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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – UNAERP CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E TECNOLOGIAS CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA OOppeerraaççõõeess UUnniittáárriiaass 44 PARTE 1 CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA Prof. Dr. Murilo Daniel de Mello Innocentini Curso de Engenharia Química Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5681181471077426 muriloinnocentini@yahoo.com.br Scholar: https://scholar.google.com/citations?user=x5M8I6IAAAAJ&hl=en CV: http://lattes.cnpq.br/5681181471077426 Research ID: http://www.researcherid.com/rid/B-8775-2012 Researchgate: www.researchgate.net/profile/Murilo_Innocentini Scopus: https://www.scopus.com/authid/detail.uri?authorId=7003895642 ORCID: orcid.org/0000-0002-5396-7798 RIBEIRÃO PRETO – SP JANEIRO 2018 2 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini 1. INTRODUÇÃO Diversas operações na Engenharia Química envolvem a separação mecânica entre sólidos particulados e fluidos (filtração, sedimentação, centrifugação, secagem) ou separação térmica (secagem). Por material particulado entende-se um sólido finamente dividido e que apresenta uma distribuição de tamanhos. São exemplos de materiais particulados de interesse para o engenheiro químico: areia, farinha de trigo, bagaço de cana, bagacilho, fuligem dos lavadores, fertilizantes granulados, açúcar granulado, carvão ativado, solo, grãos e cereais em geral, etc. Se o material particulado é muito fino, ele tem a facilidade de se tornar um aerossol (suspensão temporariamente estável de partículas em uma corrente gasosa). Aerossóis são comuns na combustão (gerando fumaça, fuligem), nos processos de extração e fragmentação de minérios e carvão (gerando poeiras) e nos processos de pinturas, galvanoplastia e recuperação de metais (gerando fumos). Se espalhados para a atmosfera, aerossóis podem ser danosos ao meio ambiente e aos seres humanos, bem como podem significar um desperdício de matéria-prima ou de produto no processo industrial. Nessas operações, bem como em outras, como a cristalização, o transporte pneumático, o peneiramento, etc, duas características do material particulado são essenciais para o correto dimensionamento dos equipamentos: a distribuição granulométrica e a densidade do material particulado. Materiais particulados normalmente são compostos por partículas de vários diâmetros, ao que chamamos de distribuição granulométrica, e que pode ser computada em relação ao número, à área, ao volume ou à massa de partículas presentes em cada faixa de diâmetro. Um dos modos mais simples de se mostrar uma distribuição de tamanhos de partículas é através de um histograma. Ele apresenta a percentagem de partículas encontrada em cada intervalo de tamanho. A freqüência (eixo y) pode ser descrita em número de partículas, área superficial, volume ou massa. 3 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Moda (Moda (ModeMode):): Representa o valor mais Representa o valor mais freqüente na distribuição.freqüente na distribuição. Média (Média (MeanMean): ): Representa a média Representa a média aritmética da aritmética da distribuição.distribuição. Mediana (Mediana (MedianMedian):): Divide a distribuição ao Divide a distribuição ao meio (50meio (50--50%).50%). Geralmente as curvas Geralmente as curvas de distribuição são de distribuição são apresentadas em apresentadas em escala logescala log--normalnormal Figura 1. Parâmetros importantes em um histograma de distribuição granulométrica. A distribuição granulométrica de uso mais comum para o engenheiro químico é aquela expressa em massa. Nessa distribuição fazemos uma classificação quanto “à fração ou percentagem em massa de partículas que possuem um determinado diâmetro”. Consideramos que o material particulado de interesse seja homogêneo (ou seja, que uma amostra dele represente todo o material). Assim, uma amostra do material é coletada e analisada em laboratório. Vê-se do conceito de distribuição granulométrica que é necessária a obtenção da massa das partículas, bem como de seu tamanho (representado aqui por seu diâmetro). A Figura 2 ilustra as características de diferentes materiais particulados, tamanho típico e técnicas de obtenção de distribuição granulométrica e de coleta. A Tabela 1 resume as principais técnicas de análise. 