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FIGURAS DE ESTILO
Algumas Figuras
1. METÁFORA = transladação, mudança de sentido próprio em figurado. É a figura mais comum e mais importante, quer na linguagem erudita, quer na popular. O fundamento da metáfora é a comparação, a analogia, a semelhança ou dissemelhaça. 
"É a transladação do nome de uma coisa para outra."(Definição de Aristóteles em Poétique - ed. Grecque - française de J. Hardy - pág. 61) 
A metáfora funde num só os dois termos da comparação. A e B se mudam em A=B. 
Muitas vezes, no mundo poético, somente o poeta é que vê e sente a comparação entre A e B e que realmente não existe. Existe no seu mundo ideal. 
A metáfora se liga à imagem, figura que dá uma idéia mais palpável, mais sensível, através de formas e aparências de outros objetos. A imagem, parece uma figura de materialização, de concretização do abstrato. 
"Mares...nunca arados de estranho ou próprio lenho"(Lus. 5,41). 
Eis a comparação: A = mares – B= campos: 
A e B : o poeta encontra, na comparação entre os dois, alguma semelhança: os campos são sulcados pelos arados e os mares são sulcados (sulcos da terra e sulcos do mar) pelos navios. O poeta vê ainda semelhança entre navios e arados: E a conclusão: A = B , mares = campos e transladação de um nome (campos arados) para outro (mares arados). 
A metáfora vive entranhada na linguagem humana. Não se pense então que ela seja resultado de suada elaboração, como poderia parecer pela exposição feita. 
A alegoria é também uma forma de metáfora, que usa de imagens para exprimir idéias. A expressão normal da idéia é a palavra. A alegoria emprega imagens para a mesma expressão. 
Alegoria = imagens por metáfora. 
Assim a fábula é uma alegoria que toma o sentido de histórias (estórias) de animais que pensam e a falam, de lendas. Leiam o pequeno e substancioso livro Algumas Fábulas de Fedro - Sousa da Silveira - Agir. 
Fábula - do verbo for, faris = falar, conversar, Conversação, assunto de uma conversação. Fábula = verbum se opõe a factum,res indica uma narração mentirosa ou fictícia com os seus derivados e corresponde a mythos em grego. 
A parábola é também uma alegoria. Predominam os seres humanos e o sentido moral. 
Parábola = comparação, provérbio e também palavras 
ATENÇÃO: 
Não conheço parábolas mais bonitas que as pregações de Cristo, pela naturalidade das figuras, pela realidade, pela simplicidade do estilo e pela sublimidade dos ensinamentos. São também pequena jóias literárias no estilo simples dos narradores evangélicos. 
Leiam: 
A parábola do filho pródigo - Luc. 15,11; 
A parábola do semeador - Luc. 8,11; 
A parábola do bom pastor - Luc. 15,1 - Mat.18,12; 
A parábola dos operários - Mat. 20,1 - Luc.13,30. 
Paralelo: é uma comparação, sobrepondo uma coisa a outra aproximando-as ou afastando-as conforme as semelhanças ou diferenças - colocando em frente semelhantes, sinônimos... 
Exemplos: 
Esta cantora é um rouxinol. 
Maria é uma onça 
A vida é combate. (G.Dias) 
A primavera da vida 
A luz da inteligência.
3 - ANTONOMÁSIA = chamar com nome diferente. 
é a substituição de um nome próprio por um comum ou por uma expressão perifrástica. A antonomásia usa do símbolo e é preciso que haja aproximações conhecidas entre o símbolo(sinal) e o simbolizado. Há antonomásias universais e regionais.
4 - SINÉDOQUE = o verbo significa: abranger, compreender . 
é o emprego do mais pelo menos: o todo pela parte ou vice-versa. Diante de uma coisa ora nos impressiona mais o todo ora a parte e assim designamos uma, pela outra e damos extensões diferentes à mesma coisa. 
..."que da ocidental praia lusitana"(Lus, 1,1) 
=Pelo todo : Portugal. 
Assim: 
a) o gênero pela espécie ou vice-versa; 
b) o plural pelo singular ou vice- versa 
c) o comum pelo próprio ou vice-versa. 
