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Manual de Prática Penal Revisado 1 de 2018 (1)

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2011
I – COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO PENAL
1 - JURISDIÇÃO
Inicialmente, cabe consignar o sentido da palavra “Jurisdição”. A mesma vem do latim, “jurisdictio”, e significa prerrogativa de dizer o direito, decidir.
Além disso, podemos dizer que a jurisdição é:
Uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentando em concreto para ser solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre mediante o processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece (através da execução forçada).[1: CINTRA, Antônio Carlos de A.; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros editores, 2008. p. 147.]
Pode-se concluir pelo exposto, que jurisdição é o poder-dever do Estado de solucionar, através do processo, os conflitos de interesses (lides) que são trazidos à sua apreciação, isto é, o Estado tem por objetivo agir em prol da segurança jurídica e da ordem para que haja paz na sociedade.
            
Cabe ressaltar que a jurisdição é una, uma só, porque tem  por objetivo a aplicação do direito objetivo privado ou público. Contudo, se a pretensão de alguém é a aplicação de norma de Direito Penal, ou de Direito Processual Penal, a jurisdição será penal, se a finalidade é a aplicação de norma jurídica extrapenal, a jurisdição é civil.
           
Em síntese, nota-se que jurisdição penal é o poder de solucionar o conflito entre os direitos relacionados à liberdade do indivíduo e a pretensão punitiva.
1.1 Princípios da Jurisdição
Convém ressaltar que a atividade jurisdicional é regida por certos princípios fundamentais, quais sejam:
            
O Princípio do juiz natural diz que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art.5º, LIII, da CF)”. Ademais, este princípio garante a proibição do juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, CF). 
           
Em decorrência do Princípio do devido processo legal (due process of law) “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art.5º, LIV, CF)”.
Consoante o Princípio da investidura, “a jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido regularmente investido no cargo e esteja em exercício”.
Já o Princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional diz que nenhum juiz poderá subtrair-se do exercício da função jurisdicional. Outrossim, este princípio determina que o legislador não poderá produzir  leis que restrinjam o acesso ao Poder Judiciário (art.5º,XXXV, CF).
Pelo Princípio da improrrogabilidade, o juiz não poderá invadir nem ter sua competência invadida por outro juízo.
Conforme o Princípio da indelegabilidade, o juiz não poderá delegar sua jurisdição a outro órgão, exceto nos casos taxativamente permitidos, como ocorre, por exemplo, nas cartas precatórias.
            
Já o Princípio da inevitabilidade ou irrecusabilidade, determina que as partes não poderão recusar o juiz que o Estado designou, salvo nos casos de incompetência, impedimento e suspeição.
            
De acordo com o Princípio da inércia ou da titularidade (ne procedat judex ex officio) “a função jurisdicional só pode atuar mediante provocação das partes, não sendo lícito ao juiz instaurar  ações penais de ofício, sob pena de não estar agindo com a necessária imparcialidade”.
Segundo o Princípio da correlação ou da relatividade “ou da congruência da condenação com a imputação ou ainda da correspondência entre o objeto da ação e o objeto da sentença”, o réu não poderá ser condenado sem, previamente, ter ciência dos fatos criminosos que lhe são imputados pela acusação. Ademais,  sob o mesmo ponto de vista, Mirabete diz que:
não pode haver julgamento extra ou ultra petita (ne procedat judex ultra petitum et extra petitum). A acusação determina a amplitude e conteúdo da prestação jurisdicional, pelo que o juiz criminal não pode decidir além e fora do pedido em que o órgão da acusação deduz a pretensão punitiva. Os fatos descritos na denúncia ou queixa delimitam o campo de atuação do poder jurisdicional.[2: MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p.153]
Por fim, o Princípio da unidade e identidade da jurisdição, ou seja, a jurisdição é única em si e em seus fins, diferenciando-se somente no julgamento de ações penais ou cíveis.
 
2 - COMPETÊNCIA
 
É importante salientar que o poder jurisdicional é privativo do ESTADO-JUIZ. Entretanto, em face de uma expansão territorial, de determinadas pessoas (ratione personae) e de determinas matérias (ratione materiae), o exercício desse poder de aplicar o direito (abstrato) ao caso concreto sofre limitações, nascendo daí a noção de competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar a competência como sendo o âmbito, legislativamente delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder Jurisdicional.
 
2.1 Competência pelo lugar da infração
A competência pelo lugar da infração (competência ratione loci), via de regra, é determinada pelo lugar em que se consumar o delito, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Convém ressaltar que:
A competência pelo lugar da infração, também chamada de competência de foro ou territorial, determina qual será a comarca competente para o julgamento do fato criminoso. Esse critério é o mais utilizado porque inibe a conduta de todas as pessoas que vivem no local e tomaram conhecimento do fato e, além disso, possibilita maior agilidade à colheita de provas sem que seja necessária a expedição de cartas precatórias para oitiva de testemunha, realização de perícias, etc.[3: SANTOS, Vauledir Ribeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 65.]
Para melhor esclarecimento podemos citar como exemplo o entendimento do STF e do STJ em relação à emissão de cheques sem fundos, ou seja, nesse caso será competente o juízo do local onde ocorreu a recusa do pagamento pelo banco.
Imperioso consignar que a regra da competência pelo lugar da infração foi adotada pelo código de processo penal em seu art. 70.
 
2.1.2 Competência pelo domicílio ou residência do réu
            
A competência pelo domicílio ou residência do réu, também chamada de foro subsidiário, está disposta no artigo 72 do CPP, o qual determina que; “não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu”.
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado por Tourinho Filho, que diz:
Suponha-se que um cadáver apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca de Bariri. Foi ele arrastado pela correnteza. Constatou-se ter havido homicídio. Das investigações levadas a cabo, descobriu-se quem foi o criminoso. Este não soube explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem distante. Nessa hipótese, o processo deve tramitar pelo foro do domicílio ou residência do réu.[4: TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 30. ed. revista e atualizada.São Paulo: Saraiva, 2008. 2 v., p. 116.]
Ressalta-se, ainda, que excepcionalmente, nos casos de ação penal privada exclusiva, o autor poderá escolher o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. É o chamado foro alternativo, que não se aplica ao caso de ação penal privada subsidiária.
2.1.3 Competência pela natureza da infração
Uma vez fixada a competência pelo lugar da infração ou pelo domicílio ou residência do réu (art.69, I e II, do CPP), será necessário fixar a justiça competente em razão da natureza da infração (ratione materiae), melhor ainda, em razão da matéria.
Oportuno se torna dizer que:
a jurisdição (justiça) pode ser Especial,que se divide em Justiça Militar e Justiça Eleitoral ; e Comum, que se divide em Justiça Federal e Justiça Estadual. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária (federal ou estadual), salvo a competência privativa do Tribunal do Júri, cuja competência é atribuída pela Constituição Federal.[5:  SANTOS, Vauledir Ribeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 67.]
O Tribunal do Júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, tais como o homicídio doloso, o infanticídio, previstos nos arts. 121 e 123 do CP.      
Em relação à jurisdição especial, a Constituição Federal determina que compete à Justiça Eleitoral (art.121 da CF), julgar os crimes eleitorais e os seus conexos. A Constituição Federal também prevê a competência da Justiça Militar (art.124 da CF), qual seja, processar e julgar os crimes militares previstos em lei.
           
Além do mais, a Constituição Federal também prevê a competência da jurisdição comum (federal ou estadual), por exemplo, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (art.109,IX,da CF).
           
Finalmente, a Justiça Comum Estadual tem a competência residual. Em outras palavras, é competência da Justiça Estadual tudo o que não for de competência das jurisdições federal e especial.
 
