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Etica, politica e sociedade

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ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE
Caderno de Estudos
UNIASSELVI
2013
NEAD
Educação a Distância
GRUPO
Copyright  UNIASSELVI 2013 
Elaboração:
Unidade I
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Unidade II
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Unidade III
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Isabella Maria Nunes Ferreirinha.
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
172
T231e Tavares, Fábio Roberto
Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares (Org.). Indaial : Uniasselvi, 
2013.
 233 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830-727-1
1.	 Ética política.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE
APRESENTAÇÃO
A vida vem nos apresentando situações em que as condutas morais vêm se transformando 
constantemente. Mas em meio às transformações das condutas morais, dos costumes que a 
sociedade vem sofrendo, os valores vão se transformando em outros e em outros mais.
A ética e a moral são os condutores para a sustentabilidade de uma sociedade mais 
humana, mais justa, mais igualitária. É o bem comum que subsidia as condições para as 
condutas morais, para a manutenção de valores que coadunam com o interesse coletivo. Estas 
temáticas estarão presentes na Unidade 1 do nosso Caderno de Estudos, além de conceitos 
que nos farão compreender melhor a ética, a moral, o sujeito e a sociedade.
Na Unidade 2, você irá perceber que a nossa vida é norteada por política, porque ela 
faz parte dela até a morte. Somos sujeitos sociais e vivemos em conjunto, em uma organização 
social. Nós nascemos, vivemos e morremos em uma organização. Essas organizações 
são geridas por uma política. Quando nascemos dependemos de um hospital e, portanto, 
uma política de saúde pública; se vamos para uma creche ou escola de educação infantil, 
dependemos de uma política educacional. 
Você vai acompanhar o movimento do pensamento que construiu as teorias filosóficas 
a partir das concepções dos filósofos. De forma linear e gradativa, começamos com a ideia de 
política na Grécia antiga, até o modelo adotado pelo Estado brasileiro. Em alguns momentos 
vamos apresentar dicas de leituras e filmes para que você possa se utilizar de outros 
instrumentos que lhe servirão de aprendizado. 
Quando o assunto é política podemos nos calar e apenas ouvir, ou nos inflamar com 
discussões que orbitam entre o senso comum e a paixão cega por um candidato ou partido 
político. Essas posturas, no entanto, não traduzem o verdadeiro sentido de discussão ou 
pensamento político, mas de discussão partidária e individualista. É o que veremos na segunda 
unidade deste nosso caderno.
Passamos a maior parte de nossa vida trabalhando e pagando contas dos mais 
diferentes tipos. Por isso, o modelo político de nossos pais é muito da nossa conta, da nossa 
responsabilidade. É assim que vivemos em sociedade.
E sociedade é o tema central da nossa terceira unidade. Como a sociedade se apresenta 
a nós, como ela vai se transformando, evoluindo. A sociedade é global. Vivemos em um mundo 
global. Para isso, devemos entender o processo histórico da globalização e seus impactos 
econômicos, políticos, culturais e sociais. Vamos falar dos processos de mudança em nossa 
sociedade, discutir que cidadão se desenvolve nessa realidade, que homem, com que direitos 
e com que deveres acontece essa evolução da sociedade com esse cidadão em seu seio. 
Vamos também estudar nessa unidade o que grandes pensadores contribuem neste pensar 
iii
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE iv
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
uma sociedade com suas principais características.
É pouco? Acredito que não. Tudo isso foi desenvolvido para que você possa, no 
exercício da leitura, do estudo, do aprofundamento, compreender e fixar o aprendizado de 
forma autônoma, que é a intenção desse modelo de ensino – EaD.
Portanto, vamos à leitura, ao estudo e à reflexão deste caderno.
Bons estudos!
Prof. Fábio Roberto Tavares
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – A ÉTICA E A MORAL ................................................................................ 1
TÓPICO 1 – ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL ......................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 A ÉTICA .......................................................................................................................... 3
2.1 CONCEITO .................................................................................................................. 4
2.2 O CAMPO DA ÉTICA .................................................................................................. 6
2.3 O VALOR DA ÉTICA .................................................................................................... 8
2.4 ÉTICA E JUSTIÇA ....................................................................................................... 9
2.5 ÉTICA E FILOSOFIA ................................................................................................. 10
3 A MORAL ...................................................................................................................... 11
3.1 CONCEITO DE MORAL ............................................................................................. 11
3.2 CAMPO DA MORAL .................................................................................................. 14
3.3 MORAL, AMORAL E IMORAL ................................................................................... 16
4 CONCEPÇÕES DOUTRINAIS DA GRÉCIA ANTIGA À 
 CONTEMPORANEIDADE ........................................................................................... 17
4.1 IDADE ANTIGA .......................................................................................................... 17
4.2 IDADE MÉDIA ........................................................................................................... 20
4.3 IDADE MODERNA .................................................................................................... 21
4.4 IDADE CONTEMPORÂNEA ...................................................................................... 25
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 34
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 35
TÓPICO 2 – A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS ............................................. 37
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 37
2 EXISTEM DIFERENÇAS? ........................................................................................... 37
3 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS ............................................................................. 41
4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O ERRADO .............................. 43
5 O SUJEITO ÉTICO-MORAL ........................................................................................44
6 A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL: A NECESSIDADE DO 
 DESENVOLVIMENTO HUMANO ................................................................................ 46
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 54
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 55
TÓPICO 3 – A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE .................................................... 57
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 57
2 VALORES .................................................................................................................... 57
3 ÉTICA E LIBERDADE: LIBERDADE COMO CAPACIDADE HUMANA .................... 64
4 A ESSÊNCIA DA MORAL COM EMBASAMENTOS ÉTICOS PARA A 
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE v
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE vi
 VIDA COTIDIANA ........................................................................................................ 67
5 RELAÇÕES HUMANAS SOCIAIS .............................................................................. 68
6 DIFERENTES TIPOS DE INTERESSES ..................................................................... 72
6.1 O BEM COMUM ........................................................................................................ 72
6.2 O INTERESSE INDIVIDUAL ..................................................................................... 73
6.3 O INTERESSE COLETIVO ....................................................................................... 73
6.4 O INTERESSE PÚBLICO .......................................................................................... 74
6.5 O INTERESSE PROFISSIONAL ............................................................................... 74
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 78
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 79
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 80
UNIDADE 2 – A POLÍTICA ............................................................................................. 81
TÓPICO 1 – A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL .................................................... 83
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 83
2 O PENSAMENTO POLÍTICO NA IDADE MÉDIA ........................................................ 83
3 ÉTICA CRISTÃ ............................................................................................................ 85
3.1 AGOSTINHO DE HIPONA ......................................................................................... 90
3.2 TOMÁS DE AQUINO ................................................................................................. 93
4 A POLÍTICA NA MODERNIDADE ............................................................................... 96
5 A CONTEMPORANEIDADE - NOVOS DESAFIOS E QUESTIONAMENTOS ........... 99
6 A SOLIDARIEDADE TEM VEZ? ................................................................................ 103
7 ALGUMAS QUESTÕES POLÊMICAS DA ATUALIDADE ........................................ 105
7.1 FAMÍLIA ................................................................................................................... 106
7.2 SOCIEDADE CIVIL ................................................................................................. 107
7.3 ESTADO ................................................................................................................... 111
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 112
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................ 115
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 116
TÓPICO 2 – A FILOSOFIA POLÍTICA ........................................................................... 117
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 117
2 POLÍTICA PARA TODOS ........................................................................................... 117
3 ASPECTOS FILOSÓFICOS DA POLÍTICA ............................................................... 121
4 POLÍTICA E ÉTICA .................................................................................................... 124
4.1 DILEMAS ÉTICOS .................................................................................................. 128
4.2 ASPECTOS DA CONSCIÊNCIA ÉTICA E DA LEI ................................................... 129
4.3 ÉTICA COMO INSTRUMENTO POLÍTICO DE GESTÃO E LIDERANÇA .............. 130