Completou vinte primaveras (= Vinte anos) 
5 - PERÍFRASE = dizer por circunlóquio. 
exprime-se uma coisa, não por uma só palavra, mas por um rodeio, um grupo de palavras. 
"Pelo neto gentil do velho Atlante"...(Lus, 1,20) 
O livro deveria ser escrito pelo homem. 
6 - HIPÉRBOLE = é a expressão exagerada de uma coisa, além do real.. (= ação de passar a medida, exagerar). 
"Oh! Gente forte e de altos pensamentos.
"Já lhe recomendei isso um milhão de vezes." 
A sede era tanta que bebeu toda a água do rio. 
"O povo estourava de riso"(Monteiro Lobato) 
Fazia séculos que não nos víamos, Manuel. 
7 - EUFEMISMOS = (= palavra de bom augúrio, branda) 
é o abrandamente de uma idéia, de uma expressão ou palavra dura ou grosseira, por meio de outra. 
A criança voou para Deus(= morreu). 
"Porém depois que a escura noite eterna (=morte). 
Afonso aposentou no céu sereno..."(Lus,3,123) 
O rapaz entregou a alma a Deus (= morreu) 
8 - LITOTES = simplicidade 
(do grego – significando “pequenez”) 
É a maneira de dizer menos para subentender mais. Abranda uma afirmação negando o seu oposto.. 
Você não é feia (= é mais ou menos, é bonita) 
Não és feia: isto é – és bela 
“Fará que os seus, da vida pouco escassos.” (Lus. X-16) 
“Então, Senhora, sob tanto encanto 
Pede o poeta (que não tem renome) 
- Versos - à brisa p’ra vos dar um canto... 
raios ao sol – p’ra vos traçar um nome...” 
					(C. Alves) 
“Eu que a pobreza de meus pobres cantos” 
					(C. Alves) 
 
9 - PLEONASMO (= super abundância) 
- é a expressão redundante usada para maior força - ''É uma figura muito encontradiça, mesmo na linguagem popular e muitas vezes usada erroneamente, pois faltam os requisitos (beleza e ênfase) que a fazem um recurso de estilo. 
"Vi, claramente visto, o lune vivo..." (Lus.5,18) 
Pleonasmos Viciosos devem ser evitados: Expressões populares, vulgarismos, em geral e não recurso de estilo: entrar para dentro, subir para cima, vi com os olhos, descer para baixo, sair para fora, ouvir com os ouvidos... 
O vicioso chama-se tautologia ou perissologia. 
"Laura viu com seus próprios olhos o namorado partir para a Europa." 
 :" Oncelso, eu conheci-o"(Guerra Junqueira) 
O menino , não o vi. 
"Ao pobre não lhe prometas e ao rico não lhe faltes." 
O menino, eu conheci-o. 
10 - ELIPSE = é a omissão dos termos facilmente subentendíveis. 
"Aos infíéis, Senhor, aos infíéis (aparecei) 
E não a mim, que creio o que podeis!"(Lus,3,45) 
No mundo cotidiano, (está) a estrela! (Frederico Schmidt) às (tu) verás... que falta (tu) me fazes! (Olegário Mariano) 
(Tu és bela- eu (sou) moço, (tu) tens amor - eu (tenho) medo. 
(Casimiro de Abreu) 
No mar (há) tanta tormenta e (há) tanto clamor. (Lus,I-106) 
"No mesmo dia chegou nova (de) que a fortaleza pacificamente se tinha rendido. (Vieira) 
11 - ZEUGMA = (ligação, união, ponte). 
é a omissão de uma palavra já usada anteriormente. 
"O pão sustenta o corpo, a oração (sustenta) a alma" (Luz e Calor - Padre Manuel Bernardes - 1º volume - pág. 288). 
" Nossos bosques têm mais vida, nossa vida (tem) mais amores."(Gonçalves Dias) 
"Onde o dia é claro onde (é) breve."(Lus,I-27) 
Pedro estuda Física, e eu,(estudo) Português. 
12 - POLISSÍNDETO = (muitas ligações) 
é o emprego repetido de coordenadas ligada por aditivas. 
"Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!" (Bilac) 
Ela salta, e ri, e brinca, e chora... 
