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AP2 LITERATURA BRASILEIRA III

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Literatura Brasileira III
De que modo o conto de João do Rio, acima transcrito, dialoga com a tradição cultural europeia, sem deixar de sublinhar as marcas locais do Rio de Janeiro? Fale sobre o momento literário e social vivenciado por João do Rio no inicio do século XX e sobre a sondagem psicológica dos tipos humanos descritos pelo autor em seus contos. Exemplifique seus argumentos tomando como base o fragmento do conto descrito. 
O escritor já no começo do conto traça um comparativo entre o carnaval do Rio de Janeiro e as festas pagãs de antigas civilizações, fazendo um paralelo entre o passado histórico e o presente da narrativa, que procura identificar o teor da natureza festiva do narrador. Ao longo do texto, a marca da influência europeia se faz sentir a partir do uso de palavras da língua francesa, como chauffer, chic e champgne, assim como se revelam os costumes da alta sociedade da Belle Époque carioca, cuja vida noturna, disposta à “flanerie”, aparece em muitas partes do texto, quando, por exemplo, o narrador aponta o prazer de andar de automóvel ou de caminhar pelas ruas a deriva, pelo simples gosto de observar a multidão de pessoas anônimas, sobretudo as das classes sociais menos favorecidas, que vagam pela via. A sondagem dos tipos humanos é uma marca presente no texto, tanto que podemos ter um retrato das 2 vertentes sociais a partir da fala de uma das personagens, que se encontra num dos bailes restritos dos clubes e dos cassinos do Rio de Janeiro, e que demonstra claro preconceito em relação aos bailes públicos a céu aberto. 
Considerando o texto transcrito e a seguinte afirmativa de Machado: “A realidade é boa, o Realismo é que não presta para nada”, discuta de que modo o escritor transpõe a realidade do Rio de Janeiro de seu tempo para a literatura, recuperando traços locais e universais para compor suas obras, sem se deixar influenciar pelas tendências do Realismo. Use como parâmetro para sua argumentação o conto “Pai contra mãe”. 
No conto “Pai contra mãe”, podemos observar a forma de delinear a realidade do Rio de Janeiro do século XIX, ainda sob o regime escravista, de maneira bem distinta dos escritores realistas. No lugar de eleger a classe burguesa para ser o alvo das críticas, como faziam os escritores realistas, tentando compor com palavras o retrato físico e moral da sociedade, Machado de Assis suspende os maniqueísmos e trata de analisar a realidade por dois ângulos diferentes: pelo olhar do pai (caçador de escravos fugidos que precisa buscar o sustento da família, em especial do filho recém nascido) em contraponto ao olhar da mãe (escrava fugitiva que pede pela vida do filho que carrega em seu ventre). A ideia de “realidade” presente na obra machadiana ultrapassa o perfil de simples crítica de uma dada situação, muito menos se submete a realizar uma descrição detalhada de costumes locais de uma determinada classe social. Machado de Assis busca analisar o perfil psicológico do homem (de qualquer classe, tempo, lugar e condição) e apresenta, nos personagens que cria, um quadro complexo de conceitos e pensamentos que procuram legitimar e justificar, mesmo as situações mais injustificáveis. Para Machado, a realidade é subjetiva, múltipla, variável, uma vez que o sujeito a submete às suas próprias considerações e à sua visão de mundo. 
Discuta essa nova proposta de rosa a partir da novela: “ A hora e vez de Augusto Matraga.

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