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EFEITOS DA CONDENAÇÃO

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EFEITOS DA CONDENAÇÃO
 
(arts. 91 e 92 do CP) 
Conceito de condenação: é o ato do juiz (sentença) por meio do qual se impõe uma pena ao sujeito ativo de uma infração. 
A condenação, portanto, possui um efeito principal e outros efeitos secundários. 
Efeito principal da sentença condenatória
A condenação produz um efeito principal que é a imposição de pena ao imputável (art. 59 do CP).
 Ao inimputável, impõe-se medida de segurança (art. 97 do CP). 
Efeitos secundários de natureza penal da sentença condenatória: 
Revogação obrigatória:
 condenação por sentença irrecorrível por crime doloso – art. 81, I;
 ou facultativa (condenado por crime culposo ou contravenção a PPL ou PRD – art. 81, § 1º)
 do sursis de outro processo. 
Revogação obrigatória:
 crime com pena privativa de liberdade – art. 86, I e II;
 e facultativa - crime ou contravenção sem aplicação de pena privativa de liberdade;
 do livramento condicional (art. 87 do CP).
Fixação do pressuposto da reincidência (art. 63, a partir do trânsito em julgado);
Aumento do prazo da prescrição da pretensão executória quando caracterizar a reincidência (art. 110 do CP).
 
A interrupção da prescrição da pretensão executória, quando caracterizar a reincidência (art. 117, VI, do CP). 
Possibilidade de exceção da verdade nas hipóteses de calúnia e difamação. 
	Assim, se o indivíduo é condenado neste processo de roubo, você pode afirmar que o mesmo cometeu este crime e prová-lo em queixa-crime com exceção na defesa prévia de exceção da verdade. 
Impedimento de vários benefícios:
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (se for reincidente específico, isto é, se cometer crime da mesma qualidade – art. 44, § 3º, do CP);
 da concessão do sursis (se for reincidente em crime doloso – art. 77, I, do CP). 
A inscrição do nome do condenado no rol dos culpados (art. 393, II, do CPP – efeitos da sentença condenatória).
Efeitos secundários de natureza penal
Além dos efeitos penais (principal e secundários), a sentença condenatória possui efeitos extrapenais. 
Costuma-se classificá-los em:
 genéricos, quando são automáticos e 
específicos, na hipótese de não serem automáticos. 
Efeitos extrapenais genéricos recebem essa denominação por serem aplicáveis, em tese, 
a toda e qualquer condenação criminal. 
São automáticos;
Não dependem de declaração expressa na sentença.
Não é necessário que o magistrado os afirme na decisão condenatória;
são inerentes à condenação, 
qualquer que seja a pena aplicada (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa). 
O art. 91 contém três efeitos extrapenais genéricos: 
Tornar certa a obrigação de repara o dano. (art. 91, I, do CP). 
É título executivo judicial, não necessitando rediscutir a culpa do causador do dano (art. 63 do CPP). 
O art. 387, IV, do CPP permite a fixação do valor mínimo para a reparação.
 
