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Lucia M S Coelho - Rorschach Clinico - Manual Basico

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Prévia do material em texto

Lucia Maria Salvia Coelho 
RORSCHACH CLÍNICO – MANUAL BÁSICO
EDITORA DIDÁTICA LTDA. 
Copyright © Lúcia Maria Sálvia Coelho 
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, 
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, 
reproduzida por meios eletrônicos ou outros quaisquer 
sem a autorização prévia da editora, do autor e colaboradores. 
Direção editorial: Liana Maria Salvia Trindade 
Projeto gráfico, editora ção: Raimundo Lopes Pereira 
Desenho da Capa: Flávia Aparecida Chammas Campos de Araújo 
Tiragem: 1.000 exemplares 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
Rorschach clínico : manual básico / Lúcia Maria Sálvia 
Coelho organização. São Paulo : Terceira Margem 
2.002. 
Vários colaboradores. 
1. Teste de Rorschach 2. Teste de Rorschach - Prática 
3. Testes psicológicos 1. Título. 
00-0796 CDD-I 55.2842 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
1. Método de Rorschach : Técnicas projetivas: 
Psicologia 155.2842 
2. Rorschach : Método : Técnicas 
projetivas Psicologia 155.2842 
A. Ira, 79 40 Arod. Conj. 43B 
CEP 04082-000 — Moema - SP 
Teefone/Fax (Cxxii) 5042-4594 
E-mau: terceiramargem@uol.com.br 
�
COLABORADORES 
• Cana Anauate- Psicóloga formada pela Universidade Paulista, Especialista em Rorschach e Monitora do 2’ ano na Sociedade Rorschach 
de São Paulo. 
• Flávia Aparecida Chammas Campos de Araújo- Psicóloga, Artista Plástica, Especialista em Rorschach e Profa. da Sociedade Rorschach 
de São Paulo, Mestranda em Arte-Educação. 
• Giseile B. Petri M. Costa — Psicóloga, Especialista em Rorschach e Coordenadora de Cursos da Sociedade Rorschach de São Paulo. 
• Lilian Pasqualini Casado — Psicóloga, Especialista em Rorschach. Membro da InternationalAcadeniy ofLaw and Mental Health — Brazilian 
Branch. 
• Lúcia Maria Sálvia Coelho — Psicóloga, Profa. Universitária Especialista em Rorschach, Profa. da Sociedade Rorschach de São 
Paulo, Mestre em Filosofia das Ciências e Doutora em Ciências Médicas. 
• Manoel Carlos Pinheiro Sálvia — Engenheiro, Diretor Técnico Internacional da Indústria da Borracha (Goodrich), Responsável pela Análise Estatística das Pesquisas da Sociedade Rorschach de São Paulo, autor do livro: Controle Estatístico de Qualidade (Publ. interna Filipinas e México). 
• Maria Cristina Barros Maciel Pellini — Psicóloga, Mestre em 
Psicologia, Especialista em Rorschach, Presidente e Profa. da Sociedade 
Rorschach de São Paulo e Profa. da Universidade São Marcos e 
Faculdade Paulistana. 
• Maria Inês Falcão — Psicóloga, formada pela UNISA- Universidade de 
Santo Amaro, Especialista em Rorschach, Profa. da Sociedade Rorschach 
de São Paulo e Psicóloga encarregada do Serviço de Psicologia do 
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo. 
• Simone Brunhani — Psicóloga, Especialista em Rorschach e em Psicoterapia Psicanalítica e Profa. da Sociedade Rorschach de São 
Paulo. 
• Vanda Cianga Ramiro — Psicóloga, Especialista em Rorschach, Mestre em Psicologia, 1° Secretária, Tesoureira e Profa. da Sociedade Rorschach 
de São Paulo e Profa. da Universidade São Marcos. 
�
INTRODUÇÃO 
PROCURAMOS aqui expor de modo claro e sucinto os critérios 
adotados no Sistema de Silveira para a análise e codificação dos processos psicológicos mobilizados durante a prova de Rorschach. 
O propósito deste manual é o de estabelecer os critérios e procedimentos técnicos indispensáveis à aplicação da prova e à classificação das respostas, que deverão compor o psicograma. Iniciamos o leitor na utilização de procedimento coerente e sistemático desde a colheita dos dados, durante a prova, até a análise e exposição dos resultados. 
Todo relatório de um protocolo individual, assim como toda pesquisa no campo clínico, deverá basear-se em um referencial teórico sobre a dinâmica psíquica normal, o qual será utilizado como critério para a construção da população normal de confronto. 
As condições para a utilização da prova de Rorschach em outras áreas profissionais — como a Antropologia, a Psicologia Genética, Orientação Pedagógica ou Seleção Profissional — e que implicam em metodologia e pressupostos teóricos específicos, serão examinadas em outras publicações. Exporemos em outro volume as questões fundamentais de ordem teórica e experimental sobre as concepções decorrentes do modelo sistêmico evolutivo do psiquismo humano que norteiam a sistematização e interpretação dos dados fornecidos pela prova de Rorschach. 
Portanto, o presente volume contém apenas os critérios básicos adotados para a aplicação do Rorschach e a classificação das respostas, os valores estatísticos encontrados para os diferentes fatores e índices da prova e a sistematização dos resultados para a elaboração de relatórios clínicos tal como são feitos no Sistema de Silveira. 
O Manual de Rorschach Clínico foi organizado em três partes, precedidas por um capítulo sobre as condições de aplicação da prova. 
O capítulo inicial de Maria Cristina B. M. Pellini apresenta as condições técnicas de aplicação da prova de Rorschach e o material 
para o registro dos dados da prova (folhas de distribuição e súmula 
14 RORSCHACH ClíNIco — MANUAL BÁSICO 
do psicograma). Além dos esclarecimentos sobre o modo de transcrever as respostas fornecidas na fase associativa de realização do Rorschach, a autora informa sobre o modo de encaminhar o inquérito, procedimento fundamental para a classificação correta das respostas. 
A PRiMEIRA PARTE 
Símbolos e Critérios de Classificação — é composta por cinco capítulos que abrangem os diferentes componentes a serem codificados nas respostas aos estímulos do Rorschach: as modalidades de organização do campo perceptual, as categorias de fatores determinantes das respostas, o conteúdo verbal correspondente à diferentes tipos de categorização semântica das imagens e, quando for o caso, o registro da freqüência da resposta (Vulgar ou Popular). 
O capítulo 1— Localização das Respostas: Modalidades de Observação — refere-se ao modo com que os examinandos percorrem o olhar, distribuindo sua atenção nas diferentes áreas que compõem os estímulos nas diferentes pranchas do Rorschach, durante a organização do campo perceptual. A autora, Vanda Cianga Ramiro, após esclarecer a distinção entre as categorias principais e secundárias de localização, expõe em seu texto os critérios para a classificação das diferentes modalidades de respostas, apresentando exemplos que facilitam a compreensão do leitor. 
Os capítulos II, III e IV abrangem as diferentes categorias de fatores determinantes, cada uma delas representando os processos psíquicos subjacentes ao modo com que o examinando mobiliza seus recursos subjetivos para a construção de diferentes imagens. 
Cabe aqui uma breve referência às concepções de Silveira na identificação de categorias de determinantes como expressões paradigmáticas do processamento psicológico de experiências individuais, pela ativação dinâmica de diferentes sistemas e funções definidos por um modelo teórico de personalidade. 
No modelo de Silveira, as funções psíquicas organizam-se em 
sistemas dinâmicos e evolutivos que permitem a distinção teórica de 
três setores da personalidade: afetividade, conação e inteligência. No 
RORSCI-IACH CLiNico — MANUAL BÁSICO 15 
Rorschach, cada série de fatores determinantes irá traduzir a expressão predominante de sistemas de uma ou mais esferas da personalidade (sistemas intrínsecos ou extrínsecos). Os fatores de cada série de categorias determinantes referem-se aos diferentes níveis de amadurecimento das funções psíquicas mobilizadas durante a prova (critério diacrônico) enquanto que cada categoria representa um setor específico da personalidade, na expressão da dinâmica atual do psiquismo (critério sincrônico). 
Assim, a série de respostas de forma indica o modo e a extensão com que o examinando mobiliza os recursos conativos ao examinar as condições do ambiente externo e a elesubordinar as próprias condições subjetivas e necessidades afetivas. Pelo fato de refletir a aplicação da inteligência ao exame da realidade, as respostas de forma exprimem dinâmismos de ordem conativa e extrinsecamente intelectuais. 
As séries de respostas de movimento e de perspectiva traduzem processos cognitivos de diferentes ordens: aqueles que correspondem à elaboração de concepções autônomas e criativas do indivíduo, desenvolvidas nas diferentes fases de amadurecimento psicológico (RM) e aquelas que dependem da experiência concreta relacionada à concepção subjetiva da posição espacial, tendo o corpo como parâmetro referencial (RPs). Enquanto as RM correspondem à processos de ordem basicamente cognitivos, as RPs implicam necessariamente a integração das funções cognitivas e conativas. 
Os determinantes das séries cromática e de luminosidade representam experiências de ordem afetiva. Enquanto as RC traduzem a expressão de impulsos afetivos primários ligados à sobrevivência e de sentimentos complexos decorrentes das experiências interpessoais, as RL decorrem de imagens suscitadas pelo interesse afetivo, mas que resultam de noções ou de concepções cognitivas que provocam intensa repercussão emocional: processo de ordem afetivo-cognitivo. 
A distribuição dos 
diferentes fatores, em 
cada série de categorias 
de determinantes do 
Rorschach, acha-se sintetizada 
na figura do 
tetraedro desenhado por 
Silveira. 
m 
?1 
lá ROPSCHACH CLINICO — MANUAL BÁSICO 
O capítulo II — Determinante Formal (RF) - examina a atuação das funções conativas que presidem a estabilização da atenção para o julgamento das condições do ambiente externo e o controle coordenado dos impulsos subjetivos mobilizados durante o trabalho mental. Neste capítulo as autoras Carla Anauate e Maria Inês Falcão expõem os critérios adotados para a classificação das respostas determinadas pela forma dos estímulos selecionados nas manchas de Rorschach. Estabelecem ainda a distinção necessária entre diferentes propriedades no processo de estruturação formal das imagens: 
qualidade formal (F+,F-,F), nitidez e precisão da forma percebida (precisa, esquemática, vaga) e tipos de atuação dos processos cognitivos e emocionais na expressão dominante do processo conativo responsável pelo reconhecimento dos padrões formais da resposta (concreta, especial e dinâmica). Os exemplos de RF elucidam a distinção entre estes diferentes tipos de RF. 
O capítulo III — Determinantes Cognitivos - abrange duas categorias distintas de fatores que correspondem à expressões diversas 
do processamento cognitivo das experiências. 
Assim, o ilem III.] — Determinantes da Série Movimento (RM) - refere-se ao processo cognitivo em que são evocadas imagens em movimento e que resultam da elaboração intrínseca de experiências fundamentais ao examinando durante o processo de desenvolvimento da auto-afirmação nas relações interpessoais. Esse tipo de trabalho mental implica em maior grau de abstração e raciocínio dedutivo intimamente associado à concepção temporal das experiências. 
Neste texto, Flavia Aparecida Chammas expõe os critérios utilizados para a classificação das diferentes categorias de RM (M, m, m’) propondo exemplos que elucidam a expressão do processo cognitivo representado em cada tipo de imagem. A autora indica ainda a distinção entre dois tipos principais de movimento (extensor e flexor) e assinala a exigência da avaliação da qualidade formal das RM, como informação valiosa para a análise do processo mental examinado. Na parte final deste texto acha-se reproduzida a “Escala de Graus de energia de movimento”, adaptada por Silveira à partir da concepção de Piotrowiski. A avaliação do grau de energia mobilizado para a realização do movimento correspondente à imagem mental evocada pelo examinando apenas deverá ser interpretada quando, em um protocolo, houver um número superior à três RM, abrangendo pelo menos duas categorias diferentes 
RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 17 
O item III. 2 — Determinante Perspectiva- examina uma outra ordem de processos cognitivos: aqueles que expressam a concepção espacial das construções elaboradas pelo examinando. Nesse caso a coordenação dos elementos, distribuídos segundo uma vertente espacial, depende da intervenção conjugada das funções conativas, ou motoras, diretamente associadas na noção subjetiva de orientação espacial, e a elaboração cognitiva da imagem correspondente. Trata- se portanto de um processo cognitivo-motor, abrangendo sistemas de diferentes setores da personalidade. 