2.1.4 Competência por prevenção e distribuição
Através da distribuição (art. 69, IV, do CPP), haverá a fixação da competência do juízo quando houver mais de um juiz igualmente competente em uma mesma circunscrição judiciária. 
2.1.5 Competência por conexão ou continência
            
Há conexão (art.69, V, do CPP) quando duas ou mais infrações estão ligadas por um liame, sendo que estes crimes devem ser julgados em um só processo em virtude da existência desse nexo.
Além disso, “há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. No processo penal a continência é também uma forma de modificação da competência e não de fixação dela”. Ademais, ocorrerá a continência quando duas ou mais pessoas são acusadas pelo mesmo crime, ou se o comportamento do indivíduo configurar concurso formal, aberratio criminis (resultado diverso daquele pretendido) com duplo resultado e aberratio ictus (erro na execução).
Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são critérios de prorrogação de competência e não de fixação. Outrossim, a existência de continência e conexão ocasionará a reunião de processos e prorrogação da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”.
2.1.6 Competência por prerrogativa de função
             
Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de função (art. 69, VII, do CPP) ou competência ratione personae (em razão da pessoa) é determinada pela função da pessoa, ou melhor, é garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa surge da relevância do desempenho do cargo pela pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com o privilégio, uma vez que este constitui um benefício concedido à pessoa.
            
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de função referente, por exemplo, ao Supremo Tribunal Federal, está prevista na Constituição Federal. Vejamos:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
(...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no artigo 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (...)
 
2.1.7 Modificações de competência
Pela modificação de competência podemos entender que há regras sobre competência material e funcional, que por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses de prorrogação de foro, delegação (interna ou externa) e desaforamento.
            
A prorrogação da competência é:
a possibilidade de substituição da competência de um juízo por outro, podendo ser necessária ou voluntária; a necessária decorre das hipóteses de conexão (é o nexo, a dependência recíproca que as coisas e os fatos guardam entre si) e continência (como o próprio nome já diz é quando uma causa está contida na outra, não sendo possível a cisão); e a voluntária ocorre nos casos de incompetência territorial quando não oposta a exceção no momento oportuno (caso em que ocorre a preclusão), ou nos casos de foro alternativo.[6: SANTOS, Vauledir Ribeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 75.]
 
A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere para o outro a atribuição jurisdicional que é sua. Essa delegação pode ocorrer de duas formas, interna ou externa. A delegação interna ocorre nos casos de juízes substitutos e juízes auxiliares do titular do Juízo, melhor ainda, é quando um juiz cede a outro a competência para praticar atos no processo, inclusive decisórios, cabe entendermos que neste caso não há uma modificação de competência, mas sim de atribuições. Já a delegação externa é utilizada nos casos em que os atos são praticados em juízos diferentes, isto é, quando há o uso das cartas precatórias, rogatórias e de ordem. 
            
O desaforamento nada mais é do que o instituto privativo dos crimes de competência do Tribunal do Júri. Nos casos em que houver necessidade desse instituto, o pedido poderá ser proposto pela acusação (MP ou querelante, em casos de ação privada subsidiária), por representação do juiz, pelo assistente de acusação ou a requerimento do acusado e será endereçado ao Tribunal de Justiça. Neste sentido, a Súmula 712 do STF diz que “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem audiência da defesa”.
 
2.1.8 Competência absoluta e relativa
            
Chama-se competência absoluta, visto que as competências em razão da matéria e a por prerrogativa de função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, não podem ser prorrogadas e nem modificadas pelas partes e o seu reconhecimento, que pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição, gera nulidade absoluta do processo.
            
Para entendermos competência relativa, é indispensável uma breve análise da Súmula 706 do STF que diz; “é relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”. Outrossim,, na competência territorial, na qual o que prevalece é o interesse privado de uma das partes, é prorrogável se não for alegada no tempo oportuno e é capaz de gerar, se comprovado o prejuízo pela parte interessada, apenas a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo.
 
3 - CONCLUSÃO
        
Diante da exposição construída ao longo do texto, observa-se que a jurisdição não é absoluta para um determinado juiz, isto é, a jurisdição não pode incidir sobre todos os tipos de demanda. Logo, para que haja uma delimitação para a atuação dessa jurisdição o legislador disciplinou regras sobre competência.
            