"E zumbia, e voava, e voava, e zumbia."(M.de Assis) 
"A urna de aroma e orvalho, e a flor e a fruta..."(Raimundo Corrêa) 
"Que o envolve, o enlaça, e prende, e aperta loucamente?" (Bilac) 
13 - ASSÍNDETO = (é a omissão das conjunções ou conectivos) 
é o uso de orações justapostas ou coordenadas assindéticas."Fere, mata, derriba denodado..." (Lus.,3,67) 
"O homen, há de morrer como viveu: sozinho! 
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!" 
(Bilac) 
"Eu tinha fama, a palavra, a carreira política." 
 (Joaquim Nabuco) 
14 - SILEPSE = (concepção) (ver concordânciaverbal). 
- é a concordância de uma palavra não com a outra, mas com a idéia. É uma construção segundo o sentido "constructio ad sensum". 
Pode ser de gênero ou de número ou de pessoa. 
Silepse de Gênero 
A gente não gosta de ser enganado, disse o bigode para Josefa. 
V.Revma. foi escolhido para celebrar o casamento de Josefa 
Conheci uma criança... mimos e castigos 
Pouco podiam com ele. (Garrett) 
Silepse de Número 
Esta gente já terá vindo? Parece que não. Sairam há um bom pedaço. 
(Machado de Assis) 
“Que gente será esta (em si diziam) Que costumes, que Lei, que rei teriam”! (Lus. I-45) 
“A turma vieram conhecer aqueles olhos azuis.” 
“A boiada, passando por aqui, levantaram um poeirão danado.” 
Silepse de Pessoa 
“Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.” 
"Todos os filhos de Adão padecemos nossas mutilações e lealdades." 
(M.Bernardes) 
Todos os alunos fomos aprovados. 
E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro 
(Paulo Setubal) 
15 - ANACOLUTO = Inconseqüente é a quebra do contexto com a injunção de um pensamento solto, fora do sentido, sem ligação com o resto. 
"Tu que da liberdade após a guerra, 
foste hasteada dos heróis na lança. 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha." 
(Castro Alves) 
"Primos e tios, foi tudo uma alegria sincera e pura."(Papéis avulsos - Maxhado de Assis - O Espelho - Ed. José aguialar Ltda. - 2º volume - pág.342) 
"A beleza, é em nós que ela existe. 
 (Manuel Bandeira) 
Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não 
(Garrett) 
16 - PARÊNTESE = (emergir por dentro) 
é a intercalação de uma frase no mei de outra, entre vírgulas ou entre os sinais parentéticos, fazendo uma digressão. Comum nos discursos, nas exposições, antecedido até pelo aviso: "façamos um parêntese." Oralmente é denunciado pelo tom de voz mais baixo: o que está entre parênteses tem independência tonal. 
O homem, falo do Homem Eterno, vive em qualquer lugar , em qualquer tempo. 
"O netuno (lhe disse), não lhe espantes 
Mas que vejo? No azul lá do Oceano 
(Quais as gaivotas piadoras brilham) 
Pontos de prata branquejando avultam..." 
(Dutra e Melo) 
17 - GRADAÇÃO = (graduar = caminhar, andar, marchar) 
Consiste no uso de palavras ou expressões que têm entre si uma escala ascendente ou descendente, na sua força expressiva. 
"Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça a fundo." 
(Cícero - 1ª Catilinária) 
"Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba."	(Vieira) 
"Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor. "	(Bilac) 
18 - ANTÍTESE = (opor-se, contrariar) 
- é a aproximação de palavras, expressões ou idéias opostas. 
Figura basilar do pensamento e sentir: crescimento X morte; 
Amor X ódio, dia X noite. 
"Amor ...é ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer, 
É sólitário andar por entre a gente; 
É cuidar que se ganha em se perder..." 
(Camões - Sonetos - 74) 
"Vieram gentios, e tornaram fiéis, vierem idólatras, e tornaram cristãos."	(Vieira) 
"Que assim vai alternando o tempo iroso 
o bem com o mal, o gosto com a tristeza." 
(Lus,IV-51) 
"Abaixo - via a terra - abismo em treva! 
Acima - o firmamento - abismo en luz!" 