5 A PRÁTICA MORAL EM NOSSA SOCIEDADE ........................................................ 132
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 136
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 139
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE vii
TÓPICO 3 – A POLÍTICA E O BRASIL ........................................................................ 141
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 141
2 FAMÍLIA REAL NO BRASIL ...................................................................................... 142
3 A DEMOCRACIA ........................................................................................................ 143
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 146
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 148
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 149
AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 150
UNIDADE 3 – A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO ................................. 151
TÓPICO 1 – VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO ....................................................... 153
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 153
2 A GLOBALIZAÇÃO ................................................................................................... 153
3 A SOCIEDADE CAPITALISTA ................................................................................... 160
3.1 BREVE HISTÓRICO ............................................................................................... 160
3.2 CARACTERÍSTICAS ............................................................................................... 165
4 A RELAÇÃO ENTRE TRABALHO, SER SOCIAL E ÉTICA ..................................... 167
4.1 O QUE É TRABALHO? ........................................................................................... 168
4.2 A ÉTICA DO TRABALHO ........................................................................................169
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 171
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 174
AUTOATIVDADE .......................................................................................................... 175
TÓPICO 2 – PENSANDO A SOCIEDADE .................................................................... 177
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 177
2 GRANDES PENSADORES ........................................................................................ 177
2.1 AUGUSTE COMTE ................................................................................................. 178
2.2 ÉMILE DURKHEIM .................................................................................................. 178
2.3 DURKHEIM E A EDUCAÇÃO .................................................................................. 181
2.4 MARX E ENGELS ................................................................................................... 182
2.5 MARX E A EDUCAÇÃO .......................................................................................... 186
2.6 MAX WEBER ........................................................................................................... 188
2.7 WEBER E A EDUCAÇÃO ........................................................................................ 193
2.8 ZYGMUNT BAUMAN .............................................................................................. 194
2.9 JÜRGEN HABERMAS ............................................................................................. 196
2.10 HANS JONAS ........................................................................................................ 197
3 SOCIEDADE DO CONTROLE ................................................................................... 201
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 205
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 206
TÓPICO 3 – SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO ................................................... 207
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 207
2 NOVOS CIDADÃOS .................................................................................................. 207
ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE viii
2.1 CONCEITO DE CIDADANIA ................................................................................... 208
3 UM NOVO HOMEM .................................................................................................... 212
3.1 HOMEM OPERACIONAL ........................................................................................ 213
3.2 HOMEM REATIVO .................................................................................................. 214
3.3 HOMEM PARENTÉTICO ........................................................................................ 214
4 UMA NOVA SOCIEDADE COM RESPONSABILIDADE .......................................... 215
4.1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................................................... 215
4.2 DIREITOS COM JUSTIÇA SOCIAL ........................................................................ 219
4.3 RESPEITO À DIVERSIDADE E AO PLURALISMO ................................................ 221
5 A SOCIEDADE EM CONSTRUÇÃO .......................................................................... 222
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 226
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 227
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 228
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 229
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UNIDADE 1
A étIcA E A morAl
objEtIvos DE AprENDIzAgEm
 Esta unidade tem por objetivos:
	compreender o conceito de ética e o conceito de moral;
● verificar a evolução da conduta moral ao longo dos anos;
● identificar a importância da ética e da moral para o desenvolvimento 
da sociedade.
TÓPICO 1 – ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
TÓPICO 2 – A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM 
JUNTAS
TÓPICO 3 – A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
plANo DE EstUDos
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada 
um deles, você encontrará um resumo e atividades que reforçarão o 
seu aprendizado.
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
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ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
Vamos iniciar este tópico buscando a compreensão dos conceitos de ética e moral, 
assim como sua contribuição para a valorização das relações humanas.
Não podemos falar de ética sem vislumbrar a filosofia como fundamento da própria ética e 
da moral. A filosofia foi campo fértil, ao longo da história da humanidade, para o desenvolvimento 
da moral e da ética como parte integrante de uma sociedade que queremos sempre melhor. 
Enquanto a filosofia nos lança nos questionamentos acerca do que é certo e do que é errado, 
a ética nos conduz no caminho daquilo que acreditamos ser o melhor para nós mesmos e 
para os outros. Com esta unidade você terá oportunidade de aprender a construção histórica 
e social da moral, bem como os conceitos de valor e da ética. Também terá oportunidade de 
perceber que a moral está fundamentada (como a fundação de uma construção) a um ethos 
que foi constituído durante a modernidade pelo modelo epistemológico inaugurado naquele 
período. Você poderá analisar e refletir sobre os valores que norteiam o nosso agir nos dias 
atuais e como esse agir foi se modificando na história da cultura ocidental.
UNIDADE 1
2 A ÉTICA
Ao longo da história da humanidade, várias têm sido as áreas que fomentam reflexões 
acerca da ética, até porque a humanidade necessita de acordos para que a sua interação e 
convivência se tornem sustentáveis. Por isso vamos também estudar as concepções doutrinais 
da Grécia até a contemporaneidade.
É nessa perspectiva, da convivência, do entendimento, que queremos trabalhar os 
conceitos a seguir.
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2.1 CONCEITO
Quando falamos de ética, não podemos limitar a uma realidade somente conceitual, em 
que as práticas encontram-se distanciadas do nosso dia a dia, mas, na verdade, ao estudarmos 
a ética poderemos observar que a mesma se encontra implícita nas ações humanas.
No nosso dia a dia, a ética tem presença garantida, porque ela faz parte do ser humano 
em todas as suas atividades, funções, espaço, ou seja, na família, no trabalho, no lazer, enfim, 
onde o ser humano interage com outro, a ética aí se faz presente.
Uma boa percepção de ética vem de Solomon (2006, p. 12), segundo o qual “estudar 
ética não é escolher entre o bem e o mal, mas é se sentir confortável diante da complexidade 
moral”. Nesse sentido, estudar, refletir e entender ética, a sua mais-valia, se faz ao pensarmos 
no contexto da nossa sociedade, nas atitudes humanas.
FIGURA 1 – ÉTICA
FONTE: Disponível em: <http://filosofiapibidufba.blogspot.com.br/2011/04/o-termo-etica-deriva-do-grego-ethos.html>. Acesso em: 8 maio 2012.
ATEN
ÇÃO!
Caro(a) acadêmico(a)! Você sabe a diferença entre ética e moral?
Diversas questões éticas e morais são facilmente confundidas, como coloca Valls (1994, 
p. 7): “A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de 
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explicar, quando alguém pergunta”.
Vejamos então algumas definições sobre ética dentre as referências bibliográficas 
pesquisadas, para nos auxiliar na formação do conceito de ética:
Tradicionalmente, ela é entendida como um estudo ou uma reflexão, científica 
ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as 
ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quando 
conforme aos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de com-
portamento. (VALLS, 1994, p. 7).
“A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou 
seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano.” (VÁZQUEZ, 2003, p. 23).
Ética é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com vistas à 
felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o ponto de vista 
da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata a Ética, da boa e da 
má conduta e da correlação entre boa conduta e felicidade, na interioridade 
do ser humano. A Ética não é uma ciência teórica ou especulativa, mas uma 
ciência prática, no sentido de que se preocupa com a ação, com o ato humano. 
(ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2006, p. 3).
Etimologicamente falando, ética é derivada do grego ethos, que significa costume, 
hábitos e valores de determinada coletividade. A palavra moral deriva do latim mos – ou mores 
no plural – que também significa costume ou as normas adquiridas como hábito. Segundo o 
Houaiss (2009, p. 324), ética é: “1) Estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta 
humana, do ponto de vista do bem e do mal; 2) Conjunto de normas e princípios que norteiam 
a boa conduta do ser humano”.
A Ética é um saber científico que se enquadra no campo das Ciências Sociais. 
É uma disciplina teórica, um sistema conceitual, um corpo de conhecimentos 
que se torna inteligível aos fatos morais. Mas o que são fatos morais? São os 
fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao mal, juízos sobre as condutas dos 
agentes, convenções históricas sobre o que é certo e errado, justo e injusto, o 
que é certo ou errado? Toda coletividade formula e adota os padrões morais 
que mais lhe convém. (SROUR, 2003, p. 7-8).
