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A REFORMA TRABALHISTA E O PROCESSO DO TRABALHO

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MAURO SCHIAVI
A REFORMA 
TRABALHISTA 
E O PROCESSO 
DO TRABALHO
3
Apresentação
A Lei 13.467/17, conhecida como a Lei da Reforma Trabalhista, aprovada 
pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, traz im-
portantes alterações no Direito do Trabalho, no Processo do Trabalho e na 
Justiça do Trabalho.
Neste encarte, optamos por comentar todos os artigos da Reforma perti-
nentes à Justiça do Trabalho, Processo do Trabalho, e dispositivos de direito 
material que têm impactos na área processual.
Para facilitar a compreensão, foram realizados comentários individualiza-
dos para cada artigo, seguindo a sequência numérica da própria lei.
A lei traz alterações em muitos institutos do processo do trabalho, des-
tacando-se: competência, mecanismos de solução de conflitos (arbitragem e 
homologação de conciliação extrajudicial), petição inicial, contestação, audi-
ência, provas, recursos e execução.
Uma vez publicada, a Lei adquire vida própria e deve ser interpretada à luz 
da Constituição Federal e dos princípios peculiares que regem o Processo do 
Trabalho.
Boa Leitura.
O autor.
4
A REFORMA TRABALHISTA E 
O PROCESSO DO TRABALHO
Comentários à Lei n. 13.467/17 
Artigos referentes ao Processo do Trabalho, Justiça do Trabalho, 
e dispositivos de direito do trabalho que têm impactos na parte processual.
LEI N. 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017
DOU de 14.07.2017 
Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de 
maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, 
de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
“Art. 1º A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de 
maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes 
alterações: 
“Art 2º .................................................................
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, 
embora, cada uma delas, personalidade jurídica 
própria, estiverem sob a direção, controle ou 
administração de outra, ou ainda quando, 
mesmo guardando cada uma sua autonomia, 
integrem grupo econômico, serão responsáveis 
solidariamente pelas obrigações decorrentes da 
relação de emprego. 
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera 
identidade de sócios, sendo necessárias, para 
a configuração do grupo, a demonstração do 
interesse integrado, a efetiva comunhão de 
interesses e a atuação conjunta das empresas dele 
integrantes.” (NR) 
Comentários
O referido dispositivo mantém a regra geral 
do reconhecimento do grupo econômico por 
hierarquia, embora a doutrina trabalhista e a 
jurisprudência tenham evoluído no sentido do 
reconhecimento do grupo horizontal, onde há 
uma relação de coordenação entre as empresas.
O objetivo da lei foi tornar mais difícil a 
configuração do grupo econômico para fins de 
responsabilização trabalhista. Não obstante, a 
jurisprudência já se posicionou no sentido de que 
é possível a responsabilização, na execução, da 
empresa do grupo econômico que não participou 
da fase de conhecimento.
Nesse sentido: “Grupo econômico familiar 
— Redirecionamento da execução — 
Responsabilização de sócia. Comprovada 
a existência de grupo econômico familiar, 
sem que as empresas condenadas no título 
executivo tenham efetuado o pagamento ou 
garantido a execução, afigura-se regular o 
seu redirecionamento em desfavor de pessoa 
física que, apesar de não constar do quadro 
societário de todas as demandadas, figura ou 
figurou como sócia de algumas delas. Agravo de 
petição da executada a que se nega provimento.” 
(TRT – 9ª R. – Seção Especializada – rel. Des. 
Rubens Edgard Tiemann – 2.2.10 – Processo n. 
8957/2004.015.09.00-6) (RDT n. 2 – fevereiro 
de 2010)
No mesmo sentido, é o Enunciado n. 3 da 
1ª Jornada Nacional de Execução Trabalhista, 
realizada em novembro de 2011, in verbis:
“EXECUÇÃO. GRUPO ECONÔMICO. Os 
integrantes do grupo econômico assumem a 
execução na fase em que se encontra.”
De nossa parte, ainda que se considere a mera 
identidade de sócios não ser suficiente para a 
configuração do grupo econômico, tal elemento 
é um indício bastante relevante de sua existência 
(prova prima facie), podendo o Juiz do Trabalho, 
no caso concreto, aplicar a teoria dinâmica do 
ônus da prova e atribuir o encargo probatório 
5
à empresa que nega a existência do grupo 
econômico (artigos 818, da CLT e 373 do CPC).
Mesmo diante da alteração legal, fica mantido o 
entendimento da 129 do TST: 
CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECO-
NÔMICO — A prestação de serviços a mais 
de uma empresa do mesmo grupo econômico, 
durante a mesma jornada de trabalho, não 
caracteriza a coexistência de mais de um contrato 
de trabalho, salvo ajuste em contrário.
“Art. 8º................................................................. 
§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do 
direito do trabalho. 
§ 2º Súmulas e outros enunciados de jurispru-
dência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho 
e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não 
poderão restringir direitos legalmente previstos 
nem criar obrigações que não estejam previstas em 
lei. 
§ 3º No exame de convenção coletiva ou acordo 
coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará 
exclusivamente a conformidade dos elementos 
essenciais do negócio jurídico, respeitado o 
disposto no art. 104 da Lei n. 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua 
atuação pelo princípio da intervenção mínima na 
autonomia da vontade coletiva.” (NR) 
Comentários
Aqui, houve alterações profundas na sistemática 
de aplicação do direito comum, com ênfase ao 
direito civil, no campo do direito do trabalho. 
Houve supressão do requisito da compatibilidade 
como barreira de contenção para aplicação do 
direito comum às relações trabalhistas, bastando 
o requisito da omissão.
De nossa parte, a alteração não é oportuna, 
pois o Direito do Trabalho é ramo autônomo da 
ciência jurídica e tem sua principiologia própria, 
como eixo central o princípio da proteção 
ao trabalhador. Já o direito comum, parte do 
princípio da igualdade de partes que figuram em 
determinada relação jurídica.
A alteração do parágrafo primeiro do artigo 
8º, da CLT deve ser compatibilizada com os 
princípios, regras e singularidades do Direito 
do Trabalho. Se norma civilista conflitar com a 
trabalhista, mesmo havendo omissão da CLT, ela 
não deverá ser aplicável.
O parágrafo 2º, do artigo 8º, da CLT visou a 
restringir o alcance da jurisprudência trabalhista, 
vedando que o Judiciário, por meio de interpre-
tação, aplicação ou integração do direito, restrinja 
ou crie direito não previsto em lei. Trata-se de 
regra que não encontra similar em outros ramos 
do direito ou do Judiciário. 
O Código de Processo Civil de 2015 contém 
dispositivo muito melhor que o da CLT previsto 
no artigo 926, que assim dispõe:
 “Os tribunais devem uniformizar sua 
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e 
coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo 
os pressupostos fixados no regimento interno, 
os tribunais editarão enunciados de súmula 
correspondentes a sua jurisprudência dominante. 
§ 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais 
devem ater-se às circunstâncias fáticas dos 
precedentes que motivaram sua criação”.
De nossa parte, o parágrafo 2º do artigo 8º, 
da CLT é manifestamente inconstitucional, por 
impedir a livre interpretação e aplicação do direito 
pelos Tribunais Trabalhistas, inibir a eficácia dos 
direitos fundamentais, bem como dos princípios 
constitucionais. Além disso, impede a evolução 
da jurisprudência e restringe o acesso à justiça 
(artigo 5º, XXXV, da CF).
Emépocas marcadas por grandes codificações, 
seguindo o sistema romano-germânico de legis-
lação escrita e rígida, o juiz, praticamente, não 
podia interpretar a lei, somente podendo aplicá-
la, subsumindo os fatos ao prévio catálogo de lei. 
O juiz era apenas a voz e a boca da lei (bouche de 
la loi). Tornou-se clássica a frase in claris cessat 
interpretatio do Código Civil francês.
Na visão de Montesquieu, os juízes eram seres 
inanimados, que não podiam moderar nem a 
sua força (a Lei) nem o seu rigor. O juiz nada 
criaria, apenas aplicaria o direito (já previamente 
elaborado pelo legislador) ao caso concreto. 
O catálogo de todas as soluções possíveis já 
preexistiria ao caso litigioso. Ao juiz nada mais 
se pediria do que confrontar o fato com tal 
catálogo, até localizar a regra legal que resolveria 
o problema. Sua atividade mental seria apenas 
silogística1. 
Atualmente, o sistema constitucional brasileiro, 
fruto do Estado Social, reconhece a liberdade 
de convicção do magistrado como sendo não 
só uma garantia da cidadania, mas também um 
pilar de sustentação do regime democrático de 
tripartição de poderes.
1 FACCHINI NETO, Eugênio. Reflexões histórico-evolutivas sobre a constitucionalização do direito privado. In: SARLET, 
Ingo Wolfgang (Coord.). Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 23.
6
A doutrina tem destacado importante papel do 
Judiciário Trabalhista na concretização e efetivação 
dos direitos fundamentais do trabalhador, não 
sendo este apenas a chamada “boca da lei”, mas 
livre para realizar interpretações construtivas 
e evolutivas do direito, a partir dos princípios 
constitucionais, com a finalidade de encontrar 
equilíbrio entre a livre-iniciativa e a dignidade da 
pessoa humana do trabalhador. 
