da mesma forma, pois há Ul11;!
distância entre o humano e o divino, o mesmo espaço tlllL' separa aquele que
ocupa uma posição de destaque c o que é renegado ao terreno do esqueci
mente. Ao contrário do que nos aponta Borgcs, o que percebemos atunlmente
é L1m silenciamento, cerceamento, enclausuramento dos sujeitos em r(,.'l,lç<iwlt
biblioteca. Assim, o bibliotecário não deve assumir o cômodo e inerte 11l!l;JÜ'
descrito por Borges, pois é ele quem tem as chaves das portas da Bahc] " ql\l~Ül
pode fazê-Ia ser realmente mágica e valorizada. Errt meio :15 pl'ílldlliai •• f1m'
çôcs atribuídas à biblioteca, comumente pela li teratura especializada, t!.d1l'ln ,1
guarda e conservação do acervo, sua organização e disseminação. I )('~[.lf,nfl(l,\
a última, 111as, antes que ela possa ser desenvolvida, as etapas anteriores 1.111\1.11'111
precisam ser realizadas e compreendidas pelo profissional da infol'lll;l,',ilo , OIIHI
utu meio de promover o acesso ao conhecimento, c não como um IIIIi rlll ',1
mesmas. Por meio do seu acervo, a biblioteca desempenha o papel dv dilll~!ír,l
d,) informaçâo e dei conhecimento ou, do ponto de vista do discurso, d,.s, 111
penha o papel de urna voz j •.:gililllatla, ou melhor, de ponto de C()lldl'Il\.I~',ln
de vários discursos; sendo assim, P;)]'<1 qUl~ haja .1 cirrujaçâo d.1S dift:rt'I\!t'" \'o:t~·~
(' dlYcrl's ('lIr.\p\ld,ld,\\ 11.1 lublioi cca, é llf:CÇ".íll" .1 l''XI\lt''1l1 i,1 di' uru (,111,11
"I'i
I .••h!.h.,~~._ ••• .:4;1i .,._h~\ AM~~~ '•.••1 ''''''':.>6' ..•.:J.íi'.1db· •• ''''W
aberto entre os intcrlorutores. é preciso considerar o discurso. Não h.lsfa fJl)
livro esteja armazenado no acervo, que ele- esteja ao alcance do USll,htn,;'\ q
"disponível ao seu leitor, q!L1c' de seja mediado pelos profissionai~ doI b~hl,llIl,!i t
mas, sobretudo, que' de possa ser lido, discutido e falado sem IlllpOSI<,OIl;íll,
qualquer naturezn
Le CO:1dic (1996, p. itOó) entende corno profissionais dia inf()fIll:lt,.ít1 "i1Iflf
les que adq,uircllI ini()r.mações registradas em qualquer suporte, OIg.I,IIIA!tll,
descrevem, indexam, ar mazenarn. recuperam e distribuem a inforru.i, ••io '!!ft!,
Sua forma origin~l ou COl110 ?rodutm e1ab~rados a partir (~da.Já !>ollju,lJll/l! ~II
Dante (2000) entauz.i ,I'; atividades de gesrao da informação, concebendo fi! !!
os profissionais da infort.ljlação são aqueles que estâo ligados intcI1\JV;l1líllltj· :1
qualquer ciclo de vida da informação e, portanto, devem ser capazes di' ~)lli'41'
eficiente~nellte tudo o que se refere ao gercnciamenro da inf()l'tI\,II"IO .11
organizações de qualquer tipo ou em unidades especializadas de ilJlOlllhl~lln
ESSáS h:tbilida(ks são complementares e, junto a outras tantas, cOllsdf'ilt\If,Ln
perfil e delineiam um imaginário sobre o moderno profissional <.1<1itlttll flIHJíü
Atuando como elo entre () objeto cultural e o usuário. é intercssnute qll~
profissional da inforrnacã» desenvolva políticas que auxiliçll1 tia Illlp1.U11'Il,
de um serviço com ü qual o usuár io se identifique e que ele raç ,I ()~ dl'tlltill"
de' maneira poiissêmica (O lUf\Nm, 20°3). jPor meio de um gcrcncianu-ur, j '!t
instiruiçôes c unidades de informação que leve em conta as lIçn'''~h,l.Idn .1!1
contexto no qual o usuário se encontra, O acesso ~ ilJ«)rmaçào dt's\'í.ill.l til
a bibliotern C0l110 um ambiento informacional de extrema illlpord 111 1.\<.1
discussão, r~o candente aos domínios teóricos dJS Ciências (I::! JlJfhrlíl.(~~f
&1 lJocuutcutaçâo, pode receber a contnbuição da teoria do di:;('l.Ir~n LI!