a sentença que impõe a medida de segurança somente será título executivo judicial no cível em se tratando de “semi-imputáveis”- art. 26, parágrafo único.
só estes são efetivamente condenados criminalmente.
 Os inimputáveis por doença mental – art. 26, caput, do CP, são absolvidos. 
As decisões que declaram a extinção da punibilidade não formam título executivo cível, salvo quando ocorrerem após o trânsito em julgado. 
O dever de indenizar pode ser exercido em face dos herdeiros do criminoso, observando-se os limites do patrimônio transferido.
Somente poderá configurar como legitimado passivo da execução civil lastreada no julgado penal quem foi réu no processo-crime.
Perda em favor da União, ressalvado o direito de lesado ou do terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime, desde que seu uso, porte, detenção, alienação ou fabrico constituam fato ilícito (p. ex. punhais, gazuas, petrechos para falsificação de moedas, etc. (CP, art. 91, II, a).
Este efeito costuma ser referido como “confisco”. 
Do ponto de vista processual, os instrumentos utilizados pelo agente (strumenta sceleris) serão objeto de apreensão (CPP, art. 6º, II) pela autoridade judicial.
De regra, todavia, não haverá falar-se em restituição do bem à vítima ou à terceiro de boa-fé, justamente porque o Código, no dispositivo analisado, refere-se à perda de coisas ilícitas (cujo uso, porte, detenção, alienação ou fabrico constituam fato ilícito). 
Observar que o Código determina a perda dos instrumentos do crime, a medida não pode recair sobre instrumentos da contravenção penal. 
Com relação aos delitos definidos no Estatuto do Desarmamento (arts 12 a 18 da Lei n. 10.826, de 22-12-2003), aplica-se o art. 25 do referido diploma: 
“Armas de fogo, acessórios ou munições apreendidos serão, após elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, encaminhados pelo juiz competente, quando não mais interessarem à persecução penal, ao Comando do Exército, para destruição, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas”.
A lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), que em seu art. 62 permite o confisco de qualquer instrumento ou maquinário utilizado de modo regular na prática dos crimes nela definidos, mesmo que o seu porte, alienação, detenção ou fabrico sejam lícitos (STJ, REsp 407.461, DJU de 17-2-2003, p. 389). 
O art. 243, caput da CF/88 prevê o confisco de terras utilizadas para cultivo ilegal de plantas psicotrópicas e de todo o valor econômico apreendido em decorrência do tráfico. 
Perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. (art. 91, II, b).
O dispositivo também se refere ao confisco. 
O proveito do crime abrange os bens adquiridos indiretamente com a infração penal cometida (p. ex., o dinheiro arrecadado com a venda da coisa subtraída).
O produto ou proveito do crime podem ser exigidos em face dos sucessores do condenado.
O proveito do crime abrange os bens adquiridos indiretamente com a infração penal cometida (p. ex., o dinheiro arrecadado com a venda da coisa subtraída).
O produto ou proveito do crime podem ser exigidos em face dos sucessores do condenado.
O confisco referido neste dispositivo do CP não se confunde com a pena de perda de bens e valores (CP, art. 45, parágrafo terceiro). 
Esta, além de constituir sanção penal, ter destinatário diverso (Fundo Penitenciário, em vez da União), atinge o patrimônio lícito do condenado (ao passo que o confisco alcança bens ilícitos).
Há outros efeitos extrapenais, que estão regulados fora do Código Penal: 
Suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15, III, da CF/88). 
É vedada a cassação de direitos políticos;
suspensão só se dará com a condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. 
 A essência de referidos direitos consiste no direito eleitoral de votar (direito político ativo) e ser votado (direito político passivo). 
Uma vez cessados os efeitos da condenação criminal, cumprida integralmente a pena com conseqüente declaração de extinção da punibilidade (proferida pelo juízo das execuções penais), o agente recuperará seus direitos de votar e ser votado. 
reaquisição dos direitos políticos suspensos, isto se dará “automaticamente com a cessação dos motivos que determinaram a suspensão”;
preso provisório (isto é, aquele que não foi condenado definitivamente) tem mantidos os seus direitos políticos, razão pela qual pode votar e ser votado;
 na prática forense, após a condenação criminal com trânsito em julgado, o juízo criminal oficia ao juízo eleitoral, informando sobre a condenação, constatando-se ser um efeito automático, pois não necessita constar da sentença.
