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COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL 
Prof. Cristiane Sá 
Um dos problemas encontrados com maior frequência nos textos é a falta de coesão e de coerência.
É comum encontrarmos textos que iniciam com um tema e terminam com outro, mostrando falta de unidade, falta de coerência. 
Além da falta de coerência, há falta de coesão, o que torna, muitas vezes, os períodos ininteligíveis. 
Mas, o que é coerência e o que é coesão?
Comecemos pela organização textual. Todo texto é composto por uma macroestrutura e uma microestrutura; desta forma iniciaremos com a macroestrutura que se refere a coerência textual.
COERÊNCIA TEXTUAL
A macroestrutura refere-se à coerência, ou seja, à manutenção da mesma referência temática em toda extensão. Para que ela exista é necessário:
a) harmonia de sentido de modo a não ter nada ilógico, nada desconexo;
b) relação entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido.
 c) as partes devem estar inter-relacionadas;
d) expor uma informação nova e expandir o texto;
e) não apresentar contradições entre as ideias;
f) apresentar um ponto de vista, uma nova visão de mundo.
O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital.
Em uma redação, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.
A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.
Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:
“No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar” 
“Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”
“Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”
“Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo”
“Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.” 
	Há diversos níveis de coerência:
Coerência narrativa: respeito às partes da narrativa e à lógica existente entre essas partes.
Coerência argumentativa: respeito à estrutura argumentativa e ao raciocínio argumentativo.
Coerência figurativa: respeito à combinatória de figuras para manifestar um dado tema. Por exemplo, dizer que tocavam uma música clássica num baile funk.
Coerência temporal: respeito às leis da sucessividade dos eventos.
Coerência espacial: respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto da localização no espaço. Por exemplo, seria incoerente dizer que 450 pessoas estavam na sala de estar do apartamento.
Coerência no nível de linguagem: respeito à compatibilidade entre personagens e receptor e seus respectivos níveis de linguagem. Um personagem não escolarizado, dificilmente, produziria textos no padrão culto. 
Portanto, a coerência deve ser entendida como um fator que se estabelece no processo de comunicação. A coerência não existe antes do texto, mas constrói-se simultaneamente à construção do texto, estreitamente relacionada com a intenção e conhecimentos dos interlocutores.
COESÃO TEXTUAL
A microestrutura refere-se à coesão, ou seja, ligação das frases, concatenação entre as partes, traços morfossintáticos que garantem o encadeamento lógico.
Para que o texto seja coeso, deve seguir pelo menos um dos mecanismos de coesão:
Retomada de termos, expressões ou frases já ditas.
Encadeamento de segmentos do texto, feito com conectores ou operadores discursivos, tais como então, portanto, mas, já que, porque...
Veja o exemplo baixo:
- As regras foram criadas para o bom funcionamento das tarefas, portanto, aqueles que não as obedecerem serão punidos.
Ao encadear com conectores os segmentos do texto, devemos usá-los de acordo com a relação que queremos dar a essa união. Por exemplo, se quisermos passar a ideia de oposição, deveremos usar as conjunções adversativas mas, porém, contudo, todavia...
As conjunções, pronomes relativos, preposições, elementos conectores, podem ser encontrados em qualquer gramática de língua portuguesa. Há uma delas nas referências bibliográficas abaixo.
Mas afinal, o que é COESÃO TEXTUAL?
"A coesão não nos revela a significação do texto, revela-nos a construção do texto enquanto edifício semântico." (M. Halliday)
A metáfora acima representa de forma bastante eficaz o sentido de coesão, assim como as partes que compõem a estrutura de um edifício devem estar bem conectadas, bem “amarradas”, as várias partes de uma frase devem se apresentar bem “amarradas”, para que o texto cumpra sua função primordial; veículo de articulação entre o autor e seu leitor.
A coesão é essa “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, o entrelaçamento significativo entre declarações e sentenças. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical e a gramatical.
Coesão léxica: é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas elididas. Ela é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos.
Coesão gramatical: é conseguida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. Ela é obtida a partir do emprego de artigos, pronomes, adjetivos, advérbios, conjunções e numerais.