inserir, na trama de suas inquicraçôes, a noção ele sujeito, nf.ío COllll) 1'('1'10,\
indivíduo, mas C0l110pos[lção discursiva (PÊCII EUX. 19ó<», Esse: dl',!í n'.llll~'t
implica considerar LJUL' o sujeito não é a fonte onginitria de S~~1IdI/I". HI-'~(l
yLH: sempre retoma :,t'[iti~bs jfl~it()s" inscrevendo-se Cl,lI p:Jli\vr:t~ 'lUt' I1.1. !. ~' .•t.f
suas, ancorando-se em d"'C'rc, J;l lcgitiruados conto cvidcnt os, lH'IIIIoh alií f, (
vios. F., por tudo isso, l: atravessado por v~ri;)s \'lm:~, II1lIil:l~ d.ll; (1'I,IIi, !',hi
materializadas na biblioteca,
Comparando esse "imperfeito bibliotecário" (0111 o 1'1'(\[1>,',1011,11 ti,!
ciedadc db infiml1;!<;~(), podemos pensar 110 gr,ll1d(' (' ()I'o\fll p'lJwl '1111 l'
deve ~s~Lllnir, sendo rvsponsávcl por .(;12('1" dw~~r ,I il!l()I'IIIIIl,dI1 ,III~ 11Ilill"".~I.~~
A posiçao do '>lljclto-prohs'iIOlJ:11 (h lrtf(lJ"IIl,I~"I() 011 h,hIIO!t'I.1I11 I I' 111<"11 li! li
de scnridos (k' 11I<1111)[l'I1(,"1\1do \iJe.!lcio dali!.] bil,JllJl('i ,11111.,101 IIllItllll' ;
(ILlr () barulho murnurr.uuc de u unt.r-, \,(\/C', q"L' ~I.' "11111'1.1\,111' i ,(' ''IlIil
dcrn II(',I!' L"P,II,'O. i\to ~', V;'lI'HI\ ~1I.it'Í1(), ('111 111OVIIIII'll1i1 I )fI"P·IIIIIIII'I.J. I
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'iL.,,' \<'"".,
todo um siStt'J11.1 de bibliotL'c.1s ~' unidades d~' inforuiação, de colocar em
circulação diversos discurso» e sentidos, nem prontos, nem acabados, 01:1,
sempre em trânsito fugidio. Assim, é' pensando como as bibliotecas atendem,
atualmente, às demandas sociais. corno elas são significadas na sociedade, qunis
ações efetivas são realizadas para que ela atue como espaço plural de V07,es que
eles podem realizar, que os sujeitos e!:J nossa "Babei" podem, abrir seus livro!;,
suas portas, infinitas". como o urnverso. C0l110o discurso.