Neste texto, Giseile B. Petri M. Costa examina os diferentes níveis de construção da noção espacial (Ps, ps, ps’) indicando o critério para a classificação das respostas correspondentes à cada nível. De modo a distinguir a importância do fator espacial na elaboração de diferentes tipos de RPs, a autora se detém na análise dos exemplos por ela mencionados. 
O capítulo IV — Determinantes Afetivo-emocionais - abrange as duas séries de fatores determinantes que correspondem à expressão 
da afetividade: RC e RL. 
O item IV] — Determinantes Cromáticos - expõe os critérios adotados para a classificação de uma resposta como determinada pela qualidade cromática da área examinada. O fato das RC corresponderem à reações afetivas imediatas, coordenadas em maior ou menor grau pelo controle motor (FC, CF, C) faz com que as associações verbais do examinando sejam freqüentemente acompanhadas por comentários ou qualificações de valor sobre aquilo que foi percebido, o que facilita a distinção entre as RF e RC. 
Além de orientar o leitor sobre o critério distintivo dessas respostas, Simone Brunhani elucida, e fornece exemplos, sobre a natureza da estruturação das imagens que deverão ser codificadas como FC, CF ou C. A autora assinala ainda a possível ocorrência de mecanismos de reação desencadeados pela presença dos estímulos coloridos mas que não constituem respostas classificáveis. Examina particularmente o fenômeno da cor forçada ou condensação de cor, onde há uma interferência no processo de integração da qualidade cromática à forma percebida [(F(C) )]. A utilização do significado semântico das diferentes RC e não da qualidade formal desta categoria de determinantes é explicada no final de seu texto. 
Ainda no interior do item IV 1 — mas em um texto à parte, 
Lilian Pasqualini Casado analisa o confronto entre as RC e as RM 
18 RORSCHACH CLÍNIco — MANUAL BÁSICO 
para o exame do Equilíbrio das Forças Subjetivas, designado por 
Rorschach como Erlibnislypus. 
Neste texto a autora explica o modo com que Silveira concebe os índices EQ e EQ’, fornecendo indicações para o cálculo e interpretação dos resultados do confronto. Distingue assim os diferentes tipos de equilíbrio das forças subjetivas. Considerando o fato de não se tratar de tipos opostos, mas diferentes, a autora distingue como “tendências” os valores obtidos no cálculo desses índices. 
O índice EQ’ de Silveira constitui uma variante do índice original de Rorschach, em que o confronto se faz entre a somatória ponderal das RM (M, m e m’) e a somatória ponderal das RC (FC, CF e C). A avaliação dos dois índices permite a informação sobre o modo do examinando se comportar, em relação à disposição afetiva, quando se considera o plano mais amadurecido e autônomo dos processos cognitivos (EQ) e quando são examinadas concepções imaturas habitualmente não exteriorizadas no comportamento explícito (EQ’). 
O item IV 2 — Determinante Luminosidade - refere-se à vertente emotiva da personalidade, cujos processos envolvem a integração das noções e concepções cognitivas e a repercussão afetiva que produzem. Por se tratar de uma categoria de respostas que oferece maior divergência entre os diferentes Sistemas de Rorschach quanto à codificação e interpretação dos processos subjacentes à sua produção, a autora deste texto, Giselle B. Petri M. Costa, tece algumas considerações iniciais de ordem teórica. Em seguida passa a examinar os tipos de elaboração das imagens codificadas como L, C’, 1 e1’, detendo-se na análise dos exemplos por ela fornecidos. 
O capítulo V — Categorização Semântica das Imagens: 
Conteúdos das Respostas - redigido por Giselle B. Petri M.Costa, 
encerra a primeira parte do manual. 
SEqUNdA PARTE 
Elaboração do Psicograma — Apresentamos neste capítulo os índices, proporções e correlações dinâmicas que compõem a súmula dos resultados — do protocolo total e de cada conjunto principal de estímulos: monocromático e colorido. Indicando a seqüência a ser seguida para a organização dos dados do psicograma, distinguimos 
RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 19 
os itens que abrangem o exame do Trabalho Mental e aqueles 
relativos à análise do Feitio de Personalidade. 
No exame do Trabalho Mental distinguimos os três níveis dos processos cognitivos mobilizados durante a prova de Rorschach: 
observação (distribuição da atenção na definição do campo perceptual), elaboração (construção das imagens à partir dos fatores determinantes) e comunicação (categorização verbal das imagens). Além disso, definimos os Mecanismos Inusuais de Reação em função do modo que intervêm no processamento da resposta. 
No Feitio de Personalidade, os processos afetivo-emocionais, as disposições conativas e a dinâmica psíquica atual são analisadas de modo mais detido. Na parte final destacamos os critérios para a atribuição dos choques psicológicos — afetivo (ChC) e emocional (ChL) — e aqueles utilizados na construção das escalas dos sinais psicodiagnósticos de distúrbios psicógenos (escala de Molly Harrower) e de alterações psíquicas associadas à lesões cerebrais (escala de Piotrowiski). 
TERCEiRA PARTE 
Análise Estatística e Dados Normativos — Nesta terceira parte do livro encontram-se todos os dados referentes ao estudo estatístico dos fatores e índices dos protocolos que compõem o grupo de examinandos normais ,utilizado como população de referência. 
Este capítulo inicia-se com a exposição do critério de normalidade adotado para a seleção dos examinandos da população normal. Em seguida, Manuel Carlos Salvia comenta a questão da distribuição estatística das variáveis do Rorschach, referindo-se a estudos atuais e justificando a sua utilização de técnicas específicas de avaliação dos resultados. 
No final do capítulo, encontram-se as tabelas e gráficos dos fatores do Rorschach no grupo de examinandos normais. Os resultados do estudo estatístico de cada fator e índice da prova permitiram o estabelecimento dos intervalos de variação, utilizados na elaboração do psicograma, tal como exposto na segunda parte do livro. 
Lúcia Coelho 
�
PREFÁCIO 
A elaboração de novos modelos científicos do psiquismo humano, nos quais os processos psicológicos articulam-se com fenômenos relacionados à atividade cerebral e à determinantes de ordem sócio-cultural, vem estimulando o desenvolvimento de estudos e investigações sobre atenção, memória, pensamento, consciência e mais recentemente, emoção. A partir desses modelos teóricos, o aperfeiçoamento de procedimentos experimentais para o exame de processos psíquicos evidencia a exigência de maior rigor metodológico e conceptual no campo da psicologia. 
Paralelamente a esse movimento da psicologia teórica e experimental, observa-se a influência crescente do pragmatismo norte- americano na psiquiatria e na psicologia clínica. O procedimento empírico, de comparação indutiva de sintomas comportamentais, passa a ser adotado como norma dominante na categorização dos fenômenos psicopatológicos. Em decorrência, conceitos da psicologia tradicional 
- caráter, temperamento, traços de personalidade - são reformulados, de modo preciso, à partir de definições operacionais, passíveis de verificação empírica mas não integrados em modelos teóricos mais amplos. Multiplicam-se as escalas e questionários como instrumentos de avaliação de expressões sintomáticas comportamentais: a quantificação dos fenômenos tem primazia sobre o exame direto das condições mentais do paciente. Na área clínica apenas afastam-se desse procedimento os exames neuropsicológicos, nos quais são valorizadas as modalidades qualitativas do processamento das experiências, de acordo com modelos neurológicos da atividade cerebral. 
Levando em conta o fato da psicologia clínica focalizar sua atividade no estudo de caso, ou seja, no exame do modo com que um distúrbio psicopatológico ou um conflito emocional afeta a dinâmica de personalidade e interfere na modalidade particular de integração do paciente ao ambiente fisico e social, consideramos indispensável a sistematização crítica dos conhecimentos que deverão ser utilizados 
10 RORSCHACH CúNIco — MANUAL BÁSICO 
pelos profissionais dessa área. O exame de um caso clínico não exclui a utilização do procedimento rigoroso, que segue as diretrizes fornecidas por conhecimentos baseados na atividade prática, com a proposição de quadros nosológicos, mas que necessariamente implica a utilização de um modelo científico do psiquismo humano. Ao mesmo tempo que a construção de um conhecimento clínico supõe a síngularidade da existência de um ser humano, ele também deve possibilitar a realização de pesquisas que forneçam informações sobre a natureza dos desvios psicopatológicos e dos diferentes modos de enfrentamento dos conflitos individuais. Se os resultados dessas pesquisas possuem um menor poder explicativo que o das pesquisas experimentais, nem por isso elas são menos úteis e indispensáveis para levantar questões e fornecer sugestões aos modelos científicos. 
O projeto em que se baseia o presente trabalho situa-se nesse contexto atual da atividade clínica. Procuramos iniciar os psicólogos na utilização coerente e racional de um instrumento de exame psicológico de ordem mais complexa e sensível que a maioria das avaliações comportamentais que vêm sendo adotadas. A prova de Rorschach exige ao mesmo tempo a utilização racional de conhecimentos teóricos sobre o psiquismo humano e o procedimento sistemático e objetivo de identificação e codificação das variáveis envolvidas durante a realização da prova. Os dados fornecidos pela prova de Rorschach fornecem informações válidas sobre a estrutura da personalidade e os processos psicológicos por ela mobilizados. O uso do Rorschach na clínica amplia o conhecimento sobre a personalidade e a natureza dos distúrbios mentais do paciente examinado, fornecendo indicações sobre a natureza e a gravidade dos sintomas que apresenta, assim como sobre os recursos psicológicos que ele dispõe e as modalidades de tratamento ao qual ele deve ser submetido. Entretanto, o uso desta prova psicológica oferece inúmeras dificuldades devido à complexidade dos processos nela envolvidos. Assim, já é problemática a distinção dos fatores da prova e a construção de índices, uma vez que esse procedimento exige o conhecimento dos processos psíquicos por ela mobilizados, assim como o exame dos resultados, pois as variáveis estudadas nem sempre se distribuem segundo uma curva normal, o que dificulta a avaliação estatística e o próprio confronto com uma população normal de referência. Além disso, a utilização do Rorschach por um clínico supõe competência teórica e experiência profissional consistente para a análise e interpretação do psicograma. 
RORSCHACH CLINIc0 — MANUAL CLINIc0 11 
Apesar dessas dificuldades, o estudo da prova de Rorschach pode ser uma descoberta fascinante para o psicólogo. Na medida em que ele for aprendendo a utilizar os recursos que ela oferece, mais profundo e sensível será seu conhecimento sobre o ser humano, e é com o intuito de iniciá-lo nessa aventura que escrevemos o Manual de Rorschach Clínico. 
Lúcia Coelho 
�
SUMÁRIO 
COLABORADORES . 8 
PREFÁCIO 
Lúcia Maria Só/via Coelho 9 
INTRODUÇÃO 13 
TÉCNICA DE APLICAÇÃO DA PROVA 
Maria Cristina Barros Maciel l’e/lini 21 
PARTE 1- SIMBOLOS E CRITÉRIOS DE CLASIFICAÇÃO 
1 — LOCALIZAÇÃO DAS RESPOSTAS: Modalidades de Observação 
Landa Cianga Ramiro 37 
Critérios dc Classificação 37 
Modalidades Principais: G, P, p 37 
Modalidades Secundárias: GE, F 42 
Modalidades SecundáriasMenos Frequentes: p’, PG, GP 45 
2 - FATORES DETERMINANTES: SISTEMA CONATIVO 
DETERMINANTE FORMAL (RF) 
Maria Inês Falcão e Carla Anauate 49 
Critérios de Classificação 49 
Freqüência e Qualidade Formal (F+, F-, F) 50 
Precisão das Imagens 55 
Tipos de RF quanto ao modo de processamento das imagens 57 
SISTEMA COGNITIVO 
DETERMINANTE DE MOVIMENTO (RM) 
Flávia Aparecida Chamnias Campos de ArazUo 61 
Critérios de Classificação 61 
Movimento Humano (M) 62 
Movimento Animal (m) 68 
Movimento Inanimado (m’) 71 
Graus de energia segundo Piotrowski 76 
DETERMINANTE DE PERSPECTIVA (RPS) 
Giseile B. Petri AI. Cosia 79 
Critérios de Classificação 79 
Perspectiva Tridimensional (Ps) 80 
