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2014.1 Insuficiência Renal Gabriel Ferreira Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima Insuficiência Renal Aguda A definição da insuficiência renal aguda (IRA) é controversa, sendo que alguns a definem como a necessidade de dialisar o paciente, ou quando a elevação dos níveis séricos de creatinina fica 50% maior que os níveis basais. A deterioração da função renal em ambos os rins dentro horas ou dias, caracteriza a insuficiência renal aguda (IRA). Os problemas clínicos ligados a IRA estão associados a: 1. Capacidade limitada de o paciente estabelecer um equilíbrio entre o aporte e a excreção de água e sais; 2. O acúmulo de metabólitos (se forem os metabólitos da proteína, temos um quadro de uremia). As complicações da IRA incluem: 1. Edema pulmonar; 2. Hiponatremia; 3. Hiperpotassemia; 4. Acidose; 5. Hiperfosfatemia; 6. Anorexia; 7. Náuseas; 8. Vômitos; 9. Demais sintomas urêmicos. O que irá definir a gravidade dos sintomas apresentados será a magnitude da IRA e o sucesso do plano terapêutico adotado. Este sempre buscará um equilíbrio entre aporte e excreção. As consequências da IRA são sempre mais graves que as da Insuficiência Renal Crônica (IRC). Isso se deve ao fato de que o organismo do paciente não teve tempo de desenvolver mecanismos de adaptação na tentativa de reduzir as consequências do desequilíbrio hidroeletrolítico e o acúmulo de produtos da degradação. A IRA pode se apresentar como complicação de outras doenças e de cirurgias. Nestes casos a IRA tem menor impacto, já que, a função renal estará sendo substituída pela diálise. Sendo secundária a outra causa, é importante compreender o que levou a um desenvolvimento do declínio da função renal, pois em algumas condições é possível fazer uma correção. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima As taxas de mortalidade apresentam-se mais elevadas em pacientes idosos e naqueles que possuem lesão renal mais grave ou distúrbios subjacentes graves como infecções ou mesmo um câncer. A gênese da IRA pode estar em três categorias: 1. Anormalidades hemodinâmicas pré- renais; 2. Obstrução pós-renal; 3. Lesão intrínseca intra- renal. O elemento essencial para descobrir em qual destas categorias a IRA se encontra é o exame cuidadoso do sedimento urinário para identificar sinais de lesão intrínseca das células renais. Para isso, além da coleta e análise da urina, deve-se introduzir um cateter vesical para excluir a possibilidade de lesões obstrutivas na uretra ou na bexiga. OBS: A coleta da urina antes da introdução do cateter vesical é importante para evitar alterações no resultado do exame. Insuficiência Renal Aguda Pré-Renal Não está associada a lesão histológica dos rins (potencialmente reversível, visto que não ocorre lesão histológica nos rins), sendo denominada também de azotemia pré-renal. OBS: Azotemia significa acúmulo de produtos de degradação contendo nitrogênio. Neste quadro a TFG apresenta-se baixa, a depuração de creatinina e de uréia encontra- se reduzida, produzindo níveis séricos mais elevados de creatinina e uréia. [ FISIOPATOLOGIA DA AZOTEMIA PRÉ- RENAL A AZOTEMIA PRÉ-RENAL INCLUI A REDUÇÃO DA PERFUSÃO DOS RINS, COM NÍVEIS PLASMÁTICOS ELEVADOS DE RENINA, ALDOSTERONA E ADH, RESULTANDO EM REABSORÇÃO TUBULAR ÁVIDA DE ÁGUA E ÍONS. A URINA TORNA-SE C0NCENTRADA COM OSMOLARIDADE E CONCENTRAÇÃO DE CREATININA ELEVADAS E PEQUENAS QUANTIDADES DE SÓDIO. COMO NÃO EXISTE LESÃO HISTOLÓGICA, A FRAÇÃO DE SÓDIO FILTRADO (FENA) QUE É EXCRETADA, APRESENTA-SE BAIXA. SOMENTE VALORES DE FENA DIMINUIDOS NÃO CONSTITUI UMA PROVA DE QUE O PACIENTE TENHA IRA PRÉ-RENAL.] Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima A fisiopatologia neste caso irá depender da função dos túbulos renais não lesados que reabsorvem minerais filtrados, íons e água, resultando em fluxo urinário mais baixo e redução da depuração de uréia e de outros produtos contendo nitrogênio, podendo estes ser reabsorvidos pelos túbulos. Se a terapêutica adequada for utilizada e com isso a perfusão dos rins for restaurada, a IRA pré- renal, normalmente, não evolui com lesões renais histológicas. A resposta do organismo a IRA pré-renal é a redução da PAS para valores entre 70 e 80 mmHg, devido ao relaxamento das arteríolas pré-glomerulares. No exame do sedimento urinário, citado anteriormente, não serão encontrados eritrócitos, células inflamatórias ou cilindros granulosos, visto que não existe lesão histológica. Pacientes com doença renal podem desenvolver IC ou distúrbios graves que reduzem a perfusão renal, com consequente perda adicional de função. Sendo assim, o diagnóstico deveria ser