(Castro Alves) 
19 - PROSOPOPÉIA = (personificar = personificação). 
Quando se atribui vida, ação, voz a seres mortos, inanimados ou ausentes. É uma personificação (=antropomorfismo) de animais e coisas. 
"Os altos promontórios o choraram 
e dos rios as águas saudosas 
Os semeados campos alagaram, 
Com lágrimas correndo piedosas..." 
(Luz,3,84) 
"Um pequeno grão de areia, 
 que era um pobre sonhador 
Olhando o céu viu uma estrela 
Imaginou coisa de amor." 
"Já reparei que no seu peito 
Soluça o coração bem feito 
De você."		(Mário de Andrade) 
Em sonho, o morto gritava inúmeras vezes por Maria. 
Numa casa conversavam animadamente um lápis e uma caneta. 
20 - APÓSTROFE = (fuga, afastamento). 
é a inovação (vocativo) ou interpelação de pessoa ou animal ou coisa, presente ou não, real ou imaginária. Recurso comuníssimo à oratória sacra ou profana, a escritores e sobretudo a poetas. 
"Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus/" 
(Castro Alves) 
"Por que foges assim, barco ligeiro? 
Porque foges do pávido poeta? 
(Castro Alves) 
21 - ANÁFORA = (repetição, relação). 
- é a repetição da mesma palavra no princípio de cada frase, Figura comuníssima nas nossas quadrinhas populares. 
Nem tudo que ronca é porco, 
Nem tudo que berra é bode, 
Nem tudo que reluz é ouro, 
Nem tudo falar se pode. 
"Não cos manjares novos e esquisitos, 
Não cos passeios mole e ociosos 
Não cos vários deleites e infinitos..."(Luz, 6,96) 
22 -EPÍSTROFE = (volta) 
-é a repetição da mesma palavra no fim de cada frase. 
O homem acaba com a morte, a vaidade acaba com a morte, as desigualdades acabam com a morte. 
Nunca morrer assim! 
Nunca morrer num dia assim! 
De um sol assim!		(Olavo Bilac)
23 - DIÁCOPE = (interrupção, pausa, suspensão) 
- é a repetição da mesma palavra em semelhante com outra de permeio. 
"Tu só tu, puro amor..."		(Lus,3,119) 
Dargo o valente dargo, a quem na guerra ninguém nunca jamais não viu as costas." 
(Garrett) 
24 - EPIZEUXE = (repetição = ligação, ligação pela repetição de uma palavra) 
- é a repetição da mesma palavra, sem nenhuma intermediária. 
Conhecido também com o nome de reduplicação. 
"Nos, nos consules de sumus..."	(1ª Cat, I) - 
Nós, nós cônsules é que faltamos!... 
"São uns olhos verdes, verdes."	(G.Dias) 
"Teus lhos são negros, negros."	(Castro Alves) 
"Dizem, foge, foge, Lusitano."	(Camões) 
"Jamais, jamais mortal subiu tão alto." 
(G. Magalhães) 
"Correi, correi ó lágrimas saudosas." 
(F.Varela) 
25 - POLIPTOTO = (em vários casos) 
 - é a repetição da mesma palavra em formas ou funções diferentes. 
"Nosso céu tem mais estrelas. 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores."	(Gonçalves Dias) 
26 - ANADIPLOSE = (reduplicação) 
Quando uma frase ou um verso começa com a última palavra do outro. 
"Tudo muda na vida, a vida também muda," 
"Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade, 
É verdade, Senhor, que hei delinqüido 
Delinqüido vos tenho."(G.de Matos Guerra - apud A - Literatura do Brasil - dir. de Afrânio Coutinho - I vol. - t.I - pág. 375) 
"Ai, o bem que menos custa 
custa a saudade que deixa!"	(V.Carvalho) 
"Meu coração, por que tão langue, 
Por que tão langue, tu te vais?" 
(Emiliano Perveta) 
27 - EPANADIPLOSE = (tornar a trazer). 
Quando uma frase termina com a mesma palavra com que começou. 
"Ambos poetas, grandes poetas ambos." 
"Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas." 
(Cruz e Sousa) 
"Nem incensos, nem mirras, e nem louros, 
Nem mirras, nem incensos...”·(Cruz e Sousa)”.