Portanto, do ponto de vista etimológico, ética e moral significam a mesma coisa, 
contudo há o limiar tênue entre uma e outra. E isso você poderá observar à medida que vamos 
nos aprofundando no assunto. Veja então, resumidamente: “A ética é teoria, investigação ou 
explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens, ou 
da moral, considerado, porém, na sua totalidade, diversidade e variedade”. (VÁZQUEZ, 2003, 
p. 21). A moral é o estudo dos costumes de uma determinada sociedade numa determinada 
época e lugar.
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UNI
● Excisão feminina ou circuncisão feminina: 
WARIS, Dirie; MILLER, Cathleen. Flor no 
deserto. São Paulo: Editora Hedra, 2001.
Esse livro é um relato de Waris Dirie, modelo 
internacional e embaixadora das Organizações 
das Nações Unidas – ONU, em que luta pela 
erradicação da mutilação genital feminina. 
Nascida no deserto da Somália, Waris Dirie foi 
mutilada igualmente a muitas outras meninas. 
Ela foge de seu país e chega a Londres, onde 
desenvolveu trabalhos domésticos até se 
projetar mundialmente como modelo e porta-voz da luta contra 
a circuncisão feminina. Você pode encontrar com o mesmo título 
em DVD.
O que Srour (2003) quer observar é que a ética será sempre o estudo dos valores 
morais, e esses se relativizam conforme a história da humanidade. 
Vários exemplos de práticas da coletividade mundial poderiam se perfilar aqui. E 
chegaríamos à conclusão de que as condutas morais, independente de serem aceitáveis ou 
não do nosso ponto de vista, são práticas de uma sociedade. Vamos citar alguns exemplos 
que você poderá aprofundar:
Infanticídio significa assassínio de recém-nascido ou de criança; o ato de matar 
o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo 
depois. O infanticídio feminino é prática que ainda acontece na China, em 
função da política do único filho. (FERREIRA, 2001, p. 417). 
Outro exemplo de prática é a excisão feminina ou circuncisão feminina. É a mutilação 
genital feminina, prática realizada em meninas adolescentes para que não tenham prazer no 
ato sexual.
2.2 O CAMPO DA ÉTICA
Embora a ética seja um assunto basicamente filosófico, seu campo de atuação e reflexão 
pode ser estendido por todas as áreas. A ética também se divide em vários campos do saber: 
teologia, filosofia, psicologia, direito, economia e outros.
A ética como disciplina teórica busca explicar e indicar o melhor comportamento do ponto de 
vista moral, mas como toda teoria não se distancia da prática, porque é a prática do comportamento 
humano que a sustenta e tem como função fundamental “explicar, esclarecer ou investigar uma 
determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes”. (VÁZQUEZ, 2003. p. 20).
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Os problemas teóricos da ética podem ser divididos em dois campos:
1) os problemas gerais e fundamentais: liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros;
2) os problemas específicos: aplicação concreta, ou seja, ética profissional, ética política, 
entre outros.
FONTE: Adaptado de: Valls (1994, p. 8)
Srour (2011) aborda as acepções e confusões que a ética provoca. Ele considera que 
existem três tipos de acepções que podem causar confusões, porque ampliam demais as 
concepções da ética: 
1 - A ética é descritiva – que corresponde a juízo de valor, ou seja, quem tem boa conduta 
pode ser considerado como uma pessoa ética, ou seja, uma pessoa virtuosa e íntegra. 
Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode ser considerado ‘sem ética’. 
Nesse sentido, Srour (2011) considera que a ética assume uma ideia simplista reduzida a 
um valor social, ou apenas um adjetivo.
2 - A ética é prescritiva – a ética como “sistema de normas morais ou a um código de deveres” 
(SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões morais que deveriam conduzir categorias sociais 
ou organizações passam a se chamar de código de ética; nesse sentido de prescrição a ética 
e moral tornam-se sinônimo indistinguível.
3 - A ética é reflexiva – que corresponde à teoria de um estudo sistemático como objeto de 
investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode ser considerada como:
• Ética filosófica – que reflete sobre a melhor maneira de viver (ideais morais).
• Ética científica – que estuda, observa, descreve e explica os fatos morais (a moralidade 
como fenômeno).
ATEN
ÇÃO!
A ética filosófica quer refletir sobre a maneira de viver.
A ética científica quer observar e descrever a maneira de viver.
Visto tudo isso, você pode pensar: então estudar ética é muito complicado? Claro que 
não, a ética dá a oportunidade para refletir a maneira de viver e entender os costumes do 
nosso tempo.
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2.3 O VALOR DA ÉTICA
Qual seria mesmo o valor da ética para a sociedade? A ética é o discernimento de 
que, embora existam práticas que poderiam ser consideradas ‘morais’, por se tratarem de 
recorrentes na sociedade, ainda assim são práticas que não se suportam do ponto de vista 
ético. A corrupção, porexemplo, tem sido ato recorrente no cenário político nacional e nem por 
isso tornou-se moral e eticamente aceitável.
Então podemos dizer que tudo que é legal é moral? Ou se é moral é legal? Todos nós 
conhecemos algumas práticas que com o passar do tempo tornaram-se costumes e hábitos. 
Mas não quer dizer que práticas como a corrupção passarão a ser aceitas, pela sua recorrência 
ou porque a sociedade já se acostumou.
Práticas que prejudicam a maioria, que não preservam o bem comum, que não 
beneficiam a sociedade, que não preservam a felicidade apontam ao valor da ética, porque é 
através da ética que é possível fundamentar a moralidade e a legalidade.
Então é por isso que a ética tem enorme valor para a sociedade como um todo, porque 
seu papel é fazer reflexões acerca do comportamento humano e a preservação do bem comum 
e da felicidade da ‘cidade’.
ATEN
ÇÃO!
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal.
As questões de legalidade, ilegalidade, moralidade e imoralidade, apresentadas por 
Srour (2003), são muito importantes para que se possa observar na prática o que há de legal 
e moral nas ações do nosso cotidiano.
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal. Vejamos algumas situações 
apresentadas por Srour (2003, p. 59), de acordo com o quadro que segue:
QUADRO 1 – LEGALIDADE E MORALIDADE
Quanto à legalidade? Quanto à moral? Exemplo:
LEGAL MORAL Treinamento de funcionários patrocinado por uma empresa.
LEGAL IMORAL
Falta de correção da tabela do Imposto de Renda 
por longos anos, sob a alegação de que fazê-lo 
seria introduzir o instituto de correção monetária.
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ILEGAL MORAL Desrespeito aos sinais vermelhos de madrugada nas grandes cidades pelo receio de assaltos.
ILEGAL IMORAL As fraudes em licitações públicas.
FONTE: Adaptado de: Srour (2003, p. 59)
Estudar ética, falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender toda a dimensão 
da sociedade, da humanidade. A ética, por si só, não vai elaborar um manual de condutas, 
nem tampouco elencar um rol de atitudes certas e erradas.
2.4 ÉTICA E JUSTIÇA
O trabalho em sociedade implica tomar decisões. A todo tempo se decide sobre questões 
gerais e específicas, internas e externas de uma organização.
De acordo com Alonso, Lopes e Castrucci (2010, p. 110), existem três tipos de 
características na tomada de decisões: 
1) decisão pessoal – é o ato humano, livre e de inteira responsabilidade de 
quem toma a decisão; 
2) decisão ética – é o ato do homem, em que a moralidade norteia; 
3) decisão que afeta outrem – é a decisão que considera princípios éticos e 
toma conhecimento dos direitos e limita-se a tais aspectos.
O que os autores querem esclarecer é que as decisões envolvem essas três 
características: o aspecto pessoal da decisão, a moralidade e a ética do quanto a decisão 
pode interferir no outro.
A ética influencia o processo de tomada de decisão para determinar quais são os 
principais valores. A tomada de decisão envolve momentos de escolha entre o bem e o mal e 
entre o bem e o bem. É nesse momento que a alteridade e a justiça tomam parte.
A tomada de decisão envolve a alteridade, que é o senso de justiça, porque diz respeito 
aos outros. Dessa forma, existem tipos de justiça a conhecer que não se esgotam por si só, 
mas organizam a sociedade e dão as prioridades.
● Justiça social – a justiça social apresenta duas vertentes: a) justiça legal – que são as 
obrigações dos cidadãos para com o Estado; b) justiça distributiva – que são as obrigações 
do Estado para com seus cidadãos.