de IRA superposta à crônica. A relação entre uréia sanguínea e creatinina sérica é outra indicação da presença de IRA pré- renal. Quando ultrapassa o valor de relação de 10:1, pode haver IRA pré-renal. Neste caso, o comprometimento da função tubular eleva os níveis de uréia excessivamente. Os distúrbios relacionados como causas da IRA promovem a reabsorção ávida de água e de sódio filtrados, criando uma elevada concentração de uréia no líquido tubular e, assim, estabelecendo um gradiente de concentração para a reabsorção da ureia, reduzindo assim sua depuração. A reabsorção de água diminui o fluxo urinário, resultando na associação entre baixo fluxo urinário e depuração diminuída da uréia. Os índices urinários (osmolaridade urinária, concentração de sódio na urina e excreção fracional de sódio) são outra indicação sobre a presença Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima de IRA pré-renal. Obstrução Pós-Renal A obstrução ureteral bilateral pode ser causada por: 1. Coágulos sanguíneos; 2. Cálculos ou papilas nefróticas; 3. Neoplasias; 4. Fatores iatrogênicos. Na nefropatia obstrutiva, o fluxo urinário pode diminuir rapidamente o cessar, porém a situação mais habitual consiste em pouca ou nenhuma anormalidade do fluxo urinário pelos seguintes motivos: 1. Se houver obstrução de apenas um dos rins, o outro irá compensar a perda; 2. Mesmo se um rim solitário estiver obstruído, a filtração prossegue, e a pressão tubular pode aumentar para superar a obstrução e restaurar o fluxo urinário. A obstrução pós-renal aguda não provoca anormalidades no sedimento urinário, a não ser que coexista alguma infecção. Lesão Histológica Intra-Renal São incluídas nesta categoria de IRA: 1. Diferentes tipos de vasculite aguda e glomerulonefrite; 2. Esclerodermia; 3. Hipertensão maligna; 4. Eclâmpsia; 5. Microangiopatias. A lesão vascular nesses distúrbios resulta em infarto e/ou lesão isquêmica dos glomérulos. Glomerulonefrites agudas também podem causar IRA já que reduzem acentuadamente o fluxo sanguíneo para os glomérulos, provocando assim redução da filtração glomerular. Toda vez que ocorre lesão glomerular, o distúrbio manifesta-se por meio de anormalidades da função clínica dos rins e da urina. Como as células tubulares não são lesadas, as anormalidades clínicasda função renal incluem elevada relação entre ureia e creatinina e urina concentrada contendo quantidades muito pequenas de sódio. O exame de urina revela proteinúria com hematúria devido ao fato de que ocorre perda da função de barreira da membrana basal glomerular. [ PROTEÍNA DE Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima TAMM-HORSFALL A GLICOPROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL, TAMBÉM CHAMADA UROMUCÓIDE, É A PROTEÍNA MAIS ABUNDANTE NA URINA, SENDO EXCRETADA EM QUANTIDADES QUE VARIAM DE 50 A 100 MG NAS 24 HORAS, NA FORMA DE GRANDES AGREGADOS, CONTENDO CERCA DE 30% DE CARBOIDRATOS. A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL É PRODUZIDA EXCLUSIVAMENTE PELAS CÉLULAS RENAIS, PRINCIPALMENTE NA FACE LUMINAL DAS CÉLULAS DO RAMO ESPESSO ASCENDENTE DA ALÇA DE HENLE E INÍCIO DO TÚBULO CONTORNADO DISTAL DO NÉFRON. ESPECULA-SE QUE A PROTEÍNA DE TAMM- HORSFALL, DEVIDO À SUA ELEVADA TENDÊNCIA A FORMAR UM GEL, REPRESENTANDO OS CILINDROS URINÁRIOS, PODERIA ESTAR RELACIONADA À IMPERMEABILIDADE À ÁGUA DO RAMO ESPESSO ASCENDENTE DA ALÇA DE HENLE, ALÉM DE SERVIR DE DEFESA DAS CÉLULAS DO NÉFRON CONTRA A ADESÃO E A COLONIZAÇÃO BACTERIANA. DIVERSOS AUTORES TÊM DEMONSTRADO DIFERENTES AÇÕES DA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL NA LITOGÊNESE. A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL É UM POTENTE INIBIDOR DA AGREGAÇÃO DE CRISTAIS EM CONCENTRAÇÕES ENCONTRADAS NA URINA, EMBORA SUA ATIVIDADE SEJA MAIS DEPENDENTE DA FORÇA IÔNICA E DO PH DA URINA. NA SUA FORMA MONOMÉRICA, A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL APRESENTA UMA TENDÊNCIA A POLIMERIZAR-SE ESPECIALMENTE NA PRESENÇA DE ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DE CÁTIONS COMO SÓDIO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, E HIDROGÊNIO (PORTANTO SOB CONDIÇÕES DE ELEVADA FORÇA IÔNICA E BAIXO PH). ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DA PRÓPRIA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL TAMBÉM FAVORECEM A POLIMERIZAÇÃO. A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL TEM UM EFEITO DISCRETO NO CRESCIMENTO E NA NUCLEAÇÃO DOS CRISTAIS, TENDO UM IMPORTANTE EFEITO SOBRE A AGREGAÇÃO DE CRISTAIS. DIANTE DE ELEVAÇÃO NA FORÇA IÔNICA OU REDUÇÃO NO PH, HÁ UMA REDUÇÃO IMPORTANTE DA ATIVIDADE INIBITÓRIA, PROVAVELMENTE DIRETAMENTE RELACIONADA À ELEVAÇÃO NA VISCOSIDADE DA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL CAUSADA PELA POLIMERIZAÇÃO. PORTANTO, ALTERAÇÕES DE FORÇA IÔNICA E PH, QUE PODEM SER ENCONTRADAS NA URINA, PODEM LEVAR A UMA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL ALTAMENTE POLIMERIZADA QUE COMPROMETE A INIBIÇÃO DA AGREGAÇÃO DE CRISTAIS FACILITANDO A LITOGÊNESE. HESS E COLS. TÊM DEMONSTRADO QUE A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL DA URINA DE LITIÁSICOS APRESENTAM UMA DEFICIÊNCIA NA INIBIÇÃO DA AGREGAÇÃO DE CRISTAIS, ESPECIALMENTE NA PRESENÇA DE ELEVADAS CONCENTRAÇÕES DE SAIS E DA PRÓPRIA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL, SUGERINDO QUE A MESMA, ORIGINÁRIA DE LITIÁSICOS, FOSSE MAIS PROPENSA A POLIMERIZAR-SE DO QUE A DE NORMAIS, PREJUDICANDO SUA HABILIDADE EM INIBIR A AGREGAÇÃO DE CRISTAIS. PORTANTO, QUANTO MAIOR O GRAU DE POLIMERIZAÇÃO DA PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL MENOR A ATIVIDADE INIBITÓRIA DA MESMA. EM RESUMO, PARECE QUE A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL APRESENTA UM DUPLO PAPEL NA AGREGAÇÃO DOS CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO. FRENTE A UM ELEVADO PH E UMA BAIXA FORÇA IÔNICA, A PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL É UM PODEROSO INIBIDOR DA AGREGAÇÃO. AO CONTRÁRIO, REDUZINDO-SE O PH E ELEVANDO-SE A FORÇA IÔNICA UMA ACENTUADA POLIMERIZAÇÃO DAS MOLÉCULAS DE PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL OCORRE, ELEVANDO AS FORÇAS DE ATRAÇÃO ENTRE AS SUPERFÍCIES DOS CRISTAIS. ] Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima Os indivíduos normais excretam constantemente proteínas de Tamm-Horsfall, porém quando se verifica a coexistência de azotemia pré-renal com fluxo urinário baixo, essas proteínas sofrem agregação, formando cilindro da luz tubular e são excretados na forma de cilindros hialinos. Na lesão glomerular isquêmica em decorrência da vasculite afetando artérias de menor calibre, arteríolas ou capilares ou na glomerulonefrite, os eritrócitos que passam através dos glomérulos lesados são retirados na proteína de Tamm-Horsfall em processo de agregação, ocorrendo assim formação de cilindros hemáticos, que são excretados quando o fluxo de líquido tubular aumenta, eliminando-os na urina. Sendo assim, esses cilindros indicam lesão histológica dos rins. Caso esses cilindros não sejam eliminados na urina, eles se acumulam e as células nesses, liberam enzimas que degradam parcialmente as células, formando cilindro “grosseiramente” granulosos. Quando estes também permanecem no túbulo por um período prolongado de tempo, os restos celulares continuam sendo degradados, com consequente formação de cilindros finamente granulosos. Temos assim a instalação de um quadro de Necrose Tubular Aguda (NTA) e que se esta for grave, a urina poderá conter eritrócitos e células inflamatórias. Hipotensão renal na presença de sepse ou durante uma cirurgia ou o uso de vasoconstrictores potentes, podem causar lesões isquêmicas, resultando em lesão das células tubulares e se a isquemia for grave o suficiente, pode ocorrer necrose irreversível do córtex renal. Além da isquemia, as células tubulares renais são suscetíveis à lesão causada por agentes nefrotóxicos, substancias químicas e níveis elevados de proteínas endógenas que são filtradas após hemólise ou lesão muscular ou determinadas proteínas produzidas pelo mielona múltiplo. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima Podem ocorrer lesões nos túbulos renais após a oclusão destes por cristais de ácido úrico, oxalato, sulfonamida ou cloridrato de fenazopiridina. Essas lesões causadas pela filtração de proteínas tóxicas ou compostos endógenos é mais grave em pacientes com hipovolêmia ou hipotensão. Uma razão pela qual diferentes tipos de substâncias químicas, proteínas e outras toxinas causam lesão dos rins consiste na concentração do composto nefrotóxico no líquido tubular quando a água é reabsorvida. Isso estabelece um gradiente de concentração para a reabsorção das toxinas por meio de um processo passivo, existindo também mecanismos de transporte que resultam na reabsorção de toxinas nas células tubulares. Após reabsorvida, a toxina, compromete as funções metabólicas das células tubulares e, por fim, conduz à sua necrose. Também estão incluídos na classificação de lesão intra-renal, os distúrbios que causam nefrite intersticial. Nessas condições, verifica-se a presença de linfócitos, células mononucleares e/ou eosinófilos no interstício renal quando a IRA resulta de lesão imunológica ou alérgica. Quando os achados clínicos sugerem uma reação de hipersensibilidade ou infecção renal, é provável que haja nefrite