Percebe-se, ainda, que a jurisdição é o poder do Estado decorrente de sua soberania, para editar leis e ministrar a justiça, além de ser um poder legal no qual são investidos certas pessoas e órgãos. Já a competência é a capacidade de uma autoridade pública de efetuar determinados atos, ou ainda, qualidade legítima de apreciar e julgar um pleito ou questão dentro de uma determinada divisão judiciária.
II - QUEIXA CRIME:
Trata-se de ação penal privada e, como ocorre nasações penais públicas, deve estar amparada por prova pré-constituída. O ofendido, antes da propositura da queixa, deve requerer a instauração de inquérito para ofertar justa causa à ação penal privada, indicando materialidade e indícios de autoria, salvo se possuir indícios suficientes para tal.
O advogado deve receber poderes especiais para propositura da queixa crime, ou seja, a procuração deve fazer expressa menção à propositura da ação penal privada, com um breve resumo dos fatos. Se preferir, o ofendido pode assinar a queixa juntamente com o advogado (art. 44 do CPP).
Cuidando-se de dois ou mais agentes, em homenagem ao princípio da indivisibilidade da ação penal privada, é indispensável o oferecimento de queixa contra ambos, sob pena de configuração de renúncia (art. 48 e 49 do CPP). Importante ressaltar o prazo para oferecimento da queixa, que é de 06 meses contados da data em que se tem conhecimento da autoria do crime. Este prazo é decadencial e de natureza penal, ou seja, conta-se o dia do início e exclui-se o dia do fim, diferente do que ocorre na contagem de prazo processual.
Como saber se o crime será processado mediante queixa?
O próprio tipo penal ou o capítulo em que tal crime estiver inserido irá trazer a ressalva de que o crime em análise se procede mediante queixa, a exemplo dos crimes contra honra (Art. 145 do Código Penal), Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236, parágrafo único do CP), Exercício arbitrário das próprias razões sem emprego de violência (art. 345, parágrafo único, do CP) e crime de Dano (art. 167 do CP). Mais corriqueiro e presente no cotidiano da maioria dos profissionais do direito, estão os crimes contra a honra.
CRIMES CONTRA A HONRA:
O Cap. V do Título I da Parte Especial do Código Penal Brasileiro trata “Dos Crimes Contra a Honra”. O conceito de honra abrange tanto aspectos objetivos como subjetivos, de maneira que, aqueles representariam o que terceiros pensam a respeito do sujeito – sua reputação - enquanto estes representariam o juízo que o sujeito faz de si mesmo – seu amor-próprio. 
A honra é vista como o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais de uma pessoa, que a tornam merecedora de apreço no convívio social e que promovem a sua autoestima.
Em tal capítulo temos a presença de três modalidades de crimes que violam a honra, seja ela objetiva ou subjetiva, a saber: a Calúnia ( art. 138 ), a Difamação ( art. 139 ) e a Injúria ( art. 140 ). Tais crimes são causadores de freqüentes dúvidas entre os profissionais da área jurídica, que, muitas vezes, acabam fazendo confusão entre aqueles.
Inicialmente, insta fazer a exposição da definição de cada modalidade de crime com alguns exemplos, para, posteriormente, diferenciá-las. Cabe ressaltar, também, que o prazo para intentar a queixa-crime nos casos aqui expostos é decadencial (06 meses), incluindo-se neste computo o dia do inicio e excluindo do mesmo a data final. Se o prazo cair em dia não útil, ou seja, final de semana ou feriado, deve-se ANTECIPAR o prazo e final e não prorrogá-lo para o próximo dia útil subseqüente, como se faz no prazo processual.
A calúnia consiste em atribuir, falsamente, à alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado, definido como crime . Na jurisprudência temos que “a calúnia exige dolo específico e exige três requisitos : imputação de um fato + qualificado como crime + falsidade da imputação”. Assim, se “A” diz que “B” roubou a moto de “C”, sendo tal imputação falsa, estamos diante de crime de calúnia.
A difamação, por sua vez, consiste em atribuir à alguém fato determinado ofensivo à sua reputação. Assim, se “A” diz que “B” foi trabalhar embriagado semana passada, constitui crime de difamação, pois sua reputação perante os colegas de trabalho foi atingida. 
A injúria, de outro lado, consiste em atribuir à alguém qualidade negativa, que ofenda sua dignidade ou decoro. Assim, se “A” chama “B” de imbecil, ou imprime uma palavra ofensiva em um papel higiênico e espalha pelo condomínio, dentre outras condutas, constitui crime de injúria.
Momento Consumativo: A Calúnia e a difamação, por serem crimes que atentam contra a honra objetiva, se consumam a partir do momento em que terceiros tomam conhecimento do fato. A injúria, por sua vez, se consuma no instante em que o próprio ofendido tem conhecimento do fato.
RESUMÃO:
CALÚNIA - falsa imputação de FATO CRIMINOSO a outrem.
DIFAMAÇÃO - imputação a alguém de FATO OFENSIVO a sua reputação.
INJÚRIA - ofensa à dignidade, decoro ou qualidade de outrem. Manifestação de desrespeito e desprezo.
MACETES:	
"C" ALÚNIA - começa com "C" de CRIME
DI "FA" MAÇÃO - a segunda sílaba é "FA" de FATO, pouco importante se tal fato é mentira ou verdade.
"IN" JÚRIA – INternamente, ataquei alguém ao falar mal de atributos desta pessoa. 
CALÚNIA
Imputação de um fato concreto a alguém determinado;
Essa fato deve ser falso ou quando o fato em si for verdadeiro, mas o agente imputa aquele fato à vitima falsamente. Ex: Fulano roubou a moto de cicrano, mas beltrano diz que o verdadeiro autor do roubo é altrano, mesmo sabendo que é fulano.
Esse falso deve ser definido como crime (se for contravenção o crime será de difamação)
Considerações:
A calúnia atinge a honra objetiva, ou seja, o status que a pessoa goza no meio social. Assim, o crime só se consuma quando terceiro toma conhecimento das alegações caluniosas; a vítima pode estar ausente.
PESSOA JURÍDICA- não pode ser vítima de calunia (apesar da Lei 9605). No caso, as pessoas responsáveis pela pessoa jurídica é que podem ser caluniadas.
O § 1º do art. 138 pune a conduta de quem, sabendo falsa a imputação, a propala e divulga;
A calúnia contra os mortos é punível, mas os sujeitos passivos serão os familiares e não o cadáver. O crime de calúnia admite a exceção da verdade. A lei de imprensa (5.250/67) pune a calúnia e a difamação contra a memória dos mortos.
DIFAMAÇÃO
imputar fato concreto;
imputando FALSAMENTE OU NÃO;
fato ofensivo à reputação;
Considerações
1) O crime atinge a honra objetiva (reputação). Assim, só estará consumado após terceiro tomar conhecimento.
2) Exceção da verdade – em regra não é admitida, salvo se o ofendido é funcionário público e se a ofensa é relativa ao exercício das funções.
INJÚRIA
Como dito, é a ofensa à dignidade, decoro ou qualidade de outrem. Manifestação de desrespeito e desprezo.
Tipos : a) Injúria Simples 
 b) Injúria Real (art. 140, § 2º) – por violência ou vias de fato.
 c) Injúria Racial (art. 140, § 3º) – “ÍNDIO É RAÇA DE GENTE FEDORENTA”.
	O crime de injúria não admite a exceção da verdade.
DA TRANSAÇÃO PENAL E DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO:
Dispõe o artigo 89 da Lei 9.099/95: 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano (Cabe no crime de furto e apropriação indébita, por exemplo), abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário viera ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. 
Trata-se da suspensão condicional do processo, um instituto de despenalização, ou seja, uma alternativa à jurisdição penal que tem natureza penal material. Com sua utilização evita-se a aplicação da pena. 
Uma vez preenchidos os requisitos legais, a suspensão do processo é um direito do acusado. Logo, o termo utilizado no caput do artigo 89, da Lei 9.099/95, "poderá", indicando que o Ministério Público teria a faculdade de propor ao acusado a suspensão condicional do processo, em verdade deve ser entendido como um "deverá". 
Vale dizer que, de acordo com os ensinamentos de Damásio de Jesus, o instituto disciplinado no artigo 89 é aplicável dentro e fora do Juizado Especial Criminal. A conclusão n. 2 da Comissão Nacional de Interpretação da Lei 9.099/1995 diz o seguinte: "São aplicáveis pelos juízos comuns (estadual e federal), militar e eleitoral, imediata e retroativamente, respeitada a coisa julgada, os institutos penais da Lei 9099, como a composição civil extinta da punibilidade (art. 74, parágrafo único), transação (arts. 72 e 76), representação (art. 88) e suspensão condicional do processo (art. 89)". 
Veja-se que diante do caso concreto, o Promotor de Justiça tem duas opções: indicar a transação penal, prevista no artigo 76, da mesma Lei (Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta) ou propor a suspensão condicional do processo. 
Neste sentido, vale mencionar as diferenças entre a transação penal e suspensão condicional do processo. A transação é cabível quando a pena máxima abstrata cominada ao delito não seja superior a dois anos (art. 61 da Lei 9.099/95). A suspensão é para os crimes cuja pena mínima não seja superior a um ano (art. 89, da mesma Lei). A transação encerra-se com a aplicação de pena restritiva de direitos ou multa, enquanto que a suspensão, não havendo motivos que justifiquem sua revogação, culmina com a extinção da punibilidade, não havendo imposição de pena. 
Os parágrafos 3º e 4º dispõem, respectivamente, sobre os casos obrigatório e facultativo de revogação do benefício e, de acordo com o entendimento do STF, nos termos indicados neste informativo, o benefício poderá ser revogado após o período de prova, desde que os fatos que ensejaram a revogação tenham ocorrido antes do término deste período.
	Observação importante: Crime do art. 236 do Código Penal!!
QUEIXA – CRIME: MODELO E ESTRUTURA DA PETIÇÃO.