Algumas Figuras
28 - SINONÍMIA = (semelhança de sentido) 
-é a repetição de palavras com o mesmo sentido. 
Que queres? Que desejas? Que pretendes? 
29 - PARÉQUESIS = (assonância) 
Quando, na frase uma palavra começa pelas mesmas letras finais da antecedente 
"O fortunatam natam, me consulte, Romam" 
(JUV. Sat. XV.122) 
"Ó feliz Roma, nascida no meu consulado", teria dito Cícero. 
30 - PARONOMÁSIA = (sobrenome, apelido). 
- é a repetição de palavras semelhantes na forma. 
"Cabeças pelo campo vão saltando, 
Já perde o campo o exército nefando 
Com que também do campo a cor se perde.." 
(Lus,3,52) 
31 - QUIASMO = (cruzar) 
 - é a disposição de um período emquatro membros que se correspondem em cruz, formando um X (ki). 
"Fragile corpus 
animus sempiternus movet," 
"Uma alma eterna 
move um frágil corpo." 
32 - HIPÉRBATO = (passar, transgredir) 
 - é a inversão violenta dos termos na frase. Quando a inversão produz ambigüidade chama-se sínquese. 
"Casos que Adamastor contou futuros" 
(Lus,5,60) 
"A grita se levanta ao céu da gente." 
(Lus ,2,91) 
Em tudo isto gastou a moça seis meses. 
(= a moça gastou uns seis meses em tudo isso)
33 - ANÁSTROFE = (revirar, transformar, pôr em desordem) 
 - é a inversão da ordem direta dos termos na frase. É freqüente o seu emprego, mesmo na linguagem comum. Assim, por exemplo, nas orações interrogativas e optativas... 
"Qual vermelhas as armas faz de brancas." 
(Lus,6,64) 
34 - HENDÍADE = (um em dois, um sentido em dois) 
 - é o uso de dois substantivos ligados por aditiva(e) em vez de um substantivo e um adjetivo ou complemento com ele. 
"Vestem-se elas de cores e de sedas" 
(Lus,6,58) 
= de sedas coloridas, de cores. 
35 - TMESE = (cortar, dividir, separar) 
 - é a quebra de uma palavra com a intercalação de outra . Hoje é usado com o fut. Presente e o fut. Do pretérito, mesóclise 
"Deixando a serra aspérrima Lioa." 
(Lus. 5,12) 
Contar- vo-lo-ia mais tarde 
Dá-me teu carinho, dar-te-ei minha própria vida. 
36 - HISTEROLOGIA = (depois, palavra) 
Quando se coloca antes uma frase que, logicamente, deverá vir depois. 
"Moriamur et media in arma ruamus." 
(Virg., Eneida) 
Morramos... e atiremo-nos ao combate!... 
37 - EPANALEPSE = (repetição) 
É a repetição da mesma frase, como um estribilho, intercalada com outras. 
“Graças ó Nise Bela. 
Graças à minha estrela !”(T.A. Gonzaga – Poesias – ed. Rodrigues Lapa – I.N.L. – 1957 – pág. 15) 
38 - ONOMATOPÉIA = (fazer um nome, palavra) 
é palavra ou expressão imitativa de som de coisas, de vozes de animais. A onomatopéia se baseia no ouvido e procura ser uma representação sonora. A Língua Portuguesa é muito rica em vozes onomatopaicas. 
"Também grunhia o porco, cacarejava de galinha, coaxava de untanha, ralhava de mulher velha, choramingava de fedelho..." (Urupês - pág. 108) 
"Ringue, range, roupenha, a rígida moenda 
E rigendo e rangendo, a cana a triturar..." 
(Da Costa e Silva) 
A DANÇA 
(Martins pontes) 
Picando o passo, o dançador desarticula-se, saracoteia e cabriola, regamboleia, corcoveia e perereca, e colubreja, e se distorce e desgonçada, e desconjunta-se em tremuras epiléticas, em contraturas espasmódicas, tetânicas, como os doentes, quando dá o tângoro-mângoro, e ficam zangaralhões, bambalhasasas, trangalhadanças. 