O parágrafo 3º do artigo 8º, da CLT limita a 
atuação do Judiciário no exame dos acordos e 
negociação coletiva aos requisitos de validade do 
negócio jurídico (artigo 104 do CC), quais sejam: 
capacidade, licitude do objeto e forma prevista 
ou não defesa em lei. De nossa parte, se trata 
de regra manifestamente inconstitucional, pelos 
seguintes motivos:
a) restringe o acesso à justiça (artigo 5º, XXX, 
da CF);
b) viola os incisos VI, XIII e XIV, da CF que, 
além dos requisitos formais do negócio 
jurídico, exigem que para a flexibilização de 
direitos, exista efetiva negociação coletiva e 
observâncias dos direitos mínimos trabalhistas, 
previstos no ordenamento jurídico trabalhista, 
principalmente, o constitucional (7º, caput, da 
CF).
c) restringe a incidência das normas constitu-
cionais e legais de proteção ao trabalho humano.
“Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiaria-
mente pelas obrigações trabalhistas da sociedade 
relativas ao período em que figurou como sócio, 
somente em ações ajuizadas até dois anos depois 
de averbada a modificação do contrato, observada 
a seguinte ordem de preferência: 
I - a empresa devedora; 
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá 
solidariamente com os demais quando ficar 
comprovada fraude na alteração societária 
decorrente da modificação do contrato.” 
Comentários
Assevera o art. 1.003 do Código Civil: 
“A cessão total ou parcial de quota, sem a 
correspondente modificação do contrato social 
com o consentimento dos demais sócios, não terá 
eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo 
único. Até dois anos depois de averbada a 
modificação do contrato, responde o cedente 
solidariamente com o cessionário, perante a 
sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha 
como sócio.”
No mesmo sentido, dispõe o art. 1.032 do 
Código Civil, in verbis: “A retirada, exclusão 
ou morte do sócio, não o exime, ou a seus 
herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações 
sociais anteriores, até dois anos após averbada a 
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros 
casos, pelas posteriores e em igual prazo, 
enquanto não se requerer a averbação.”
Parte da jurisprudência se mostrava refratária 
à aplicação do art. 1.003 do CC ao Processo do 
Trabalho, argumentando que a responsabilidade 
do sócio retirante persiste para fins trabalhistas, 
mesmo depois de dois anos, pois se o sócio 
retirante estava na sociedade à época da 
prestação de serviço e usufruiu da mão de obra 
do trabalhador é justo que seu patrimônio 
responda pelos débitos trabalhistas. Além 
disso, argumentam incompatibilidade com os 
princípios protetor, da natureza alimentar e da 
irrenunciabilidade do crédito trabalhista. 
Outros argumentam que o art. 1.003 do CC se 
aplicava integralmente ao processo do trabalho, em 
razão de omissão da CLT e compatibilidade com 
os princípios que regem a execução trabalhista, 
máxime os da dignidade da pessoa humana do 
executado e meios menos gravosos da execução 
(arts. 769 e 889 da CLT). 
O artigo 10-A, da CLT é melhor que os artigos 
1.003 e 1.032 do CC, pois fixa a responsabilidade 
subsidiária do sócio retirante pelo período em 
que figurou na sociedade, mas limitado às ações 
trabalhistas ajuizadas até dois anos da data da 
retirada, estabelecendo, também, a responsabilidade 
solidária em caso de fraude. 
Por outro lado, a experiência nos tem 
demonstrado que muitos sócios deixam a 
sociedade quando ela tem dívidas trabalhistas ou 
está prestes a sofrer execuções trabalhistas que 
possam levá-la à insolvência. Em razão disso, 
pensamos que o sócio retirante, pelo princípio 
da boa-fé objetiva que deve nortear os negócios 
jurídicos, ao sair da sociedade, deve retirar 
certidões que comprovem a inexistência de dívidas 
trabalhistas à época da saída, ou que, mesmo elas 
existentes, a sociedade tem patrimônio suficiente 
para quitá-las. Caso contrário, a responsabilidade 
do sócio retirante persistirá mesmo após o prazo 
fixado no artigo 10-A, da CLT.
“Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes 
das relações de trabalho prescreve em cinco anos 
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o 
limite de dois anos após a extinção do Contrato 
de Trabalho. 
7
I - (revogado); 
II - (revogado).
............................................................................ 
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido 
de prestações sucessivas decorrente de alteração 
ou descumprimento do pactuado, a prescrição 
é total, exceto quando o direito à parcela esteja 
também assegurado por preceito de lei. 
§ 3º A interrupção da prescrição somente ocorrerá 
pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, 
mesmo que em juízo incompetente, ainda que 
venha a ser extinta sem resolução do mérito, 
produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos 
idênticos.” (NR) 
Comentários
Dispõe o art. 189 do CC:
“Violado o direito, nasce para o titular a 
pretensão, a qual se extingue pela prescrição, nos 
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.”
Conforme o referido dispositivo legal, o Código 
Civil brasileiro adota o conceito de prescrição 
como sendo a perda da pretensão, que é, segundo 
Carnelutti, a exigência de subordinação do 
interesse alheio ao interesse próprio. Estando 
prescrita a pretensão, não se pode exigir em juízo 
o direito violado, tampouco invocá-lo em defesa, 
pois a exceção prescreve no mesmo prazo que a 
pretensão, segundo o art. 190 do CC.
Segundo a melhor doutrina, a prescrição extingue 
a pretensão e por via oblíqua o direito, enquanto a 
decadência extingue o direito e por via oblíqua a 
pretensão. O prazo decadencial pode ser fixado 
na lei ou pela vontade das partes (contrato), 
enquanto os prazos prescricionais somente 
são fixados em lei. O prazo decadencial corre 
contra todos, não sendo, como regra, objeto de 
suspensão, interrupção ou causa impeditiva (art. 
207 do CC), salvo as exceções do art. 208 do CC, 
já a prescrição pode não correr contra algumas 
pessoas,pode sofrer causas de impedimento, 
suspensão ou interrupção. A prescrição, uma 
vez consumada, pode ser objeto de renúncia. A 
decadência é irrenunciável quando fixada em lei 
(art. 209 do CC).
Diante da sua importância para o direito do 
trabalho, a prescrição trabalhista está prevista 
no art. 7º, XXIX, da Constituição, que trata 
dos direitos fundamentais trabalhistas, tendo a 
seguinte redação:
“Ação, quanto aos créditos resultantes das 
relações de trabalho, com prazo prescricional 
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e 
rurais, até o limite de dois anos após a extinção 
do contrato de trabalho.”
As causas de interrupção bloqueiam o curso do 
prazo prescricional já iniciado, voltando o prazo 
a correr por inteiro, uma vez expirada a causa de 
interrupção.
Assevera o art. 202 do CC: 
“A interrupção da prescrição, que somente 
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I – por 
despacho do juiz, mesmo incompetente, que 
ordenar a citação, se o interessado a promover 
no prazo e na forma da lei processual; II – por 
protesto, nas condições do inciso antecedente; III 
– por protesto cambial; IV – pela apresentação 
do título de crédito em juízo de inventário ou 
em concurso de credores; V – por qualquer 
ato judicial que constitua em mora o devedor; 
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que 
extrajudicial, que importe reconhecimento 
do direito pelo devedor. Parágrafo único – A 
prescrição interrompida recomeça a correr da 
data do ato que a interrompeu, ou do último ato 
do processo para a interromper.”
O parágrafo 2º do artigo 11, da CLT consagra o 
entendimento sedimentado na Súmula 294, do 
TST, que de nossa parte é inconstitucional, pois 
estabelece a fluência de prazo prescricional no 
curso do contrato de trabalho, em contrariedade 
ao disposto no artigo 7º, XXIX, da Constituição 
Federal, e ainda viola também o próprio artigo 
468, da CLT que não faz distinção entre alterações 
decorrentes da lei ou de acordo entre as partes.
O parágrafo 3º do presente dispositivo legal 
consagra a tese defendida pela Súmula 268 do 
TST e pelo já citado artigo 202 do CC.
Dispõe a Súmula n. 268 do TST:
“PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO 
TRABALHISTA ARQUIVADA – A ação trabalhista, 
ainda que arquivada, interrompe a prescrição 
somente em relação aos pedidos idênticos.”
Conforme sedimentado pela mais alta Corte 
Trabalhista do país, a ação trabalhista, ainda que 
arquivada, sem a necessidade de citação válida do 
reclamado, interrompe a prescrição. Pensamos 
que o Tribunal Superior do Trabalho seguiu a 
melhor diretriz, pois a partir da propositura da 
ação já há interações entre juiz e parte, e há ato 
inequívoco do credor trabalhista pretendendo a 
satisfação do seu direito.
Não obstante, a interrupção se dá somente com 
relação às verbas expressamente postuladas, e não 
em face de outras parcelas, ainda que decorram 
de um mesmo contrato de trabalho.
8
De nossa parte, a demanda trabalhista arquivada 
interrompe tanto os prazos de prescrição bienal 
quanto quinquenal de prescrição, já que tais 
prazos são interdependentes. 
“Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no 
processo do trabalho no prazo de dois anos. 
§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente 
inicia-se quando o exequente deixa de cumprir 
determinação judicial no curso da execução. 
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode 
ser requerida ou declarada de ofício em qualquer 
grau de jurisdição.” 