● Justiça legal – “compreende as obrigações dos cidadãos para a sociedade politicamente 
organizada, tais como pagamento de impostos, prestação de serviços públicos (serviço 
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militar, serviços emergenciais) etc.” (ALONSO; LOPES; CASTRUCCI, 2010, p. 111).
● Justiça distributiva – leva em consideração o mérito, ou seja, procura respostas às 
desigualdades e regula as relações entre a comunidade, tais como o imposto de renda: 
quem ganha mais paga mais e quem ganha menos paga menos ou não paga.
● Justiça comutativa – vem do direito positivo, também conhecida como corretiva, é a justiça 
que intercede entre as pessoas físicas ou jurídicas, em virtude de contratos em que são 
fixadas as obrigações das partes.
● Justiça equitativa – é aquela que parte do pressuposto de que todos são iguais.
A justiça, junto à moral e à ética, conduz o ser humano a práticas mais eficientes. Nesse 
caso, não estamos falando da justiça como entidade jurídica, mas da justiça de realizar ações 
que sejam de consciência ética e moral e, é claro, legal.
2.5 ÉTICA E FILOSOFIA
A ética tornou-se um campo vasto nas diversas áreas científicas. Na área médica, 
por exemplo, existe uma grande preocupação quanto ao que é ético ou não nas pesquisas 
de campo, por se tratarem de pesquisas que lidam com o ser humano. Existe um código de 
moral, na verdade chamado de código de ética, que limita e/ou exige que a integridade do ser 
humano seja respeitada.
Apesar de hoje a ética ser uma disciplina adotada em quase a totalidade de áreas 
existentes, seja nas ciências exatas, humanas, biomédicas, sociais, entre outras, ainda assim, 
para que se possa entender a complexidade de seu dinamismo e, por que não, a simplicidade 
de sua reflexão, não se pode fugir da sua origem filosófica.
A filosofia é o arcabouço para os desdobramentos da ética, por isso que existem algumas 
correntes que argumentam contra o caráter científico e independente da ética. A respeito disso, 
Vázquez (2003, p. 25) observa:
Mas, já como assinalamos, isso se aplica a um tipo determinado de ética – a 
normativa –, que se atribui a função fundamental de fazer recomendações e 
formular uma série de normas e prescrições morais; mas esta objeção não 
atinge a teoria ética, que pretende explicar a natureza, fundamentos e condi-
ções da moral, relacionando-a com as necessidades sociais do homem.
Nesse sentido, a apropriação da ética, seja no sentido filosófico ou científico, busca na 
fonte filosófica a doutrina para melhor entender a ética, seja em qual área for. 
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Vamos então para o próximo passo. Já vimos alguns conceitos que aproximam a ética 
da moral. No próximo ponto vamos então entender a moral, sem deixar de recorrer à ética, 
pois você deve ter percebido que não é possível falar de ética sem falar da moral e vice-versa.
3 A MORAL
Caro acadêmico! Conversamos no primeiro ponto sobre a ética e você pode perceber 
que já apareceram alguns aspectos da moral, ou seja, existe uma interface entre moral e ética 
que é indissociável. O importante desse ponto é dar destaque ao conceito de moral e você 
compreender o comportamento humano em relação ao que é moral. Vamos seguir praticamente 
o caminho do conhecimento dos pontos desenvolvidos em relação ao estudo da ética.
3.1 CONCEITO DE MORAL
De acordo com Srour (2003), a ética é perene e a moral é mutável. A ideia de ética é 
que ela não muda, a ética faz reflexões acerca dos costumes, que é o campo da moral. Para 
melhor compreendermos, no Brasil, temos a história da mulher como um bom exemplo de 
mudança de costumes e, por conseguinte, mudança de valores morais.
UNI
● História da mulher no Brasil: DEL PRIORE, Mary 
(Org.). História das mulheres no Brasil. São 
Paulo: Contexto, 1997.
Essa obra conta a trajetória das mulheres, 
desde o Brasil colonial. O livro narra a história 
da mulher, os principais aspectos de seu tempo 
e interseções, como: família, trabalho, mídia, 
literatura, violência, entre outros.
Até a década de 30, a mulher nãopodia votar e nem ser votada, portanto o sufrágio 
feminino foi uma conquista de equiparar a mulher ao homem e torná-la um membro da sociedade 
como qualquer um, ou seja, uma pessoa participativa aos desígnios políticos do país.
No cenário político nacional, a primeira mulher a se tornar deputada federal foi em 1933, 
e somente em 1979 foi eleita a primeira senadora. Em 2011 o país elegeu pela primeira vez 
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uma mulher como Presidente da República. Se você observar os anos – 1933, 1979 e 2011 
–, verá o quanto demora para que os valores se transformem e, ao mesmo tempo, depois de 
estabelecida a mudança, esses valores tornam-se tão familiares que nem mais pensamos 
nessa trajetória de conquista e transformação.
No mundo do trabalho, a mulher conquistou espaço tardiamente, e por esse motivo, 
várias são ainda as desigualdades entre a mulher e o homem no mundo do trabalho. Existem 
diversas pesquisas que apontam mulheres e homens com mesmo nível de escolaridade e 
mesma função e que têm salários diferentes.
FIGURA 2 – A CONQUISTA DA MULHER
FONTE: Disponível em: <http://paduacampos.com.br/2012/2012/07/27/charge-
elas-estao-ocupadas-mesmo/>. Acesso em: 27 maio 2013.
Não se pretende aqui fazer algum tipo de apologia à mulher, muito pelo contrário, a 
mulher é só um bom exemplo para que possamos perceber o quanto ela se transformou perante 
a sociedade. Antes ela não votava e nem era votada, antes ela não trabalhava fora de casa, 
antes a sua vida limitava-se a cuidar de filhos e marido e da casa. E hoje?
FIGURA 3 – CONQUISTA DA MULHER
FONTE: Disponível em: <http://andorinharosa.blogspot.com.br/2009/03/um-
poema-em-homenagem-ao-dia.html>. Acesso em: 27 maio 2013.
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A moral é temporal e é reflexo dos costumes da sociedade.
Portanto, a moral são os costumes, são as práticas do comportamento humano e as 
práticas aceitáveis de uma sociedade. Então, como esses costumes, práticas e culturas mudam? 
Mudam quando a própria sociedade clama por mudanças ou quando, a partir de um movimento de 
um grupo, procura-se conscientizar o resto da sociedade da importância de pensar e agir diferente. 
Foi dado o exemplo da mulher, mas muitos são os outros exemplos que se enquadrariam nesse 
momento para ilustrar essa transformação de valor e costume, a exemplo do homossexualismo, 
doenças que carregavam preconceitos e hoje não mais, entre outros grandes exemplos.
Então se pode dizer que a moral é mutável, como diziam os romanos – “o tempora, o 
mores” – ou seja, os costumes mudam com o tempo. 
Srour (2003, p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a ser moral:
● É um sistema de normas culturais que pauta as condutas dos agentes sociais de uma 
determinada coletividade e lhes diz o que é certo ou não fazer.
● Depende da adesão de seus praticantes aos pressupostos e valores que lhe servem de 
fundamentos.
● Representa um posicionamento diante das questões polêmicas ou sensíveis e constitui 
um discurso que justifica interesses coletivos.
● Organiza expectativas coletivas ao selecionar e definir melhores práticas a serem 
observadas.
● Tem natureza simbólica, essência histórica e caráter plural, e seus cânones variam à 
medida que espelham as coletividades históricas que o cultivam.
Srour (2003, p. 57) ainda resume a moral comparativamente à ética:
Por isso mesmo, as morais são as nervuras sensíveis das culturas e dos ima-
ginários sociais, as peças de resistência que armam as identidades organiza-
cionais, códigos genéticos das condutas sociais requeridas pelas coletividades. 
Assim sendo, enquanto as morais correspondem às representações mentais 
que dizem aos agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos 
são recomendados e quais não o são, a ética diz respeito à disciplina teórica 
e ao estudo sistemático dessas morais e de suas práticas efetivas.
Portanto, o quadro que segue auxilia na formulação de um comparativo entre ética e 
moral, para que essas palavras-chave possam ajudar na diferenciação de uma e outra.