intersticial aguda. [ MIELOMA MÚLTIPLO O MIELOMA MÚLTIPLO É UMA DOENÇA HEMATOLÓGICA MALIGNA QUE AFETA ORIGINALMENTE A MEDULA ÓSSEA E SE CARACTERIZA PELO AUMENTO DO PLASMÓCITO. OS PLASMÓCITOS TEM COMO FUNÇÃO: PRODUZIR E LIBERTAR PROTEÍNAS DESIGNADAS ANTICORPOS OU IMUNOGLOBULINAS (IGG, IGA, IGM, IGD, IGE), QUE COMBATEM E AJUDAM A ELIMINAR OS AGENTES CAUSADORES DE INFECÇÃO, COMO AS BACTÉRIAS OU OS VÍRUS. NO MIELOMA MÚLTIPLO ESTAS CÉLULAS PLASMÓCITAS SOFREM ALTERAÇÕES FICANDO ANORMAIS (NEOPLÁSICAS) E AUMENTAM EM QUANTIDADE, PASSANDO A COMPROMETER O FUNCIONAMENTO DA MEDULA ÓSSEA NA PRODUÇÃO NORMAL DOS GLÓBULOS BRANCOS, GLÓBULOS VERMELHOS E PLAQUETAS. O PLASMÓCITO ANORMAL DO MIELOMA AINDA IRÁ PRODUZIR UM ANTICORPO ÚNICO E ANORMAL, DENOMINADO PROTEÍNA M, QUE PODESER DETECTADO POR MEIO DE TESTES LABORATORIAIS (ELETROFORESE DE PROTEÍNAS E IMUNOFIXAÇÃO DE PROTEÍNAS) NO SANGUE E/OU URINA.] Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Após a ocorrência da lesão renal, quatro fatores deprimem a função renal: 1. Vasoconstricção; 2. Diminuição da permeabilidade glomerular; 3. Obstrução tubular; 4. Passagem retrógrada do líquido filtrado. Indivíduos jovens que não apresentam doenças graves como complicação estão mais propensos a uma recuperação completa da função, mas as evidencias da recuperação não podem ser observadas durante vários dias ou semanas. Os problemas mais comuns nos casos de IRA são o balanço positivo de sódio e água que acarretam no aumento do peso corporal e em edema. Outro problema comum é o acúmulo de produtos de degradação não excretados, causando uremia. Dor renal não é comum em casos de IRA. Nos estágios iniciais, ocorre elevação uniforme dos níveis séricos de creatinina e uréia, porém a sua relação deve permanecer em 10:1. A observação de uma elevada relação entre uréia e creatinina sérica deve sempre indicar a necessidade de investigar outras causas, visto que o diagnóstico de IRA pré-renal só é estabelecido mediante a exclusão de outras etiologias. A elevação do nível sérico de creatinina depende tanto de sua depuração quanto de sua taxa de produção. Se a insuficiência renal for estável (isto é, se o peso corporal e o nível sérico de creatinina forem relativamente constantes), é possível estimar a taxa de produção de creatinina em 24 horas a partir da excreção urinária. Nos homens, a produção de creatinina por quilograma de peso corporal ideal é 28 – (0,2 x idade), ao passo que, nas mulheres, o valor é de 23,8 – (0,17 x idade). Os problemas clínicos provocados pela IRA consistem em hiperpotassemia e acidose metabólica, devido ao comprometimento da excreção renal de íons potássio e hidrogênio, respectivamente. Se não for dispensada a devida atenção para manutenção do equilíbrio da água e do sódio, ocorrerá hiponatremia em pacientes com IRA aos quais se administra uma quantidade excessiva de água via oral ou soro glicosado a 5% por via intravenosa, enquanto o suprimento excessivo de sódio pode causar edema. Em geral, verifica-se o desenvolvimento de Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima hiperfosfatemia, hipocalemia, hiperuricemia e anemia dentro de vários dias em pacientes com lesão renal mais grave. As manifestações consistem em anorexia progressiva, náusea, vômitos, irritabilidade nervosa, hiperreflexia, asterixe (movimentos involuntários anormais que afetam principalmente as extremidades, tronco ou mandíbula, e ocorrem como manifestação de um processo de doença subjacente), convulsões e coma. Os distúrbios da coagulação podem causar equimoses e hemorragia gástrica. TRATAMENTO O tratamento consiste na correção das causas reversíveis, prevenção de lesão adicional, suporte metabólico durante as fases de manutenção e recuperação da síndrome, e tentativas para converter a insuficiência renal oligúrica em não oligúrica. Correção das Causas Reversíveis Em todos os pacientes com IRA, deve-se interromper a administração de fármacos que interferem na perfusão ou função renais ou de nefrotoxinas potenciais. A dose de todos os fármacos deve ser administrada de acordo com diretrizes para o grau de insuficiência renal. Se houver dúvida, os níveis plasmáticos dos fármacos devem ser monitorizados, visto que as diretrizes de doses para pacientes com IR só fornecem recomendações posológicas médias. Para pacientes hipovolêmicos e hipotensos, deve- se restaurar a PA ao suspender o uso de agentes hipertensivos e ao administrar sangue ou solução salina isotônica para expandir o volume extracelular. [ OLIGÚRIA OLIGÚRIA É DEFINIDA, CLASSICAMENTE, COMO A REDUÇÃO DO VOLUME URINÁRIO PARA UM VALOR ABAIXO DE 400 ML EM 24 HORAS. RECENTEMENTE, O SISTEMA RIFLE/AKIN DE DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE LESÃO RENAL AGUDA (LRA) PROPÔS COMO CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DE LRA UMA REDUÇÃO DE VOLUME URINÁRIO ABAIXO DE 0,5 ML POR QUILO (KG) DE PESO, POR PERÍODO DE 6 HORAS.] Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima Em pacientes edematosos, as transfusões de sangue constituem a maneira preferida de aumentar a pressão arterial. OBS: Não se deve administrar solução salina a pacientes com edema e/ou ascite, visto que, nesses casos, a taxa de perfusão nos rins decorre da vasoconstricção intra-renal induzida por hormônios ou neural, não sendo abolida por líquidos intravenosos. A presença de edema e de ascite significa que o paciente encontra-se em equilíbrio positivo de sódio, de modo que a infusão de solução salina só irá aumentar o grau de edema e/ou ascite. Nem todos os pacientes com lesão renal intrínseca e IRA são oligúricos, embora a função de depuração dos rins esteja baixa. Não existe comprovação de que pacientes não-oligúricos readquirem a função renal com mais rapidez, porém é conveniente converter pacientes oligúricos em não-oligúricos, já que o equilíbrio hídrico em pacientes não-oligúricos é mais facilmente controlado. Suporte Geral Deve-se evitar o uso de cateteres urinários de demora nos casos não complicados. A cateterização, utilizando técnica estéril, costuma ser suficiente mesmo em pacientes oligúricos e obnubilados, reduzindo o risco de infecção. Em todos os pacientes é de fundamental importância manter o equilíbrio hídrico. A estimativa mais simples e mais precisa do equilíbrio hídrico se dá na determinação do peso, ao contrário dos registros de aporte e excreção de líquido que são mais desagradáveis e em geral menos precisos. O resultado deve consistir em ausência de aumento do volume extracelular, medido como aumento de peso. Se houver aumento de peso corporal, deve-se restringir o sódio. Os pacientes com IRA não devem receber quantidades adicionais de sódio, potássio e cloreto além das já existentes nos alimentos. Pacientes que necessitem de alimentação intravenosa podem vir a desenvolver a necessidade de serem dialisados, já que a alimentação intravenosa está associada a um considerável aporte de líquido. Pacientes com hiperpotassemia devem ser tratados com ingestão da resina de troca de sulfonato de poliestireno sódico numa solução contendo sorbitol, para assegurar a excreção da resina de poliestireno de potássio. Alargamento de QRS ou dissociações atroventriculares, Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima devem ser tratados com gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio intravenoso (terapia rápida para correção de anormalidades na condução cardíaca). Todas essas medidas podem diminuir a concentração sérica do potássio (30 a 60 minutos após o início da terapêutica), porém, nenhuma delas remove o excesso deste, sendo necessária a diálise. A hemodiálise sempre exige várias horas para reduzir efetivamente o potássio sérico, não devendo ser, portanto nunca considerada como tratamento apropriado para os efeitosagudos da hiperpotassemia. A hemodiálise também deve ser usada em: 1. Acidose metabólica grave que não pode ser controlada com bicarbonato de sódio; 2. Tratamento do edema pulmonar; 3. Tratamento da azotemia progressiva (uréia > 100 mg/dl); 4. Encefalopatia; 5. Convulsões; 6. Sangramento; 7. Pericardite; 8. Enteropatia urêmica. A diálise peritoneal é o tratamento mais apropriado para pacientes com IC grave, já que evita rápidos desvios de volume sanguíneo e dos componentes do sangue que ocorrem com a hemodiálise, porém esta terapêutica deve não é a de escolha quando se necessita de rápida remoção do potássio ou dos produtos de degradação. Uma vantagem da dialise peritoneal é que esta não necessita de anticoagulantes. Recuperação da Função Renal A IRA secundária a causas pré-renais é potencialmente reversível se a doença subjacente for tratada. Na IRA obstrutiva pós-renal, temos estabilização ou melhora significativa da função renal após alívio da obstrução; A IRA intra-renal intrínseca possui evolução variável; A glomerulonefrite e a vasculite podem responder à terapia imunossupressora com recuperação completa da função renal; A lesão tubular renal por isquemia ou toxinas costuma ser reversível, sendo, mais provável, a recuperação da função renal para níveis quase normais em pacientes não-oligúricos; PREVENÇÃO Infusão de solução salina por via intravenosa para Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima melhorar a função hemodinâmica e o fluxo urinário antes da administração de meios de contrate iodados radiológicos ou outras toxinas, bem como antes de cirurgias, particularmente em pacientes com função renal precária ou naqueles cujo fluxo sanguíneo renal será interrompido; O pré-tratamento com alopurinol pode diminuir a produção de ácido úrico quando a leucemia ou tumores maciços estão sendo tratados; Não devem ser administrados AINE´s a pacientes com doença renal; O uso de antibióticos nefrotóxicos deve ser evitado ou cuidadosamente menitorizados em pacientes com IRA. REFERÊNCIAS 1. MITCH, William E. Insuficiência Renal Aguda. In: GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis (Ed.). Cecil Medicina. 23. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. P. 812-818. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINFOMA E LEUCEMIA (Brasil). Mieloma Múltiplo. Disponível em: Disponível em: <http://www.abrale.org.br/p agina/mieloma-multiplo- mm>. Acesso em: 14 jun. 2014. 3. CARDOSO, Fernanda S.; VASCONCELOS, Filipe. Insuficiência Renal Aguda. Brasília: Hospital Regional da Asa Sul, 2009. 33 slides, color. Disponível em: <http://www.docstoc.com/d ocs/85882057/Insuficiencia- Renal-aguda>. Acesso em: 14 jun. 2014. 4. Heilberg JLNIP. Fisiologia e Fisiopatologia Renal: Papel da Proteína de Tamm-Horsfall na litogênese urinária. . J. Bras. Nefrol. 1998;20(4):457- 459. 5. SILVA, Verônica Torres da Costa e; YU, Luis. Abordagem clínica da oligúria: Clinical approach to oliguria. Jornal Brasileiro de Nefrologia. São Paulo, p. 173-174. jul. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jb n/v31n3/v31n3a01.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2014. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima http://www.medicinanet.com.br/imagens/20080717091500.gif Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima Insuficiência Renal Crônica A insuficiência renal crônica (IRC) está associada a um declínio da TFG, se apresentando como uma doença progressiva, caracterizada pela crescente incapacidade do rim em manter níveis normais dos produtos do metabolismo das proteínas e valores normais da pressão arterial e do hematócrito, bem como o equilíbrio do sódio, da água, do potássio e o equilíbrio ácido-basico. Quando os níveis séricos de creatinina no adulto atingem cerca de 3 mg/dl, e nenhum dos fatores na patogenia da doença renal é reversível, a doença renal tende a evoluir para a insuficiência renal crônica terminal (IRCT) no decorrer de um período de tempo muito variável (de poucos a muitos anos). A progressão pode ser retardada com a terapia adequada. A hemodiálise crônica equivale a apenas 10 a 15% da função renal normal, então, para o paciente, é melhor preservar a função renal endógena acima deste nível, pelo maior tempo possível. O tratamento de fatores de risco, como hipertensão, hiperlipidemia e hiper- homocistinúria (a homocistinuria é uma doença causada por defeitos genéticos das enzimas envolvidas no metabolismo da homocisteína), deve ser instituído precocemente no tratamento da IRC. Com frequência, doenças sistêmicas afetam e destroem potencialmente os rins. Dois terços dos casos incidentes resultam de diabetes ou de hipertensão. Observa-se IRC em 30% dos pacientes com DM tipo 1 e DM tipo 2 com incidência máxima num prazo de 15 naos. Pacientes diabéticos com hipertensão devem utilizar IECA ou bloqueador da angiotensina II. Isso retarda a diminuição da TFG ao longo do tempo. Existem evidências de que a microalbuminúria prenuncia o desencolvimento de nefrosclerose hipertensiva, e que a progressão para a proteinúria franca pode ser reduzida com o uso de alguns anti- hipertensivos. Acomete mais a população afro-americana do que a branca. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quase todos os pacientes com quadro de IRC apresentam proteinúria significativa ( > 200 mg/24h). O teste de rotina para microalbuminúria ou proteinúria em pacientes com DM ou hipertensão é importante para definir a Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima terapêutica adequada a se utilizar no tratamento. A síndrome também pode ser detectada em virtude de uma elevação nos níveis sanguíneos de uréia e na concentração sérica de creatinina. Pacientes com doença glomerular primária progressiva podem apresentar síndrome nefrótica, nefrítica recorrente ou hematúria macroscópica recorrente. Em 95% dos pacientes com IRC, verifica-se o desenvolvimento de hipertensão antes da IRC terminal, e 5% de todos os pacientes hipertensos apresentam elevação da pressão arterial secundária à IRC ou a doença renal ou renovascular subjacente antes do aparecimento de azotemia. Quando inicialmente examinado, é comum que o paciente já apresente manifestações da IRC, como sintomas urêmicos. Estes pacientes com