Perspectiva à partir da noção espacial (ps) 86 
SISTEMA AFETIVO-EMOCIONAL 
DETERMINANTE CROMÁTICO (RC) 
Simone Brunhani 93 
Critérios de Classificação 93 
Integração Formal: FC 95 
Predomínio Cromático: CF 96 
Reação Imediata: C 97 
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DAS FORÇAS SUBJETIVAS (EQ e EQ’) 
Lilian Pasqualini Casado 103 
Erlibnistypus (EQ) 103 
Variante de EQ:EQ’de Silveira 106 
6 RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 
DETERMINANTE LUMINOSIDADE (RL) 
Giselie B. Pelri M. Costa 111 
Critérios de Classificação III 
Integração emocional (L e C’) 112 
Expressão inter-sensorial: relevo e tacto: (1) 125 
Sensação Subjetiva: (1’) 131 
3. CATEGORIZAÇÃO DAS IMAGENS 
CONTEÚDO DAS RESPOSTAS 
Giselie B. Petri M. Costa 135 
Critérios de Classificação 135 
Categorias de Conteúdo 136 
Figura animal (A) Humana (H) 139 
Areas de interesses 153 
PARTE II- ELABORAÇÃO DO PSICOGRAMA 
Lúcia Maria Sálvia Coelho 159 
Tipo de Trabalho Mental 159 
1. Capacidade Associativa (R) e Tempo de Resposta (T) 159 
2. Observação da Realidade 161 
2.1. Tipo de Percepção — Indice Perc 161 
MODALIDADES PRINCIPAIS 161 
Tabela 1—Resposta Globais (G) 161 
Tabela 2— Pormenor Primário (P) 162 
Tabela 3 — Pormenor Secundário (p) 162 
MODALIDADES SEC(JNDÁRIAS 163 
Protocolo Total 163 
1. Espaço Primário: E 163 
2. Global com Espaço (GE) e Outras Modalidades (GP, PG, p’) 163 
Conjunto Monocromático 164 
1. Espaço Primário E 164 
2. Global com Espaço (GE) e Outras Modalidades (GP, Pg, p) 165 
Conjunto Cromático 165 
1. Espaço Primário 165 
2. Global com Espaço (GE) e Outras Modalidades (GP, Pg, p) 166 
2.2. Qualidade Formal das Modalidades Principais 166 
3. Qualidade de Elaboração das Experiências 167 
3.1. Exame das Condições Externas (%F) 167 
Mobilização dos Recursos Subjetivos (Lambda) 167 
3.2. Flexiblidade do Pensamento 168 
3.3. Elaboração Intelectual lntrínseca(Z) 169 
4. Nível da Comunicação Verbal 170 
Faixa de Interesses. Categorias de Conteúdo 170 
5. Processo de Adaptação à Realidade (R.M.1.) 171 
a) Esfera Conativa — Julgamento da Realidade (%F+) 172 
b) Esfera Afetiva — Ligação Emocional ao ambiente (%A) 172 
c) Esfera Cognitiva — Assimilação Lógica (%V) 172 
Construção do Índice e Intervalos de Variação 172 
a) Setor Conativo: Julgamento de Realidade 172 
b) Setor Afetivo: Ligação Emocional 173 
c) Setor Cognitivo: Padrões Culturais 173 
6. Mecanismos Inusuais de Reação 173 
RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL CLÍNIco 7 
1. Nível de Expressão dos Ivíecanismos 173 
1. Nível de Observação 173 
11. Nível de Elaboração 177 
III. Nível de Comunicação 182 
II. Feitio de Personalidade 184 
1. Condições Afetivo-Emocionais: AF 184 
Equilíbrio das Forças Subjetivas Eq e Eq’ 185 
Nível de Adaptação Emocional (L+C’): (1+1’) 186 
Níveis de Expressão dos Afetos FC:CF:C (Conteúdos e Mecanismos) 186 
2. Estudo do Self 187 
3. Dinâmica Psíquica Atual 187 
3.1. Direção em que Aplica a Ativação Psiquica (ou Energia Mental) 187 
3.2. Confronto entre os Processos Cognitivos e as Condições 
Afetivo-Emocionais 188 
a) No Plano Manifesto 189 
b) No Plano Latente 190 
e) Tipos de Confrontos: Exame da Dinâmica da Personalidade 190 
4. Disposições Conativas 191 
III. Sinais Psicodiagnósticos 194 
1. Choques Psicológicos: Expressões Diversas da Ansiedade 194 
Choques Afetivos (chC) 194 
Choque Emocional 197 
2. Sinais Psicodiagnósticos 200 
1. Série de Molly I-Iarrower 201 
2. Série de Piotrowski 203 
PARTE III - ANÁLISE ESTATÍSTICA E DADOS NORMATIVOS 
Manoel Carlos Pinheiro Sálvia e Lúcia Maria Sálvia Coelho 211 
1. Conceitos Elementares 211 
2. População Normal 213 
3. Tabelas 219 
Tabela Geral 221 
Tabela 1 — Modalidades 225 
Tabela II — Modalidades Mono 228 
Tabela III — Modalidades Color 231 
Tabela IV — Adaptação â Realidade 234 
Tabela V — Feitio de Personalidade 237 
Tabela VI — Condições Afetivo-Emocionais em Disposição Conativa 240 
Tabela VIl—Elaboração 244 
Frequência Acumulada 245 
Curvas de Frequëncia Acumulada 245 
Distribuição dos Resultados: Grupo de Examinandos Normais 251 
ANEXOS 
Diagramas: Modalidades Secundários 253 
Diagramas: Conjunto Monocromático 253 
Diagramas: Conjunto Cromático 254 
�
TÉCNICA DE APLICAÇÃO DA PROVA DE RORSCHACH 
MARiA CRiSTINA BARROS MAciEI PEI[ir.i 
APROVA de Rorschach envolve um processo de construção! 
elaboração interna e não meramente de identificação de imagens. A principal virtude do método de Rorschach é geralmente seu 
poder de fornecer um padrão integrado de personalidade global e, em seguida, articular este padrão de maneira quantitativa específica, em numerosas dimensões da personalidade. Este efeito, ainda único entre os processos de avaliação, tornou-se possível, até certo ponto, pela maneira que Rorschach definiu sua tarefa a partir de um ponto de vista sistemático. Seu interesse inicial era chegar à natureza das modalidades básicas de funcionamento subjacentes a toda atividade psíquica de um indivíduo. Ele foi bastante explícito enfatizando que seu alvo era descobrir “como”, antes de “o que” a pessoa experimenta. Isso significa procurar não só pelos conteúdos específicos das preocupações, esperanças e temores mas pela maneira através da qual estes eventos psíquicos vêm à tona, se expandem, com ressonâncias vivas da atmosfera ao redor, ou como reações racionalmente controladas. A preocupação é mais com o formal ou funcional do que os aspectos do conteúdo, substantivos da personalidade. 
Segundo Coelho (1980) “A capacidade do indivíduo de reproduzit associar, modficar combinar e expressar as imagens obtidas a partir de dez cartões que constituem o psicodiagnóstico de Rorschach está diretamente relacionada à sua imaginação e ao seu comportamento criador. A imaginação não resulta de uma faculdade única, mas da ação conjunta das funções afetivas, conativas e intelectuais” (p. 111). 
Na sucessão da apresentação dos dez cartões, verifica-se que 
os borrões de tinta são bastante diferentes entre si quanto ao nível de 
22 RORSCHACH CLINICO — MANUAL BÁSICO 
homogeneidade, presença do vermelho, presença de tons pastéis, equilíbrio na disposição espacial da mancha no cartão, simetria, dispersão, participando todas estas características de maneira mais ou menos expressiva na elaboração das respostas. 
A apresentação de uma prancha na Prova estimula diretamente a visão que integra as experiências através dos outros sentidos e que, conjuntamente com a audição, nos oferece uma noção de como percebemos a realidade. Tudo o que acontecer a partir deste momento terá que ver com as disposições próprias, internas e externas, do examinando: condições psicológicas, ambiente, interesse e motivação. 
Inicialmente, devemos observar que a aplicação do RORSCHACH deve respeitar as condições básicas para a aplicação de uma prova psicológica, quanto ao ambiente físico (sala com pouca estimulação, tranqüila e bem iluminada), estabelecimento de um bom “rapporC’, privacidade, etc. 
Recomenda-se que as aplicações sejam feitas durante o dia, sob luz natural, mas caso não seja possível, que se disponha de boa iluminação, que não cause sombras ou altere a percepção de cores das manchas. 
Quanto à posição do examinador-examinando, recomenda-se que seja adequada às condições do ambiente de aplicação, desde que possibilite ao examinadorvisão do examinando e de suas reações corporais, bem como visão das pranchas e ainda, que o aplicador evite uma posição que cause maior constrangimento ao do examinando. 
Segundo Coelho (1980) “A sucessão das respostas à série de pranchas constitui a fase de associação espontônea. Durante esta fase o examinador deverá registrar exatamente as expressões verbais e mímicas do probando, o tempo que ele levou para enunciar a primeira resposta de cada prancha (Tempo de reação inicial - Tr i.) e o tempo total (T T) despendidoporprancha. Após afase associativa passamos para a fase de inquérito durante a qual devemos apurar os dinamismos determinantes do conteúdo verbal comunicado pelo examinando” (p. 111). 
MATERiAl NECESSÁRiO 
Além das pranchas de RORSCHACH (organizadas em ordem 
de 1 a X), viradas sobre a mesa: 1 cronômetro; 2 folhas de localização; 
2 canetas de cores diferentes; várias folhas de resposta em branco 
RORSCHACH CLÍNIco — MANUAL BÁSICO 23 
(em média 10 folhas). Este material deve ser organizado previamente 
pelo examinador. 
PROCEdiMENTO RARA ApLicAçÃo 
1. Contato inicial - “RAPPORT” 
Antes da aplicação propriamente dita, faz-se necessário o contato 
inicial, também denominado “rapport” entre o aplicador e o 
examinando. 
Do “bom rapport” depende o sucesso da aplicação. O aplicador 
deve propiciar um ambiente e contato acolhedor, com o objetivo de 
diminuir a tensão inevitável frente à situação de prova. 
Deve-se deixar claro para o examinando: 
— a natureza da prova — que trata-se de uma avaliação de traços de personalidade e não mede, exclusivamente, inteligência 
ou qualquer outra habilidade específica; 
— que pode ser aplicado em qualquer pessoa, de qualquer idade, grau de escolaridade, nível cultural ou sócio-econômico; 
— o caráter sigiloso da prova; 
— a finalidade pela qual o examinando está se submetendo à prova: para aprendizado do aplicador, pesquisa, diagnóstico psicológico, seleção profissional, solicitação de outro profissional, etc. 
— no caso de situação de aprendizagem, explicar a função do observador e a função do espelho. 
1.1. Coleta de Dados: 
Deve-se ser feita de modo descontraído pelo aplicador, pois faz 
parte do “rapport”, que só termina quando encerramos a aplicação. E 
importante pesquisar: 
— dados do examinando: idade, data de nascimento, naturalidade, grau de escolaridade, curso, profissão; 
— saúde: se o examinando faz uso de algum medicamento e, em caso afirmativo, verificar se, dependendo do motivo da aplicação, é importante pesquisar se o examinando faz uso de substâncias químicas, a freqüência e efeitos deste uso; 
24 RORSCHACH CLíNico — MANUAL BÁSICO 
— disposição do examinando: indagar se está disposto, tem bom hábito de sono, se está bem alimentado. Caso o examinando esteja com muito sono ou fome, ou ainda indisposto ou muito tenso, apesar do rapport, deve-se adiar a aplicação. 
ApLicAçÃo PROpRiAMENTE DiTA: 
A aplicação do RORSCHACH divide-se em duas fases: 
ASSOCIAÇÃO e INQUERITO. 
AssociAçÃo: 
É a fase de associação e construção livre do examinando, frente 
aos estímulos (pranchas) que lhe são apresentados. 
Quando estiver claro para o aplicador, que coletou e forneceu 
todas as informações necessárias, estabelecendo assim um “rapport” 
satisfatório, dará as seguintes INSTRUÇOES: 
“Vou lhe mostrar algumas manchas de tinta e gostaria que você me dissesse o que você vê nelas, o que essas manchas parecem para você. Não se preocupe em acertar ou errar, porque não existem respostas certas ou erradas, as pessoas vêem coisas completamente dferenies umas das outras e, portanto, não há certo nem errado; o importante é que você se sinta à vontade para falar tudo aquilo que você vê nas manchas que vou lhe mostrar As manchas podem ser vistas em qualquer posição e vou anotar tudo o que você disser Anotarei também o tempo, mas não se preocupe com o tempo pois é um controle meu, você tem o tempo que achar necessário. Quando você terminar de ver, você me devolve a prancha”. 
É importante discutir alguns pontos destas instruções: 
1. Manchas —preferimos o termo “manchas” porjulgá-lo mais ambíguo e de fácil compreensão para qualquer pessoa. Alguns autores usam termos como “cartões”, “manchas de tinta”, “lâminas”, “pranchas”; 
2. Não existem respostas certas ou erradas — normalmente as pessoas associam a Prova de Rorschach a testes de 
inteligência, que apresentam respostas certas ou erradas, 
RORSCHACH CLINICO — MANUAL BÁSICO 25 
por isso, é importante ressaltar que não existem estes tipos 
de respostas. 
Dadas essas instruções, entrega-se a Pr. 1 na mão do examinando 
ou na mesa (caso ele(a) não a pegue), acionando o cronômetro. 
O aplicador deverá então: 
— anotar a movimentação da prancha que o examinando fizer, usando o seguinte código: 
A posição “normal”- em que se entrega a prancha. 
v posição “invertida”- virada de “cabeça para baixo” 
> virada para a direita do examinando 
< virada para a esquerda do examinando 
quando o examinando dá um giro total na figura,de forma rápida 
— anotar expressões fisionômicas, expressão corporal, comentários; 
— anotar o T.R.I. (tempo de reação inicial) quando for dada a primeira resposta da prancha (não parar o cronômetro, apenas 