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QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE ÉTICA E MORAL
ÉTICA MORAL
Perene Temporal
Universal Cultural
Regra Conduta da regra
Teoria Prática
FONTE: A autora
A ética é perene porque as suas reflexões são num curso contínuo e eterno, sempre 
haverá reflexões sobre a ética. Já a moral é temporal, porque de acordo com o tempo, os 
costumes e valores de uma sociedade se modificam.
A ética é universal porque as suas reflexões independem da cultura, sociedade ou 
tempo histórico, as suas reflexões cabem em qualquer lugar e em qualquer tempo, porque se 
referem ao comportamento humano. A moral é cultural porque em cada sociedade, em cada 
lugar, os costumes e valores serão diferentes.
A ética é regra, porque não existe mutabilidade em suas reflexões, as suas reflexões é 
que podem ser realizadas perante as mudanças. A moral é conduta de regra, porque é preciso 
relacionar os valores para que a moral possa instituir a sua conduta.
A ética é teoria porque está situada no campo das reflexões, enquanto a moral se refere 
às práticas do comportamento humano, seus costumes, seus hábitos e seus valores.
Essas as principais diferenças entre ética e moral, que ajudam para auxiliar na 
compreensão quanto às suas ramificações e desdobramentos.
3.2 CAMPO DA MORAL
O campo da moral, pela sua mutabilidade, se torna um campo vasto, em que se 
possibilita uma multiplicidade de ações. Até porque a moral é oriunda das ações e interações 
humanas. A moral, portanto, está em toda parte, nas escolas, nas igrejas, nos hospitais, nas 
organizações privadas e públicas.
É através da moral que os códigos de convivência são estipulados, para que as pessoas 
se comportem adequadamente e também para que haja harmonia na interação humana e da 
instituição.
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Do ponto de vista dessas ações humanas existem dois universos que se constroem 
perante o fim de suas ações: universal e particular.
Na administração pública, por exemplo, os atos administrativos devem estar voltados 
ao universal, porque as suas ações sempre devem preservar o interesse coletivo, portanto no 
meio da administração pública não cabem atos administrativos voltados ao interesse particular.
O campo da moral é vasto, a moral é o alicerce para que a sociedade possa estipular as 
suas regras de convivência. Portanto, condutas morais não são exclusividade da administração 
pública, as condutas morais estão presentes a todo tempo e em qualquer lugar.
Se você for um servidor público, legislador, ou quem sabe um responsável na elaboração 
de políticas públicas, ou simplesmente um cidadão, deve se perguntar: Quem são as pessoas 
que irão se beneficiar com a minha ação? Quais são as atitudes mais apropriadas para que 
um maior número de pessoas possam se beneficiar com as minhas atitudes? A minha ação é 
de interesse próprio ou de interesse coletivo?
Essas perguntas e tantas outras ajudam a sinalizar em qual campo da moral se 
encaminham as nossas ações.
Segundo Srour (2011), existem dois universos que se podem tomar como o início para 
melhor compreensão da prática moral: particularismo e universalismo.
FIGURA 4 – UNIVERSALISMO E PARTICULARISMO
FONTE: Srour (2011, p. 9)
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O universalismo dita as condutas morais positivas, em que existe o consenso para que 
o bem comum seja preservado. Nesse sentido, mesmo quando existem ações voltadas aointeresse de uma minoria ou de um grupo específico, ainda assim esses interesses não vão se 
confrontar com o interesse dos demais. Não há uma rivalidade de interesses, pelo contrário, 
a satisfação dos interesses se dá de forma consensual.
No particularismo, os interesses pessoais ou de um grupo se prevalecem em 
detrimento do interesse de outros, por isso são práticas negativas. Não há um consenso 
de quem precisa mais, para que as práticas nesse universo sejam realizadas de forma 
consensual e em preservação do bem comum. Pelo contrário, existe uma rivalidade de 
interesses para que a vontade de uns se realize independente da necessidade de um ou 
de outro ser maior.
A administração pública, com certeza, está na esfera do universalismo, e é por isso que 
ela existe e é dessa forma que ela deve servir aos cidadãos. Mas o servidor público, que é o 
condutor da prática do serviço público, poderá se encontrar na polaridade da escolha entre 
universalismo e o particularismo, em pequenas atitudes do seu cotidiano.
3.3 MORAL, AMORAL E IMORAL
No item anterior foi possível diferenciar fatos morais de fatos sociais, e dissemos ainda 
que um fato moral pudesse afetar positivamente ou negativamente outrem. Então fato moral se 
divide em moral, quando positivo, e imoral quando negativo. E fato social seria o que alguns 
autores chamam amoral.
Então, o que é agir conforme a moral? O que é o agir imoralmente? Ou o que é uma 
atitude amoral? Como podemos diferenciá-los? De forma bem resumida pode-se dizer que:
● Moral – é agir conforme os valores da sua organização ou sociedade sem prejudicar os 
outros.
● Imoral – é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma organização ou sociedade 
e que prejudica os outros.
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● Amoral – quando uma atitude não influi nem positiva e nem negativamente, ou seja, é uma 
ação neutra.
Pode-se concluir que uma atitude moral é uma ação positiva, uma atitude imoral é uma 
ação negativa e uma atitude amoral é uma ação neutra. Dessa forma, o âmbito da moral é 
decidir como agir, é uma questão da prática, enquanto que o âmbito da ética é refletir sobre 
essas ações e suas implicações na felicidade humana.
4 CONCEPÇÕES DOUTRINAIS DA GRÉCIA 
 ANTIGA À CONTEMPORANEIDADE
O conceito de ética visto anteriormente, bem como sua relação com a filosofia, 
com a moral, nos mostrou a grande contribuição e importância da corrente filosófica ao 
mundo da ética e da moral. Neste ponto sobre concepções doutrinais da Grécia antiga 
à contemporaneidade, vamos apresentar as principais doutrinas éticas de acordo com o 
seu tempo.
4.1 IDADE ANTIGA
A Idade Antiga é representada pelos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, e é nessa 
época que a ética adquire extremo valor. Esses filósofos se preocupavam com o ser no mundo 
físico, voltados aos problemas sociais e morais. Embora não haja propriamente coesão no 
pensamento e doutrina dos três, ainda assim suas ideias tornam-se próximas no sentido da 
reflexão acerca do homem e da cidade. 
O estudo da Ética, se pode dizer, teve início com os filósofos Sócrates, Platão e 
Aristóteles. O livro Ética a Nicômaco é uma obra de referência, em que a ética vai determinar 
que a finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia).
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Eudaimonia quer dizer felicidade para a filosofia. “Em geral, estado 
de satisfação de alguém com sua situação no mundo”. 
FONTE: Abbagnano (2007, p. 455-505)
Nessa época, a questão da ética era o bem supremo da vida humana e, de acordo com 
Passos (2004, p. 32), “não devia consistir em ter a sorte ou ser rico, por exemplo, e sim em 
proceder e ter uma alma boa”.
Para Socrátes, a questão ética era o que bastava o homem saber, ter bondade para ser 
bom. O conhecimento, para Sócrates, era uma virtude, porque pensava que com o conhecimento 
o homem conseguia ser bom e ter a felicidade. Por esse motivo é que há um entrelaçamento 
entre bondade, conhecimento e felicidade.
Para Platão, o conceito de cidade (polis) perfeita estava baseado em valores éticos e 
morais. Platão aborda que os conceitos da mente humana não são reais, mas sim imagens 
reflexas. Diferente de Socrátes, Platão considerava que a moral é a arte de preparar o indivíduo 
para a felicidade que não se encontra na vida terrena.
Em Aristóteles, a felicidade, finalidade suprema da ética, só pode ser alcançada se o 
homem fosse capaz de moderar suas paixões. Aristóteles preocupou-se com a forma como 
as pessoas viviam na sociedade e contribuiu muito para o entendimento da ética e a busca 
da felicidade individual e coletiva. De acordo com Passos (2004, p. 34), Aristóteles propunha 
uma ética finalista:
no sentido de visar um fim, no caso, que o ser humano pudesse alcançar a feli-
cidade. Entendia a moral como um conjunto de qualidades que definia a forma 
de viver e de conviver das pessoas, uma espécie de segunda natureza que 
guiaria o homem para a felicidade, considerada a aspiração da vida humana.