Comentários
Chama-se intercorrente a prescrição que se 
dá no curso do processo, após a propositura da 
ação, mais especificamente depois do trânsito 
em julgado, pois, na fase de conhecimento, se o 
autor não promover os atos do processo, o juiz o 
extinguirá sem resolução do mérito, valendo-se 
do disposto no art. 485 do CPC.
Sempre foi polêmica a questão da prescrição 
intercorrente no Processo do Trabalho, diante 
da natureza alimentar do crédito trabalhista e 
do princípio da irrenunciabilidade do crédito 
trabalhista.
De nossa parte, estamos convencidos de que 
prescrição intercorrente e prescrição da execução 
são expressões sinônimas no processo do trabalho, 
pois, na fase de conhecimento, se houver inércia 
do reclamante, o Juiz do Trabalho extinguirá 
a relação jurídica processo sem resolução de 
mérito (vide a respeito os arts. 732, 844, ambos 
da CLT, e 485, do CPC), não havendo espaço 
para reconhecimento de prescrição intercorrente. 
A prescrição intercorrente somente se verifica no 
curso da execução.
Em favor da não aplicabilidade da prescrição 
intercorrente no Processo do Trabalho, era 
invocado o argumento de que a execução é 
promovida de ofício pelo Juiz do Trabalho, nos 
termos do art. 878 da CLT, não havendo espaço 
para a aplicabilidade de tal instituto.
Além disso, também é possível invocar 
aqui o princípio protetor, visto sob o aspecto 
instrumental (igualdade substancial das partes 
no processo do trabalho), e a existência do jus 
postulandi da parte na execução trabalhista, 
como argumentos aptos a inviabilizar o 
reconhecimento da prescrição intercorrente no 
processo trabalhista. 
Nesse sentido, a Súmula n. 114 do C. TST, in verbis: 
“Prescrição intercorrente. É inaplicável na Justiça 
do Trabalho a prescrição intercorrente.”
De outro lado, a Súmula n. 327 do C. STF: 
“Prescrição Intercorrente. O direito trabalhista 
admite prescrição intercorrente.”
Nesse sentido, é a própria redação do art. 884 da 
CLT que disciplina em seu § 1º a prescrição como 
sendo uma das matérias passíveis de alegação 
nos embargos à execução. Ora, a prescrição 
prevista no § 1º do art. 884 da CLT, só pode 
ser a intercorrente, pois a prescrição própria da 
pretensão deve ser invocada antes do trânsito em 
julgado da decisão (Súmula n. 153 do C. TST).
A redação do artigo 11-A, da CLT deixa 
expresso o cabimento da prescrição intercorrente 
no processo do trabalho, quando o exequente 
não cumpre determinação judicial no curso da 
execução, como por exemplos: indicação de 
bens do devedor, informações necessárias para o 
registro de penhora, instauração do incidente de 
consideração da personalidade jurídica etc.
A alteração configura mudança de rota 
significativa no processo do trabalho, pois até 
então o entendimento era pela não aplicação da 
prescrição intercorrente na execução trabalhista.
A questão se torna mais agressiva ainda ao 
exeqüente, pois o princípio do impulso oficial fora 
extremamente mitigado, com a nova redação do 
artigo 878, da CLT, que o limitou à hipóteses em 
que o exeqüente estiver sem advogado.
Mesmo que a prescrição intercorrente possa 
ser reconhecida de ofício, considerando-se a 
principiologia e singularidades do processo do 
trabalho, e também os direitos fundamentais de 
acesso à justiça, à tutela executiva (artigo 5º, XXXV, 
da CF) e cooperação processual (artigo 6º do 
CPC), pensamos cumprir ao magistrado, antes de 
reconhecer a prescrição intimar o exeqüente, por 
seu advogado e, sucessivamente, pessoalmente, 
para que pratique o ato processual adequado ao 
prosseguimento da execução, sob conseqüência 
de se iniciar o prazo prescricional.
“ Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresa-
rial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 
desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, 
inclusive as contraídas à época em que os 
empregados trabalhavam para a empresa sucedida, 
são de responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá 
solidariamente com a sucessora quando ficar 
comprovada fraude na transferência.” 
9
Comentários
Segundo a melhor doutrina, a sucessão 
trabalhista, disciplinada nos arts. 10 e 448 da CLT, 
tem fundamento nos princípios da continuidade 
do contrato de trabalho, despersonalização do 
empregador e na inalterabilidade do contrato de 
trabalho. Por isso, quem responde pelo créditotrabalhista é a empresa e não quem esteja no seu 
comando.
Dispõe o art. 10 da CLT: “Qualquer alteração 
na estrutura jurídica da empresa não afetará os 
direitos adquiridos por seus empregados.”
No mesmo sentido, é o art. 448 da CLT: “A 
mudança na propriedade ou na estrutura jurídica 
da empresa não afetará os contratos de trabalho 
dos respectivos empregados.”
São hipóteses típicas de sucessão para fins 
trabalhistas: a transferência de titularidade da 
empresa, fusão, incorporação e cisão de empresas, 
contratos de concessão e arrendamento e também 
as privatizações de antigas estatais.
Para a doutrina clássica, são requisitos da 
sucessão para fins trabalhistas: a) transferência de 
uma unidade empresarial econômica de produção 
de um titular para outro; e b) inexistência de 
solução de continuidade do contrato de trabalho, 
vale dizer: o empregado da empresa sucedida 
deve trabalhar para a empresa sucessora. Para a 
moderna doutrina, à qual me filio, com apoio 
da atual jurisprudência dos Tribunais, não há 
necessidade de o empregado ou o reclamante em 
processo trabalhista ter prestado serviços para 
a empresa sucessora, basta apenas que tenha 
havido a transferência total ou parcial de uma 
unidade de produção de uma empresa para outra 
para que ocorra a sucessão para fins trabalhistas.
Pensamos estar correta a moderna doutrina 
ao exigir apenas o requisito da transferência da 
unidade econômica de produção de um titular 
para outro para que se configure a sucessão, 
pois os arts. 10 e 448 da CLT não exigem que 
o empregado tenha trabalhado para a empresa 
sucedida. Além disso, tal interpretação está em 
consonância com o princípio protetor e propicia 
maior garantia de solvabilidade do crédito 
trabalhista.
A moderna doutrina defende a existência da 
sucessão, mesmo na transferência parcial de uma 
unidade econômica de produção empresarial, 
desde que afete de forma significativa os contratos 
de trabalho. Por exemplo, a transferência de 
propriedade da produção de um determinado 
produto de uma empresa para outra.
A sucessão não exige prova formal, podendo ser 
demonstrada por indícios e presunções, tais como: 
a transferência do fundo de comércio, transferência 
do principal bem imaterial da atividade, dentre 
outros elementos. De outro lado, a simples 
transferência de maquinários ou compra do 
imóvel empresarial não configuram a sucessão.
A sucessão de empresas pode ser reconhecida 
pelo Juiz do Trabalho em qualquer fase do 
processo, inclusive na execução, uma vez que 
o sucessor tem a chamada responsabilidade 
patrimonial e, independentemente de ter figurado 
na fase de conhecimento, seus bens podem ser 
atingidos. Diante do caráter cogente dos arts. 
10 e 448 da CLT, autores há que sustentam a 
possibilidade de o Juiz do Trabalho conhecer de 
ofício a sucessão de empresas. 
Doravante, diante da nova redação do artigo 
878, da CLT, salvo a hipótese de “jus postulandi” 
do exeqüente, na execução, a sucessão deverá 
ser requerida pelo credor.
O artigo 448-A, da CLT consagra o entendimento 
preponderante de que o sucessor responderá 
pela integralidade da dívida, salvo em caso de 
fraude, em que a empresa sucedida responderá 
solidariamente, nos termos do parágrafo único 
do artigo 448-A, da CLT.
De nossa parte, pensamos que subsiste a 
responsabilidade subsidiária, mesmo não 
havendo fraude, nas hipóteses em que a 
empresa sucessora não apresenta patrimônio 
suficiente para solver o crédito trabalhista, ou 
para maior efetividade do recebimento deste. A 
responsabilidade subsidiária da empresa sucedida 
se justifica como medida inibidora de fraudes e 
encontra suporte nos princípios constitucionais 
da livre-iniciativa, valores sociais do trabalho, 
dignidade da pessoa humana do trabalhador (arts. 
1º e 170, da CF) e também da função social da 
empresa e da propriedade (art. 5º da CF).
Nesse sentido, vale transcrever o Enunciado n. 4 
da 1º Jornada Nacional de Execução Trabalhista, 
realizada em novembro de 2010, in verbis:
“SUCESSÃO TRABALHISTA. Aplicação subsi-
diária do Direito Comum ao Direito do Trabalho 
(Consolidação das Leis do Trabalho — CLT, art. 
8º, parágrafo único). Responsabilidade solidária 
do sucedido e do sucessor pelos créditos 
trabalhistas constituídos antes do trespasse do 
estabelecimento (CLT, arts. 10 e 448, c/c Código 
Civil, art. 1.146).”
10
“Art. 507-A. Nos contratos individuais de traba-
lho cuja remuneração seja superior a duas vezes 
o limite máximo estabelecido para os benefícios 
do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser 
pactuada cláusula compromissória de arbitragem, 
desde que por iniciativa do empregado ou 
mediante a sua concordância expressa, nos termos 
previstos na Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 
1996.” 