anotar, deixando o cronômetro ligado); 
— anotar a verbalização do examinando de forma literal, embora por vezes tal procedimento seja difícil, mas não há qualquer 
problema em pedir ao examinando para repetir; 
— em hipótese alguma devemos usar gravador, pois este recurso não foi padronizado para aplicação desta prova. 
— caso após a primeira resposta para a Pr. 1 o examinando a devolva, o aplicador deve estimular mais respostas: 
“Você gostaria de tentar ver mais alguma coisa nessa mancha”? 
Tal procedimento pode ser repetido até a Pr. III, denominado Estimulação, tem o objetivo de descartar a hipótese de que o examinando “imagine” que era para “achar” um único significado em cada mancha. 
— anotar o T.T. (tempo total da prancha) quando o examinando devolve a prancha após as associações feitas (espontaneamente ou após a estimulação - Pr. 1, II e III), mesmo que não acrescentando nenhuma outra resposta; 
26 RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 
— colocar a prancha devolvida pelo examinando sobre a mesa, com a figura virada para baixo ou ainda sob a mesa se desejar (o examinando deve ficar com apenas um estímulo de cada vez) e entregar a Pr. II, do mesmo modo. O procedimento será o mesmo da Pr. 1 à Pr. X. 
ObsERvAção: 
— Caso o examinando dê muitas respostas por prancha, ou fique um tempo demasiadamente longo de posse da mesma, podemos interrompê-lo, gentilmente, solicitando que passe para a prancha seguinte. Isso pode ser feito quando o sujeito der pelo menos dez respostas na prancha ou fique de posse dela por volta de dez minutos. 
— Caso o examinando não consiga “ver nada”em qualquer uma das pranchas ou em mais de uma delas, passa-se para a prancha seguinte, sem insistir, pois houve uma INIBIÇAO frente ao estímulo (anotar na folha de respostas). 
Nestes casos, após a apresentação da Pr. X., será feita a 
REPASSAGEM, parcial ou total do teste, antes de iniciar a Segunda fase. 
Quando será feita a REPASSAGEM: 
l’ quando ocorreu Inibição em 1 ou até 3 pranchas: 
— caso a Inibição tenha ocorrido frente às Prs. 1 a VII - reapresentar apenas a(s) prancha(s) inibida(s), dando a 
seguinte instrução: 
“Vou lhe mostrar novamente essa(s) mancha(s) em que você 
não viu nada, quem sabe agora você vê algo nela(s) “. 
— caso a Inibição tenha ocorrido frente as Prs. VIII, IX ou X, repassar o teste todo, conforme justifica Coelho (1990): 
com o propósito de se restabelecer o ritmo associativo da série, o que irá facilitar a atenuação do bloqueio e a elaboração de respostas nos estímulos às pranchas finais” (p. 22). 
2° quando ocorreu a Inibição em mais de três pranchas, 
independente de quais sejam elas, devemos repassar o teste todo: 
PORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 27 
“Vou lhe mostrar novamente as manchas para que você as observeoutra vez, e quem sabe agora veja algo naquelas que você não viu nada anteriormente, e outras coisas naquelas que já viu antes, caso queira”. 
3° quando o número total de respostas (nas 10 pranchas) for 
inferior a 15, também devemos repassar o teste todo: 
“Vou lhe mostrar novamente as manchas para que você as 
observe outra vez e agora veja outras coisas além daquelas que já 
viu antes “. 
(caso não aumente a produção, iremos trabalhar apenas com as 
respostas obtidas); 
4° quando ocorreu perseveração acentuada de determinado conteúdo ou resposta (ex.: mais da metade das respostas dadas forem de anatomia, ou consistirem em um mesmo conceito, por exemplo “Borboleta”), devemos repassar todas as pranchas. 
“Vou lhe mostrar novamente as manchas para que você as 
observe outra vez, e veja outras coisas além de... 
Em todos os casos, as instruções da REPASSAGEM, quando necessária, devem ser dadas com tranqüilidade pelo aplicador, como se tratasse de um procedimento de rotina da prova; será anotado o 
T.R.I. e o T.T. da mesma maneira que na primeira associação (posteriormente, na avaliação quantitativa, serão somados apenas os tempos totais de cada pr. e será considerado como T.R.I. o tempo da la. associação). 
Quando apesar da REPASSAGEM, o examinando continuar não fazendo nenhuma associação à prancha(s) inibida(s), anotar na folha de respostas que houve REJEIÇÃO nas referidas pranchas, para posterior avaliação. 
INQUERiTO 
Terminada a fase de associação (com a repassagem, caso 
necessário, ou não), inicia-se a fase denominada INQUERITO, 
quando serão reapresentadas todas as pranchas ao examinando (exceto 
28 RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 
alguma rejeitada) e lhe serão feitas algumas perguntas, sobre as associações feitas, com o objetivo de compreender o processo de percepção desenvolvido e a elaboração de cada resposta. 
Assim, após reorganizar as pranchas em ordem (de 1 a X), mudar 
a cor de caneta, para discriminar melhor esses dois momentos da prova, 
dar as seguintes instruções: 
“ Vamos passar para uma nova etapa da prova. Agora eu vou mostrar-lhe novamente as manchas e vou pedir que você me explique cada uma das imagens que você viu. Vou fazer algumas perguntas para que eu possa entender como você foi construindo essas imagens em sua mente. Como que, através das manchas, você foi tendo essas idéias que você disse “. 
Mostrar para o examinando a folha de localização, dizendo que 
irá utilizá-la, mas deixá-la sob a mesa (ou no colo). 
Mostrar então para o examinando a Pr. 1: ‘Aqui você disse que 
viu um.. .mostre-me, contornando com o dedo em volta da mancha 
onde você viu um... 
Anotar no mapa de localização o contorno feito pelo examinando, obtendo-se assim a localização da resposta, ONDE o examinando concentrou a sua percepção (MODALIDADE DA RESPOSTA), que poderá ser na figura toda, ou em apenas parte dela. 
Passar então à pesquisa de “QUAIS” características da mancha 
determinaram a construção da imagem para o examinando 
(DETERMINANTE DA RESPOSTA). 
E a parte mais delicada e dificil, principalmente para o iniciante em RORSCHACH e é preciso muito cuidado ao fazer as perguntas para não induzir o examinando tendo como exemplo de resposta: “uma borboleta”, na Pr. 1, perguntar: 
“O que na mancha te fez pensar em uma borboleta? “; ou 
“O que te fez lembrar uma borboleta nessa mancha? “; ou 
“Quais características da mancha que te ajudaram a pensar nela como sendo uma borboleta? “; ou 
“Como você construiu, na sua cabeça, essa imagem de uma 
borboleta à partir dessa mancha? “. 
Podem ainda persistirem dúvidas quanto à construção da 
imagem por parte do examinando ou ter-se ainda a hipótese de que 
RORSCHACH CLíNICO — MANUAL BÁSICO 29 
outras características da mancha também ajudaram na percepção da 
imagem citada. Nesse caso, pode-se inquerir: 
“Descreva-me melhor essa borboleta”. 
“Além do(a) . . .o que mais te fez pensar em borboleta nessa 
mancha?” 
“Há alguma característica da mancha que te ajudou a pensar 
como sendo uma borboleta?” 
ObsEnvAço 
— todos os adjetivos utilizados pelo examinando, devem ser inquiridos: 
Como por exemplo: “uma borboleta muito bonita”. 
“O que, na mancha, te deu a idéia de ser uma borboleta muito 
bonita?” 
— para “nortear” o INQUÉRITO, é necessário que o aplicador construa hipóteses sobre os determinantes utilizados pelo 
examinando, considerando: 
FORMA: quando ele utiliza o contorno das manchas; 
COR: quando considera as cores na construção de suas respostas; 
LUMINOSIDADE: as diferenças de tons no interior das manchas; 
MOVIMENTO: quando o examinando projeta cinestesia na mancha, ele “sente” movimento da mancha; 
PERSPECTIVA: quando há a sensação de profundidade, planos diferentes de construção da resposta. 
Evidentemente nenhuma pergunta deve ser feita de modo a induzir o examinando, por exemplo: ‘A cor da mancha também te ajudou a ver...?” Tais perguntas não devem ser feitas, pois elas irão intervir no modo pelo qual o examinando constrói a imagem. 
— quando acontecer urna resposta vaga, ambígua ou não definida, como por exemplo: “monstro”, é preciso saber se é 
30 RORSCHACH CLiNICO — MANUAL BÁSICO 
um monstro com características humanas ou de animal, pedindo-se para o examinando “explicar melhor”; o mesmo procedimento será feito quando na associação o examinando fala “uma pessoa” e no inquérito, faz referência apenas ao rosto, é preciso pedir-lhe que “explique melhor”; 
— quando no inquérito o examinando acrescenta outras características que não havia dito na associação, exemplo: 
“uma borboleta” (na associação).. .está voando (no inquérito); perguntar se elejá havia percebido que estava “voando” antes, ou só no segundo momento (inquérito); 
— caso o examinando veja outras coisas no Inquérito, anota-se da mesma forma e procede-se o inquérito na sequência; 
— se, ao final do inquérito, o examinando não tiver dado nenhuma resposta de cor, ou seja, não tenha levado em conta nenhuma das cores (azul, verde, vermelho, amarelo, laranja, rosa e marrom) em nenhum momento, podemos ter uma hipótese de daltonismo ou cegueira às cores; nesse caso, ao final da aplicação, apresentamos a prancha X e solicitamos que ele nomeie as cores; 
— o ideal é que a aplicação do RORSCHACH seja feita em uma única sessão, mas caso o tempo se prolongue demasiadamente, podemos interromper, após finda a associação e dar início ao inquérito pelo menos na prancha 1, e continuar em um outro dia (preferencialmente no dia seguinte). 
1.2. Encerramento: 
Ao final do inquérito da Pr. X, proceder o encerramento com o 
examinando, de modo tranquilo, dando espaço para que o mesmo 
coloque suas impressões sobre a experiência vivida. 
Agradecer sua participação e acompanhar o examinando ao sair 
da sala. 
RORSCHACH CUNIc0 — MANUAL BÁSICO 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
COELHO, L.M.S. Epilepsia e Personalidade: Psicodiagnóstico de Rorschach, entrevistas e anamnese heredológica em 102 
examinandos. São Paulo, Atica, 1980. 
_______________ Questões e procedimentos na construção do 
Psico grama de Rorschach. In: Boletim da Sociedade Rorschach 
de S. Paulo. Edição Especial, São Paulo, 1990. 
�
LocALizAçÃo DAS RESPOSTAS: MODALIDADES DE OBSERVAÇÃO 
VANdA CiANqA RAMiRO 
COMPREENDE-SE por MODALIDADE, a área da mancha onde o 
examinando percebeu um significado específico, a partir da 
observação intelectual, que lhe permitiu focalizar a atenção, 
influenciada pelas reações emocionais e pela capacidade de ação. Portanto, é “onde o examinando viu” a resposta, ou seja, o “campo perceptual”. 
No sistema de notações por nós utilizado, encontramos oito diferentes tipos de MODALIDADES, divididas em duas categorias: 
MODALIDADES PRINCIPAIS e MODALIDADES SECUNDÁRIAS, sendo que as principais caracterizam-se como as mais freqüentemente encontradas na população média, enquanto as secundárias apresentam freqüência menor ou até rara, pois segundo Silveira, 1985: “...as categorias de modalidades compõem dois grupos: umas, a que denominamosprincipais, porque na concepção de todos os autores, desde Rorschach, definem o modo de atender à realidade exterior, e outras menos encontradiças, cuja presença revela dinamismos peculiares do trabalho mental “(p. 35). 
1. Modalidades Principais - G P p 
São as mais freqüentes na população média, que correspondem 
a um dinamismo normal de percepção, demonstrando que o 
examinando é capaz de perceber a mancha de modo amplo (Resposta 
Global - G), os aspectos mais evidentes (Respostas de partes - 
pormenores primários - P) e os detalhes (Respostas de partes - 
pormenores secundários - p). 
38 RORSCHACH CLíNico — MANUAL BÁSICO 
1.1. Resposta Global - G 
Serão classificadas como G, as respostas que compreenderem a 
mancha toda ou que exclui apenas porções (decorrente de “crítica à 
mancha”), mas sempre respeitando a Gestalt global da mancha. 
Exemplos: 
Portanto, a associação do examinando deve abranger a figura toda, porém, há dois casos que consideramos como exceções a essa 
regra: 
— na prancha II — menos a parte inferior em vermelho, denominada P3 
— na prancha IV — menos a parte denominada P1 continuará sendo G (global), desde que o examinado reconheça que as partes citadas fazem parte de sua resposta, ainda que não saiba o que é: 
Exemplos: 
Deixará de ser G (Global), quando o examinando as excluir de sua resposta, quando então será classificada como um Pormenor 
Atípico (P atípico). 
Distinguimos dois tipos de Resposta Global, considerando-se o 
tempo que o examinando observa a figura e verbaliza sua resposta: 
	Pranchas 
	