manifestações urêmicas, tembém podem exibir numerosas queixas diferentes relacionadas a quase todos os sistemas e órgãos. FISIOPATOLOGIA DA IRC Independente da causa primária responsável pela perda dos néfrons, alguns deles costumam sobreviver ou sofrer lesão menos grave. Estes que sobrevivem, adaptam-se e aumentam de tamanho, além de aumenta a depuração por néfron e como na maioria dos pacientes, a progressão da doença é mais gradual, é possível uma adaptação dos néfrons. Com a hipertrofia glomerular, ocorre acentuado aumento do fluxo plasmático glomerular e da TFG por néfron individual, além de elevação da pressão capilar. Então, verifica-se o desenvolvimento de glomeruloesclerose focal nesses glomérulos, que finalmente se tornam não funcionais. Simultaneamente a glomeruloesclerosefocal, a proteinúria aumenta de modo acentuado, e ocorre agravamento da hipertensão sistêmica. Outros mecanismos de progressão na esclerose dos glomérulos adaptados incluem coagulação glomerular, efeitos hiperlipidêmicos e proliferação das células mesengiais. É provável que a fibrose tubulointersticial e a inflamação intersticial contribuam para a falência do néfron em seu processo de adaptação. Esse processo de adaptação dos néfrons foi denominado “via comum final”. A capacidade dos néfrons de adaptar-se mediante um aumento de seu tamanho e função tem efeitos benéficos na manutenção da TFG renal global, assim como as taxas de excreção Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima de sódio, potássio, fosfato, ácido e solutos, particularmente os produtos finais do metabolismo protéico que causam a síndrome urêmica. Os néfrons adaptados aumentam a capacidade do rim de adiar o desenvolvimento da uremia. A hipótese dos néfrons intactos e a hipótese de compensação constituem dois outros conceitos importantes para compreender a progressão da IRC. A hipótese dos néfrons intactos considera que, em geral, os néfrons adaptados comportam-se como néfrons normais. Parte da incapacidade de regular o sódio e a água resulta da excreção aumentada de solutos por néfrons e com isso ocorre diurese osmótica dos néfrons remanescentes, com consequente comprometimento da conservação de sódio e de água, particularmente nos estados de depleção do volume de líquido extracelular. Devido a isso, ocorre perda da capacidade de concentração renal, bem como da capacidade dos néfrons remanescentes de se ajustarem a suprimentos baixos e altos de sódio, água, potássio e outros solutos dietéticos, visto que esses néfrons atuam na sua capacidade máxima, mesmo que a ingestão dessas substâncias seja normal. O processamento renal dos solutos é influenciado por efeitos hormonais. Sendo assim, para compensar o aumento da excreção renal de fosfato com manutenção dos níveis séricos, temos o aumento dos níveis de paratormônio e de forma semelhante, para manter os níveis séricos normais de potássio, tem-se a elevação nas taxas de secreção de aldosterona. Com isso, temos a hipótese de compensação. A TFG está associada a uma perda progressiva da capacidade do rim de manter um ambiente interno constante na presença de alterações significativas da ingestão de solutos. Os néfrons adaptados não apenas apresentam aumento da TFG como também uma intensificação das funções tubulares em termos de secreção de potássio e de prótons. PCG = Pressão Capilar Glomerular Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima É provável que os fatores de crescimento responsáveis pela hipertrofia dos néfrons também possam levar, após diálise crônica durante alguns anos, à formação de cistos renais adquiridos, e acredita-se que esses cistos sejam pré-malignos. FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME URÊMICA Além do acúmulo dos produtos tóxicos do metabolismo nitrogenado, a uremia é causada por distúrbios do equilíbrio ácido- básico e dos eletrólitos intra e extracelulares, por inibidores da Na+, K+ATPase e por anormalidades hormonais. A função comprometida da Na+, K+ATPase faz com que o potássio corporal total e o celular, possam estar baixos. Nas fases mais avançadas da uremia temos aumento do estado inflamatório devido a elevação da proteína C-reativa, da velocidade de hemossedimentação, do TNF-alfa e da IL-6. No TGI, é comum a ocorrência de anorexia e vômitos pela manhã, já que na uremia grave pode ocorrer sangramento gastrointestinal secundário a disfunção plaquetária e erosões difusas da mucosa por todo intestino. Acúmulos de líquido nas serosas são secundários a defeitos na permeabilidade capilar. A função endócrina apresenta-se difusamente anormal em pacientes com uremia e IRC secundária à redução da degradação renal de polipeptídeos, disfunção de receptores, anormalidades na transdução de sinais pós- receptores, alterações na ligação das proteínas e anormalidade do controle endócrino por retroalimentação. Os pacientes com IRC avançada, frequentemente, apresentam hipotireoidismo. Com a progressão da uremia, aparecem disfunções mentais e cognitivas sutis que, se não forem tratadas, evoluem para o coma. Essas alterações respondem a diálise. Os pacientes urêmicos devem ser considerados imunocomprometidos, sendo a infecção uma importante causa de morte em pacientes com IRC submetidos à diálise. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico de IRC é corroborado por uma história de síndrome nefrítica e nefrótica, nictúria de longa duração, achados de osteodistrofia renal, anemia grave e presença de rins bilaterais pequenos. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima A IRA superposta a IRC é uma situação comum, e deve-se investigar a existência de fatores reversíveis quando se estabelece o diagnóstico de IRC. Devido a capacidade limitada do rim cronicamente danificado de conservar ou de excretar o sódio em resposta a alterações dietéticas ou em resposta a perdas gastrointestinais de sal e de água, a insuficiência pré-renal constitui um fator reversível comum em pacientes com IRC. É obrigatório proceder a uma revisão de todos os fármacos ingeridos. Os fármacos de excreção renal podem acumular-se e atingir níveis nefrotóxicos, ou podem causar nefrite intersticial aguda superposta. Os procedimentos diagnósticos vasculares podem causar insuficiência renal induzida por meios de contraste radiológicos ou êmbolos de colesterol no rim. DIAGNÓSTICO História clínica, bem como história familiar, de HAS, de DM, incluindo membros da família que tenham tido IRC terminal. Ao exame físico, os sinais de doença hipertensiva ou diabética são importantes. O diagnóstico de doença renal policística é corroborado por rins protuberantes e de aumento bilateral, e a palpação da bexiga ou da próstata aumentada sugere uropatia obstrutiva, indicando a necessidade de determinação do volume urinário residual após a micção. O s exames laborato riais devem incluir a determinação dos níveis séricos de eletrólitos, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e albumina. A excreção urinária de 3g/24horas sugere doença glomerular primária. A triagem sorológica para infecção pelos vírus das hepatites B e C é importante, devido as suas respectivas associações com a glomerulonefrite membranosa e membranoproliferativa. A USG renal é um teste não- invasivo útil, que tem a capacidade de demonstrar a existência de fibrose cortical, cálculos renais, hidronefrose, obstrução ureteral e doença renal policística. Se o diagnóstico permanecer obscuro, e o tamanho dos rins for normal ou apenas ligeiramente diminuído, deve-se considerar a realização de biópsia renal para estabelecer o diagnóstico após controle da pressão arterial e, se necessário, diálise. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima TRATAMENTO A avaliação e o tratamento de pacientes com doença renal crônica requer a compreensão de conceitos separados, porém relacionados de diagnóstico, risco de perdada função renal, gravidade da doença, condições comórbidas e terapia de substituição renal. O tratamento de pacientes portadores de insuficiência renal progressiva pode ser dividido em vários componentes, a saber: Programa de promoção à saúde e prevenção primária (grupos de riscos para DRC) Identificação precoce da disfunção renal (Diagnóstico da DRC) Detecção e correção de causas reversíveis da doença renal Diagnóstico etiológico (tipo de doença renal) Definição e estadiamento da disfunção renal Instituição de intervenções para retardar a progressão da doença renal crônica Prevenir complicações da doença renal crônica Modificar comorbidades comuns a estes pacientes Planejamento precoce da terapia de substituição renal Modelos de tratamento clínico da doença renal crônica Disponível em: http://www.sbn.org.br/podcast/arti go2.pdf REFERÊNCIAS 1. Junior JER. Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação. J. Bras. Nefrol. 2004;26 (3 Suppl 1)(3):1-3 2. LUKE, Robert G. Insuficiência Renal Crônica. In: GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis (Ed.). Cecil Medicina. 23. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. P. 818-827. 3. National Kidney Foundation. K/DOQI Clinical Practice Guidelines for Chronic Kidney Disease: Executive Summary (Diretrizes de Prática Clínica para Doença Renal Crônica: Resumo Executivo). New York, 2002. Material de Estudo Organizado por: Gabriel Ferreira Lima
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