Comentários
A arbitragem é um meio de solução dos 
conflitos pelo ingresso de um terceiro imparcial 
(árbitro) previamente escolhido pelas partes que 
irá solucionar o conflito de forma definitiva. A 
arbitragem é considerada um meio alternativo de 
solução do conflito, pois o árbitro não pertence 
ao Estado. Alguns doutrinadores sustentam que 
o árbitro tem jurisdição, não a estatal, mas sim a 
que lhe foi outorgada pelas partes para resolução 
do conflito.
Não há tradição de resolução dos conflitos 
trabalhistas pela via da arbitragem no Direito 
brasileiro, embora em muitos países de tradição 
anglo-saxônica, este seja o principal meio de 
resolução de tais conflitos, principalmente o 
conflito coletivo de trabalho.
Diante do princípio da inafastabilidade da 
jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF), a arbitragem 
no Direito brasileiro é um meio facultativo de 
solução de conflitos, vale dizer: não se pode 
obrigar alguém, contra sua vontade, a aceitar o 
procedimento arbitral.
Dentre os argumentos favoráveis à arbitragem, 
podemos destacar: a) maior agilidade nas 
decisões, em face da inexistência de recursos; 
b) o árbitro é escolhido pelas partes; c) melhores 
condições da real dimensão do conflito pelo árbitro; 
d) maior celeridade de resolução do conflito; e) 
possibilidade de a decisão dar-se por equidade se 
assim convencionarem as partes.
Nos termos da Lei n. 9.307/96 que disciplina 
a arbitragem e traça as regras do procedimento 
arbitral, o procedimento arbitral é instaurado 
pela convenção de arbitragem, que compreende 
a cláusula compromissória e o compromisso 
arbitral. 
A cláusula compromissória, prevista no art. 4º 
da Lei n. 9.307/96, é o negócio jurídico por meio 
do qual as partes se comprometem a submeter 
à arbitragem futuros litígios que possam surgir 
relativamente a um contrato. O compromisso 
arbitral, previsto no art. 9º da Lei n. 9.307/96, 
é o negócio jurídico de natureza contratual por 
meio do qual as partes submetem à arbitragem 
um litígio já existente.
Atualmente, doutrina e a jurisprudência não 
têm admitido a arbitragem para a solução dos 
conflitos individuais trabalhistas com os seguintes 
argumentos: a) acesso amplo e irrestrito do 
trabalhador ao Judiciário Trabalhista (art. 5º, 
XXXV, da CF); b) irrenunciabilidade do crédito 
trabalhista; c) hipossuficiência do trabalhador; d) 
o estado de subordinação inerente ao contrato de 
trabalho impede que o trabalhador manifeste sua 
vontade ao aderir a uma cláusula compromissória.
Em verdade, existe no Brasil falta de tradição 
em solução dos conflitos pela via arbitral, 
acreditando-se que os árbitros não estão prepara-
dos para resolver os litígios com imparcialidade 
e justiça. Na esfera trabalhista, acredita-se que 
a via arbitral sempre atende aos interesses do 
empregador, lesando os interesses do empregado. 
Na realidade, muitas vezes, tanto a decisão 
como a transação realizadas em sede arbitral são 
melhores que a decisão na Justiça do Trabalho, 
principalmente nos centros de maior movimento 
processual, em que a cargade trabalho dos juízes 
inviabiliza uma decisão célere e com qualidade. 
Não obstante, diante da hipossuficiência do 
trabalhador brasileiro, das peculiaridades das 
relações de trabalho e de emprego, do caráter 
irrenunciável do crédito trabalhista, não há 
como se aplicar de forma irrestrita a arbitragem 
para resolução de qualquer conflito individual 
trabalhista, mesmo que a convenção arbitral seja 
firmada após a cessação do contrato individual de 
trabalho, pois ainda presente a hipossuficiência 
econômica do trabalhador. Entretanto, para 
algumas espécies de contratos de trabalho ou 
de emprego em que o trabalhador apresente 
hipossuficiência mais rarefeita, como os altos 
empregados, a arbitragem poderá ser utilizada.
O referido artigo 507-A da CLT possibilitou a 
fixação de cláusula compromissória de arbitragem 
nos contratos individuais de trabalhos com as 
seguintes condições:
a) contratos individuais de trabalho cuja re-
muneração seja superior a duas vezes o limite 
máximo estabelecido para os benefícios do 
Regime Geral de Previdência Social, o que equi-
vale à remuneração superior a R$11.000,00;
b) iniciativa do empregado ou mediante a sua 
concordância expressa.
De nossa parte, a lei não é adequada, pois fixa 
a possibilidade de cláusula de arbitragem na 
contratação do empregado, ou durante a vigência 
do vínculo de emprego, quando presente o estado 
11
de subordinação. Além disso, a remuneração 
de R$11.000,00 é relativamente baixa para se 
afastar o trabalhador da Justiça do Trabalho. De 
outro lado, no Brasil, a via arbitral ainda é um 
procedimento caro e, praticamente, inacessível 
ao trabalhador desempregado, que é o ligante 
mais freqüente na Justiça do Trabalho.
 “Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:
............................................................................. 
f) decidir quanto à homologação de acordo 
extrajudicial em matéria de competência da Justiça 
do Trabalho.
Comentários:
O referido dispositivo estabelece a competência 
funcional das Varas do Trabalho para deliberar 
sobre acordos extrajudiciais (artigos 855-B a 855-
E, da CLT).
Art. 702. ............................................................. 
I - .........................................................................
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros 
enunciados de jurisprudência uniforme, pelo 
voto de pelo menos dois terços de seus membros, 
caso a mesma matéria já tenha sido decidida de 
forma idêntica por unanimidade em, no mínimo, 
dois terços das turmas em pelo menos dez sessões 
diferentes em cada uma delas, podendo, ainda, por 
maioria de dois terços de seus membros, restringir 
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só 
tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário 
Oficial;
.............................................................................
§ 3º As sessões de julgamento sobre estabeleci-
mento ou alteração de súmulas e outros enunciados 
de jurisprudência deverão ser públicas, divulgadas 
com, no mínimo, trinta dias de antecedência, 
e deverão possibilitar a sustentação oral pelo 
Procurador-Geral do Trabalho, pelo Conselho 
Federal da Ordem dos advogados do Brasil, 
pelo advogado-Geral da União e por confederações 
sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.
§ 4º O estabelecimento ou a alteração de súmulas 
e outros enunciados de jurisprudência pelos 
Tribunais Regionais do Trabalho deverão observar 
o disposto na alínea f do inciso I e no § 3º deste 
artigo, com rol equivalente de legitimados para 
sustentação oral, observada a abrangência de sua 
circunscrição judiciária.” (NR)
Comentários
O referido dispositivo estabelece requisitos para 
a edição de súmulas, tanto pelo Tribunal Superior 
do Trabalho, como pelos Tribunais Regionais do 
Trabalho, quais sejam:
a) voto de pelo menos dois terços de seus 
membros;
b) matéria já tenha sido decidida de forma 
idêntica por unanimidade em, no mínimo, dois 
terços das turmas em pelo menos dez sessões 
diferentes em cada uma delas podendo, ainda, 
por maioria de dois terços de seus membros, 
restringir os efeitos daquela declaração ou 
decidir que ela só tenha eficácia a partir de sua 
publicação no Diário Oficial;
c) sessões públicas, divulgadas com, no mí-
nimo, trinta dias de antecedência, e deverão 
possibilitar a sustentação oral pelo Ministério 
Público do Trabalho, Ordem dos Advogados do 
Brasil e Entidades Sindicais, bem como deve
Trata-se de alteração sem similar em outros 
ramos do Judiciário, impondo requisitos para a 
edição de Súmulas pelos Tribunais Trabalhistas. 
Sem dúvida, a criação, cancelamento ou 
alteração de súmulas fica mais difícil, exigindo 
votos de pelo menos dois terços dos membros 
do Tribunal, bem como se deve franquear a 
palavra para sustentação dos representantes do 
Ministério Público, OAB e Entidades Sindicais.
Certamente, a constitucionalidade desta regra 
será questionada, pois invalida a autonomia dos 
Tribunais (ver artigo 96, I da CF).
“Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título 
serão contados em dias úteis, com exclusão do dia 
do começo e inclusão do dia do vencimento.
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo 
estritamente necessário, nas seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente 
comprovada.
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais 
e alterar a ordem de produção dos meios de 
prova, adequando-os às necessidades do conflito 
de modo a conferir maior efetividade à tutela do 
direito.” (NR)
Comentários
O Código de Processo Civil de 2015, no art. 
219, estabelece que somente serão considerados 
os dias úteis na contagem dos prazos processuais. 
Com efeito, dispõe o referido dispositivo legal:
“Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei 
ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
12
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se 
somente aos prazos processuais.”
Recentemente, o TST, por meio da IN n. 39/16 
entendeu inaplicável o art. 219 do CPC ao 
processo do trabalho, pois o artigo 775, da CLT 
determinava que os prazos fosse contínuos. Com 
efeito, dispõe o art. 2º, III da referida instrução:
“Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao 
Processo do Trabalho, em razão de inexistência de 
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes 
preceitos do Código de Processo Civil: (...)III - 
art. 219 (contagem de prazos em dias úteis)”.