	1 
	Borboleta, no desenho inteiro. 
	IV 
	Um gorila. 
	V 
	Um morcego, na figura toda. 
	VII 
	Nuvens. 
	X 
	O desenho todo me parece um jardim. 
	Pranchas 
	
	
	
	
	
	
	Borboleta, na figura int parte da borboleta seria. 
	eira, emb 
	ora aqui 
	(P3) nã 
	o sei qual 
	
	Homem das neves, no seria isso (P1). 
	desenho 
	todo, mas não 
	sei o que 
ROSCHACH ClíNico — MANUAL BÁSICO 39 
GLOBAL SIMPLES E GLOBAL COMBINADA. Neste último tipo distinguimos dois modos diversos de estruturação de imagem: 
imediata e sucessiva. 
a) Global Simples. reconhecimento imediato de uma única gestalt familiar, a partir da: - observação concreta (processo indutivo do 
pensamento), produzindo respostas bem delineares, objetivas; 
Exemplos: 
— da observação subjetiva, produzindo respostas vagas, pouco delimitadas. 
b) Global Combinada: reconhecimento imediato de duas ou mais gestalts familiares, compondo o global. 
1) GLOBAL COMBINADA IMEDIATA - o examinando constrói sua resposta a partir da observação imediata da mancha, “olha 
e constrói”, uma resposta. 
Exemplos: 
	Pranchas 
	
	1 
	Borboleta 
	IV 
	Um gigante 
	VI 
	Uma flor 
	Pranchas 
	
	IV 
	O desenho todo parece algo macio. 
	VI 
	Essa figura lembra tristeza. 
	X 
	Uma festa, muito alegre e colorida. 
	Pranchas 
	