Sócrates foi considerado um marco da filosofia, de modo que todos os filósofos 
que antecederam a época dos filósofos citados são conhecidos por pré-socráticos. Os pré-
socráticos também eram conhecidos como naturalistas, ou filósofos da natureza. Esses filósofos 
preocupavam-se mais em entender as coisas, em dar explicação para a natureza e para o 
mundo.
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FIGURA 5 – SER UM FILÓSOFO
FONTE: Disponível em: <http://www.umsabadoqualquer.com/category/socrates/>. Acesso em: 27 
maio 2013.
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Sócrates (469-399 a. C.) – é responsável pelo método da 
indagação, o que se restringe ao homem, sem interesse na 
natureza. “Identificação entre ciência e virtude, no sentido de que 
só é possível ensinar e aprender a virtude, e não é possível praticar 
o bem sem conhecê-lo”. (ABBAGNANO, 2007, p. 1085).
Platão (427-347 a. C.) – responsável pela doutrina das ideias, 
sabedoria e dialética. (ABBAGNANO, 2007, p. 892).
Aristóteles (394-322 a. C.) – responsável pelo conceito da 
metafísica, da lógica, inspirou várias outras tendências do mundo 
medieval e moderno. 
FONTE: Abbagnano (2007, p. 90)
A ideia da polis (cidade) é muito importante, porque é referência na organização social 
da sociedade em prol do bem comum. É que os homens se reuniam e decidiam o melhor para 
todos, assim como aborda Passos (2004, p. 32):
O surgimento da polis fez com que o centro da cidade passasse a ser a praça 
pública, a ágora. Nela aconteciam as discussões e era permitida a participação 
de todos os cidadãos, quais sejam: os homens adultos, excetuando-se os es-
cravos e os estrangeiros. Nessa nova forma de organização social e política, a 
democracia, o logos, ou seja, a razão, a palavra e o discurso tornaram-se mais 
importantes do que a condição social e econômica do indivíduo. Isso porque 
se entendia que os assuntos públicos dependiam do poder de argumentação.
Outro autor importante a que podemos recorrer é Passos (2004), que em seu livro “Ética 
nas organizações”, discorre e elucida resumidamente sobre as principais doutrinas éticas, 
apresentando como principais filósofos:
● Sócrates (469-399 a. C.):
dedicou-se à busca da verdade, que deveria ser uma forma de juízo universal, 
capaz de dirigir a vida das pessoas, no plano pessoal e político”. Para Sócra-
tes, “as questões morais não são puramente convenções influenciadas pelas 
circunstâncias, mas problemas que devem ser resolvidos à luz da razão”. 
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(PASSOS, 2004, p. 32-33).
● Platão (427-347 a. C.): sua teoria ética relaciona-secom a política e a razão (prudência), 
sua maior contribuição foi vislumbrar a cidade perfeita guiada pelos princípios morais.
● Aristóteles (384-322 a. C): “O bem moral consistia em agir de forma equilibrada e sob a 
orientação da razão. O ‘meio-termo’, o ponto justo, levaria à felicidade, a uma vida ‘boa e 
bela’, não como privilégio individual e sim coletivo”. (PASSOS, 2004, p. 35).
● Epicuro (341-270 a. C): teve sua filosofia dividida em três partes: canônica, física e ética; 
“uma vida feliz é impossível sem a sabedoria, a honestidade e a justiça, e estas, por sua 
vez, são inseparáveis de uma vida feliz”. (CARBISIER apud PASSOS, 2004, p. 35).
● Zenão (324-263 a. C.): doutrina do estoicismo, que é uma ética, uma forma de viver em que 
a natureza consistia na orientação central, que significava viver conforme a virtude.
Vistos os principais nomes da filosofia da Idade Antiga, é interessante o seu estudo e sua 
contribuição à ética, na medida em que o pensamento filosófico, também como os costumes, se 
embebe de novas fontes, contudo sem perder o fio condutor em relação à sua reflexão quanto 
aos aspectos morais e às virtudes. Vamos para o próximo período, a Idade Média.
4.2 IDADE MÉDIA
A Idade Média é identificada muito fortemente pelo Renascimento, que foi considerado 
um movimento literário, artístico e filosófico que teve duração entre o fim do século XIV ao 
fim do século XVI. Suas características principais foram o humanismo, a renovação religiosa, 
a renovação das concepções políticas e o naturalismo (novo interesse pela investigação da 
natureza).
Nessa época, a situação política e social era mais complexa, por esse motivo não se 
podia pretender a mesma harmonia da polis. De acordo com Passos (2004, p. 37), “também por 
questões ideológicas houve o predomínio da teoria sobre a prática”, e o cristianismo tornou-se 
a religião oficial, o que influenciou as condutas morais.
As concepções filosóficas destacadas por Passos (2004), ou seja, os principais filósofos 
deste período, foram:
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● Santo Agostinho (354-430): ‘compreender para crer, crer para compreender’. Para Agostinho, 
o dom divino era o único capaz de resgatar o homem de seus pecados. Nesse sentido, a 
ética estava ligada aos valores da moral cristã.
● Tomás de Aquino (1225-1274): a ética consiste em agir de acordo com a ordem natural, o 
homem tem livre-arbítrio e, orientado pela consciência, tem uma capacidade de captar, pela 
intuição, a ordem moral – ‘faz o bem e evita o mal’.
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Na Idade Média, a ética tem sua base na moral cristã. Veremos 
mais detalhadamente esta questão e os dois grandes expoentes – 
Agostinho e Tomás de Aquino na próxima unidade.
De acordo com Passos (2004, p. 39), a Idade Média inaugura uma novidade na questão 
da moral:
ao deslocar o eixo fim último da vida humana, de um valor bom em si mesmo 
para um bem que está em Deus. Se, para as concepções anteriores, a felicidade 
era atingida no próprio ser, agora ele se encontra no plano transcendental, e 
atingi-la requer apreender o fim último que se encontra em Deus.
A ética na Idade Média, portanto, foi considerada a fase da era cristã, em que os 
desígnios morais do cristianismo tornavam-se os ditames do comportamento moral. Na Idade 
Média, portanto, o conceito de felicidade não pode ser atingido nem pela razão, nem pela 
filosofia, mas pela fé cristã.
4.3 IDADE MODERNA
Como estudamos a ética, na Idade Antiga, era explicada pela perspectiva da natureza. 
Vamos ainda estudar de modo mais demorado no Tópico 1 da Unidade 2, a perspectiva 
cristã da ética com Agostinho e Tomás de Aquino, em que tudo vinha da natureza ou de 
Deus. Na Idade Moderna essa perspectiva muda e traz o homem como responsável pelas 
suas ações.
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Nesta perspectiva, nossa primeira dificuldade está na demarcação temporal daquilo 
que nomeamos de modernidade. Partindo de uma visão histórica, pautada numa lógica linear, 
podemos estabelecer as fronteiras temporais da modernidade do século XVI ao século XX, 
mas tendo presente que estas datações têm um significativo caráter de arbitrariedade em 
relação aos acontecimentos culturais, políticos, econômicos. Porém, se buscarmos estabelecer 
uma demarcação dos primórdios da modernidade a partir de ideias norteadoras, também 
encontraremos algumas dificuldades, na medida em que a modernidade assume prerrogativas 
medievais em sua constituição, perpassando o pensamento de filósofos e influenciando nossa 
forma de ser e estar no mundo até a contemporaneidade.
Portanto, tendo em vista os limites históricos e conceituais da modernidade, nosso 
esforço será o de destacar alguns pressupostos que consideramos fundamentais para a 
discussão das propostas éticas que se constituirão no desenvolvimento do mundo moderno.
Um dos primeiros pressupostos é o clássico conceito de “antropocentrismo”. O homem 
assume a centralidade do cosmo, ou seja, através do desenvolvimento da razão assume 
a existência em suas próprias mãos (“Cogito, ergo sum” – “Penso, logo existo”, de René 
Descartes), e a explicar os fenômenos, dominar a natureza (Conhecer é poder, de Francis 
Bacon), a construir seu mundo segundo sua vontade e representação (Schopenhauer), 
afastando-se assim da perspectiva teocêntrica medieval que o submetia a uma perspectiva 
heterônoma diante de si, dos outros, do mundo. Portanto, o ser humano moderno passa a 
ser senhor de si, a afirmar em alto e bom tom “eu sou”, sou livre e igual aos outros homens 
por meio da razão, da capacidade de pensar, de refletir e intervir no mundo e modificá-lo, 
modificando-se a si próprio.