Rescisão do contrato de trabalho por justa causa (art. 482, d, da CLT)
o empregado que sofrer condenação criminal, passada em julgado, poderá ser demitido por
justa causa, a critério do empregador, 
salvo se beneficiado com a suspensão condicional da pena (o sursis). 
O delito não precisa ter necessariamente relação direta com a função exercida pelo empregado.
Efeitos extrapenais específicos 
Os efeitos extrapenais específicos são aqueles que repercutem em outros ramos do Direito, afora o Penal;
 somente se aplicam em algumas condenações, 
mediante o preenchimento de determinados requisitos;
 dependem de expressa e fundamentada declaração na sentença.
Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo (art, 92, I do CP).
Referida conseqüência somente poderá ser atribuída pelo juiz criminal ao réu quando presentes os seguintes requisitos:
1-pena for igual ou superior a 1 ano – abrange os crimes do art. 312 a 326 do CP (crimes contra a Administração Pública);
2- se a pena for superior a 4 anos: nesse caso, qualquer crime. 
O juiz deve estabelecer a pena e declarar o efeito secundário, motivando. 
Ex: porque praticou crime de concussão, o policial não merece permanecer na corporação. Se não houver menção na sentença (o efeito não é automático), a perda do cargo não pode ocorrer. 
É preciso diferenciar cargo público, função pública e mandato eletivo. 
Cargo Público é o cargo criado por lei, 
com denominação própria, 
número certo e remunerado pelos cofres do Estado (Estatuto dos Funcionários Públicos da União), 
vinculando o servidor à administração estatutariamente;
Função Pública é atribuição que o Estado impõe aos seus servidores para realizarem serviços nos três Poderes, sem ocupar cargo ou emprego.
Mandato Eletivo: comissão de natureza política. 
É conferido por eleição popular para um prazo determinado, dentro do qual, por princípio, seu titular goza de prerrogativas constitucionalmente reconhecidas.
Incapacidade para exercício do poder familiar, tutela, curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. (art. 92, II do CP).
Requisitos:
 I- crime doloso; 
II- pena de reclusão; 
III – crime contra filho, tutelado e curatelado; 
IV- declaração expressa na sentença. 
Ex: crime de estupro contra filha. 
o presente efeito atingirá todos os filhos, 
tutelados ou curatelados, 
não somente em relação àquele que foi vítima do delito. 
Opinião contrária: Guilherme de Souza Nucci, sustentando que o efeito deve atingir, de regra, somente a vítima do crime e não os demais filhos, tutelados ou curatelados. 
Código Penal Comentado, 9ª Ed. p. 513.
Inabilitação para dirigir veículo (art. 92, III, do CP). 
Ocorre nas condenações por crimes dolosos, em que o veículo automotor tenha sido utilizado como instrumento.
 Assim, por exemplo, se uma pessoa, desejando matar outra, toma um veículo à direção e atropela seu desafeto, em sendo condenada pelo Tribunal do Júri, deverá o juiz, ao lavrar a sentença, aplicar a inabilitação para dirigir veículos. 
Outras hipóteses em Leis Especiais: 
Lei do Racismo (Lei 7.716/89) prescreve além da perda do cargo ou função pública como efeito da condenação, “a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular para prazo não superior a 3 (três) meses” (art. 16). 
Para aplicação deste efeito específico da condenação exige-se a motivada declaração na sentença (art. 18 da lei) e que haja um liame entre o fato versado na sentença condenatória e a atividade exercida pelo estabelecimento particular. 
A lei nº 9.472, de 16/07/1997, que dispõe acerca da “organização dos serviços de telecomunicação”, prevê como crime o fato de “desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação” (art. 183). 
A pena é de detenção de 2 a 4 anos (aumentada de metade quando houver dano a terceiro) e multa de R$ 10.000 (dez mil reais). 
O art. 184 estabelece que são “efeitos da condenação transitada em julgado:
 I – tornar certa a obrigação de indenizar dano causado pelo crime; 
II- a perda, em favor da agência, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-fé, dos bens empregados na atividade clandestina, sem prejuízo de sua apreensão cautelar”. 
Leis extrapenais podem atribuir à condenação penal outros efeitos: 
O Código Civil, por exemplo, declara que constitui impedimento matrimonial absoluto a condenação por crime doloso contra à vida, consumado ou tentado, quando o autor do fato pretender contrair matrimônio com o cônjuge sobrevivente (art. 1.521, VII). 
Assim, se alguém mata (ou tenta matar), dolosamente, uma pessoa, fica proibida de contrair casamento com o consorte de vítima do homicídio.

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