Como as curujas, como os corvos crocitando em uivos surdos, em regougos e agoureiros, de cururus, jacurutus, e noitibós, lúgubres, fúnebres, soturnos se misturam os zumbos dos urucungos e os rufos dos timbatus. 
Trilam, tinindo, campainhas retínulas... 
Há rataplãs tarampantãs de tamboris, roucos tutuques de zambubas e ritumbas, - e a batourar, tamborilando, em ininterrupto, no tabaréu das muçambas, o barundum dos tabaques. 
E em trepe-trepe, em teque-teque, e retém-tem, em reque-reque, em trape-zape, em estralada, estrepitosa, estrondeante, taraz-baraz, quadrupedando, estrupidando, rugitando, em rugibó, estalida e sapateio, retumba o mundo africano, trabuca o cateretê! 
(Do livro: A dança, comferência recitada no Coliseu Santista, em favor do Asilo de Órfãos, no dia 28 de janeiro de 1919, pág.93) 
Para alcançar a onomatopéia há vários recursos: o da aliteração, por exemplo, Consiste na repetição da mesma consoante inicial, para um efeito sonoro imitativo. Como no exemplo anterior e neste: 
VELHO VENTO VAGABUNDO 
Várias vozes vagueiam velozmente 
Levadas pelos ventos da vaidade 
São vivas vibrações de ansiedade, 
São vãos desejos, tudo que se sente 
Venta um vento violento, vivamente, 
Que varre os corações, sem piedade, 
Num vaivém de variada intensidade, 
Virando, em viravoltas, toda gente. 
Vagas, ó vento, de ondas impossíveis, 
Num maluco volteio mais profundo, 
Vão, vazio, vil, das coisas perecíveis. 
Velho vento velioz e vagabundo, 
Voam nas tuas vagas invisíveis 
As vagas ânsias, deste vasto mundo. 
39 - IDIOMATISMO = (próprio, peculiar) 
 - é o emprego de palavras ou expressões, cujo sentido ou forma são próprios só de uma língua. 
Pobre de mim... 
Coitado do homem... 
O caso de infinitivo pessoal. 
"Todos os nossos clássicos portugueses bilíngües, por hábito, usaram o infinitivo pessoal espanhol. Exceto Camões." 
(Dificuldades da Língua Portuguesa - Liv. Acadêmica - Said Ali) 
40 - SILOGISMO = (pensar, refletir) 
é o raciocínio formado de duas verdades ou supostas verdades (premissas) comparadas entre si e de uma conclusão tirada delas. O silogismo pode ter ares de verdadeiros e não o ser; é o sofisma> (= ensinar, tornar sábio, argumento falso). 
O homem é mortal; 
Pedro é homem; 
Logo, Pedro é mortal. 
"Cogito, ergo sum."(Descartes) 
Penso; quem pensa existe; 
Logo, existo. 
41 - PARADOXO = (opinião oposta à geral) 
 - é a expressão de verdades por uma forma oposta, aparentemente errada, diferente da opinião comum. 
Pela Cruz, a morte é vida, a derrota é triunfo, o túmolo é glória. 
"Ninguém é menos rei que quem tem reino" 
(Ant. Ferreira) 
"Ele nem podia deixá-la nem suportá-la." 
(M.Assis) 
42 - IRONIA = (gracejar, zombar) 
Figura pela qual se diz o contrário do que se quer dizer. É reconhecido facilmente pelo tom de voz de quem fala ou pela situação daquele a quem é dirigida. 
É uma expressão que, pela sua entoação e contexto, significa o contrário de que diz. É um meio ferino de acusar ou insultar, de provocar o adversário e alcançar a reação desejada. A ironia mais forte é o sarcasmo. (=escarnecer, mofar). 
"Nos autem, fortes viri..." 
(1ª Cat, Cícero - Cap. I,2) 
"Nós, porém, homens fortes..."(O contrário: fracos, covardes...) 
São ironias: o asteísmo, a antífrase. 
"Holanda defenderá a verdade de vossos sacramentos, 
Holanda edificará templos, Holanda levantará altares". (Vieira) 
43 - ALUSÃO = (aludere = brincar, referir- se a brincando...) 