	IV 
	Um gigante sentado em um tronco de árvore. 
	X 
	O findo do mar com seus vários elementos. 
	III 
	Ritual indígena, com as índias cozinhando e os enfeites da festa. 
40 RORSCHACH CLJNIc0 — MANUAL BÁSICO 
2) GLOBAL SUCESSIVA - construída de modo dedutivo pelo reconhecimento sucessivo de vários elementos que compõem uma cena percebida inicialmente, ou sei a, o examinando constrói sua resposta sucessivamente até compor o global. 
Exemplos 
Não incluímos na modalidade G: 
1. A resposta que incluía os espaços em branco (GE); 
2. Quando apenas por coincidência, todas as áreas por serem interpretadas, mas sem que o examinando atribuía um conceito geral 
para o conjunto das interpretações. 
Exemplos: 
Prancha 
VIII Dois felinos (P1), uma árvore (P8), uma flor 
colorida (P2) 
	Pranchas 
	
	III 
	Um ritual indígena onde duas africanas estão batendo em um tambor (P1), aqui tem dois animaizinhos pendurados para o sacrificio (P2), e aqui um símbolo da tribo (P3), 
	VIII 
	São dois felinos (P1), estão atravessando de um penhasco para o outro (P2 e P8) para chegarem até o cume da montanha (P4). 
	Pranchas 
	
	VIII 
	Dois ursos (P1), uma montanha em uma floresta (P4+P5), aqui (P2) um campo florido. Os ursos saem do campo para subirem a montanha. 
	X 
	Vejo siri (P1), caranguejos (P7), coral (P9), cavalos marinhos (P4), algas (P15), um casco de navio (P1 1), peixinhos (P12), plânctons, plantas marinhas, formando o fundo do mar. 
RORSCHACH CLÍNIco — MANUAL BÁSICO 41 
1.2. Resposta de Pormenor Primário - P 
Serão classificadas como P (letra “P” maiúsculo), todas as respostas localizadas em partes da mancha, freqüentemente selecionadas pela população média, independente do tamanho da área selecionada. 
Para sabermos se a região selecionada pelo examinando trata- 
se de uma região freqüente ou não, consultamos os Mapas de 
Localização, de cada prancha (ver tabela de Qualidade Formal). 
Observa-se que nos Mapas de Localização (Beck) os pormenores Primários (P), estão numerados de 1 a 15 (inclusive), o que significa que aparecem com freqüência de pelo menos 1:22(4,5%) na população estudada para a padronização. 
Convém ressaltar que o tamanho da parte selecionada ou sua posição na prancha, não são levados em consideração na avaliação dele como um Pormenor Primário (P). O critério é unicamente a freqüência. 
Portanto, todas as respostas, que não abrangem a mancha toda, 
e localizam-se nas áreas mais freqüentemente escolhidas e mapeadas, 
terão como Modalidade - P (Pormenor Primário). 
Exemplos: 
Nota: teremos ainda, algumas respostas, localizadas em áreas menos freqüentes, não localizadas nos Mapas, que no entanto, ainda serão classificadas como Pormenor Primário Atípico. Estas serão encontradas na Tabela de Qualidade Formal de cada uma das pranchas. 
1.3. Resposta de Pormenor Secundário - p 
Serão classificados como Pormenor Secundário (letra “p” em 
minúsculo), as respostas localizadas em partes cuja freqüência de 
	Pranchas 
	
	1 
	Mulher (parte central da mancha) P1 
	II 
	Rosto (parte vermelha superior) 
	VIII 
	Felino (parte lateral em rosa) 
	IX 
	Magos (parte superior em laranja) 
	X 
	Torre (parte superior em cinza) 
42 ROPSCHACH CLíNico — MANUAL BÃsIco 
escolha pela população média foi inferior que 1:22. Consultando os Mapas de Localização de Beck, observamos que são consideradas as áreas numeradas apartir do número 16. 
As respostas obtidas, localizadas em região que não constar no Mapa de Localização da prancha correspondente, também serão classificadas como Pormenor Secundário, considerando-se a reduzida frequencia dessa área selecionada. 
Observamos ainda, que o tamanho da área selecionada (reduzido), não determina que a resposta seja classificada como Pormenor Secundário, o critério adotado continua sendo o de frequencia. 
Exemplos: 
- Pranchas 
2. Modalidades Secundárias 
São denominadas “secundárias”, as áreas selecionadas para construção das respostas, que apresentarem dois sentidos: raridade de ocorrência e por revelarem variações subjetivas menos acessíveis ao total estatístico. 
Atendendo este critério, encontramos: Resposta Global com Espaço, Resposta de Espaço, Resposta de Pormenor Inibitório, Resposta Global a partir de um Pormenor e Resposta Global com valor de Pormenor. 
2.1. Modalidades Secundárias mais Freqüentes - GE E 
2.1.1. Resposta Global com Espaço - GE 
Serão classificadas como GE, as respostas que o examinando abranger toda a mancha e ainda incluir alguma região de espaço em branco (independente do tamanho ou da quantidade de espaços incluídos). 
	1 
	Cabeça de cachorro (parte inferior da região 
	
	central da mancha) - p31. 
	
	1 
	Avião (considerando a parte central vertical Mancha e a metade superior horizontal conjunto ) - p sem localização. 
	da 
em 
RORSCHACH CLINICO — MANUAL BÁSICO 
Exemplos. 
2.1.2. Resposta de Espaço - E 
Classifica-se como Resposta de Espaço, quanto a modalidade, as respostas localizadas apenas nas partes embranco, não considerando-se as manchas de tinta, das pranchas, denominadas espaço ou fundo das figuras, resultado da inversão da “gestalt”perceptiva do examinando. 
Exemplos: 
Observamos que em nossa acepção teórica, não há divisão de respostas de Espaço primário e secundário, como é feito em relação 
às respostas de partes das manchas (pormenor primário e secundário). 
Nos mapas de localização de Beck, encontramos as regiões das 
pranchas classificadas como Espaço, mais frequentes, numeradas, no 
entanto, caso obtenhamos uma resposta de área em branco que não 
43 
	Pranchas 
	
	1 
	‘‘Cabeça de raposa (em G), sendo que (E30) são os olhos e (E29) é a boca. 
	II 
	A4a.i espacial subindo (E5) com fumaça em volta 
(P6) e fogo (P2 e P3). 
	V 
	‘‘Borboleta (em G) voando no céu (toda porção em branco, constitui o fundo da mancha) 
	VII 
	v Abajur (sendo G a cúpula e (E7) a lâmpada) 
	VIII 
	t’Mapa (sendo G, a terra e vegetação e no fundo em branco, a água). 
	Pranchas 
	
	1 
	ANoivinhas (espaços em forma de ‘triâgulos no centro da mancha - E30) 
	II 
	ANave espacial (espaço central da mancha - E5) 
	VII 
	AUm vaso (espaço central da mancha - E7) 
	VIII 
	‘‘Asa deita (espaço entre parte inferior laranja e parte central verde - E32) 
	IX 
	ACálice (região central da mancha - E8) 
44 RORSCHACH CLÍNIco — MANUAL BÁSICO 
seja mapeada, esta continuará sendo classificada como Resposta de 
espaço. 
Nota: Encontramos respostas, onde o examinando combina espaço em branco com partes da mancha (pormenor primário ou secundário), não constituindo uma GE. Nestes casos, não temos uma notação de modalidade específica, mas consideramos, na classificação, a “combinação”feita. 
Exemplo: 
Prancha 
II AJj caverna (onde P6 é a parede da caverna e E5 é a entrada) 
Neste exemplo, o examinando combinou um pormenor primário (P6) com um espaço em branco (E5); como neste caso a caverna é o elemento mais importante na construção da imagem, consideramos como modalidade principal o P e a modalidade E, será secundária, registrando-se: P(E). 
De forma inversa, poderíamos ter o espaço como elemento 
principal da resposta e um pormenor como secundário: 
Exemplo: 
Neste caso, o espaço foi o elemento do percepto, enquanto o pormenor foi o elemento secundário, logo, será classificado: E(P). 
Podemos ainda, ter respostas combinando espaço com pormenor 
secundário, onde o procedimento é o mesmo: E(p) ou p(E). 
Exemplo: 
	Prancha 
	
	
	
	
	
	IX 
	‘‘Um violino (onde braço, enquanto P5 cordas). 
	E8 é o corpo 
é denominado 
	do vi 
como 
	olmo e 
sendo 
	o 
as 
	Pranchas 
	
	
	
	11 
	AFansma (onde o corpo é 
p27) - Classificação: E(p) 
	no ES e os olhos 
	em 
	1 
	“Tartaruga (onde o corpo e pés em E26) - Classificação: 
	cabeça é no p24 e os p(E) 
RORSCHACH CIJNIc0 — MANUAL BÁSICO 45 
2.2. Modalidades Secundárias menos Freqüentes - p’ PG GP 
2.2.1. Resposta de Pormenor Inibitório - p’ 
Serão consideradas p’- Pormenor Inibitório - as respostas decorrentes de certa inibição do trabalho mental, levando o examinando a destacar apenas uma parte de uma resposta considerada como frequente - como figura humana ou animal - porém, não conseguindo perceber toda a imagem correspondente. 
Embora estas partes sejam pormenores primários ou secundários, 
devido a peculiariedade do dinamismo psicológico ocorrido, são 
classificados como p’: 
Esta modalidade reflete um modo não habitual de trabalho 
mental, portanto, ocorre com pouca frequencia na população média. 
Segundo Silveira, são exemplos de p’: 
Exemplos. 
Pranchas 
P2 ou P5 vistos como asa ou então só a metade 
superior do P4 atípico, como seios. 
- p31 como pés, sem ver o corpo 
II p22 como pata de animal 
III P5, como pr. na posição normal, como perna humana, pontinhos claros em P6, vistos com 
olhos ou nariz (sem integrar a cabeça). 
IV P4 como braços, isoladamente. 
V P2 e P3 como antenas. 
VI Não há nenhum exemplo de p 
VII Pequenos pormenores em P1, percebidos como partes da face sem integrar o rosto. 
VIII Parte de P1 relativa à cabeça do animal 
IX Ápice P3 (parte superior) visto como cabeça do animal. p26 visto como nariz. 
X Não há nenhum exemplo de p’ 
46 RORSCHACH CLINIc0 — MANUAL BÁSICO 
Há algumas exceções na classificação de partes não integradas 
ao todo, que não serão considerados p’, devido a freqüência, 
relativamente alta encontrada: 
Exemplos. 
2.2.2. Resposta Global, a partir de um pormenor - PG 
Serão classificadas como PG, as respostas resultantes de uma “generalização apressada” feita pelo examinando, levando-o a deduzir urna associação para a figura corno um todo, a partir da observação de uma parte da mesma, um pormenor. 
Neste caso, quando inquerido, o examinando mostra a figura toda como sendo sua resposta, mas justifica apenas a parte que reconheceu e desencadeou a “supergeneralização”, não conseguindo ver todo. 
Exemplo: 
Pranchas 
	Pranchas 
	