4 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Figura 2. Características de vários materiais particulados. 5 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Tabela 1. Técnicas e equipamentos para análise de materiais particulados. Por outro lado, sabemos que apenas partículas esféricas apresentam diâmetro. Para partículas irregulares, é comum estabelecermos um critério para convertermos suas dimensões em um equivalente ao diâmetro de uma esfera. 6 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini A Tabela 2 mostra algumas das definições de diâmetros equivalentes para partículas irregulares. Tabela 2. Definições de diâmetros equivalentes para partículas. 2. PENEIRAMENTO O peneiramento é uma das técnicas mais simples de classificação das partículas conforme sua distribuição mássica de tamanhos. Esta técnica consiste na passagem de uma amostra de massa conhecida das partículas através de um conjunto de peneiras, isto é, de um suporte lateral com uma base de tela perfurada ou trançada por fios (Figura 3). 7 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Agitador eletromagnético Tampa Fundo ou panela Peneira Figura 3. Detalhes de sistema de peneiramento. Cada peneira é caracterizada por um número (sieve number) e por uma abertura (opening). Partículas que tem suas dimensões menores que a abertura da peneira acabam passando pela peneira (designadas como fração passante), enquanto partículas têm suas dimensões maiores que a abertura ficam retidas na tela da peneira (designadas como fração retida). No Brasil, existem dois padrões principais em uso para designar peneiras: Padrão ABNT (ou ASTM) e Padrão Tyler. No padrão Tyler há o termo “mesh”, que designa o número de aberturas por polegada linear. Por exemplo, uma peneira padrão Tyler com 50 mesh apresenta uma tela com 50 aberturas quadradas ao longo do comprimento de uma polegada (25,4 mm). A Figura 4 mostra as definições de abertura e malha (mesh). 8 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Ilustração de malha 3 mesh Refere-se ao número de aberturas contidos na distância de 1 polegada linear a partir do centro de um fio. Ilustração de malha com abertura (opening) de 3/8”. Refere-se ao comprimento livre entre dois fios. Figura 4. Definições de abertura e malha de uma peneira. A Tabela A1 no fim da apostila detalha as peneiras padronizadas conforme a ASTM e o padrão Tyler. A numeração das peneiras no padrão ASTM segue o seguinte critério: Para peneiras com abertura entre 4” e ¼”, a malha da peneira indica o próprio valor da abertura, enquanto que para peneiras com aberturas menores que ¼”, a malha indica o número de aberturas por polegada linear. 9 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini 3. CÁLCULOS PARA A OBTENÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA Os seguintes conceitos e definições são importantes para obtermos uma distribuição granulométrica: dpi = diâmetro de uma partícula i da amostra analisada (m, mm ou m) dAi = Abertura da peneira (mm ou m) mi = massa de todas as partículas com diâmetro dpi que estão na amostra (mg, g ou kg) wi = fração mássica discreta ou freqüência mássica de ocorrência da partícula com diâmetro dpi (- ou %) m m w i i i (1) 10 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini EXEMPLO: 200 g de areia fina foram passados através de um conjunto de peneiras padronizadas. Os dados mostrados na Tabela 3 foram obtidos. Tabela 3. Dados obtidos no peneiramento (exemplo). Peneira Massa retida, mi (n°) ASTM (g) 4 0.13 5 9.08 8 17.52 12 26.90 14 32.73 16 45.25 20 30.05 25 19.01 