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21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 1/16 Parte Geral - Doutrina Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista WLADIMIR NOVAES MARTINEZ Advogado Especialista em Direito Previdenciário. A Lei nº 13.467/2017 alterou vários dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (Decreto-Lei nº 5.452/1943), às vezes designada como Reforma Trabalhista , afetando alguns institutos técnicos previdenciários. Por sua vez, a Medida Provisória nº 808/2017 modificou vários artigos da CLT na redação dada pela aludida Lei nº 13.467/2017, da mesma forma dispondo sobre questões previdenciárias. Politicamente, cabia à Casa Civil da Presidência da República ter encaminhado um projeto de lei para tramitação no Congresso Nacional; seria mais democrática e técnica a solução. O Senado Paulo Paim (PT-SR) declarou que apresentará dezenas de emendas ("MP da reforma trabalhista poderá sofrer alterações", in Boletim da Editora Plenum de 17.11.2017). Foram afetados os seguintes temas: a) tempo de serviço especial da gestante lactante; b) novo conceito de autônomo; c) primeiros 15 dias do auxílio-doença; d) local de pagamento do salário-maternidade; e) vários aspectos da contribuição, pertinente ao Plano de Benefícios da Previdência Social - PBPS (Lei nº 8.212/1991), Plano de Custeio e Organização da Seguridade Social - PCSS (Lei nº 8.212/1991); e f) mensuração do quantum do dano moral trabalhista . A despeito de se tratar de medida provisória, que poderá sofrer alterações no Congresso Nacional, os assuntos abordados justificam observações preliminares. TEMPO ESPECIAL DA GESTANTE LACTANTE Os direitos da segurada gestante ora observados são laborais, mas repercutem na previdência social na medida em que se reportam à insalubridade, tema que interessa ao direito previdenciário. Dizia o art. 394-A da CLT, na redação dada pela Lei nº 13.187/2016: A empregada gestante será afastada, enquanto durar a gestação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres e exercerá suas atividades em local salubre, excluído, nesse caso, o pagamento de adicional de insalubridade. (grifos nossos) 70 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 2/16 Estranhamente, não poderia sequer permanecer em local insalubre, que, na prática, implica difícil aplicação. Com a Medida Provisória nº 808/2017, esse preceito mudou de redação: A empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer suas atividades em local salubre. Período de gestação é uma coisa, e período de lactação (de regra de 6 meses) é outra. Agora é maior a proteção porque vai além do parto. Nota-se a diferença na redação, deixando o redator de referir-se à vedação do adicional trabalhista . A referida parcela trabalhista , quando cabível, foi mantida, embora presumidamente afasta a segurada do ambiente insalubre, o que demanda debates sobre esse direito. Os tribunais trabalhistas têm entendido que, ausente materialmente a insalubridade, não se justifica o adicional por insalubridade. A norma comentada é de uma pobreza franciscana; deixa margem a muitas dúvidas, relativas à clientela protegida (temporária, avulsa, cooperada, estagiária, prestadora de serviços provinda de terceiros etc.). Também carece interpretar o direito ao salário-maternidade. Bem à evidência, as mães adotantes não fariam jus. O cenário das "barrigas de aluguel" terá de ser disciplinada em particular. A Agência Senado de 12.05.2016 diz em manchete: "Lei proíbe trabalho de gestantes em atividades perigosas" (grifos nossos), misturando insalubridade com periculosidade. As principais empresas alcançadas serão as voltadas para a assistência à saúde, em que são comuns ambientes insalubres envolvendo médicas, enfermeiras e outros profissionais da medicina. Podem ser divididas em dois grupos: a) sem áreas salubres (o que será raro) e b) com áreas em que essas mulheres poderão trabalhar. Nesse sentido, por não ter sido revogada a Lei nº 8.213/1991, o salário- maternidade de 120 dias não sofreu qualquer alteração. Ab initio, convém lembrar que lactação e amamentação são biologicamente coisas distintas: mulheres lactantes, devido a uma patologia, poderiam não estar amamentando. Falecendo o bebê, a mulher pode continuar em processo de lactação por algum tempo. A contar do parto, não se tem uniformidade sobre duração da lactação que autoriza o afastamento da atividade insalubre. Varia para os servidores de quatro a seis meses. Diz o art. 394 da CLT que: Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis ) meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais, meia hora cada um. 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 3/16 Parágrafo único. Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente. Algumas interessadas poderão alegar que transferi-las para ambientes salubres poderá significar desvio de função e reclamarão na Justiça do Trabalho. Os hospitais terão alguns ônus para se ajustarem às novas normas. A gestante ou lactante poderá acumular esse estado biológico natural com uma patologia incapacitante. Se anterior à gravidez e até a véspera dos 120 dias do salário-maternidade, o auxílio-doença será mantido, e restabelecido após o final desses 120 dias, mantido enquanto perdurar a incapacidade laboral. É certo que esse período de trabalho, de exposição aos agentes nocivos (principalmente biológicos), é elemento de definição do direito à aposentadoria especial. Se a empresa não fizer a transferência do local de trabalho, o período de serviço terá características de tempo especial a que aludem os arts. 57/58 da Lei nº 8.213/1991, gerando o ônus fiscal de recolher os 6% da Lei nº 9.732/1998. CONCEITO DE AUTÔNOMO A Lei nº 13.457/2017 e a Medida Provisória nº 808/2017 não conceituam o autônomo; elas dispõem sobre a sua prestação de serviços para pessoas jurídicas. Isso é tarefa para o art. 11, V, h, do PBPS. 72 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Como se verá, em sua essência, os vários parágrafos do art. 442-B da CLT são repetitivos, revelando a preocupação das empresas de não desejarem a relação empregatícia desses profissionais. Relembrando Mario de La Cueva, a realidade é quem ditará as definições. A insistência nesse sentido é bastante visível e não se sabe, num primeiro momento, como reagirão os Magistrados da Justiça do Trabalho. Na versão original, a partir da primeira lei acima mencionada, pontuava o art. 442-B da CLT: A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidade legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. (grifos nossos) a) Continuidade Já a nova versão, devida a Medida Provisória nº 808/2017, reza: A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. (CLT, art. 442-B) Basicamente, o que se assevera nesta narrativa é que um autônomo poderá prestar serviços para uma pessoa jurídica por muito tempo sem perder a condição de obreiro independente concebido no PBPS e na legislação civil sem se tornar o empregado regido pelo art. 3º da CLT. 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP24/16 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 71 Neste momento, sem preocupação com a experiência do dia a dia, o recente comando ignora que essa continuidade convalidada, combinada com outros elementos da realidade laboral, possa alterar o tipo de contrato presente entre as duas partes (O autônomo no século XII. São Paulo: LTr, 2017 - no prelo). b) Unicidade laboral Deixa claro o § 1º do novo dispositivo: É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato previsto no caput. Indica esse preceito que o contrato de trabalho não poderá conter uma cláusula que disponha sobre a exclusividade, em face do direito constitucional de trabalhar. E, distante do mundo jurídico, nem impedir o trabalho além da empresa contratante. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 73 O autônomo poderá oferecer os seus préstimos para outras empresas ou pessoas físicas. À evidência, descumprida essa norma, se for do seu interesse, caberá ao trabalhador entrar em juízo ou não aceitá-la quando da contratação. Essa ideia é reafirmada no § 2º, que dita: Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. Quer dizer, ele poderá ser autônomo em relação a diversos contratos de trabalho, fato comum com os médicos e representantes comerciais. Ipso facto, se a empresa exigir exclusividade, presentes os demais elementos do art. 3º da CLT, o contrato de trabalho se transfigurará em relação de emprego. c) Diversidade contratual A questão da diversidade laboral é estendida no § 3º: O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. O profissional, mantendo-se como autônomo, poderá ser empregado em outra empresa ou avulso, temporário, cooperado, eventual, empresário e, até mesmo, duplicemente, autônomo. Não se sabe qual o propósito de levantar essa questão; não há impedimento constitucional ou legal de exercer múltiplas atividades quando não empregado. Como presumido, tem permissão para se estabelecer concorrentemente (sic). 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 5/16 Nessa linha de pensamento, poderão ser incluídos o médico-residente e o estagiário. d) Liberdade operacional O § 4º trata de matéria civilista: Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de penalidade prevista em contrato. 