	II 
	P4 como mãos. 
	III 
	P4 e P6 como cabeça humana 
	IV 
	P1 como cabeça humana ou animal 
	V 
	P1 como perna 
	VIII 
	P1 como corno cabeça humana 
	IX 
	P4 como cabeça humana 
	X 
	P5 como cabeça de coelho 
	1 
	Caranguejo. lnq. No todo (G); (o que te fez ver o 
	
	caranguejo?) As garras, só isso; (o que mais você vê do 
	
	caranguejo?)Não vejo mais nada, só as garras, como eu 
	
	vi as garras, só podia ser um caranguejo. 
	IV 
	Gigante. Inq. É inteiro (G); (o que te fez ver um gigante?). Os pés, enormes, igual pé de gigante, então o resto só pode ser um gigante, senão não teria sentido: 
(descreva as partes do gigante que você vê) só os pés, o resto não vejo, mas só pode ser por causa dos pés. 
RORSCHACH CLíNICO — MANUAL BÁSICO 
(Continuação) 
Este tipo de modalidade foi denominada por Hermann Rorschach 
e outros autores como “Global Confabulatória”, dado a 
frequência de ocorrência em examinandos com tendência a 
“fabulações” (delirantes ou não). 
2.2.3. Respostas Global com Valor de Pormenor - GP 
São respostas, resultantes da seleção de toda mancha(G), 
justificada como sendo uma parte de figura humana ou animal, desde 
que tal associação não seja frequente na população média. 
Para sabermos se a associação é frequente ou não na população média, é necessário consultar a tabela de Qualidade Formal. Caso a resposta não seja encontrada entre as respostas alistadas (em G), mesmo quanto uma gestalt semelhante, será classificada como GP. 
Segundo Silveira, 1985... “Este tipo de resposta aponta 
seguramente para dinamismo anormal epor isso raramente aparecerá 
em protocolos normais”(p. 139). 
Exemplos: 
Prancha 
‘‘Uma pata de elefante. lnq. No todo (G), parece a pata de um elefante, o formato é igual da pata de um elefante. 
— se procurarmos na Tabela de Qualidade Formal, não encontraremos “pata de elefante”em G, ou outra associação próxima, mesmo pela gestalt sugerida, então, a modalidade desta resposta será, GP. 
47 
	Pranchas 
	
	VII 
	Índios, dois. lnq. (G) Tem pena de índio, então é índio. (descreva-me os índios?) Não sei, só estou vendo as penas uma de cada lado (mostraP5), então só podem ser índios. 
	VI 
	Vejo bigodes de gato aqui do lado, é um gato com certeza. Inq. (mostra bigodes em p26) é idêntico os bigodinhos do gato; (além dos bigodes o que te fez ver um gato nesta figura?) nada, só os bigodes, não poderia ser outra coisa com esses bigodes, é gato mesmo. 
48 RORSCHACH CLÍNIco — MANUAL BÁSICO 
BIBLIOGRAFIA 
COELHO, L.M.S. Epilepsia e Personalidade: Psicodiagnóstico de 
Rorschach, entrevistas e anamnese heredológica em 102 
examinandos. São Paulo, Atica, 1975. 
SILVEIRA, A. Prova de Rorschach: Elaboração do Psico grama. São 
Paulo, EdBras, 1985. 
	Pranchas 
	III 
	AJ sorriso. Inq. É tudo (G), aqui é a boca sorrindo (P1), com o enrrugado que fica em cima do lábio (P3) e dos lados da boca (p2). 
	IV 
	‘‘Tórax de um orangotango,. Inq. (mostraem G) 
Só vejo o tórax e tem a textura do peito do macaco. 
	V 
	‘‘Um bigode. Inq. No geral parece um bigode, bem imponente. 
	VII 
	Chifre de touro. lnq. Parece inteiro com um chifre, igual das touradas, tem esse modelo. 
�
DETERMINANTE FORMAL 
CíilA AN/\UATE E MARIA INS FALCÃO 
INTROdUÇÃO 
TOMANDO-SE a própria publicação de Hermann Rorschach podemos observar que, no Psicodiagnóstico, o autor denominava a prova de “Interpretação de Formas Fortuitas” . 
Nesse sentido, sua preocupação consistia em pesquisar os aspectos formais das respostas a fim de obter um “apanhado geral das funções 
de percepção e de concepção” (grifo do autor) (1)• 
Dito de outra forma, buscava-se (como ainda o fazemos) 
distinguir quais as características das manchas que se impõem à 
percepção do examinando: se relacionadas à forma apenas e/ou à 
outros fatores como cinestesia, cor, luminosidade ou perspectiva, 
uma vez que estas últimas também podem ter, em seu bojo, a 
participação da forma na construção da imagem assocjada. 
O QUE E FORMA? 
A forma é o aspecto mais importante do mundo visível, é o princípio ordenador do unjverso. E construtiva quando dá ordem e estrutura os borrões e destrutiva quando se torna estereotipada, não permitindo a flexibilidade. A visão reconhece as características peculiares de um objeto. A forma demanda um olhar ativo e seletivo, exige focalizacão, estruturação e atenção ativa. A percepção da forma é uma função da consciência relacionada a adaptação à realidade. A forma é o mais freqüente e o mais importante dos determinantes (2)• 
50 RORSCHACH CLÍNIcO — MANUAL BÁSICO 
FREQUÊNCiA dAS RESpOSTAS dE FORMA (RF) 
Após a investigação iniciada com o criador do método, outros estudiosos da Prova de Rorschach também preocuparam-se em estabelecer critérios para a freqüência das respostas de forma, destacando-se os trabalhos de Beck (7) e Small (8)• 
Sabemos que as RF são as mais freqüentemente encontradas nos protocolos de Rorschach. “mesmo nos casos particulares” (1) e, como bem situa Coelho (4), “ela é inerente a toda e qualquer porção das manchas e comum a toda a série”. Este tipo de percepção representa, em média, mais da metade das associações frente às manchas (1,2, 3,4, 5,6, 7, 8) A Sociedade Rorschach de São Paulo, baseada na elaboração do psicograma tal como definido pelo seu fundador, o Prof. Aníbal Silveira (5), utiliza-se de critérios estatísticos para verificação da freqüência do determinante forma, obtendo-se dados atualizados no último estudo realizado pela Prof Lúcia Coelho (6) Devemos aqui assinalar uma distinção que nos parece fundamental para a classificação das RF. Trata-se da distinção entre qualidade formal, avaliada segundo a freqüência estatística com que determinadas áreas evocam conteúdos específicos, em função da pregnância formal neles encontrada, e a precisão formal, que correspondem ao grau de nitidez e da estruturação da imagem nas diferentes respostas produzidas pelo examinando. Qualidade e precisão formal correspondem a mecanismos perceptuais diversos, daí a necessidade de distingui-las. 
OuANdo CLASSiFiCAR LiMA RESpOSTA COMO RF? 
Apenas o contorno da figura é levado em conta pelo sujeito e nenhuma outra característica é considerada. E o mais comum em um protocolo. Aparece em média em 64,8% das respostas do protocolo, com faixa normal de variação entre 59% e 71%. O inquérito é fundamental para constatar não haver outra característica presente. A resposta é classificada em F, F- ou F° conforme a freqüênc.: da resposta dada. Segundo pesquisas estatísticas constatamos o sinal + ou — das respostas. Se a resposta não é encontrada na tabela, consideraremos F°. Usamos o termo forma estendida para falar a respeito de respostas que contêm uma resposta de forma porém há outro determinante junto, priorizando a resposta. Respostas M, m, Ps, FC, CF, C’, L necessariamente contém uma resposta de forma 
RORSCHACH CL1NIc0 — MANUAL BÁSICO 51 
implícita, mas não classificamos como RF, uma vez que não se trata 
do mesmo processo psíquico. 
DisTiNçÃo ENTRE AS RF 
A Prova de Rorschach é constituída de estímulos ambíguos e “as respostas dadas podem ser mais ou menos congruentes com a forma do estímulo” (4)• Desde Hermann Rorschach há um empenho no estabelecimento de critérios para distinguir respostas de forma bem vistas (F) das respostas de forma mal vistas (F) — e das menos freqüentemente encontradas (F°), segundo nossos estudos (4, 5)• 
Tal como procedia Hermann Rorschach, outros autores procuraram estabelecer medidas objetivas, portanto, segundo critério estatístico (5,7) Isto eqüivale dizer que respostas mais freqüentemente associadas a uma determinada área serão consideradas F, ao passo que as menos freqüentes serão consideradas F; as respostas que têm freqüência tão rara que sequer puderam ser tratadas estatisticamente serão F°. 
Alguns autores consideram como forma bem vista aquela que se enquadra no critério subjetivo do aplicador, ou seja, um julgamento particular (10 1 porém, acreditamos que tal procedimento acaba por prejudicar a análise, urna vez que confundem precisão com qualidade formal. 
Para definição das respostas consideradas como F, F- ou F°, utilizamos, atualmente, a Tradução Adaptada e Atualizada das Tabelas de Localização de Beck e Small para Classificação da Prova de Rorschach (9)• 
OuANdo CLASSiFiCAR COMÕ F F OU F°? 
— l Passo: Para objetivar, portanto, a classificação, procedemos a consulta da resposta na Tabela Atualizada de Qualidade Formal, citada anteriormente (9) Para cada prancha há uma folha de localização demarcando as áreas associadas e uma lista de respostas frente à elas, com indicação da qualidade formal da resposta de acordo com o ângulo de posição da prancha na qual a resposta foi associada (uma vez que a mesma pode variar, mudando, assim, a qualidade formal da resposta). Se nada consta na tabela sobre a 
52 ROPSCHACH CLINIc0 — MANUAL BÁSICO 
posição, esta foi vista em posição normal. 
Localizando a resposta em si dada pelo sujeito na referida tabela, podemos classificá-la conforme a indicação encontrada: F ou F. 
— 2° Passo: Quando não encontramos a resposta específica do sujeito para a área associada, devemos procurá-la, quando indicado, na(s) área(s) citada(s) à frente da localização original do sujeito e, encontrando a resposta em uma área alternativa, podemos classificá-la conforme a orientação da tabela, portanto, como F ou 
F-. 
— 3° Passo: Se, ainda assim, não conseguimos encontrar a resposta dada, devemos procurar uma resposta que tenha uma gesta!t 
semelhante para classificarmos como F ou F. 
— 4° Passo: Ao final, se não encontrarmos a resposta do sujeito nos passos anteriores, classificamos como F°. Ressaltamos que fica reservada a classificação F° somente para aquelas respostas que não constam da Tabela de Localização, nem por aproximação. 
EXEMPLOS DE F, F e F° (sendo todas F Ordinárias) 
Pranchas 
1 (p22)” parecem os seios de uma mulher” = 
(p24) “tem tipo uma saia” = P4 ampulheta (mesma gestalt de 
saia): F 
II (P 2) “Bota” = F 
II (p31) “A boca de um camelo” = F 
III (P 8) “Os pulmões” 
III (E24) “Um vaso” = F (taça grande / tigela) 
IV (p 21) “Duas cabecinhas aqui de perfil” F 
IV (G) “cabeça de buldogue” = 
V (P3) “Seta indicando direção a seguir” = P3 palito de fósforo (mesma gestalt de seta) = F+ 
V (PiO) “Duas cabeças de jacaré” = F 
VI (p21) “As garras de uma aranha” = F 
VII (G) “Parece um colar” = F 
VII (E7: metade inferior) “Um Rato” = F° 
(Continuação) 
ROPSCHACH CIJNIc0 — MANUAL BÁSICO 
ANÁLiSE QUALiTATiVA dAs RF 
Uma vez que as respostas de forma ocupam lugar central no psicograma, as mesmas foram extensamente estudadas, notadamente por Schachtel (2) Além da distinção da freqüência na qual a resposta de forma é encontrada na população, ele também procedeu a uma análise qualitativa desse tipo de resposta, que podiam variar entre: 
1) uma resposta imparcial, 2) uma resposta criativa e 3) uma resposta permeada de fatores dinâmicos. 
RESpOSTAS dE FoRI1AORdiNÁRiA 
Schachtel (2) verificou que algumas pessoas fazem associações que envolvem apenas análise crítica entre a resposta dada e a configuração da mancha, com um caráter de “familiaridade fechada e, muitas vezes, estereotipada ou mesmo rígida”, resultantes da “rígida necessidade e da preocupação com a realização de uma meta estreitamente definida”, a qual denominava como F Ordinário. 
São respostas que carregam em si íntima semelhança com a forma 
das manchas, e o examinando apenas as reconhece como tal. 
EXEMPLOS DE F ORDINÁRIO: 
Pranchas 
A “Uma borboleta. Inq.: Em tudo (G). A borboleta é assim: tem as asas, as anteninhas e o corpo no meio. Aqui está igualzinho: 
uma borboleta.” G F+AV 
53 
	Pranchas 
	