Caso: Danildo Salomão, de 32 anos, em reunião de prestação de contas da empresa, da qual participam alguns poucos diretores e gerentes, imputou ao senhor Fausto Faustino de 48 anos, sabendo-o inocente, a conduta de ter mantido relação sexual com uma das secretárias da empresa, sob o pretexto de que ela seria promovida caso assim agisse, pois o mesmo era chefe e responsável pela seção. Questionada pelos diretores a respeito do fato, a secretária negou veementemente o fato, dizendo ser casada e que nunca houve qualquer insinuação por parte de Fausto Faustino. Danildo assim agiu para afastar Fausto da concorrência ao próximo cargo de gerência a ser disputado dentro de alguns meses, quando ocorreria a aposentadoria do atual ocupante Sentindo-se injustiçado, Fausto contratou você para promover a medida processual cabível, levando cópia do tco. Insta consignar que o fato ocorreu em 01 de fevereiro de 2011 e Fausto Faustino soube quem era o responsável por espalhar as informações aqui citadas em 05 de junho de 2011. A empresa Millenium é situada na Asa Sul, Brasília-DF.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA-DF
	Fausto Faustino, (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), portador do RG nº e do CPF nº, residente e domiciliado em (Colocar o Endereço), (analisar os dados advindos do artigo 319 do CPC), por intermédio de seu advogado que esta subscreve, conforme instrumento de mandato em anexo em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 30 e 41 e ss. do Código de Processo Penal em combinação com os artigos 100 §2º e 145, caput, ambos do Código Penal, oferecer (gente, lembrando que é 145 por ser crime contra a honra. Quando não for, colocar o 100, §2º, do Código Pena e a fundamentação do artigo específico que se procede mediante queixa).
QUEIXA CRIME
em face de Danildo Salomão, (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), portador do RG nº e do CPF nº ..., residente e domiciliado em (Colocar o Endereço) (qualificar nos termos do art. 319 do CPC), tendo em vista a prática da conduta delituosa, acompanhada da fundamentação jurídica abaixo alinhavada.
No dia 01 de fevereiro de 2011, por volta das 16:00 horas, em reunião realizada na sede da empresa Millenium, situada na Asa Sul, na cidade de Brasília – Distrito Federal, na presença de alguns diretores e gerentes que constam do rol de testemunhas, nesta exordial indicado, o querelado imputou ao querelante a prática do crime descrito no art. 216-A do Código Penal. Afirmou, sabendo ser o querelante inocente, que o mesmo havia obtido favorecimento sexual em detrimento de uma das secretárias da empresa sob o pretexto de que a mesma seria promovida se assim o fizesse, aproveitando-se, para isso, da sua superioridade hierárquica. 
	A criativa história idealizada pelo querelado teve o fim de prejudicar o querelante, conspurcando sua reputação diante de terceiros, sendo certo ele saber que nada foi feito contra a moça, pois a mesma, casada, declara, como faz prova anexa, que nunca teve qualquer tipo de envolvimento com o querelante, não tendo ele nunca insinuado qualquer interesse sexual nela.
	Como é sabido, no ordenamento jurídico pátrio, a calúnia consiste em atribuir, falsamente a alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado, definido como crime. Na jurisprudência tem-se que a calúnia exige dolo específico e três requisitos, a saber: imputação de um fato + fato classificado como crime + falsidade da imputação.
	O querelado não só sabia ser inocente o querelante como também engendrou a versão apresentada na reunião mencionada com o objetivo de macular sua imagem entre os diretores e gerentes, justamente para afastá-lo da concorrência ao próximo cargo de gerência a ser disputado dentro de alguns meses, quando ocorreria a aposentadoria do atual ocupante. Portanto, maliciosamente, o querelado, concorrente do querelante, buscou vincular a sua imagem a de um sujeito que se aproveita de seu cargo para obtenção de favores sexuais de seus subalternos, com o fim de prejudicar de forma leviana e covarde o querelante.
	Torna-se nítida a prática do delito de calúnia por parte do querelado. O fato em análise é indubitavelmente típico, eis que está definido na lei penal como crime. Seus elementos encontram-se todos preenchidos, pois a conduta humana foi praticada de forma voluntária, totalmente voltada para violar a honra objetiva do querelante, revelando inequivocadamente o dolo do agente. A tipicidade do fato também se revela indubitável, na medida em que o artigo 216-A do código penal elenca a conduta imputada ao acusado como crime merecedor de reprimenda estatal. Entre a conduta praticada e o resultado lesivo há inafastável nexo de causalidade, pois a informação ao ser difundida na reunião causou mal estar entre os diretores ao ponto de abordareme questionarem a secretária sobre o suposto assédio. 
É antijurídico o fato praticado na medida em que contraria imperativo legal e agride bem alheio tutelado pelo Estado, não havendo qualquer excludente que ampare sua reprovável conduta. Também é culpável, visto que o agente do crime não se encontra amparado por nenhuma das causas que possam eximi-lo da responsabilidade de responder pelos seus atos perante o judiciário, sendo imputável seja por não haver nada que atente contra sua saúde mental, seja por conta de ser maior de 18 anos. O agente tinha discernimento sobre o caráter ilícito do fato, tanto que agiu com a intenção de prejudicar o querelante, podendo agir de forma diversa, mas optando por lesionar a honra objetiva alheia.
	Diante do exposto, por ter o querelado infringido os ditames do art. 138 do Código Penal pugna o querelante para que seja designada audiência preliminar para eventual composição e transação, nos termos dos artigos 70 a 76 da Lei 9099. Se infrutíferas, que seja recebida a presente queixa crime em face do querelado com a consequente citação e designação de audiência de instrução, debates e julgamento, na forma dos arts. 77 a 83 da Lei 9099/95, com vistas ao Ministério Público para que o mesmo oficie como custus legis, até final sentença de condenação na pena do crime de calúnia. Requer, ainda, a condenação do querelado nas custas, honorários advocatícios e a fixação de um valor mínimo a título de reparação pelos danos efetivamente causados, conforme expresso no art. 387, IV, do CPP.
Requer, ao final, sejam inquiridas as testemunhas ora arroladas nesta petição, e colhidas suas declarações, a fim de corroborar os fatos articulados pelo querelante em sua peça processual.
IV - ROL DE TESTEMUNHAS
1) , qualificado à fl. ;
2) , qualificado à fl. ;
3) , qualificado à fl;
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília, 04 de dezembro de 2011. (antes do prazo decadencial, ficar atento!).
Advogado
 				 OAB
Obs: importante frisar que o número de testemunhas a serem arroladas em sede de juizado especial é 3, por analogia ao art. 34 da lei 9099. Isso é o que sustenta a doutrina majoritária. Outra parte sustenta que são até 5 testemunhas. No rito comum e na primeira fase do júri são 8. Na segunda fase do plenário, em sede do art. 422 do CPP, novamente podem ser arroladas até 5. No rito sumário, também temos como número máximo 5.[7: O Código de Processo Penal estabelece claramente o número máximo de testemunhas para os procedimentos ordinário e sumário. No artigo 401 regra o procedimento ordinário e deixa registrado que o número é de oito testemunhas. Por seu turno, no artigo 532 consigna que no procedimento sumário o número máximo de testemunhas é de cinco. Entretanto, a Lei 9099/95, que rege o chamado Procedimento Sumaríssimo, sempre foi lacunosa quanto ao número máximo de testemunhas a serem arroladas na seara criminal. À míngua de uma determinação legal expressa, a melhor doutrina havia se assentado no entendimento de que dever-se-ia fazer analogia ao regramento existente “intra lege” para os Juizados Especiais Cíveis, solucionando o caso com o artigo 34 da própria Lei 9099/95, que impõe o número máximo de três testemunhas. Essa solução parecia pouco discutível, embora não pacífica, tendo em vista não haver outras regras a ocasionarem alguma dúvida ou polêmica.Ocorre que com a reforma implementada pela Lei 11.719/08 perdeu o legislador a chance de tornar essa questão mais clara, estabelecendo expressamente um número máximo de testemunhas para o sumaríssimo e ainda ensejou um clima de maior dúvida com a criação de dois novos dispositivos.Em primeiro lugar passou a dispor o artigo 394, § 5º., CPP, que “aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário” (grifo nosso). Esse dispositivo, aliado ao artigo 92 da Lei 9099/95, que manda aplicar subsidiariamente as disposições do Código de Processo Penal que não conflitarem com aquele diploma, leva a crer que o número máximo de testemunhas, a partir do momento que não é explicitado na lei de regência, passa a ser aquele do procedimento ordinário, que se aplica subsidiariamente, ou seja, oito testemunhas (artigo 401, CPP).Não obstante, estabelece o artigo 538, CPP, que naqueles casos de infrações de menor potencial que forem encaminhados ao Juízo Comum, nos termos dos artigos 66, Parágrafo Único e 77, § 2º., da Lei 9099/95, aplicar-se-ão as normas do procedimento sumário. Agora, à vista deste outro dispositivo do mesmo Código de Processo Penal e novamente sua conjunção com o artigo 92 da Lei dos Juizados Especiais Criminais, parece que o número de testemunhas pode ser de cinco e não de oito, de acordo com o disposto no artigo 532, CPP. Ora, se as infrações afetas normalmente ao procedimento sumaríssimo devem assumir as regras do sumário quando remetidas ao juízo comum, parece sustentável que no silêncio da Lei 9099/95 quanto ao número de testemunhas deva prevalecer o número previsto para o procedimento sumário, mais próximo do sumaríssimo, inclusive tendo em vista os princípios de celeridade, simplicidade e economia processual que regem os Juizados Especiais Criminais. Note-se que se antes o silêncio da Lei 9099/95 era acompanhado pela omissão do Código de Processo Penal, tornando pouco discutível a aplicação subsidiária “intra lege” do artigo 34 da própria Lei 9099/95, apontando o número de três testemunhas, atualmente as novas disposições do Código de Processo Penal passaram de um silêncio sepulcral para uma tagarelice babélica. Agora podem surgir ao menos três posições plenamente sustentáveis em bases legais quanto ao número de testemunhas no procedimento sumaríssimo: oito por aplicação subsidiária do procedimento ordinário; cinco por aplicação subsidiária do procedimento sumário ou a reiteração do antigo entendimento de que o número seria mesmo de três testemunhas, considerando o disposto na própria Lei 9099/95 para os Juizados Especiais Cíveis. Certamente o legislador deixou escapar duas chances de ouro: aquela de esclarecer uma questão um tanto quanto obscura anteriormente e outra de não obscurecer ainda mais a velha dúvida. Considerando os princípios peculiares a regerem os Juizados Especiais Criminais, principalmente a celeridade, simplicidade e economia processual seria desejável que o legislador houvesse expressamente assentado o número máximo de três testemunhas. Mas, como não o fez, parece ser o melhor entendimento, mesmo ante as normativas acima elencadas, a causarem certa confusão, aquele que aponta a antiga solução de aplicação subsidiária da regra expressamente prevista para os Juizados Especiais Cíveis, ou seja, o número máximo de três testemunhas nos termos do artigo 34 da Lei 9099/95. (Fonte: http://www.jurisite.com.br/doutrinas/Penal/douttpen103.html) ]