Outro pressuposto decorrente dos princípios anteriormente expostos é a ideia de verdade 
presente na modernidade. A verdade já não é mais revelada pelo transcendente ao homem, 
mas o resultado do esforço racional subjetivo de representação que o ser humano realiza 
sobre o mundo, a partir das relações que estabelece em sociedade. Portanto, algo passa a 
ser verdadeiro na medida em que pode ser racionalmente objetivado e universalizado entre 
os seres humanos.
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FIGURA 6 – IDADE MODERNA INDUSTRIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/imagens/
idademoderna_industrial1.gif>. Acesso em: 15 dez. 2007.
A Imagem acima marca uma das maiores revoluções que a 
Modernidade trouxe: A Revolução Industrial. Aliada à técnica, 
fábricas se espalham na Europa primeiramente e depois no 
restante do mundo. O modelo fabril torna-se dominante. O trabalho 
assumiu função central. Produção, distribuição e consumo em larga 
escala. Ao mesmo tempo, impactos civilizacionais e ambientais 
sem precedentes. Ideais de progresso, felicidade e modernização 
fundamentam a perspectiva industrializante. O cenário acima 
denuncia essa irreversível transformação natural.
Os desenvolvimentos da ciência e da tecnologia marcam de forma significativa a 
modernidade. Com o desenvolvimento do método científico o homem moderno aguça seu 
olhar investigador, objetiva o mundo, as coisas, a natureza e a si próprio. A relação sujeito- 
objeto passa a ser determinante nas relações científicas do homem. Os avanços da ciência 
são materializados na tecnologia, que contribui significativamente para tornar a vida do homem 
menos rude e precária frente às forças inóspitas do mundo natural. O trabalho é outro dos 
pressupostos fundamentais da modernidade. No mundo antigo o trabalho era visto pelo cidadão 
grego como humilhação e, portanto, era atividade própria de escravos e estrangeiros. O ideal 
do cidadão era a atividade políticanas ágoras públicas. No mundo medieval, o trabalho era 
apenas condição da subsistência, castigo infringido ao homem em função do pecado original. 
Na modernidade passa a ser atividade criadora do mundo e do próprio homem. O trabalho 
é elevado à condição definidora da subjetividade, “sou aquilo que faço”. Mas também é pelo 
trabalho que o homem modifica a natureza e, ao modificá-la, modifica a si próprio, assumindo 
assim uma ação autocriadora.
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A política também é um dos pressupostos definidores da modernidade. A modernidade 
estabelece a política como um mal necessário. Separa a ética da política (Maquiavel) na 
medida em que deixa claro que é inerente à ação política certo grau de imoralidade, em que 
está pressuposta a vontade de domínio e poder sobre os outros. Porém, a política é condição 
e garantia da vida em sociedade. Vamos aprofundar este tema da política na próxima unidade.
E, por último, a ideia de história ganha na Modernidade um sentido totalmente diferente 
que em outras épocas de nossa civilização. Para os gregos antigos, não havia a noção de 
história, uma vez que estavam submetidos ao eterno retorno do mesmo na dinâmica da physis.
Para o mundo medieval a ideia de história está presa à perspectiva teleológica de um 
início, pela obra da criação, e um fim necessário que é Deus. Para a Modernidade, a história é 
processo que teve início com o homem, o que lhe permite avaliar seu progresso, seus avanços 
ao longo de seu caminhar sobre a face da mãe-terra.
Assim, a Idade Moderna, que ocorreu entre os séculos XVI e XIX, difere das anteriores, 
porque passa a existir uma complexidade ainda maior referente aos aspectos econômico, 
político, social e espiritual, principalmente em virtude do capitalismo, desenvolvimento científico 
e estados centralizados.
Na Idade Moderna, a ética passa a ter uma perspectiva diferente, rompe com essa ideia 
suprema de felicidade e traz para a ação humana a responsabilidade de suas ações, e não 
como explicação divina e abstrata, assim como aprofunda Passos (2004, p. 40):
A ética que surge e vigora nesse período é de tendência antropocêntrica, em 
que o ser humano é o seu fim e fundamento, apesar de ainda consistir na ideia 
de um ser universal e possuidor de uma natureza instável. Assim mesmo, ele 
aparece como o centro de tudo: da ciência, da política, da arte e da moral.
Na verdade, o período da Idade Moderna é rico em teorias sobre a ética, mas segundo 
Passos (2004), o grande pensador a destacar é Kant.
Immanuel Kant foi um dos primeiros pensadores responsáveis por esse rompimento. 
De acordo com Guariglia e Vidiella (2011, p. 97), “Kant estabelece de maneira categórica a 
concepção do dever como o centro neurológico da moralidade e imprimindo assim a ética, ou 
seja, a ética torna-se o fim do ser humano, que é a felicidade (ideal de perfeição)”.
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Immanuel Kant (1724-1804) – nasceu e morreu na Alemanha. Foi 
o grande responsável pela escola do criticismo e dentre a filosofia 
moderna e contemporânea.
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Kant nos apresentou dois imperativos em que a ética pode ser compreendida: o hipotético 
e o categórico. No imperativo hipotético as condições são subordinadas. Dessa forma, a ética 
não se explica, porque as ações humanas são consequências de um interesse.
Já no imperativo categórico, em Kant, é o axioma básico para o comportamento moral, 
em que se pode explicar ética. Para Kant, a moralidade, o comportamento moral, vem da razão, 
vem do rigor do raciocínio, é uma lei inflexível, ou seja, as suas ações não são subordinadas a 
condições, são desprovidas de interesse, e, portanto, são de interesses gerais, podem tornar-
se leis universais.
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“Imperativo categórico, em analogia ao termo mandamento, indica 
a norma da razão”. (ABBAGNANO, 2007, p. 628).
Na Idade Moderna, então, se pode perceber que a razão ao cumprimento das leis, da 
moral, torna-se por efeito o dever do cidadão. Assim como destaca Passos (2004, p. 41):
Enquanto as doutrinas éticas anteriores tinham por objetivo atingir uma felici-
dade ou um bem, esta é uma moral da pura razão e do puro dever. A prática 
moral devia basear-se apenas nas orientações da razão, deixando totalmente 
de lado o mundo empírico. Assim, ele construiu uma moral desinteressada, 
desprovida de qualquer finalidade e de qualquer motivação, que não fosse o 
‘cumprimento do dever pelo dever’, pois, para ele (Kant), a única coisa verda-
deiramente boa seria, como dissemos, ‘uma boa vontade’, a disposição em 
seguir a lei moral em detrimento de vantagens que ela pudesse proporcionar 
ao indivíduo. Assim, a lei moral seria incondicional e absoluta.
Então, para Kant, a felicidade só seria possível se o dever se submetesse à moralidade. 
Dessa forma, a ética e a moral nesse tempo estão relacionadas ao cumprimento do dever.
4.4 IDADE CONTEMPORÂNEA
Chegamos à Idade Contemporânea. Este período é marcado pelo progresso científico 
e pela valorização do ser humano concreto. Essa época não busca a humanidade perfeita, ou 
seja, a ideia de cidade (polis) perfeita ou da suprema felicidade, nem tampouco a moral cristã 
dá conta de responder aos novos anseios.
É a época da igualdade e liberdade, marcada pelos direitos fundamentais, “não pela 
imposição ou obrigação, com códigos a serem estabelecidos”. (PASSOS, 2004, p. 42). 
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Destacam-se três grandes concepções: marxismo, pragmatismo e existencialismo, que 
brevemente podemos entender.
O marxismo se refere às ideias filosóficas, políticas e sociais elaboradas por Karl Marx e 
Friedrich Engels. O marxismo entende o homem como ser social e histórico e, também, aborda 
a questão da sociedade produtiva e as lutas de classes.