	
	VIII 
	(p26) “No meio, o corpo de uma borboleta” F° 
	
	VIII 
	(p2’4) “Parece a boca de um jacaré” F° 
	
	IX 
	(E23: Invertida) “Parecem embriões” = F° 
	
	X 
	(P14) “Uma taça” P14 vaso (mesma gestalt de taça) = F+ 
	
	X 
	(P3) “Parece uma boca” = F 
	
	X 
	(PIO) “As trompas de um ovário” = P4 esôfago (mesma de trompas) = F 
	gestalt 
54 RORSCHACH CLÍNICO — MANUAL BÁSICO 
(Continuação) 
Pranchas 
II A “Um avião. lnq.: Vejo ele nesse espaço (E5). Vejo o contorno dele, que é mais fino em cima e vai alargando para dar o formato 
da asa do avião. Bati o olho e logo vi.” E F+ obj 
III A “Um peixe. Inq.: Aqui nesse pedaço (P5). Dá para ver direitinho o corpo, a barbatana, o rabo.” P F+ A 
V A “Um morcego. lnq.: No todo (G). Porque tem as asas, o corpo e as patinhas dele bem desenhadas aqui, ó.” G F+ AV 
VII v “Um abajur. Inq.: No meio, nesse espaço em branco (E7). 
Olha: aqui é a cúpula do abajur e aqui em baixo é a base dele. 
Olhei e logo vi o contorno dele; igualzinho a um abajur, né.” 
E F+ obj 
VIII A “Uma árvore. lnq.: Aqui em cima (P5). Pelo jeito que tem essa parte, só pode ser uma árvore, com a copa dela que vai abrindo 
por causa dos galhos.” P F+ bt 
X A “Duas pessoas. lnq.: (P9) Elas estão aqui, nesse pedaço: vejo bem a cara delas: contorno do olho, do nariz e da boca.” P F+ H 
RESpOSTAS dE FORMA EspEciAL 
Em contraponto com as respostas de F+ Ordinário, existem respostas mais criativas, oriundas de uma oscilação entre a observação atenta da forma e a possibilidade de experimentar a sensação que a forma oferece. Schachtel (2) comenta sobre o processo empático do examinando com a forma, envolvido nesse tipo de resposta: “o observador reage ao ritmo e à melodia da forma”. 
Salienta-se nas respostas de forma especial a qualidade mais dinâmica e mais pessoal que o F+ Ordinário, porque o examinando experimenta relações outras com a forma, que podem vir combinadas com cinestesia, com cor ou qualquer outro determinante do psicograma. 
O que melhor caracteriza o F+ Especial é a riqueza e complexidade da resposta que, quando comunicada, “revela diretamente o interesse e o caráter vívido” (grifo nosso) na apreensão do percepto. Vale ressaltar que são as características da imagem associada ao borrão que prevalecem na comunicação da resposta, e 
RORSCHACH CLINICO — MANUAL BÁSICO 55 
não aspectos relacionados ao próprio examinando; este consegue manter uma distância ótima entre si e a mancha. A riqueza da resposta é verificada através do conhecimento que o sujeito demonstra em relação à imagem associada àquele borrão, indicando maior criatividade. 
EXEMPLOS DE FORMA ESPECIAL 
RESpOSTAS dE FORMA DNMiCA 
Nas respostas dinâmicas, o que prevalece não é a freqüência com que tal associação ocorre. Nesse sentido, encontramos respostas dinâmicas relacionadas a F, F ou F° além de, como dito anteriormente, relacionadas à outros determinantes que não a forma das manchas. 
O que marca a diferenciação da resposta dinâmica com as demais respostas é que, como bem disse Schachtel (2), “os objetos não são contemplados isoladamente, mas sim em uma relação dinâmica com o sujeito (...) o objeto é imaginado e percebido como algo com um significado real ou potencial vivo para o sujeito observador” (grifos nossos). 
Assim sendo, as respostas dinâmicas refletem uma ligação emocional do examinando com a forma percebida; dito de outra maneira, a carga emocional permeia o trabalho mental e a percepção é, portanto, parcial e diretamente relacionada ao sujeito, diminuindo a distância entre o que é observado (imagem associada à mancha) e o observador (examinando). 
	Pranchas 
	
	IV 
	v “Uma tocha alta com uma pira olímpica. Ela está no centro (P5) 
e ao redor dela tem uma fila de cavalos de cabeça abaixada (E24 e 
espaços externos), prestando reverência à pira, como se fosse um 
totem ou símbolo. E como uma cena mística: cavalos abaixados 
ao redor dela e a pira é um elemento artificial aí’. P (E) F+ art 
	IV 
	“Um monstro que está de costas segurando as folhas de uma palmeira e olhando a paisagem” . G F+ H 
56 PORSCHACH CLíNico — MANUAL BÁSICO 
EXEMPLOS DE FORMA DINÂMICA 
Pranchas 
IV Detalhe superior lateral: (P4) “Pequenos débeis braços, minúsculos e muito magros, fazem-me pensar em meus próprios 
braços...” P F+ pH 
VI Invertida, (PiO): “Dois homenzinhos carecas em um 
esconderijo, que os protege do perigo”. P FH 
1 (P9): “Sentindo como se eu pudesse encontrar muitos portos, 
abrigos, no desenho que poderiam fornecer certa espécie de 
segurança, esconderijo talvez”. P F + pz 
IX Porção cor de rosa: (P “Uma das minhas fantasias na relação sexual: pênis entre os dois seios”. P F sx 
VII (O): “Uma espécie de pagode, mas o teto está faltando e um vale; se fosse inundado por uma carga d’água, seria impossível sair”. 
GF±arq 
VII (O): “Um porto, não muito protegido”. O F + ggr 
III “Um porto bem protegido, além dos quebra-mar em ambos os lados, a mancha vermelha central oferecia boa proteção”. 
P F + (C) ggr 
IX (P5) parte superior da prancha: “Esta é a coisa fálica, pouca obstrução à sua”. P F-sx 
VII “Parece uma passagem nessa figura, para escapar do centro”. PF + arq 
VIII (p21): “Uma espada penetrando no corpo de um animal”. PF-ml 
1 (p22) “Seios de mulher, ânsia de rasgar a coisa entre eles, talvez 
eu não deseje mais olhar para isso, gostaria de cortar a linha 
central e dobrar essas partes.” p’ F+sx 
IV (O): “Impressão assim de uma pele de um animal, pele de urso estendida no chão. É meio impressionante, está morto, sem vida. É horrível este. Impressionante este, sabe que eu não consigo ter tapete de bicho no chão, dá uma sensação assim (faz cara feia).” 
OF+AV 
VI (P9): “Pênis em estado de recolhimento. “P F-sx 
RORSCHACH CúNico — MANUAL BÁSICO 57 
CLASSiFiCAR COMO FORMA ApESAR dE PARECER 
SER OUTRO DETERMiNANTE: 
— Quando o movimento só aparece no inquérito perguntar ao sujeito se ele já havia visto antes; caso contrário, se a pessoa só viu no 
inquérito, classificar como F e colocar o M como resposta adicional. 
Prancha 
Associação: “Uma mulher”. Inq.: “Uma mulher. Tem os braços para o alto, ela está dançando, parece balé”. Classificação: 
F+(M) 
— Quando se vê apenas partes de seres humanos ou animais, mesmo que estas partes estejam em movimento, classifica-se como F. Para ser resposta de movimento tem que se ver o ser humano ou animal inteiro. 
Prancha 
VIII “O braço de uma pessoa dando adeus”. Classificação: F+ 
— Negação de cor - o sujeito constrói a imagem pela forma mas não consegue ignorar a cor: esta se interpõe quase atrapalhando a 
percepção. 
Prancha 
VIII Associação: “Um rato”. lnq.: “Tem o formato de um rato. Embora aqui esteja cor de rosa e não existem ratos cor de rosa.” 
Classificação: F+ (C) 
— Condensação de cor ou cor forçada- o sujeito força a participação da cor de forma arbitrária. 
Prancha 
X “Um caranguejo azul”. Classificação: F+ (C) 
58 RORSCHACH CL1NIc0 — MANUAL BÁSICO 
— Projeção de cor - o sujeito coloca cor em uma figura monocromática 
Prancha 
1 “Uma borboleta amarela”. Classificação: F+ (C) 
— Determinante adicional - que não se refere a figura como um todo. 
Prancha 
II “Dois macacos de smoking”. Classificação: F+ (C’) 
Nota: A resposta

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