Na queixa crime e na resposta à acusação SEMPRE se arrolam testemunhas, sob pena de preclusão temporal, visto que é o momento processual oportuno para se fazer isso.
CASO PARA RESOLUÇÃO
Rosicleide Dalva, brasileira, casada, inscrita no CPF 005111888-09, manicure no salão “Silvana Cabelereiros”, reside na QNQ 23, conjunto 23, casa 102, em Taguatinga-DF, com seus dois filhos e seu marido.
No dia 28 de abril de 2009, Rosicleide, que possuía 35 anos, encontrava-se em sua residência, quando bateram na porta e a manicure foi atender. Neste instante, Rosicleide recebeu, por uma vizinha, Cassiudina Suassuana, moradora da mesma quadra e conjunto, mas na casa 101, a notícia de que sua honra estava abalada na vizinhança, pois estavam afirmando que Rosicleide, mesmo casada, corria atrás dos maridos das outras, de dia, atuando como manicure, mas que a noite era “mulher da vida” que explorava os homens cobrando preços altos pelos programas. Tais afirmações teriam sido ditas em uma festa de aniversário em que se encontravam em torno de 43 pessoas que residiam naquela quadra e tiveram acesso a tal informação.
Revoltada, Rosicleide foi se informaracerca da veracidade e autoria dos fatos, concluindo, com certeza, que quem falou a seu respeito foi Maricreuza, brasileira, solteira, psicóloga, nascida em 15 de outubro de 1983, vizinha de Rosicleide que residia na casa 104. Tal informação foi descoberta no dia 06 de maio de 2009, momento em que Rosicleide foi tirar satisfações com Macricreuza que lhe proferiu os seguintes dizeres: “Sua gorda estúpida! Você é uma vaca e não me arrependo de nada do que disse na rua e falo agora na sua cara!”. 
Por esta razão, Rosicleide lhe procurou em 22 de maio de 2009 para, na qualidade de advogado, apresentar a medida processual privativa cabível, bem como para as teses a serem utilizadas e último dia de prazo para propositura da medida.
RELAXAMENTO DE PRISÃO
Prisão em Flagrante: São hipóteses autorizadoras da prisão em flagrante por qualquer pessoa do povo (flagrante facultativo) ou pela polícia (flagrante obrigatório):
Estar o agente cometendo a infração penal (art. 302, I, CPP, denominado flagrante próprio);
Ter o agente acabado de cometer a infração penal (art. 302, II, do CPP, denominado também de flagrante próprio ou quase flagrante);
Haver perseguição, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que se faça presumir ser autor da infração penal (art. 302, III, CPP, denominado de flagrante impróprio);
Ser o agente encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal (art. 302, IV, CPP, denominado flagrante presumido).
Realizada a prisão, o detido é encaminhado pelo condutor (aquele que lhe deu voz de prisão) à autoridade policial. Esta, por sua vez, entendendo válido o ato, lavra o auto de prisão em flagrante. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. No mesmo prazo (em 24 horas), será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Se tudo estiver formalmente em ordem, o juiz mantém o flagrante, mas pode colocar o indiciado em liberdade provisória, com ou sem fiança. Assim, agirá, se não vislumbrar presentes os requisitos da prisão preventiva (art. 312 do CPP).
RELAXAMENTO DE PRISÃO
Quando do recebimento do Auto de Flagrante, o juiz deve apreciar a peça flagrancial e checar a existência dos indícios de autoria e materialidade a fim de homologar o flagrante. Caso entenda existir alguma ilegalidade ou desatendimento à exigência legal, pode relaxar a prisão Ou seja, o relaxamento da prisão em flagrante ocorre quando há ilegalidade ou vício insanável, resumidamente falando.
Ressalte-se que, caso o juiz homologue o flagrante e a defesa entenda pela existência de ilegalidade, após pedido fundamentado, o juiz pode rever a decisão homologatória e reconhecer a ilegalidade, relaxando a prisão E nesse caso não há a exigência de assinar Termo de Compromisso. Cabe ressaltar, entretanto, que o relaxamento de prisão é cabível sempre que a prisão for ilegal. Ex: A pessoa foi presa preventivamente mesmo diante das gritantes provas de que cometeu o fato abrangido por estado de necessidade. O art. 314 do Código de Processo Penal veda a prisão preventiva em tais casos. Assim, a pessoa está presa ilegalmente, cabendo, no caso, relaxamento de prisão.
A prisão é imediatamente relaxada quando é constada sua ilegalidade, nos termos do Art. 5º, LXV da CF/88. As hipóteses são as seguintes: a) na falta de formalidade essencial na lavratura do auto. Ex.: falta de entrega da nota de culpa ou assinatura desta fora do prazo legal; b) quando não estiverem presentes os requisitos da prisão em flagrante presentes no Art. 304, 306 e parágrafos, bem como art. 307 do CPP; c) quando do fato atípico; d) quando os prazos não forem respeitados ou quando houver excesso no prazo da prisão, lembrando que o prazo para se findar o inquérito policial com réu preso é de 10 dias, improrrogáveis. Se for excedido tal prazo, o acusado DEVE ser posto em liberdade. É necessário que se observem estes requisitos para que a prisão não seja relaxada.
No caso de crimes envolvendo a lei 11.343 (lei antidrogas), ficar atento ao art. 48, §2º, tendo em vista que a conduta prevista no art. 28 desta Lei, não comporta prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários. Se houver prisão em flagrante, cabe relaxamento, porque a lei não admite a referida medida.
Ainda, com base nesta mesma Lei, conforme o Art. 51, o inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Em que pese o parágrafo único estabelecer que os prazos a que se refere este artigo poderem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária, findo tal prorrogação o acusado DEVERÁ ser colocado em liberdade, sob penal de ilegalidade da prisão, comportando o caso, desta feita, o relaxamento da prisão.
Esqueleto da petição:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE (LOCAL DO FATO). 
Distribuição por dependência ao ...
OBS: Observar se a competência é do Juiz da Vara do Tribunal do Júri, ou do juizado especial de violência doméstica e familiar contra a mulher, visto a possibilidade de prisão em flagrante nestes casos. Se a prisão em flagrante for ilegal, cabe relaxamento).
Fulano de Tal (sempre qualificar com os dados do art. 319 do CPC), vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra constituído, conforme instrumento de procuração em anexo, com fulcro no art. 5º, LXV da CF/88, c/c art. 310, I, do CPP, requerer:
RELAXAMENTO DE PRISÃO
com base nos fatos que a seguir expõe:
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA:
Narrar como se deu o flagrante, ressaltando o vício que será atacado no tópico “do direito”.
EX: Fulano foi preso em flagrante pelo crime de roubo cometido em tal dia, em tal lugar.
Após ser regularmente recolhido ao cárcere, teve lavrado contra si lavrado auto de prisão em flagrante 4 dias após a prisão, assinando sua nota de culpa também no quarto dia, fato que torna sua prisão contrária à lei, conforme disporá a defesa nas linhas seguintes.
II – DO DIREITO
Informar, aqui, o que diz o Código de Processo penal sobre tal prazo, transcrevendo o artigo e contrapondo-o ao caso dos autos, logo em seguida.
Ex: O art. 306 do Código de processo penal estabelece o prazo de 24 horas para assinatura da nota de culpa, in verbis:
Transcrever o artigo...
Ocorre, Excelência, que tal prazo não foi respeitado. Observe-se que o indiciado somente assinou tal documento 4 dias após sua prisão, fato que torna sua prisão em flagrante ilegal. Não obstante tal fato, a lavratura do auto se deu também em prazo diverso ao determinado pelo citado artigo do já mencionado diploma legal, in verbis:
Transcrever...
Pode-se concluir pelo exposto que a prisão do indiciado fere garantias e dispositivos constitucionais basilares, tais como dignidade da pessoa humana (falar a respeito), devido processo legal (falar a respeito)... Com base nisso, a prisão deve ser imediatamente relaxada.
III – DO PEDIDO:
Requer o indicado o imediato relaxamento da prisão em flagrante ora combatida, com a respectiva expedição de alvará de soltura em nome do mesmo.
Nestes Termos
Pede Deferimento.
Local, data.Advogado.
OAB.
CASO PARA RESOLUÇÃO
Elenilde Maridélia, brasileira, casada, policial civil, residente e domiciliada na QI 10, Bloco P. AP. 102, Guará, estava em sua casa em 15 de maio de 2017, quando, avistando uma sombra passando pela sala, dirigiu-se sorrateiramente até o cômodo, momento em que presenciou um meliante arrombando a maçaneta da porta com um maçarico e portando na cintura uma pistola semiautomática.
 