O pragmatismo é uma doutrina filosófica que adota a utilidade prática. O pragmatismo 
está ligado ao senso prático, em que a verdade está relacionada à utilidade.
O existencialismo tem como ponto de partida o ser humano. O indivíduo, pelas suas 
ações, sentimentos, então essa doutrina se preocupa com o ser humano em relação ao mundo.
Os principais pensadores destacados por Passos (2004) são:
● Karl Marx (1818-1883):
Entendia que o ser humano era ao mesmo tempo social e histórico, objetivo 
e subjetivo, capaz de criar e de interferir na realidade e transformá-la à sua 
medida. Nesse processo, ele não só contribuía a seu mundo concreto, como 
também à sua fundamentação valorativa. (PASSOS, 2004, p. 42).
● Friedrich Nietzsche (1844-1900): procurou estudar a origem dos valores e entender o porquê 
da valorização de uns atos e não de outros, ou seja, a dicotomia entre o bem e o mal.
● Charles Sanders Peirce (1854-1914): apresentou o pragmatismo como um método e não 
como teoria. A moral é algo quando o fim é bom; nesse sentido, quanto aos valores, são 
absolutos. “O que é bom ou mau é relativo, variando de situação para situação. Depende 
de sua utilidade para a atividade prática”. (PASSOS, 2004, p. 45).
● Habermas (1929): as argumentações morais servem para que os conflitos sejam desfeitos 
pelo consenso. O processo reflexivo, intersubjetivo, argumentativo, leva os participantes ao 
comum acordo.
Alguns desses pensadores voltarão a ser lembrados em nosso caderno. Fique atento.
Até o próximo tópico, quando vamos falar do caminhar próximo entre ética e moral.
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LEITURA COMPLEMENTAR
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE OCIDENTAL
Israel Alexandria
1 A MORALIDADE ENQUANTO OBJETO DA ÉTICA
Gosto não se discute. Correntementeessa frase é utilizada quando se quer estabelecer 
a ideia de que gosto é algo radicalmente subjetivo e imutável. Ora, a imensa variedade de 
sujeitos com preferências e opiniões distintas entre si e o fato de um mesmo sujeito mudar 
de preferências e opiniões fazem prova de que a complexa estrutura psíquica humana é 
capaz de aprender e de modificar o que se aprendeu. SUBJETIVIDADE não combina com 
IMUTABILIDADE, logo a frase em questão é contraditória.
Diz-se também que PERSONALIDADE vem da natureza. Quando atribuímos à natureza 
a existência de alguma coisa, estamos simplesmente dizendo que esta coisa não foi criada 
pela cultura, nasce-se com ela. Não há necessidade de aprender o que é natural. O natural é 
inato. Essa coisa chamada personalidade é inerente à pessoa. Pessoa e personalidade vêm 
da mesma palavra: persona. Ninguém nasce pessoa. Ninguém se refere a um bebê como 
“aquela pessoa”, pois se sabe que personalidade tem a ver com um sistema mais ou menos 
definido de gostos, preferências que se vai adquirindo com o tempo.
Embora as preferências e as condições que formam a personalidade sejam tão subjetivas 
e mutáveis, há uma constante que não podemos desprezar. É o princípio do prazer. Todo ser 
dotado de sensibilidade tem a propensão natural de afastar o que lhe está associado à dor e 
buscar o que lhe é prazeroso. O gato morde o homem que lhe pisa a cauda e o vegetal cresce 
em direção ao sol. Para o gato é bom que não lhe pisem na cauda. Para a planta, é bom 
crescer em direção ao sol. O ser humano não foge a essa regra. O bebê humano é capaz de 
manifestar sua percepção de prazer e dor e essa capacidade não se perde com a idade. O que 
muda é a forma como se dá essa manifestação e o objeto do prazer ou o da dor que, por sua 
vez, dependem das circunstâncias. O que permanece imutável é o fato dos sujeitos estarem 
sempre buscando o que lhes parece bom, e afastando o que lhes parece mal. É sobre esses 
dois conceitos que trata a ética.
A ética é uma ciência comprometida com a busca aprofundada das relações entre o 
homem e os conceitos de bem e de mal. Trata-se de uma ciência da qual não podemos nos 
esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado impregnam nossa conduta prática. Embora a 
maioria não pense no assunto, o comportamento humano é uma contínua resposta às questões 
éticas. É nesse ponto que nasce a distinção entre ética e moral.
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O dicionarista e pensador Nicola Abbagnano (1901-1990) afirma que MORAL é “atinente 
à conduta” (1982: 652), enquanto a ÉTICA é “a ciência com vistas a dirigir e disciplinar a mesma 
conduta” (1982: 360). A moral seriam as regras práticas, e a ética, o fundamento teórico da 
moral. Diz-se moral aristotélica, moral kantiana para enfatizar os respectivos aspectos práticos; 
ética aristotélica, ética kantiana estariam mais relacionados aos seus aspectos teóricos. Alguns 
autores, entretanto, ressaltam que, embora haja uma infinidade de morais: moral cristã, moral 
judaica, moral platônica, moral kantiana etc., a ética seria uma só. É que, sendo esta uma 
ciência, trabalha apenas com conceitos universais. Basicamente, são três os modelos de 
moralidade: aristocrático, utilitarista e kantiano.
2 A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez mais, de 
um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristocráticas a moral judaica, 
baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no amor ao próximo (Jesus), a 
moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral budista, na eliminação dos desejos (Buda). 
Mas, na maioria das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições sem referências a 
nomes de personagens históricos. A moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja dotado 
das virtudes adequadas (a palavra virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo 
ou um ideal de vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza o ideal 
proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de felicidade.
Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico (palavra derivada de canino), cuja 
principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às convenções sociais, enfim a 
tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade natural de que dão exemplo os animais (no 
caso o cão). Cínico é aquele que vive o descaramento da vida canina. Relata-se que Sócrates 
caminhava nos mercados apenas para saber do que ele não precisava. Outros curiosos relatos 
envolvendo Diógenes, tais como o da “visita do imperador”, “a mão e a cuia”, “a lanterna” etc., 
indicam que este teria sido o maior cínico da história.
Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste em viver 
na contemplação do mundo das ideias ao tempo que se afasta de tudo o que é corpóreo. “É 
evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar mais particularmente que os demais 
homens em afastar sua alma do contato com o corpo” (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-
se para a morte, ou seja, para o dia em que sua alma se separará definitivamente do corpo, 
migrando para o outro mundo.
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FONTE: <http://www.espiritualismo.info/filosofias.html>.
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue pôr em 
prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural, pois o homem é um 
animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam da ajuda dos outros, os homens 
continuam desejando viver em sociedade." (Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade 
ou a sociabilidade distancia o homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas 
duas naturezas, o homem vale-se da razão.
Os estoicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. Acredita-se que 
o nome estoico tenha sido inspirado no local onde Zenão de Cício (335-263 a.C.) ensinava: os 
pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir a razão do surgimento dessa doutrina ao fato da 
cidade de Atenas haver perdido sua independência para os macedônicos, prolongada depois 
pelo Império Romano. O estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via filosófica 
para se conseguir a independência em nível individual. Não obstante, o estoicismo atravessou 
séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo imperador romano Marco Aurélio (121-180 
d.C.). Segundo os estoicos, nenhum evento acontece por acaso (teoria da necessidade). Até 
mesmo o trajeto de uma folha que se desprende da árvore já foi milimetricamente traçado 
pelo Logos, princípio inteligente do cosmos. O ideal de sabedoria estoica é a completa apatia: 
indiferença-acomodação diante dos acontecimentos da vida, é o que revela Sêneca (4 a.C. 65 
d.C.), um dos expoentes do estoicismo.
Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-
se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela possa oferecer: 
nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre qualquer coisa para 
consolo. Vê-se frequentemente um terreno diminuto prestar-se, graças ao talento do arquiteto, 
às mais diversas e incríveis aplicações, e um arranjo hábil torna habitável o menor canto. 
Para vencer os obstáculos, apela à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o que 
era apertado e os fardos tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão suportá-los. 
(1973: 216)
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Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na vida política 
até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos parecem estar em 
franco acordo com a doutrina estoica, pois

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