Diante da negativa do TST em admitir a 
contagem dos prazos em dias úteis, foi alterada 
a CLT, para incorporar ao processo do trabalho a 
inovação do CPC. Doravante, a partir da vigência 
da nova redação do artigo 775, da CLT, os prazos, 
na Justiça do Trabalho, serão computados em 
dias úteis.
Há argumentos favoráveis e desfavoráveis à 
contagem dos prazos em dias úteis.
São desfavoráveis:
a) alonga o curso do processo, prejudicando o 
princípio da duração razoável do processo;
b) princípio da celeridade do processo do 
trabalho;
c) não ser favorável ao reclamante.
São favoráveis:
a) uniformização da contagem dos prazos 
processuais em compasso com as Justiças 
Estadual e Federal;
b) propiciar o direito ao descanso dos advogados;
c) não prejudica a duração razoável do processo.
Os parágrafos 1º e 2º do artigo 775 são 
desnecessários, diante do princípio do impulso 
oficial do processo do trabalho previsto no artigo 
765, da CLT.
“Art. 789. Nos dissídios individuais e nos 
dissídios coletivos do trabalho, nas ações e 
procedimentos de competência da Justiça do 
Trabalho, bem como nas demandas propostas 
perante a Justiça Estadual, no exercício da 
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao 
processo de conhecimento incidirão à base 
de 2% (dois por cento), observado o mínimo 
de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro 
centavos)e o máximo de quatro vezes o 
limite máximo dos benefícios do regime geral 
de previdência social, e serão calculadas:
..............................................................(NR)
Comentários
O presente dispositivo fixa limites mínimos e 
máximos para as custas processuais no processo 
trabalhista.
“Art. 790. ............................................................
§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e 
presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer 
instância conceder, a requerimento ou de ofício, 
o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a 
traslados e instrumentos, àqueles que perceberem 
salário igual ou inferior a 40% (quarenta por 
cento) do limite máximo dos benefícios do regime 
geral de previdência social.
§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido 
à parte que comprovar insuficiência de recursos 
para o pagamento das custas do processo.” (NR)
Comentários
Diz o art. 5º, LXXIV, da CF, que o Estado 
prestará assistência judiciária gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos.
A doutrina costuma diferenciar a assistência 
judiciária gratuita da Justiça gratuita. Segundo a 
doutrina, a assistência judiciária é gênero do qual 
a justiça gratuita é espécie.
A Assistência Judiciária Gratuita é o direito 
da parte de ter um advogado do Estado 
gratuitamente, bem como estar isenta de todas as 
despesas e taxas processuais.
A Justiça gratuita é o direito à gratuidade de taxas 
judiciárias, custas, emolumentos, honorários de 
perito, despesas com editais, etc. Não terá a parte 
direito a advogado do Estado, mas não pagará as 
despesas do processo.
No Processo do Trabalho, a Assistência 
Judiciária Gratuita, não foi alterada pelo presente 
dispositivo, e continua disciplinada no art. 14, § 
1º, da Lei n. 5.584/70, que assim dispõe:
“Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a 
que se refere a Lei n. 1.060, de 5 de fevereiro de 
1950, será prestada pelo sindicato da categoria 
profissional a que pertencer o trabalhador.
§ 1º – A assistência é devida a todo aquele que 
perceber salário igual ou inferior ao dobro do 
mínimo legal, ficando assegurado igual benefício 
ao trabalhador de maior salário, uma vez provado 
que sua situação econômica não lhe permite 
demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou 
da família”.
13
Na sistemática anterior, para fazer jus à Justiça 
gratuita, o empregado deveria receber salário não 
superior a dois mínimos ou fazer declaração de 
seu estado de miserabilidade, de próprio punho 
ou por seu advogado.
Nesse sentido é o art. 1º, da Lei n. 7.115/83: 
“A declaração destinada a fazer prova de vida, 
residência, pobreza, dependência econômica, 
homonímia ou bons antecedentes, quando 
firmada pelo próprio interessado ou por 
procurador bastante e sob as penas da lei, 
presume-se verdadeira.” 
Doravante, é facultado aos juízes, órgãos 
julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho 
de qualquer instância conceder, a requerimento 
ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, 
inclusive quanto a traslados e instrumentos, 
àqueles que:
a) perceberem salário igual ou inferior a 40% 
(quarenta por cento) do limite máximo dos 
benefícios do regime geral de previdência social.
b) comprovarem insuficiência de recursos para 
o pagamento das custas do processo.
A alteração mais significativa se refere à 
comprovação da insuficiência econômica por 
parte do empregado, pois a lei exige a comprovação 
da miserabilidade, não sendo suficiente apenas a 
declaração de pobreza, firmada pelo trabalhador, 
ou por procurador com poderes especiais.
A jurisprudência deverá se pronunciar sobre 
quais provas são necessárias para comprovação 
do estado de pobreza. Por exemplos: juntada 
de CTPS, termo de rescisão contratual, cópia de 
declaração de imposto de renda, dentre outros, 
podem comprovar o estado de pobreza.
“Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento 
dos honorários periciais é da parte sucumbente na 
pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária 
da justiça gratuita.
§ 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o 
juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido 
pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
§ 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos 
honorários periciais.
§ 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de 
valores para realização de perícias.
§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da 
justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos 
capazes de suportar a despesa referida no caput, 
ainda que em outro processo, a União responderá 
pelo encargo.” (NR)
Comentários
No Processo do Trabalho o perito é remunerado 
pela parte.
Na sistemática anterior, quando a parte 
sucumbente na perícia era beneficiária de justiça 
gratuita, havia isenção dos honorários periciais, 
arcando a União com os valores do perito. Nesse 
sentido é a Orientação Jurisprudencial n. 387 da 
SDI-I do C. TST, in verbis: 
“Honorários periciais. Beneficiário da justiça 
gratuita. Responsabilidade da União pelo 
pagamento. Resolução n. 35/2007 do TST. 
Observância. (DeJT 9.6.2010). A União é 
responsável pelo pagamento dos honorários de 
perito quando a parte sucumbente no objeto da 
perícia for beneficiária da assistência judiciária 
gratuita, observado o procedimento disposto 
nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução n. 35/2007 
do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – 
CSJT.”
Parte da jurisprudência havia se pronunciado 
no sentido de que se o reclamante tivesse créditos 
a receber no processo, deveria reservar uma 
pequena parcela ao perito, em razão de justiça 
e equidade.
Nesse sentido, destacamos a seguinte ementa, 
que reflete parte significativa da jurisprudência 
do TRT da 2ª Região:
HONORÁRIOS PERICIAIS. SUCUMBÊNCIA 
NO OBJETO DA PERÍCIA. RECLAMANTE 
VENCEDOR EM OUTROS PLEITOS. 
POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO. O perito 
nomeado pelo Juiz é considerado um auxiliar da 
justiça (art. 149 do CPC de 2015), sendo certo 
que seu trabalho não se trata de munus público. 
Sua nomeação é necessária quando a prova do fato 
depender de conhecimento técnico ou científico 
(art. 156 do CPC de 2015). Nesses termos, 
sua remuneração será sempre devida – cujo 
arbitramento deverá ser moderado – considerando 
que seus honorários caracterizam-se como 
salário, posto estarem atuando no desempenho 
de sua profissão. A intenção do legislador, ao 
incluir a isenção dos honorários periciais entre 
os efeitos da concessão da gratuidade processual 
(artigo 98, § 1º, VI, do CPC de 2015) é a de 
garantir o acesso à ordem jurídica justa, num 
patamar que obedeça ao devido processo legal 
substancial. Mas, sendo o reclamante vencedor 
em outros títulos da demanda trabalhista, a qual 
via de regra contém cumulação objetiva, nada 
impede que se deduza de tais créditos o valor 
dos honorários do perito, sem causar qualquer 
prejuízo ao acesso à justiça e sem precisar onerar 
os cofres públicos (TRT/SP. PROCESSO TRT/
14
SP N. 0001998-52.2014.5.02.0027 12ª Turma. 
Rela. Desembargadora Elizabeth Mostardo. DOE 
02/09/2016).
O ideal seria que a Justiça do Trabalho tivesse peritos 
concursados e remunerados pelo Estado, a fim de 
dar maior credibilidade à prova pericial e evitar 
todas as vicissitudes decorrentes do pagamento 
dos honorários periciais.
Diante da nova redação do artigo 790-A, da 
CLT os honorários periciais seguirão a seguinte 
sistemática:
a) ainda que beneficiária de justiça gratuita, 
a parte responderá pelos honorários periciais, 
alterando a sistemática anterior;
b) ao fixar o valor dos honorários periciais, 
o juízo deverá respeitar o limite máximo 
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça 
do Trabalho;
c) o juízo poderá deferir parcelamento dos 
honorários periciais, tanto em benefício do 
reclamante como do reclamado;
d) o juízo não poderá exigir adiantamentode 
valores para realização de perícias. Doravante, 
não será mais possível a exigência de honorários 
periciais prévios, em consonância com a atual 
jurisprudência do TST;
e) somente no caso em que o beneficiário 
da justiça gratuita não tenha obtido em juízo 
créditos capazes de suportar a despesa referida 
no caput, ainda que em outro processo, a União 
responderá pelo encargo.