74 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Celebrado o contrato de trabalho de autônomo, de regra, nele deverá ser estatuída uma cláusula relativa sobre o serviço convencionado, a ser executado pelo profissional independente, desobrigado de realizar outras tarefas. Quer dizer, o elaborador da norma redigiu esse texto com a CLT à mão e preocupado com o desvio de funções, que pode induzir a relação empregatícia. Nesse sentido, a disposição é valiosa; poderá definir eventual justa causa para rompimento do convencionado. e) Profissões regulamentadas Devido as pendências jazidas nas ações trabalhistas , em grande número, a medida provisória lembrou-se de alguns profissionais particulares, uma mera contribuição doutrinária sobre o tema. Declara o § 5º: Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a qualidade de empregado prevista o art. 3º. Essas categorias de obreiros com profissão regulamentada continuarão sendo desenvolvidas por autônomos. Todavia, isso não obstará ações visando ao reconhecimento do vínculo empregatício, pois são muitas as situações reais. A expressão "parceiros" não é clara, mas isso não será problema na medida em que se situam trabalhadores cuja realidade provada é que definirá a natureza contratual. f) Presença da subordinação Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo empregatício. Neste § 6º, para não pairar qualquer sombra de dúvidas, o texto faz uma declaração óbvia e esclarecedora: não existe autônomo subordinado. Resta a doutrina explicitar claramente o que se entende por isso. E, principalmente, o que é a subordinação estrutural geradora do vínculo empregatício, como 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 6/16 lembra Kaly Brianezi ("Subordinação estrutural forma vínculo de emprego?". In: site Jusbrasil). Vale registrar que a subordinação não é o único elemento de decantação da figura do empregado. O que poderá haver é um quase-empregado, ou seja, um autônomo bem próximo da condição de empregado. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 75 g) Concorrência leal Por último, reza o § 7º: O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. Texto confuso, não se sabendo se antes da palavra "atividade" deveria estar inserido o vocábulo "outra", porque, se não for outra, será a mesma e aí perderá sentido. Destarte, nada obstaria que um profissional estabelecido num determinado ramo econômico preste serviços autonomamente nessa mesma linha de atividade. Por exemplo, o dono de um hospital ser autônomo em outra empresa. CONCEPÇÃO DOUTRINÁRIA O autônomo é um profissional independente detentor dos instrumentos próprios do seu ofício e trabalha mediante remuneração previamente ajustada em contrato de prestação de serviços cujo objetivo é o resultado avençado. Ele opera por conta própria, geralmente um profissional, exercita habitualmente atividade para terceiros, assumindo os riscos de quase toda ordem inerentes a essa execução. O contrato estabelecido com pessoas ou empresas é nitidamente civil sem ser trabalhista . Releva nessa relação é a tarefa ajustada em si ou a obra ; enfim, o resultado do trabalho. Assemelha-se ao titular de firma individual de pequeno porte. Tem reduzido estabelecimento (podendo ser móvel), administra empreendimento de pequeno vulto e arca com os riscos do trabalho. É profissional, isto é, detém uma profissão, domina certa técnica, conhece uma arte ou efetiva atividade, por meio da qual obtém os meios de subsistência e se realiza como ser humano e membro da sociedade. Autônomo, repete-se, porque, frequentemente e por sua conta, exerce atividade como profissional. Tal construção guarda as suas principais características, avulta a dinâmica do esforço individual e não olvida a condição não amadorística, sem falar no essencial: a assunção de riscos específicos de trabalho não subordinado. O texto do PCSS modificou a descrição, alargando o seu alcance. Do aspecto profissional, estendeu-se ao econômico, e mesmo esse termo, tomado no seu sentido mais amplo: o de atividade lucrativa ou não. Limita-se à órbita 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 7/16 urbana, preferindo classificar o trabalhador rural independente como equiparado a autônomo. 76 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Para a Lei nº 8.212/1991, é a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. (art. 12, IV, b) Uma pessoa física não se confunde com a jurídica, embora, por vezes, não seja fácil distingui-la, como asseverado, no caso do titular de firma individual de pequeno porte.Tem capacidade física e jurídica para o exercício de sua profissão, compreendendo-se a idade mínima de 16 anos para a habilitação profissional, especialmente no tocante às ocupações regulamentadas. Detém uma profissão desde a mais simples até a mais cientificamente sofisticada. Domina uma técnica. Conhece habilidade ou arte e, graças a sua aptidão, exerce o labor assegurador dos meios de subsistência ou de realização pessoal. Dentro dessa profissionalidade, entende-se a locação de serviços remunerados. Excepcionalmente, pessoas abnegadas trabalham sem pagamento, devendo as hipóteses dessa espécie serem examinados per