 Seguem alguns exemplos de coesão
1. Perífrase ou antonomásia - expressão que caracteriza o lugar, a coisa ou a pessoa a que se faz referência.
Ex.: O Rio de Janeiro é uma das cidades mais importantes do Brasil. A cidade maravilhosa é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, hospitalidade e carnaval.
 2. Nominalizações - uso de um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente. Também pode ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já enunciado.
Ex.: A moça foi declarar-se culpada do crime. Essa declaração, entretanto, não foi aceita pelo juiz responsável pelo caso. / O testemunho do rapaz desencadeou uma ação conjunta dos moradores para testemunhar contra o réu.
3. Palavras ou expressões sinônimas ou quase sinônimas - ainda que se considere a inexistência de sinônimos perfeitos, algumas substituições favorecem a não repetição de palavras.
Ex.: Os automóveis colocados à venda durante a exposição não obtiveram muito sucesso. Isso talvez tenha ocorrido porque os carros não estavam em um lugar de destaque no evento.
4. Repetição vocabular - ainda que não seja o ideal, algumas vezes há a necessidade de repetir uma palavra, principalmente se ela representar a temática central a ser abordada. Deve-se evitar ao máximo esse tipo de procedimento ou, ao menos, afastar as duas ocorrências o mais possível, embora esse seja um dos vários recursos para garantir a coesão textual.
Ex.: A fome é uma mazela social que vem se agravando no mundo moderno. São vários os fatores causadores desse problema, por isso a fome tem sido uma preocupação constante dos governantes mundiais.
5. Um termo síntese - usa-se, eventualmente, um termo que faz uma espécie de resumo de vários outros termos precedentes, como uma retomada.
Ex.: O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher uma enorme quantidade de formulários, que devem receber assinaturas e carimbos. Depois de tudo isso, ainda falta a emissão dos boletos para o pagamento bancário. Todas essas limitações acabam prejudicando as relações comerciais com o Brasil.
6. Pronomes - todos os tipos de pronomes podem funcionar como recurso de referência a termos ou expressões anteriormente empregados.
Para o emprego adequado, convém rever os princípios que regem o uso dos pronomes.
Ex.: Vitaminas fazem bem à saúde, mas não devemos tomá-las sem a devida orientação. / A instituição é uma das mais famosas da localidade. Seus funcionários trabalham lá há anos e conhecem bem sua estrutura de funcionamento. / A mãe amava o filho e a filha, queria muito tanto a um quanto à outra.
 7. Numerais - as expressões quantitativas, em algumas circunstâncias, retomam dados anteriores numa relação de coesão.
Ex.: Foram divulgados dois avisos: o primeiro era para os alunos e o segundo cabia à administração do colégio. / As crianças comemoravam juntas a vitória do time do bairro, mas duas lamentavam não terem sido aceitas no time campeão.
 8. Advérbios pronominais (classificação de Rocha Lima e outros) - expressões adverbiais como aqui, ali, lá, acolá, aí servem como referência espacial para personagens e leitor.
Ex.: Querido primo, como vão as coisas na sua terra - Aí todos vão bem - / Ele não podia deixar de visitar o Corcovado. Lá demorou mais de duas horas admirando as belezas do Rio.
9. Elipse - essa figura de linguagem consiste na omissão de um termo ou expressão que pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referências do contexto.
Ex.: O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo para a assembleia com os acionistas.
 10. Repetição de parte do nome próprio - Machado de Assis revelou-se como um dos maiores contistas da literatura brasileira. A vasta produção de Machado garante a diversidade temática e a oferta de variados títulos.
 11. Metonímia - outra figura de linguagem que é bastante usada como elo coesivo, por substituir uma palavra por outra, fundamentada numa relação de contiguidade semântica.
Ex.: O governo tem demonstrado preocupação com os índices de inflação. O Planalto não revelou ainda a taxa deste mês.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2007. 
NETO, Pasquale Cipro. Nossa língua em letra e música. São Paulo: Publifolha, 2003.
PLATÃO e FIORIN. Lições de texto : leitura e redação. 5 ed. São Paulo: Ática, 2006.
SIQUEIRA, João H. Sayeg. O texto : movimentos de leitura, táticas de produção, critérios de avaliação. São Paulo: Selinunte, 1990.
http://www.graudez.com.br/redacao/coesao.html. acesso em: 29/10/2010

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