Apavorada, Elenilde foi até o quarto e pegou seu revólver calibre 38, se dirigindo até o citado elemento para afastá-lo de sua residência. Neste instante, o indivíduo já adentrava a sala de Elenilde e lhe apontava a arma, quando, para evitar a injusta agressão que seria perpetrada contra sua vida, Elenilde desferiu um único tiro no indivíduo, atingindo-lhe o peito, fato que levou o meliante a óbito.
Após colocar o corpo no automóvel e dirigir-se à Delegacia de Polícia mais próxima, Elenilde entregou, perante a autoridade policial, o cadáver e a arma, narrando os fatos da forma como se deram. O delegado, não convencido da versão apresentada por Elenilde, decretou sua prisão em flagrante, lavrando o respectivo auto.
Em 18 de maio de 2017, Elenilde recebeu sua nota de culpa, tendo informado que não possuía defensor constituído e que desejava comunicar sua prisão ao seu marido. A autoridade policial, munida do auto de prisão em flagrante, enviou uma cópia do auto, exclusivamente ao ministério público, entendo que este por ser o dominus litis, era o maior interessado na causa, comunicando, em seguida, a prisão de Elenilde à seu esposo.
Diante dos fatos, como advogado de Elenide, apresente a medida processual privativa, se atentando para as teses possíveis a serem alegadas em favor de Elenice.
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES A CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA:
É concedida a liberdade provisória quando houver prisão em flagrante válida, mas o indiciado/acusado não necessita ficar detido enquanto transcorre o processo. Tal fato se dará quando os requisitos para a decretação da prisão preventiva não estiverem presentes (art. 312 do CPP) e isto for observado em sede de PRISÃO EM FLAGRANTE. A prisão em flagrante é a “MÃE” da liberdade provisória.
A liberdade provisória com ou sem arbitramento de fiança, conforme art. 321, do CPP, é cabível sempre que os requisitos da preventiva não estiverem presentes, podendo o juiz, caso se mostrem adequadas ou suficientes outras medidas cautelares que não a prisão, aplicá-las ao agente. (Medidas cautelares – art. 319 do CPP - Prisão domiciliar – art. 317/318; comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; proibição de acesso ou frequência em determinados lugares; proibição de manter contato com pessoa determinada; proibição de ausentar-se da Comarca; recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga; suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de que delas poderá advir prática criminosa; fiança, quando admitido; internação provisória do acusado em caso de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem que o agente é inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração).
Pode ser a liberdade provisória pleiteada para qualquer delito. Exemplo: Se alguém for preso em flagrante por roubo, pode o magistrado determinar a sua soltura, mediante liberdade provisória sem fiança. DICA: Sempre que o problema falar em crime apenado com reclusão, sempre caberá liberdade provisória sem fiança. Não precisa adentrar o mérito do instituto, basta citar na petição: LIBERDADE PROVISÓRIA COMPROMISSADA.
O art. 310, III, parágrafo único, do CPP, trata da liberdade provisória nos casos de legitima defesa, estado de necessidade e estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito (conhecidas como excludentes de ilicitude). Se o Juiz, pelo auto de prisão em flagrante, observar que o agente praticou a infração abrangido por qualquer destas situações, poderá, de forma fundamentada, conceder ao acusado liberdade provisória compromissada.
A liberdade provisória, com arbitramento de fiança, destina-se aos delitos considerados afiançáveis. Conforme o art. 322 do CPP, a autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 04 anos. Em outros casos afiançáveis, a fiança será requerida ao Juiz, que decidirá em 48 horas.
São inafiançáveis:
Art. 323 do CPP – Racismo, Tortura, Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo, crimes definidos como hediondos, crimes cometidos pos grupos armados – civis ou militares – contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Art. 324 – Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem justo motivo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do CPP – comparecimento quando intimado e mudança de endereço ou ausência do domicílio por mais de 8 dias sem comunicar a autoridade).
Os valores da fiança estão dispostos no art. 325 do CPP. Entretanto, conforme entendimento uníssono da doutrina, não há mais sentido para se arbitrar fiança para crimes menos graves, quando delitos mais graves admitem a liberdade provisória sem fiança.
Com base em tal fato, Guilherme Nucci (in Prática Forense Penal, 2009, pág. 169/170), informa que “os magistrados têm optado por conceder, sempre, liberdade provisória sem fiança (a única exceção tem ficado por conta dos crimes contra a economia popular, sonegação fiscal, crimes de violência doméstica e crimes por direção de veículo automotor, estando o motorista alcoolizado. Nestes dois últimos casos, a pena é de detenção e comporta fiança). Entretanto, com a mudança na lei, em que a fiança se tornou uma medida cautelar, o instituto voltou a ter força na concessão da liberdade provisória condicionada ao seu pagamento.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE (LOCAL DO FATO). 
OBS: Observar se a competência é do Juiz da Vara do Tribunal do Júri.
Distribuição por dependência ao auto de prisão em flagrante n...
	Fulano de tal, nacionalidade, profissão, residente e domiciliado na ... , portador do RG e do CPF ..., (temos que qualificar por ser uma peça que vai apartada aos autos principais) vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, conforme procuração acostada, com fulcro no art. 310, III, e art. 321, ambos do Código de Processo Penal (Temos que observar aqui se é o caso de excludente de ilicitude ou ausência de requisitos que autorizam a prisão preventiva do acusado. Sendo o caso é de ausência de requisitos do art. 312 do CPP, a fundamentação passa a ser art. 310, III e 321, do CPP. Se for excludente de ilicitude teremos o art. 310, parágrafo único, do código de processo penal), combinado com o artigo art. 5º, inciso LXVI, da Carta Constitucional, requerer
LIBERDADE PROVISÓRIA
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA:
Informar aqui, de forma sucinta, o caso que ensejou a prisão em flagrante.
EX: O requerente foi preso em flagrante delito no dia tal, pela prática do crime de furto, tendo em vista que o mesmo está sendo indiciado pelo fato de ter subtraído duas barras de chocolate da loja “doce mais”, localizada em tal local.
A prisão em flagrante se fundamentou no fato de que o requerente já havia sido processado anteriormente, mas deve-se lembrar que até o momento não há sentença transitada em julgado, condenando-o.
II – DO DIREITO
Explicar aqui que, conforme o auto de prisão em flagrante, a autoridade policial presumiu que o indiciado tinha personalidade voltada para o crime. Neste momento, devemos falar dos requisitos do art. 312 do CPP e debater todos aqueles que podem terensejado a prisão, mostrando ao juízo que não há necessidade de o indiciado ficar preso. Falar, neste momento, da liberdade como regra e dissertar acerca dos requisitos do 312 do CPP confrontando-os com os argumentos da defesa, a fim de tornar a prisão desnecessária. Pode-se, inclusive, falar de outras medidas cautelares mais benéficas ao requerente, que não a prisão.
EX: A prisão em flagrante faz presumir que o indiciado tem a personalidade voltada para o crime, devido o fato de já ter sido processado. Ora, Excelência, a personalidade de uma pessoa deve ser atestada como “perigosa” somente quando há uma sentença penal transitada em julgado afirmando tal situação. Não se pode manter o acusado em cárcere com suposições de que, se solto, poderá cometer novos delitos, desestabilizando a ordem pública. (Falar de cada um dos requisitos).
III – DO PEDIDO
	Aqui, fazemos o pedido de concessão da liberdade, mediante compromisso de comparecer a todos os atos do processo, com a consequente expedição de alvará de soltura em favor do requerente.
	Subsidiariamente, se for do entendimento do juízo, que seja concedida a liberdade provisória pleiteada condicionada à imposição de uma das medidas cautelares elencadas no art. 319 do Código de Processo Penal, observadas as disposições expressas no art. 282 do mesmo diploma legal.
Nestes Termos
Pede Deferimento
Local, data.
ADVOGADO.
OAB
CASO PARA RESOLUÇÃO
Marcolino Jorgito, técnico em enfermagem do hospital Anchieta, em Taguatinga-DF, profissional regular da instituição há 13 anos, reside na SQS 100, Bloco H, apartamento 701 (há 6 anos, sendo proprietário do referido imóvel) com sua esposa e seus três filhos pequenos, sendo um de 3 anos e dois de 6 anos, cada.
No dia 12 de abril de 2011, Marcolino foi desrespeitado por um paciente dentro do hospital em que labora. Altamente alterado, Viníciusley Romério pegou um bisturi e tentou agredir o referido técnico em enfermagem que lhe prestava atendimento, momento em que Marcolino teve que quebrar o braço do agressor visivelmente transtornado para desarmá-lo, causando-lhe as lesões que foram descritas no laudo de exame de corpo de delito lavrado no mesmo dia, sendo que em tal documento constava que o agredido iria ficar afastado de suas ocupações habituais por no mínimo 45 dias.
Uma enfermeira que estava no momento do ocorrido e uma secretária que estava presenciando o fato, prestaram declarações na DP, informando que se o técnico não agisse da forma que agiu, o paciente poderia ter lhe ferido letalmente, pois demonstrou inequívoca intenção de atentar contra a vida do Sr. Marcolino, tendo em vista este ter pedido que o paciente aguardasse mais alguns minutos para ser atendido.
Dois enfermeiros que chegaram ao local logo após o ocorrido informaram que o Sr. Marcolino possui um temperamento difícil, sendo “grosso” com os pacientes do hospital, afirmando que o técnico quebrou o braço do paciente de forma desnecessária, pois é uma pessoa de temperamento difícil e de convivência insuportável dentro do hospital.
Diante de tal situação, Marcolino foi preso em flagrante delito pelo crime de lesão corporal grave, pois a autoridade policial entendeu que a conduta do técnico pode ter constituído um crime doloso, pois dois enfermeiros não corroboraram a versão das duas outras testemunhas. Lavrado o auto de prisão em flagrante em 24 horas, a autoridade policial o encaminhou à autoridade judicial, ao Ministério Público e ao Defensor Público para verificação.
Diante da situação de Marcolino e dos fundamentos legais que possam interessar para sua defesa, redija a peça processual privativa de advogado, que seja cabível na situação exposta, se atentando para as formalidades atinentes ao caso.
PRISÃO PREVENTIVA / REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA/TEMPORÁRIA
	