Consiste no meio indireto de atingir certa pessoa ou fato que se conhecem, através de características identificadoras. 
"A grande arte é como labor de joalheiro. 
Ou bem de estatuário: tudo quanto é belo, tudo quanto é vário, canta no martelo" 
(M.Bandeira - alusão aos parnasianos). 
44 - INTERROGAÇÃO = (interrogare) 
Usa de perguntas cujas respostas já são conhecidas ou a que o próprio expositor responde. Prolepse. 
"Onde ia aquela nau? - Ao oriente. 
A outra? - ao pólo. A outra? - Ao ocidente 
Outra? - ao norte. Outra? - ao sul. 
E que buscava? - A foca além do pólo..." 
(Castro Alves) 
45 - RETICÊNCIAS = reticerre = re + tacere = calar) 
Quando se levanta o pensamento, deixando-o incompleto e em suspenso. 
"Mas morra enfim, nas mãos das brutas gentes. 
Que pois eu fui..."		(Lus.2,41) 
46 - PARALELISMO = (que está ao lado) 
Consiste na repetição de um mesmo pensamento com outras palavras ou pequenas modificações, um em seguida ao outro. 
É um meio de gravar um pensamento pela sua insistência. 
Recurso de estilo muito comum na poética dos Salmos. Os nossos Concioneiros também estão cheios de paraleleismos, em todas as cantigas. 
"Ai eu, coitada, como vivo 
Em grão cuidado por meu amigo 
Que hei alongado (= distante)! Muito me tarda 
O meu amigo na Guarda. 
Ai eu, coitada, como vivo. 
Em grão desejo por meu amigo 
Que tarda e não veio! Muito me tarda 
O meu amigo na Guarda." 
(Cantiga de Amigo - de Nuno Porco - apud Crestomatia Arcaica - 4º edição - pág. 349 - tornei a liberdade de dar-lhe forma ortográfica moderna). 
47 - PARÁFRASE = (desenvolvimento) 
 - é o desenvolvimento de um texto, de um livro, de um poema mantendoas mesmas idéias do original. Pode ser também uma tradução livre, imitativa, conservando-se alguma fidelidade apenas às idéias centrais. Sirvam de exemplos os poemas: "Sôbolos rios que vão." de Camões; 62 de Machado de assis 63 e o "Super Flumina Babylois"de D. Aquino Corrêa. Nota et Vetera - I. Nacinoal _ pág. 103) 
Podemos considerar como paráfrases os dois conhecidíssimos sonetos de Raimundo Correia: As Pombas e Mal Secreto. 65 
A paródia é um topo de paráfrase: nela, porém, domina a caricatura e a intenção jocosa. Tem um sentido de troça e foge, portanto , às intenções sérias do original 
Este exemplo de Bastos Tigre: 
MAL DISCRETO 
"Se a prontidão, a pinda, a quebradeira 
e os vários males desta mesma classe, 
tudo o que punge a tísica algibeira, 
sobre o rosto, de ponto, se estampasse; 
Se se pudesse a crise financeira 
ler através da máscara da face, 
quanta gente, talvez, que da primeira 
fila então para a última passasse 
Quanta gente nós vemos, quanta gente, 
cujo largo "plaston", discretamente, 
uma camisa enxovalhada esconde! 
Quando moço elegante e perfumado 
que anda, imponente, de automóvel...fiado, 
porque lhe faltam níqueis para o bonde!" 
48 - CATACRESE = (abuso) 
 - é o emprego abusivo ou indevido de um termo. Segundo Júlio Nogueira "é o aproveitamento de palavra existente para designar idéias correlatas, que não têm nome adequado." 
É pela catacrese que se justificam expressões como: 
Embarcar num trem 
Sabatina (para qualquer dia da semana) 
Enterrar uma agulha no dedo. 
Cavalgar num burro. 
Aterrissar no mar. 
Braços de cadeira. 
Folha de livro. 
Barriga de perna 
Peito do pé.
49 - ELISÃO = (união) 
Quando a última sílaba de uma palavra termina em vogal a palavra seguinte começa por vogal, sendo diferentes precedida ou não de "h" sendo átonas, dá-se a junção de numa sílaba só. 
Exemplo

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