 
“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue 
em causa própria, serão devidos honorários de 
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% 
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por 
cento) sobre o valor que resultar da liquidação 
da sentença, do proveito econômico obtido ou, 
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor 
atualizado da causa.
§ 1º Os honorários são devidos também nas ações 
contra a Fazenda Pública e nas ações em que a 
parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato 
de sua categoria.
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo 
exigido para o seu serviço.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo 
arbitrará honorários de sucumbência recíproca, 
vedada a compensação entre os honorários.
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, 
desde que não tenha obtido em juízo, ainda que 
em outro processo, créditos capazes de suportar 
a despesa, as obrigações decorrentes de sua 
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de 
exigibilidade e somente poderão ser executadas se, 
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado 
da decisão que as certificou, o credor demonstrar 
que deixou de existir a situação de insuficiência de 
recursos que justificou a concessão de gratuidade, 
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações 
do beneficiário.
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na 
reconvenção.”
Comentários
O presente dispositivo disciplina os honorários 
advocatícios na Justiça do Trabalho revogando os 
entendimentos fixados nas Súmulas 219 e 329 
do TST.
Trata-se de significativa alteração no processo 
trabalhista, mitigando o protecionismo instru-
mental, sob o aspecto da gratuidade, para 
estabelecer os honorários advocatícios e a 
sucumbência recíproca.
Ficaram disciplinados os seguintes critérios:
a) honorários de sucumbência, fixados entre 
o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo 
de 15% (quinze por cento) sobre o valor que 
resultar da liquidação da sentença, do proveito 
econômico obtido ou, não sendo possível 
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa;
b) são devidos os honorários nas ações contra 
a Fazenda Pública e nas ações em que a parte 
estiver assistida ou substituída pelo sindicato de 
sua categoria;
c) ao fixar os honorários, o juízo observará: 
I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar 
de prestação do serviço; III - a natureza e a 
importância da causa; IV - o trabalho realizado 
pelo advogado e o tempo exigido para o seu 
serviço;
d) sucumbência recíproca, vedada a com-
pensação entre os honorários;
e) vencido o beneficiário da justiça gratuita, 
desde que não tenha obtido em juízo, ainda que 
em outro processo, créditos capazes de suportar 
a despesa, as obrigações decorrentes de sua 
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de 
15
exigibilidade e somente poderão ser executadas 
se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em 
julgado da decisão que as certificou, o credor 
demonstrar que deixou de existir a situação 
de insuficiência de recursos que justificou a 
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado 
esse prazo, tais obrigações do beneficiário;
f) são devidos honorários de sucumbência na 
reconvenção.
 “Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele 
que litigar de má-fé como reclamante, reclamado 
ou interveniente.”
Comentários
Na linguagem popular, diz-se que o processo não 
é instrumento para se levar vantagem, por isso, 
todos os sujeitos que nele atuam, principalmente 
os atores principais (juiz, advogados, autores e 
réus), devem pautar-se acima de tudo pela ética 
e honestidade. Assim, os capítulos do Código de 
Processo Civil que tratam dos deveres das partes 
e dos procuradores, bem como da litigância de 
má-fé, ganham destaque na Justiça do Trabalho, 
como inibidores e sancionadores de condutas 
que violem os princípios da lealdade e boa-fé 
processual.
Como destaca Calamandrei, o processo se 
aproximará da perfeição quando tornar possível, 
entre juízes e advogados, aquela troca de perguntas 
e respostas que se desenrola normalmente entre 
pessoas que se respeitam, quando, sentadas 
em volta de uma mesa, buscam, em benefício 
comum, esclarecer reciprocamente as ideias.
Lealdade é conduta honesta, ética, segundo os 
padrões de conduta aceitos pela sociedade, é agir 
com seriedade e boa-fé.
A boa-fé é um princípio geral de Direito, aplicável 
principalmente na esfera do Direito Material do 
Trabalho, mas também se destaca na esfera do 
direito processual do trabalho, considerando-se 
o caráter publicista da relação jurídica processual 
trabalhista e também do prestígio do processo do 
trabalho na sociedade capitalista moderna, como 
sendo um meio confiável e ético de resolução dos 
conflitos trabalhistas.
A litigância de má-fé caracteriza-se como a 
conduta da parte, tipificada na lei processual, 
que viola os princípios da lealdade e boa-fé 
processual, bem como atenta contra a dignidade 
e seriedade da relação jurídica processual.
A pena por litigância de má-fé é a sanção, 
prevista na lei processual, que tem a finalidade 
de inibir (prevenir) e reprimir os atos do litigante 
de má-fé.
O presente dispositivo menciona que todos 
aqueles que atuam no processo estão sujeitos 
à sanções por litigância de má-fé, enfatizando, 
como já era preponderante na doutrina e 
jurisprudência, que o reclamante também está 
abrangido por essas sanções.
“Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé 
aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto 
expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo 
ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento 
do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer 
incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifesta-
mente protelatório.”
Comentários
O presente artigo apenas repete o texto do artigo 
80 do CPC, que já se aplica de forma subsidiária 
ao processo trabalhista (artigos 15 do CPC e 769, 
da CLT), que assim dispõe: 
“Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto 
expresso de lei ou fato incontroverso; II – alterar 
a verdade dos fatos; III – usar do processo para 
conseguir objetivo ilegal; IV – opuser resistência 
injustificada ao andamento do processo; V 
– proceder de modo temerário em qualquer 
incidente ou ato do processo; VI – provocar 
incidente manifestamente infundado; VII – 
interpuser recurso com intuito manifestamente 
protelatório.”
“Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo 
condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que 
deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 
10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a 
indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta 
sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e 
com todas as despesas que efetuou.
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de 
má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de 
16
seu respectivo interesse na causa ou solidariamente 
aqueles que se coligaram para lesar a parte 
contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou 
inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas 
vezes o limite máximo dosbenefícios do Regime 
Geral de Previdência Social.
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo 
ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado 
por arbitramento ou pelo procedimento comum, 
nos próprios autos.”
Comentários
O presente dispositivo, praticamente, repete 
o disposto no artigo art. 81 do CPC, que já é 
aplicável ao processo do trabalho (artigos 15 do 
CPC e 769, da CLT), que assim dispõe: “De ofício 
ou a requerimento, o juiz condenará o litigante 
de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 
um por cento e inferior a dez por cento do valor 
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária 
pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os 
honorários advocatícios e com todas as despesas 
que efetuou. § 1º Quando forem 2 (dois) ou mais 
os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada 
um na proporção de seu respectivo interesse na 
causa ou solidariamente aqueles que se coligaram 
para lesar a parte contrária. § 2º Quando o valor 
da causa for irrisório ou inestimável, a multa 
poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor 
do salário mínimo. § 3º O valor da indenização 
será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível 
mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo 
procedimento comum, nos próprios autos.”
A multa que varia entre 1% a 10% e a 
indenização decorrente da litigância de má-fé, 
segundo entendimento dominante, somente são 
cabíveis em caso de conduta dolosa da parte, vale 
dizer: com a intenção de tumultuar o processo ou 
obter vantagem indevida por meio dele, uma vez 
que o CPC não prevê modalidade culposa.
Nesse sentido, destacamos a seguinte ementa: 
“Litigância de má-fé — Princípio da lealdade 
processual. As partes devem proceder em juízo 
com lealdade e boa-fé. O desrespeito ao dever 
de lealdade processual traduz-se em ilícito 
processual, ao qual correspondem sanções 
processuais. É o que está previsto nos arts. 17 
e 18 do Código de Processo Civil. Entretanto, 
tais disposições devem ser interpretadas 
cuidadosamente para que sejam evitadas lesões 
ao princípio do contraditório e da ampla defesa 
assegurado constitucionalmente, pelo qual a 
parte tem o direito de se utilizar de todos os 
recursos e meios legais. Observe-se que na 
enumeração contida no art. 17 não há mais 
previsão para a conduta meramente culposa, 
sendo imprescindível a presença de dolo para 
que se considere que a parte praticou um ilícito 
processual. O fato de a parte sucumbir não a 
torna litigante de má-fé, ainda que fatos alegados 
não tenham sido comprovados.” (TST – 1a T. – 
RR n. 438.730/1998-9 – rel. Aloysio S. Corrêa da 
Veiga – DJ 27.2.04 – p. 588) (RDT n. 3 – março 
de 2004)
O Juiz do Trabalho aplicará a pena por litigância 
de má-fé de ofício ou a reque rimento da parte, em 
decisão devidamente fundamentada (art. 93, IX, 
da CF). A multa é fixada entre 1% a 10% sobre o 
valor causa, além de indenização pelos prejuízos 
sofridos que será liquidado nos próprios autos 
por arbitramento ou pelo procedimento comum.
“Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 
793-C desta Consolidação à testemunha que 
intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou 
omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.
Parágrafo único. A execução da multa prevista 
neste artigo dar-se-á nos mesmos autos.”
Comentários
O presente dispositivo disciplina a possibilidade 
de se aplicar multa à testemunha que, 
intencionalmente, alterar a verdade dos fatos. 
Não se trata de novidade, pois já era possível essa 
interpretação a partir da interpretação sistemática 
dos artigos 5º e 80 do CPC, mas que agora está 
expressa na CLT.