Na tentativa de refletir sobre o sujeito-profissional da inforrnaçâo e de
inscrever sentidos outros para a dcmocratizaçâo da biblioteca e da lcirurn.
corscebernos o projeto "Leitura de Barraco", realizado na cidade de n,ibciriio
Preto, na Biblioteca Basílio da Gama. Ela é lima unidade informacional de'
peq/ueno porte, situada em um centro de for maçâo da Igreja Católica e do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que foi constituid.r
por um projeto municipal e também por doaçôes espontâneas de professores
de diversas instituições de emino.1";,1 espaço possui, aproximadarnenre, cin
co mil volumes abrangendo as mais diversas áreas .do saber, destacando .~..:
obras Importantes de Ciências SOC:iJis, Educ<1(50, A,gricultura, Literatura c
História; cabe ressaltar quC' a organização do acervo da biblioteca foi fcu.r,
30 longo de um semestre, fJor UI1l grupo de alunos do curso de Ciências d,l
lnformação e Documentação da Faculdade de Filosofia, Ciências e l.etr.is d,,"
Ribeirão Preto, considerando as necessidades. dificuldades e conhecimenuis
dos potenciais sujeitos-usuários da biblioteca em questão; assim, bl/\C(lU10k
a construção ele um espaço, acervo e estrutura adequados para promover !J
estímulo à leitura e à polissernia, enfim. um espaço de iurerlocução dí~'vúríii~
V07CS. O grande diferencial desta biblioteca é que, embora esteja lií!(ada 11LI
centro de formaçâo, seu acervo (' itiuerante, e os livros circulam pOI' t!thll,h O~
19 núcleos de ,lC1J11.113I1H:ntodo MS' I; dispostos em cestas de horraliçus; l,H)
siguificativas para os sujeitos envolvido, no projeto.pois representam um ('Illn'
,el1~ muitos iustrurncntos de trabalho na horta ou ua lavoura, Cld.1 ,·t'~!-'lI
levada a um dctcrrnruado núcleo onde permanece por cerca de 20 dl,;l~" >,t'li
processo de constttuiçâo é bast.uite peculiar: (ad,l livro que vai P.i!,1 .1 Ú."f\j;\
sclcrionndo por uni acampado do núcleo, que, tal couro em uma St'l!W,hlH( I,
l'M'\llhe ,1'i sementes que supóc tcn-m ch.mcc de nascs-r L' brot;lr:I~11111tt.lI!1í.i
t' 1IHIiCl.td,1 pelo nome csrolhido p.ll':t L''iSL'S \ujvitos - ~('nlL'lll~'i!'lh ~li;Jndi'
1]11<' (',('olh,'llI (lI [ivn», (k :wllnl() ('I '111(l que illlag-ill,1I11 'ler do l!t[('lr''' .•i'' d<l~
,li ,1I'lIfl·ld'h; ,1\si'll, II.!J' 11Ú!'I!'u\ onde Ii,í Plt't!(lIl1i,Ll11( i:\ de idll"'o~ \.lil I kllf!'.
hVI' 1\ qJle' Ifll,lglll.lll.lJIl!111" 1'0.1('111 \,III~I.IIt'1 lI\ d{·\t'.I\1~ ti-- h'l! 111.1 ""1\,, li
II,Hjlwlc, Ollt!l- h.1 jlW"111IlJII:III' 1.1 .11' (J I,IIJ~.I', ".1111'\( o,lhHI.I'> ()bl,l\ dI' lll!!.I!iILI
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li (I!.tll' ,IPII"'1tlLl~,ln ,11' I tolllll', I. Ithll'tt,l\ ,li!', "111",,;10" 11~IIPrt~.('Ill '1111''Li"
Referências
compartilhados Se'lIS dizeres, oferecendo-se, .issiin. um espaço para essas Vt1t,
enunciarem diversos sentidos sobre o livro, a biblioteca e a leitura. Sendo iVlli11111
acreditamos estar construindo um novo olhar - mais amplo, mais pró>:111IQ ~,I
sujeitos que, outrora, estavam silenciados na, bibliotecas e, muitas vezes, ,1r.11tIh
dos do diálogo com os livros - sobre o gue é a biblioteca, a leitura, a fUIl,';jf) ,I/u
profissional da informação c o acesso ao conhecimento. Desejamos que 0111.\
biblioteca possa. si111, abrir suas porcas, tornar-se grande, múãtipla, inrennin.ivcl
como queria o conto borgiano.
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