se e à vista de seu conteúdo social. Característica significativa do profissional é a habitualidade no desempenho do esforço pessoal. Para isso, é necessário exercer o labor frequentemente. Outra, o adestramento. Para algumas ocupações, é exigida habilitação formal. Todavia, comprovado o exercício, para fins de previdência social, não importa se o autônomo possui ou não um diploma ou certificado capaz de qualificá-lo. Excetuam-se, evidentemente, algumas atividades, como a dos liberais. O autônomo opera por conta própria. Em decorrência, assume determinados riscos. Baseado em pequeno estabelecimento ou empreendimento econômico (v.g., escritório, fábrica de artefatos, móveis, ferramentas etc.), firma contratos de fornecimento de mão de obra em que importa o resultado. Sobrevêm responsabilidades relativamente a esse fim. Enfrenta contingências profissionais como a não execução das incumbências no prazo estipulado, ou sua conclusão sem as particularidades avençadas; gastar mais com materiais; subempreitar parte da tarefa; o ganho diminuído por erro de cálculo; refazer parte, ou todo o trabalho. Tais eventualidades correm por conta do trabalhador. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 77 AUXÍLIO-DOENÇA O auxílio-doença é um benefício provisório, pago em dinheiro, de pagamento continuado de curta duração, substituidor dos salários devido pelo 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 8/16 INSS ao segurado que ficar incapaz para o seu trabalho por mais de 15 dias (PBPS, art. 59). Em sua essência mais íntima, tal conceito não foi modificado. No caso de a incapacidade perdurar tão somente por até 14 dias, cabe ao empregador licenciar o empregado e pagar-lhe os salários; isso também não foi modificado. Esse lapso de tempo historicamente ficou conhecido como "primeiros 15 dias", ou tempo de espera, devendo o empregador desembolsar os salários do empregado dessa licença. Sua natureza era de uma prestação previdenciária cometida ex vi legis à empresa. Quebrando uma tradição de quase 60 anos, o INSS assumirá a responsabilidade de pagar esse período a partir da Data do Início da Incapacidade - DII. Claro, exceto na excepcionalidade de uma internação do interessado ou impossibilidade de comparecer à APS, o INSS só instruirá o procedimento após o requerimento ter sido protocolado. Sobreveio um retrocesso: uma coisa é receber na empresa e, outra, dependendo de uma APS. Imagina-se a ampliação do limbo administrativo que vitimará o segurado caso a perícia médica do INSS de imediato não constate a incapacidade laboral. Mais ainda se tiver de recorrer ao Poder Judiciário. Destarte, determina o § 13: Para os fins do disposto neste artigo, o auxílio-doença será devido ao segurado da Previdência Social a partir da data do início da incapacidade, vedada a aplicação do disposto § 3º do art. 60 da Lei nº 8.213, de 1991. No comum dos casos, a DII é a data do afastamento do trabalho - DAT (que pode ser a do acidente do trabalho), normalmente fixada pelo médico do trabalho da empresa. O empregador não mais remunerará a licença dos primeiros 15 dias. A responsabilidade foi transferida para a Previdência Social. Com isso, o segurado somente receberá essa quantia quando for deferido o benefício, possivelmente com algum atraso. 78 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Se a pretensão for resistida e enquanto a decisão de negar o benefício for mantida, o segurado ficará sem recursos. Releva recordar que, a par das várias renúncias fiscais enunciadas no art. 457 da CLT, a criação dessa extensão de beneficio sem fonte de financiamento ofende o princípio constitucional da precedência do custeio. A data do início do benefício - DIB passa a ser a DII, diminuindo o encargo do empregador. A mensuração dos primeiros 15 dias é distinta da renda mensal inicial - RMI do valor do auxílio-doença: 91% de uma média mensal dos salários de contribuição desde julho de 1994. 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 9/16 Foi revogada parte do art. 60, mas ele continua valendo para os "demais segurados a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz". LICENÇA REMUNERADA Pela oportunidade, convém rever o que diz o parágrafo único do art. 63 do PBPS: A empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. Esse acréscimo se estende aos primeiros 15 dias. REQUERIMENTO EXTEMPORÂNEO Cuidando da hipótese de o segurado não solicitar o benefício depois do final dos primeiros 15 dias. O art. 60, § 1º, do PBPS diz: Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 dias (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. Portanto, nesse caso, a DIB será na data de entrada do requerimento (DER). O período de inatividade não coberta pela Previdência Social deverá definida pela empresa. Solicitado dentro do lapso de tempo que vai dos primeiros 15 dias até os 30 dias do afastamento do trabalho, a DIB será na DII. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 79 CONCESSÃO DE OFÍCIO Diz o art. 314 da IN INSS nº 77/2015: O processamento do auxílio-doença de ofício pela Previdência Social, conforme previsto no art. 76 do RPS dar-se-á nas situações em que o INSS tiver ciência da incapacidade do segurado por meio de documentos que comprovem essa situação e desde que a incapacidade seja confirmada pela perícia médica. Parágrafo único. Nas situações em que a ciência do INSS ocorrer depois de transcorridos trinta dias do afastamento da atividade, aplica-se o disposto inciso III do art. 303. Por vezes, um trabalhador que vive sozinho, ficando incapaz, não tem condições de requerer a prestação do INSS. Já aconteceu de um hospital sem encontrar procurar a família de um segurado internado em coma. INCAPACIDADE NAS FÉRIAS Caso o impedimento laboral ocorra durante o período de férias anuais do empregado, entende-se que a DII definirá a DIB do benefício. O tempo restante será gozado após a DB do auxílio-doença. 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 10/16 AFASTAMENTO E VOLTA AO TRABALHO Às vezes, o empregado fica de licença trabalhista por 15 dias sem requer o benefício e se afasta do trabalho dentro de 60 dias. § 3º Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento. A IN INSS nº 77/2015 terá de se adaptar à Medida Provisória nº 808/2017, caso ela seja convertida em lei. O § 4º acresce: Na hipótese do § 3º deste artigo, se o retorno à atividade tiver ocorrido antes de quinze dias do afastamento, osegurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia seguinte ao que completar os quinze dias de afastamento, somados os períodos de afastamento intercalados. MÚLTIPLA ATIVIDADE Sobre quem trabalha para várias empresas e fica incapaz por mais de 15 dias, disciplina o art. 312: Ao segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela Previdência Social, e estando incapacitado para uma ou mais atividades, inclusive em decorrência de acidente do trabalho, será concedido um único benefício. 80 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Quer dizer, não haverá tantos auxílios-doença quanto os vínculos empregatícios ou de atividades. O § 2º explica: Se, por ocasião do requerimento, o segurado estiver incapaz para todas as atividades que exercer, a DIB e a DIP, observadas as disposições constantes no art. 72 do RPS, serão fixadas em função do último afastamento se o trabalhador estiver empregado, ou, serão fixadas em função do afastamento como empregado, se exercer a atividade de empregado concomitantemente com outra de contribuinte individual ou de empregado doméstico. Esse dispositivo, bastante complexo, regra a situação daquele que além de empregado é empresário ou doméstico. DIB JUDICIAL Por ora, olvidando-se a existência de um pedido administrativo negado, tem-se entendido que a DIB dos benefícios pleiteados na Justiça Federal que a DIB se dará na data da citação do INSS. Se o Poder Judiciário concedeu o benefício, não haveria razão para a DIB não ser na DII. PAGAMENTO DA GORJETA 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 11/16 O caput do art. 28 do PCSS, quando estabelece a natureza remuneratória da gorjeta, não foi alterado pela Medida Provisória nº 808/2017. Entretanto, os §§ 12/21 do art. 911-A da CLT redefiniram o que se deva entender por valor da gorjeta e, em cada caso, como se apurará. De regra foi cometida a definição à convenção coletiva, acordo coletivo de trabalho ou assembleia de trabalhadores. SALÁRIO-MATERNIDADE Diane do texto da medida provisória, convém recordar o que diz o citado art. 72, § 3º, da Lei nº 8.213/1991: O salário-maternidade devido a trabalhador avulsa e a empresa do microempreendedor individual e que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, será pago diretamente pela Previdência Social. (Redação da Lei nº 12.470/2011) Significa dizer que para essas seguradas não vale o § 1º do art. 72, mediante o qual as empresas desembolsam o valor à empregada e deduzem a importância na GFIP. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 81 Nesse sentido, relativo ao trabalho intermitente, determina o § 14: O salário-maternidade será pago diretamente pela Previdência Social, nos termos do disposto no § 3º do art. 72 da Lei nº 8.213, de 1991. O preceito mencionado cuidava da trabalhadora avulsa, mas agora incluiu a empregada do microempreendedor individual. Tendo em vista que não foram revogados os dois primeiros parágrafos do art. 72 do PBPS, as demais empregadas observarão o sistema até então vigente de depósito em conta promovido pela APS. CONTRIBUIÇÕES O art. 911-A da CLT, adiante reproduzido, diz respeito às contribuições decorrentes do contrato intermitente, ficando claro que a base de cálculo será