É a principal modalidade de prisão cautelar, de cuja base nascem as demais. Portanto, para se sustentar uma prisão preventiva, torna-se imperioso checar se os requisitos desta prisão estão presentes. Do contrário, o correto é permitir ao indiciado ou réu aguardar o julgamento em liberdade, com ou sem arbitramento de fiança.
Para a sua decretação são exigidos, ao menos, três requisitos:
materialidade do crime;
indícios suficientes de autoria;
Estes acima narrados são básicos. Os abaixo elencados, basta a presença de ao menos um deles, quais sejam (art. 312 do CPP):
Fundamentos
Provada a existência do crime e havendo indícios suficientes de autoria – fumus comissi delicti e periculum libertatis, elementos que fundamentam a medida cautelar (art. 312 CPP), a prisão preventiva poderá ser decretada :
como garantia da ordem pública – evitar que o delinquente pratique novos crimes contra a vítima e seus familiares; 
como garantia da ordem econômica – Lei nº 8.884/84, 8.137/90 (crimes contra a economia popular e sonegação fiscal);
por conveniência da instrução criminal – para assegurar a prova processual, de modo a impedir a ação do criminoso no sentido de fazer desaparecer as provas do crime, apagar vestígios, subornar, aliciar testemunhas ou ameaçá-las, etc;
para assegurar a aplicação da lei penal - impede-se o desaparecimento do autor da infração que pretenda se subtrair aos efeitos penais da eventual condenação.
Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, parágrafo 4º, do CPP).
Cabimento da prisão preventiva – art. 313 do CPP: Nos casos de crimes dolosos punidos com reclusão, cuja pena máxima seja superior a 4 anos; condenação por outro crime doloso, com sentença transitada em julgado (reincidência); violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; ou no caso de dúvida acerca da identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após identificação, exceto se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
O despacho do juiz que decretar a preventiva deverá ser sempre fundamentado. Deixando de subsistir o motivo pelo qual a preventiva foi decretada, o Juiz poderá revogá-la, bem como poderá decretá-la novamente se o motivo de sua decretação voltar a perdurar.
A garantia da ordem pública abrange enorme aspecto de subjetividade do magistrado. Configura-se, em regra, levando-se em conta os seguintes pontos:
- gravidade da infração penal + periculosidade do réu + repercussão causada pelo crime.
A garantia da ordem econômica, leva em consideração a magnitude da lesão concreta causada pela lesão à ordem econômico-financeira
A conveniência da instrução criminal concentra-se na produção de provas.
Assegurar a aplicação da lei penal – se finda a instrução, a lei deve ter condições de ser devidamente aplicada. Visa evitar a potencial fuga do acusado.
Quando o juiz decretar a prisão preventiva, se, porventura, cessar a razão que a determinou, deve o magistrado revogá-la, simplesmente, tornando o indiciado/acusado à situação de liberdade anterior. O art. 316 do Código de Processo Penal é o que dá fulcro ao pedido de revogação da prisão preventiva.
Decretação
A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase do inquérito policial (não sendo o caso de prisão em flagrante) ou da instrução criminal, tanto nos casos de ação penal pública ou privada, desde que presentes os pressupostos, fundamentos e condições de admissibilidade previstos em lei (art. 311 CPP). 
Não há recurso, somente o pedido de habeas corpus com fundamento em constrangimento ilegal, decorrente da inadmissibilidade da medida amparada em falta de fundamentação adequada, na inexistência de pressupostos, etc. 
Fundamentação
O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado (art. 315 CPP). É indispensável que se fundamente emfatos concretos que lhe proporcionem fomento. A fundamentação do pedido da revogação da prisão preventiva é o art. 316 do CPP c/c art. 5°, LXVI da CF/88.
No caso da Lei Maria da Penha a possibilidade de decretação de preventiva está no art. 20 da citada Lei e a sua revogação está inserida no parágrafo único do mesmo artigo.
Dentre todos os tipos de violência contra a mulher, existentes no mundo, aquela praticada no ambiente familiar é uma das mais cruéis e perversas. O lar, identificado como o local acolhedor e de conforto passa a ser, nesses casos, um ambiente de perigo contínuo que resulta num estado de medo e ansiedade permanentes. Envolta no emaranhado de emoções e relações afetivas, a violência doméstica contra a mulher se mantém, até hoje, como uma sombra em nossa sociedade.
A violência praticada contra mulheres é conhecida como violência de gênero porque se relaciona à condição de subordinação da mulher na sociedade, que constitui na razão implícita do número estarrecedor de casos de agressões físicas, sexuais, psicológicas, morais e econômicas (patrimoniais), perpetrados em desfavor de mulheres, revelando a incontestável desigualdade de poder entre homens e mulheres, sobretudo nas relações domésticas.
O efeito da violência doméstica e familiar contra a mulher, decorrentes de maus tratos, humilhações, agressões físicas, sexuais, morais, patrimoniais e psicológicas, é, sem dúvida, devastador para sua auto-estima, sem falar no medo vivenciado cotidianamente, temor aterrorizante causador de insegurança e instabilidade, agravados pelo fato das vítimas nunca saberem a razão capaz de desencadear nova fúria dos agressores e na vergonha que passam diante de familiares, vizinhos, amigos e conhecidos. Essa situação provoca ansiedade, depressão, dores crônicas, dentre outras moléstias. Estando tal quadro instalado, necessária se faz a intervenção do Estado, por meio de efetivação de políticas públicas adequadas, com mecanismos de discriminação positiva ou de ações afirmativas, capazes de reduzir a tragédia da violência de gênero, fim a que se destina a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha.
No dia 22 de setembro de 2006 entrou em vigor a  Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, dispondo sobre a criação dos Juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher (são os competentes para julgar casos de violência doméstica contra a mulher!) e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.  Esse diploma legal, tão aguardado especialmente pelas instituições e organizações que militam na tutela dos direitos de gênero e de enfrentamento da violência doméstica, evidencia a preocupação de minudenciamento e pormenorização de direitos e garantias da mulher.
É uma lei inovadora, porque nela o legislador incluiu a instituição de medidas protetivas de urgência, com possibilidade inclusive de concessão de alimentos provisórios ou provisionais, em favor da mulher, bem como aumento da pena do crime de lesão corporal praticado com violência doméstica, dando elasticidade considerável  ao conceito para nele imbutir toda e qualquer forma de violência, seja ela física, psicológica, moral ou sexual, elevando-a, inclusive, ao patamar de violação de direitos humanos.
Dentre as inovações da Lei, destaca-se: 
tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher; 
estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; 
determina que a mulher somente poderá se retratar de sua representação perante o juiz e ministério público, com audiência específica para tanto;
determina que a violência doméstica contra a mulher independa de sua orientação sexual; 
ficam proibidas as penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas); 
é vedada a entrega da intimação pela mulher ao agressor; 
a mulher vítima de violência doméstica será notificada dos atos processuais, em especial quando do ingresso e saída da prisão do agressor; 
a mulher deverá estar acompanhada de seu advogado(a) ou defensor(a) em todos os atos processuais; 
retira dos juizados especiais criminais a competência para julgar os crimes de violência doméstica contra a mulher; 
altera a Lei de Execuções Penais para permitir que o juiz determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação; 
determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de família decorrentes da violência; 
altera o Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher; 
caso a violência doméstica seja cometida contra mulher com deficiência, a pena será aumentada em 1/3. 
O juiz poderá conceder, no prazo de 48 horas, medidas protetivas de urgência (suspensão do porte de armas do agressor, afastamento do agressor do lar, distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da situação, a requerimento do Ministério Público ou da ofendida. 