A presente cominação se cumula com eventual 
delito por falsidade de testemunho previsto no 
Código de Penal.
Embora pertinente a presente disposição, ele 
deve ser aplicado com muita ponderação no 
processo trabalhista, considerando-se que as 
testemunhas do reclamante, como regra, são ex 
empregados e, as testemunhas do reclamado, 
empregados. Além disso, pequenas divergências 
nos depoimentos fazem parte da própria 
condição humana.
“Art. 800. Apresentada exceção de incompetência 
territorial no prazo de cinco dias a contar da 
notificação, antes da audiência e em peça que 
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o 
procedimento estabelecido neste artigo.
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o 
processo e não se realizará a audiência a que se 
17
refere o art. 843 desta Consolidação até que se 
decida a exceção.
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao 
juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os 
litisconsortes, para manifestação no prazo comum 
de cinco dias.
§ 3º Se entender necessária a produção de prova 
oral, o juízo designará audiência, garantindo o 
direito de o excipiente e de suas testemunhas 
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que 
este houver indicado como competente.
§ 4º Decidida a exceção de incompetência ter-
ritorial, o processo retomará seu curso, com 
a designação de audiência, a apresentação de 
defesa e a instrução processual perante o juízo 
competente.” (NR)
Comentários
Somente a incompetência relativa deve ser 
arguida por meio de exceção, pois a incompetência 
absoluta deve ser alegada no próprio bojo da 
contestação, como matéria preliminar (art. 799, 
§ 1º, da CLT).
A competência em razão do lugar é relativa. Por 
isso, se não for arguida a exceção, no prazo para 
resposta (art. 847 da CLT), haverá preclusão da 
matéria, prorrogando-se a competência da Vara 
em que a reclamação foi proposta.
O Juiz do Trabalho não poderá conhecer, 
de ofício, a incompetência relativa. Embora o 
art. 795, § 1º, da CLT, assevere que deverá ser 
declarada de ofício a incompetência de foro, essa 
incompetência é a absoluta, e não a relativa. O 
termo foro deve ser interpretado no sentido da 
Justiça competente em razão da matéria, ou seja: 
foro civil, foro criminal, foro trabalhista etc.
Somente o reclamado poderá arguir a exceção 
de incompetência em razão do lugar, pois o 
reclamante já escolheu a Vara do local em que 
pretendeu propor a ação, havendo preclusão 
consumativa.
O artigo 800, da CLT altera a sistemática da 
exceção de incompetência territorial na Justiça do 
Trabalho, rompendo os princípios da unicidade e 
concentração do processo do trabalho, visando 
a facilitar o acesso à justiça pelo reclamado, 
mas, por outro lado, pode provocar demora 
significativa na tramitação do feito. 
Doravante, a exceção de incompetência territo-
rial seguir a seguinte sistemática:
a) será apresentada no prazo de cinco dias a 
contar da notificação, antes da audiência e em 
peça autônoma;
b) protocolada a petição, será suspenso o 
processo e não se realizará a audiência a que se 
refere o art. 843 desta Consolidação até que se 
decida a exceção;
c) os autos serão imediatamente conclusos ao 
juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, 
os litisconsortes, para manifestação no prazo 
comum de cinco dias;
d) se entender necessária a produção de prova 
oral, o juízo designará audiência, garantindo o 
direito de o excipiente e de suas testemunhas 
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que 
este houver indicado como competente;
e) decidida a exceção de incompetência 
territorial, o processo retomará seu curso, com 
a designação de audiência, a apresentação de 
defesa e a instrução processual perante o juízo 
competente.
“Art. 818. O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de 
seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato 
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito 
do reclamante.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante 
de peculiaridades da causa relacionadas à 
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de 
cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à 
maior facilidade de obtenção da prova do fato 
contrário,poderá o juízo atribuir o ônus da prova 
de modo diverso, desde que o faça por decisão 
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a 
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe 
foi atribuído.
§ 2º A decisão referida no § 1º deste artigo deverá 
ser proferida antes da abertura da instrução e, a 
requerimento da parte, implicará o adiamento 
da audiência e possibilitará provar os fatos por 
qualquer meio em direito admitido.
§ 3º A decisão referida no § 1º deste artigo não 
pode gerar situação em que a desincumbência 
do encargo pela parte seja impossível ou 
excessivamente difícil.” (NR)
Comentários
O ônus da prova é um dever processual que 
incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo 
do seu direito e ao réu quanto aos fatos 
modificativos, extintivos e impeditivos do direito 
do autor, que, uma vez não realizado, gera uma 
18
situação desfavorável à parte que detinha o ônus 
e favorável à parte contrária, na obtenção da 
pretensão posta em juízo.
A Consolidação das Leis do Trabalho 
disciplinava a regra de distribuição do ônus no 
art. 818, que tem a seguinte redação: “A prova 
das alegações incumbe à parte que as fizer.”
Vários intérpretes se esforçavam para extrair 
o real alcance do art. 818 da CLT, mas não se 
chegava a um consenso sobre de quem seria 
a carga probatória no processo à luz da CLT. 
Inegavelmente, existiam alguns critérios: a) 
o ônus da prova no processo do trabalho é do 
reclamado, pois ele tem melhores condições 
de produzir a prova no processo; b) o ônus 
da prova é do reclamante, pois o autor tem a 
obrigatoriedade de demonstrar em juízo os 
fatos da inicial; c) tanto o reclamante como o 
empregado devem provar os fatos alegados tanto 
na inicial como na defesa; d) o reclamante deve 
provar os fatos constitutivos do seu direito, e o 
reclamado, os fatos extintivos, modificativos e 
impeditivos do direito do autor.
A antiga redação do art. 818 da CLT, no nosso 
entendimento, não era completa, e por si só é 
de difícil interpretação e também aplicabilidade 
prática, pois, como cada parte tem de comprovar 
o que alegou, ambas as partes têm o encargo 
probatório de todos os fatos que declinaram, 
tanto na inicial, como na contestação.
Além disso, o art. 818 consolidado não resolvia 
situações de inexistência de prova no processo, 
ou de conflito entre as provas produzidas pelas 
partes. O juiz da atualidade, diante do princípio 
da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, 
da CF), não pode furtar-se a julgar, alegando falta 
de prova nos autos, ou impossibilidade de saber 
qual foi a melhor prova. Por isso, a aplicação 
da regra de ônus da prova como fundamento 
de decisão é uma necessidade do processo 
contemporâneo, a prova dividida ou empatada.
A nova redação do artigo 818, da CLT incorpora 
ao processo trabalhista as disposições do artigo 
373 do CPC, tanto quanto ao ônus estático 
(incisos I e II), como ao ônus dinâmico (§ 1º). 
Caso entenda pela aplicação do ônus dinâmico 
da prova, deverá o magistrado proferir a decisão 
antes da abertura da instrução processual e, a 
requerimento da parte, implicará o adiamento 
da audiência e possibilitará provar os fatos por 
qualquer meio em direito admitido, visando 
assegurar o contraditório e ampla defesa.
 “Art. 840. ............................................................
§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a 
designação do juízo, a qualificação das partes, a 
breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, 
o pedido, que deverá ser certo, determinado e com 
indicação de seu valor, a data e a assinatura do 
reclamante ou de seu representante.
§ 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, 
em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou 
secretário, observado, no que couber, o disposto 
no § 1º deste artigo.
§ 3º Os pedidos que não atendam ao disposto 
no § 1º deste artigo serão julgados extintos sem 
resolução do mérito.” (NR)
Comentários
A petição inicial é a peça formal de ingresso 
do demandante em juízo, em que apresenta 
seu pedido, declina a pessoa que resiste ao seu 
direito, explica os motivos pelos quais pretende 
a atuação jurisdicional e pede ao Estado-Juiz a 
tutela do seu direito.
A lei altera o artigo o parágrafo 1º do artigo 840, 
da CLT para exigir que os pedidos sejam certos 
e determinados, bem como apresentem o valor.
Doravante, o valor da causa passa a ser um 
requisito da inicial trabalhista, bem como a 
individualização dos valores de cada pedido.
Os pedidos que não sejam certos, determinados 
e não estejam com valores individualizados, 
segundo o parágrafo 3º do artigo 840, da CLT, 
serão extintos sem resolução de mérito.
Não se trata de alteração negativa, mas deve 
ser vista com sensibilidade pelo Judiciário 
Trabalhista. Antes de extinguir o pedido que não 
esteja de acordo com o parágrafo 1º do artigo 
840, da CLT, pensamos ser possível a correção, 
com atribuição de prazo para emenda (artigo 321 
do CPC e Súmula 263 do TST).
“Art. 841. ............................................................
§ 3º Oferecida a contestação, ainda que 
eletronicamente, o reclamante não poderá, sem 
o consentimento do reclamado, desistir da ação.” 
(NR)
Comentários
Pelo princípio da concentração do processo 
trabalhista, a contestação é apresentada de foram 
19
oral, em audiência. Não obstante, pelas regras do 
processo judicial eletrônico, a contestação deve 
ser encaminhada antes da audiência, com ou sem 
sigilo.
Diante do presente dispositivo legal, uma vez 
apresentada a contestação, o reclamante não 
poderá, sem o consentimento do reclamado, 
desistir da ação, não fazendo menção à 
contestação encaminhada com ou sem o sigilo. 