40 10.91 Fundo 8.42 Obtenha: a) Distribuição granulométrica discreta b) Distribuição granulométrica acumulada retida c) Distribuição granulométrica acumulada passante d) Diâmetro mediano da distribuição (d50) e) Diâmetro médio de Sauter (dvs) f) Os parâmetros da distribuição de Weibull (ou Rosin-Rammler) Solução: A partir dos dados obtidos do peneiramento, obtêm-se os valores conforme a Tabela 4. Tabela 4. Parâmetros calculados para o exemplo de peneiramento. [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] Peneira Massa retida, mi Abertura, Ai dpi wi wi acumulada retida wi acumulada passante wi/dpi (n°) ASTM (g) (mm) (mm) (-) (-) (-) (1/mm) 4 0.13 4.750 4.750 0.001 0.001 0.999 0.00014 5 9.08 4.000 4.375 0.045 0.046 0.954 0.01038 8 17.52 2.360 3.180 0.088 0.134 0.866 0.02755 12 26.90 1.700 2.030 0.135 0.268 0.732 0.06626 14 32.73 1.400 1.550 0.164 0.432 0.568 0.10558 16 45.25 1.180 1.290 0.226 0.658 0.342 0.17539 20 30.05 0.850 1.015 0.150 0.808 0.192 0.14803 25 19.01 0.710 0.780 0.095 0.903 0.097 0.12186 40 10.91 0.425 0.568 0.055 0.958 0.042 0.09612 Fundo 8.42 0.000 0.213 0.042 1.000 0.000 0.19812 soma 200 1.000 0.94942 [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] wi/dpi = [5]/[4] para a 1ª peneira: dpi = Ai; para as outras, dpi = (Ai-1 + Ai)/2 dado experimental dado experimental Tabela de peneiras padronizadas wi = mi/S(mi) wi a,r = wi + wi-1 wi a,p = 1- wi a,r 11 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini Os seguintes gráficos podem então ser preparados: 0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250 4.7504.3753.1802.0301.5501.2901.0150.7800.5680.213 w i( -) dpi (mm) Figura 5. Histograma (gráfico de barras) da distribuição discreta em massa das partículas. 0.000 0.100 0.200 0.300 0.400 0.500 0.600 0.700 0.800 0.900 1.000 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00 w i acu mu lad a p ass an te (-) dpi (mm) 0.000 0.100 0.200 0.300 0.400 0.500 0.600 0.700 0.800 0.900 1.000 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00 w i a cum ula da ret ida (-) dpi (mm) 73,1% da massa da amostra têm diâmetro menor ou igual a 2,03 mm d50 d50 26,9% da massa da amostra têm diâmetro maior ou igual a 2,03 mm (a) (b) Figura 6. Gráficos de dispersão das distribuições acumuladas: (a) passante, (b) retida. O diâmetro mediano pode ser obtido das Figuras 5 ou 6, e corresponde a d50 = 1,45 mm. 12 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini O diâmetro médio de Sauter (dv,s) é obtido por: pi i sv, d w 1 d (2) Da coluna [8] na Tabela 4, obtém-se que: 0,94942 1 d sv, dv,s = 1,053 mm A distribuição acumulada passante experimental (wia,p) pode ser modelada segundo a Equação de Rosin-Rammler, dada por: npia,p i bd-exp-1 w (3) Sendo b e n constantes de ajuste. A Tabela 5 exemplifica a planilha de ajuste de b e n no Excel (pelo Solver), de modo a minimizar o erro (método dos mínimos quadrados). Tabela 5. Exemplo de planilha para obtenção dos parâmetros da equação de Rosin-Rammler. b ajustado 0.241 n ajustado 2.396 [1] [2] [3] dpi wi acumulada passante wi acumulada passante Desvio (mm) (experimental) (Rosin-Rammler) (-) 4.750 0.999 1.000 3.70E-07 4.375 0.954 1.000 2.10E-03 3.180 0.866 0.979 1.27E-02 2.030 0.732 0.732 5.22E-09 1.550 0.568 0.498 4.88E-03 1.290 0.342 0.359 2.81E-04 1.015 0.192 0.221 8.77E-04 0.780 0.097 0.125 7.83E-04 0.568 0.042 0.060 3.29E-04 0.213 0.000 0.006 3.47E-05 soma = 0.02195 [1] experimental [2] obtido pela equação (2) [3] desvio =([2]-[1])^2 A Figura 7 contém o resultado do ajuste da equação de Rosin-Rammler aos dados experimentais. 13 Operações Unitárias 4 – UNAERP - Prof. Dr. Murilo D.M. Innocentini 0.000 0.100 0.200 0.300 0.400 0.500 0.600 0.700 0.800 0.900 1.000 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00 w i acu mu lad a p ass an te (-) dpi (mm) Experimental Rosin-Rammler Figura 7. Distribuição acumulada passante experimental e obtida pelo ajuste da equação de Rosin-Rammler.
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