Modifica a ação penal no crime de lesão corporal leve, que passa a ser pública incondicionada. 
Aumenta a pena de lesão corporal no caso dela ser praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade. 
Permite a autoridade policial prender o agressor em flagrante sempre que houver qualquer das formas de violência contra a mulher 
Proíbe a aplicação da lei dos juizados especiais criminais (Lei 9.099/1995) aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Uma vez feita a ocorrência na delegacia de polícia, o Ministério Público apresentará a denúncia ao juiz e poderá propor penas de 3 meses a 3 anos de detenção. 
Tipos de violência
Conforme o artigo 5º da Lei Maria da Penha, a violência doméstica e familiar contra a mulher é entendida como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
A violência pode se dar no espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas (âmbito da unidade doméstica), ou na comunidade formada por indivíduos que são ou que se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa (âmbito da família) ou ainda em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Vale ressaltar ainda que essas relações pessoais mencionadas acima independem de orientação sexual.
Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher: 
Violência Física – entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da mulher. A infração penal que configura essa forma de violência é a lesão corporal e as vias de fato. A ação penal é pública incondicionada.
Violência Psicológica – entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Infrações penais: Perturbação da tranqüilidade, Injúria, Constrangimento ilegal, Cárcere Privado, Ameaça, Vias de fato e Abandono material. A Ação Penal é pública incondicionada.                                            
Obs: o crime de ameaça (Art. 147, CP) é condicionado a representação. 
3 	Violência Sexual – entendida comoqualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force a matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. Infrações penais: estupro. A ação penal é pública condicionada à representação. Se resultar violência lesão corporal grave ou a morte, a ação penal é pública incondicionada. 
4	Violência Patrimonial – entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.  Infrações Penais: Roubo, Furto, Extorsão, Estelionato etc. Quanto à Ação Penal, se for cônjuge separado(a), deverá haver a representação criminal por parte da ofendida para iniciar o procedimento policial (Art. 182, I, CP). Se houver violência ou grave ameaça, a ação será pública incondicionada. 
5 	Violência Moral – entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. As infrações penais são injúria, calúnia e difamação. A ação penal  é privada. 
Medidas Protetivas
A ofendida poderá pedir à Justiça as providências necessárias para a sua proteção por meio da Autoridade Policial. No prazo de 48 horas deverá ser encaminhado pelo Delegado de Polícia, o expediente referente ao pedido, juntamente com os documentos necessários à prova, para que este seja conhecido e decido pelo juiz.
De acordo com a Lei 11.340, em seus artigos 22, 23 e 24, as MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA podem ser: 
I. Suspensão da posse ou restrição do porte de armas do agressor, com comunicação ao órgão competente nos termos da Lei 10.826 de 22 de dezembro de 2003;
II. Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência do agressor com a ofendida;
III. Proibição de determinadas condutas do agressor, entre as quais:
aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
contato com a ofendida, seus familiares e das testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida
IV. Restrição ou suspensão de visitas do agressor aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios;
VI. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
VII. Determinar a recondução da ofendida e de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
VIII. Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IX. Determinar a separação de corpos;
X. Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
XI. Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra e venda e locação da propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
XII. Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
XIII. Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
É Importante que a Ofendida Saiba que:
Caso queira desistir da ação penal contra o agressor, se for ação penal pública condicionada à representação, “só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público” (Art. 16). Portanto, a ofendida deverá solicitar ao juiz a designação dessa audiência.
O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: 
a) acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da adimistração direta ou indireta;
b) manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
Por opção da ofendida, a competência da ação judicial para os processos cíveis regidos pela Lei 11.340 será o Juizado:
a) do domicílio da ofendida ou de sua residência;
b) do lugar do fato em que se baseou a demanda;
c) do domicílio do agressor.
Depois que o juiz receber o expediente com o pedido da ofendida, ele decidirá sobre as medidas protetivas de urgência, no prazo de 48 horas. Poderá ainda determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso. 
Em caso de prisão do agressor, a ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão. 
Questões  Polêmicas
Direito de representação
Para que o autor da violência seja processado, permanece a necessidade de representação da vítima às autoridades nos casos em que o Código Penal ou leis especiais assim estabeleçam. Por exemplo, no crime de ameaça, em relação ao qual o artigo 147, parágrafo único, do Código Penal estabelece que “somente se procede mediante representação”. Se não estiver presente tal condição de procedibilidade, a defesa poderá suscitar a preliminar de ausência de legitimidade para a causa.
No entanto, em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa não mais se exige a representação da mulher ofendida. Isto porque a representação, nestes crimes, vem prevista no artigo 88 da Lei 9.099/1995 e o artigo 41 da “Lei Maria da Penha” expressamente determina que não seja aplicada a Lei 9.099/1995 nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Entende-se, por não ter a lei feito qualquer exceção, que é proscrita a aplicação da integralidade da Lei 9.099/1995.
A empregada doméstica é também vítima da violência doméstica e familiar contra a mulher?
A empregada doméstica pode ser vítima de violência doméstica e familiar contra a mulher, pois está abrangida no conceito estabelecido no art. 5º da “Lei Maria da Penha”, especificamente em seu inciso I, que considera a violência praticada no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.
As exigências contidas no artigo 12 da lei são requisitos para a concessão das medidas protetivas de urgência?
Não. As providências previstas no artigo 12 da “Lei Maria da Penha” servem de guia para a autoridade policial instruir o inquérito policial. Trata-se de artigo muito semelhante ao artigo 6º do Código de Processo Penal referente a todos os inquéritos policiais.
Para a concessão das medidas protetivas de urgência, a lei faz apenas uma única exigência: que haja requerimento da vítima ou do Ministério Público (art. 19, Lei 11.340/2006), deixando bem claro que não é necessária a realização de uma audiência com as partes, ou seja, a medida pode ser determinada independentemente da prévia oitiva do suposto agressor. Nem mesmo o Ministério Público precisa ser ouvido na hipótese da medida ter sido requerida pela vítima (art. 19, §1º).
O pedido de medidas protetivas de urgência em sede policial depende da representação a termo?
Não. Nos crimes que dependem de representação da vítima, esta é apenas exigência para que o agressor seja processado criminalmente, não sendo necessária para a aplicação das medidas protetivas de urgência.
A competência civil e criminal é somente para as medidas protetivas ou para processar as ações principais (separação, alimentos, guarda, regularização de visitas)?
O artigo 14 da “Lei Maria da Penha” estabelece que a competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher pára o processo, o

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