Trata-se de providência que tem por finalidade 
prestigiar a boa-fé processual, impedindo que o 
autor, uma vez tendo contato com a defesa, possa 
intencionalmente, deixar arquivar o processo, e, 
posteriormente, alterar sua tese.
Melhor seria que a lei disciplinasse que o autor, 
após ter acesso à contestação, não pudesse, 
sem consentimento do reclamado, desistir da 
ação. Também a lei deveria ter possibilitado 
que uma vez apresentada a contestação, pela via 
eletrônica, ao reclamante, pudesse manifestar-se 
sobre a contestação e realizar a instrução com 
conhecimento prévio da tese defensiva e dos 
documentos, em homenagem ao contraditório e 
ampla defesa.
“Art. 843. ...............................................................
§ 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo 
não precisa ser empregado da parte reclamada.” (NR)
Comentários
Nos ensina Melchíades Rodrigues Martins2:
 “O preposto, no âmbito da Justiça do Trabalho, 
é aquela pessoa indicada pelo empregador para 
ser seu representante em juízo trabalhista e 
suas declarações, favoráveis ou desfavoráveis ao 
desfecho do processo, serão tidas como sendo do 
próprio preponente.”
A CLT disciplina a matéria no § 1º do art. 843, 
que tem a seguinte redação: “É facultado ao 
empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou 
qualquer outro preposto que tenha conhecimento 
do fato, e cujas declarações obrigarão o 
preponente.”
O parágrafo 3º do artigo 3º, do artigo 843 encerra 
a antiga discussão doutrinária e jurisprudencial 
sobre ostentar, ou não o preposto da condição de 
empregado do reclamado.
Dentre os argumentos apontados pela doutrina, 
que entende ser desnecessária a condição de 
empregado do preposto, destacamos: 
a) falta de previsão legal, pois o art. 843, § 1º, 
da CLT não exige que o preposto seja empregado; 
b) obstar o acesso à justiça do empregador, que 
não pode nomear empregado para representá-lo 
em juízo; 
c) uma pessoa próxima ao empregador pode 
conhecer com maior riqueza de detalhes os fatos 
da relação de emprego do que um empregado; 
d) risco exclusivo do empregador em nomear 
prepostoque não saiba dos fatos. 45)
Os que entendem que o preposto deve ser 
empregado do reclamado elencam, entre outros, 
os seguintes fundamentos:
 a) necessidade efetiva de o preposto conhecer os 
fatos que se passam na empresa; 
 b) princípio da oralidade do processo do 
trabalho;
 c) busca da verdade real no processo do 
trabalho, uma vez que o empregado preposto 
tem potencialmente maiores possibilidades de 
relatar a realidade do contrato de trabalho;
 d) evitar a “indústria” de prepostos profissionais; 
e) moralização do processo do trabalho. 
O TST pacificou a questão por meio da Súmula 
n. 377, recentemente alterada, dispondo: 
“PREPOSTO. EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE 
EMPREGADO — Exceto quanto à reclamação 
de empregado doméstico, ou contra micro 
ou pequeno empresário, o preposto deve ser 
necessariamente empregado do reclamado. 
Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 
da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro 
de 2006.”
No nosso sentir, embora a lei não exigisse 
que o preposto seja empregado, a interpretação 
teleológica e sistemática dos arts. 843 e 844 da 
CLT, em cotejo com o princípio da oralidade, 
nos sinaliza no sentido de que, efetivamente, o 
preposto deva ser empregado para que conheça 
os fatos da causa e facilite o acesso do juízo aos 
fatos pertinentes e relevantes do processo. 
Doravante, diante do parágrafo 3º do artigo 
843, da CLT, o preposto do empregador não 
precisa mais ostentar a condição de empregado.
“Art. 844. ............................................................
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz 
suspender o julgamento, designando nova audiência.
2 O preposto e a representação do empregador em juízo trabalhista e órgãos administrativos. São Paulo: LTr, 2002. p. 14.
20
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este 
será condenado ao pagamento das custas calculadas 
na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que 
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, 
no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu 
por motivo legalmente justificável.
§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 
2º é condição para a propositura de nova demanda.
§ 4º A revelia não produz o efeito mencionado 
no caput deste artigo se:
I - havendo pluralidade de reclamados, algum 
deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de 
instrumento que a lei considere indispensável à 
prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante 
forem inverossímeis ou estiverem em contradição 
com prova constante dos autos.
§ 5º Ainda que ausente o reclamado, presente 
o advogado na audiência, serão aceitos a 
contestação e os documentos eventualmente 
apresentados.”(NR)
Comentários
O artigo 844, da CLT fora substancialmente 
alterado para fixar o pagamento de custas em caso 
de arquivamento do processo por ausência do 
reclamante na audiência, ainda que beneficiário 
da justiça gratuita, salvo se comprovar, no 
prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu 
por motivo legalmente justificável, sendo certo 
que o pagamento das custas processuais, pelo 
reclamante, será condição para o ingresso com 
nova reclamação. De nossa parte, embora 
o dispositivo tenha intenção de moralizar 
o processo do trabalho e inibir extinções 
prematuras do processo, exigir o recolhimento 
das custas como condição de ingresso de nova 
ação, caso o autor seja beneficiário de Justiça 
gratuita, viola o princípio do constitucional de 
acesso à justiça (artigo 5º, XXXV, da CF).
O parágrafo 4º do artigo 844, da CLT incorpora 
as disposições do artigo 345 Código de Processo 
Civil de 2015 que já são aplicáveis ao processo 
do trabalho.
A revelia é um instituto processual que sempre 
desafiou a doutrina e a jurisprudência. Apesar 
de a discussão ter grande relevo teórico, o tema 
tem enfoque prático, pois diariamente, na Justiça 
do Trabalho, o juiz enfrenta a angústia de ter de 
julgar processos à revelia e, muitas vezes, depara-
se com pretensões fora da razoabilidade ou não 
resta convencido quanto à verossimilhança das 
alegações. De outro lado, muitas vezes o juiz se 
depara com pedidos excessivos, decorrentes da 
expectativa da parte de que ocorra a revelia. 
Na Justiça do Trabalho, constantemente o 
reclamado revel sofre os pesados efeitos de uma 
condenação julgada à revelia, e, muitas vezes, a 
decisão contém injustiça manifesta. O autor, por 
sua vez, fica frustrado com o não comparecimento 
do réu e a expectativa de não encontrá-lo para 
executar a futura decisão.
O artigo 844, parágrafo 4º, da CLT trata da não 
aplicabilidade dos efeitos da revelia quando: I - 
havendo pluralidade de reclamados, algum deles 
contestar a ação; II - o litígio versar sobre direitos 
indisponíveis; III - a petição inicial não estiver 
acompanhada de instrumento que a lei considere 
indispensável à prova do ato; IV - as alegações 
de fato formuladas pelo reclamante forem 
inverossímeis ou estiverem em contradição com 
prova constante dos autos.
Conforme o parágrafo 5º do artigo 844, da 
CLT, ainda que ausente o reclamado, presente 
o advogado na audiência, serão aceitos a 
contestação e os documentos eventualmente 
apresentados.
Trata-se de providência que prestigia o 
contraditório e ampla defesa, em compasso com 
o acesso à ordem jurídica justa pelo reclamado. 
Haverá confissão ficta pelo não comparecimento 
do reclamado ou de seu preposto, mas não 
a revelia, pois houve ânimo de defesa, e 
apresentação de contestação. Diante da presente 
disposição, a Súmula 122 do TST fica revogada.
“Art. 847. ...............................................................
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa 
escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até 
a audiência.” (NR)
Comentários 
Não há alteração do sistema atual, apenas foi 
enfatizado que o reclamado tem o direito de 
apresentar a contestação, pela via eletrônica, até 
a data da audiência.
Do Incidente de Desconsideração da Persona-
lidade Jurídica
“Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho 
o incidente de desconsideração da personalidade 
21
jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei 
no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de 
Processo Civil.
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou 
rejeitar o incidente:
I - na fase de cognição, não cabe recurso de 
imediato, na forma do § 1º do art. 893 desta 
Consolidação;
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, 
independentemente de garantia do juízo;
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator 
em incidente instaurado originariamente no 
tribunal.
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o 
processo, sem prejuízo de concessão da tutela de 
urgência de natureza cautelar de que trata o art. 
301 da Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil).”
Comentários
O Código de Processo Civil de 2015 disciplinou 
um sofisticado procedimento prévio para a 
desconsideração da personalidade jurídica da 
empresa, a fim de atingir o patrimônio dos sócios, 
nos arts. 133 a 137 do CPC, denonominado 
incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica, aplicável em todas as fases do processo 
civil, inclusive na execução. Com efeito, dispõem 
os referidos dispositivos legais:
“Art. 133. O incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica será instaurado a pedido 
da parte ou do Ministério Público, quando lhe 
couber intervir no processo. § 1º O pedido 
de desconsideração da personalidade jurídica 
observará os pressupostos previstos em lei. § 2º 
Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese 
de desconsideração inversa da personalidade 
jurídica.”
“Art. 134. O incidente de desconsideração 
é cabível em todas as fases do processo de 
conhecimento, no cumprimento

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