o somatório auferido ao final do mês. A novidade é a necessidade de comprovação de que a empresa fez a retenção e o recolhimento do aporte previdenciário, e o depósito do FGTS, documento a ser entregue mensalmente ao segurado. Um complicador burocrático onerando a contabilidade e o setor de recursos humanos dos patrões. O aludido dispositivo diz: O empregador efetuará o recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do trabalhador e o depósito do FGTS com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO O § 1º do art. 457 da CLT passou a viger nos seguintes termos: 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 12/16 Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador. Abstraindo o significado trabalhista , que repercute no direito previdenciário, essa redação é novidade; efetivamente ela se incorpora ao texto do art. 28, §§ 8º/9º, do PCSS em relação às gratificações legais, às de função e às comissões, todas com evidente caráter remuneratório. Importância fixa estipulada quer dizer a remuneração. Se a gratificação de função e a comissão é tema relativamente tranquilo, as demais gratificações infindáveis passam a fazer parte do rol do art. 28, § 9º, do PCSS. 82 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA Uma pena que a medida provisória não aclarou o tantas vezes buscado conceito de gratificação. Subsiste uma infinidade delas e a contribuição doutrinária é vastíssima a esse respeito. Agora, de novo, os comentaristas agradecem. a) Ajuda de custo O § 2º dispensa de contribuição securitária mais algumas parcelas mencionadas, pondo fim a algumas incertezas. As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal, o auxílio-alimentação, vedado o seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. Somente a ajuda de custo do aeronauta não fazia parte do conceito de remuneração (PCSS, art. 28, § 9º, b). Agora serão todas elas. A redação outra vez deixa a desejar, quando fala em "limitadas a cinquenta por cento da remuneração mensal", restando a impressão que somente o que ultrapassar esse limite se sujeitará a contribuição. Um tema conflitante em aberto em relação às diárias para viagem, pois já se entendeu que, nesse caso, então, curiosamente, todo o valor integraria o fato gerador (sic). b) Auxílio-alimentação A alínea m do art. 28, § 9º, do PCSS, junto com outras duas parcelas (transporte e habitação), dispensa de contribuição o valor da alimentação fornecido ao empregado em determinadas circunstâncias ali previstas. Com a nova redação, em qualquer caso, a cessão in natura dos alimentos não mais faz parte da remuneração. c) Diárias para viagem As diárias para viagem compareciam referidas no art. 28, § 9º, h, inferiores a 50% da remuneração. Com a inovação deixaram de se constituir em fatos geradores da contribuição. 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 13/16 Lembra-se de que pode ser significativa na composição da remuneração do trabalhador e isso diminuirá o seu salário de contribuição e, por conseguinte, a renda mensal inicial dos benefícios. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 83 d) Prêmios Inovando, outra vez, o § 22 reza: Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador, até duas vezes ao ano, em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro, a empregado, grupo de empregados ou terceiros vinculados à sua atividade econômica em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. A partir dessa precária definição, os prêmios, um pouco melhor esmiuçados que na legislação anterior, não sofrem incidência de contribuição securitária. Vale recordar que o vocábulo é muito amplo. Na prática, nas relações de trabalho não existe mera liberalidade. Se é em virtude de "desempenho superior ao ordinariamente esperado", não é liberal, mas uma contraprestação nitidamente laboral. Lendo-seo in fine, acredita-se que a regência da participação nos lucros e resultados não mais observa a Lei nº. 10.101/00, ainda que essa descrição seja bastante sumária. Se assim for, a participação dos sindicatos na negociação pertinente foi diminuída. Bens seriam valores in natura, tais como alimentação, transporte, mercadorias etc. Serviços abrangem planos de saúde, previdência privada, cooperativa corporativa, descontos em produtos, empréstimos etc. A não exigência da universalidade dos destinatários tenta pôr fim a uma discussão sobre a possibilidade de apenas alguns grupos de empregados, como é o caso dos diretores, serem favorecidos. Se o texto não for claramente explicitado, em decreto regulamentar ou outra modalidade de esclarecimentos, dará margem a muitas dúvidas na sua interpretação. O uso da dicção "terceiros vinculados a sua atividade econômica" é bastante largo, dando a impressão de se tratar de trabalhadores não empregados, como são os autônomos, estagiários, temporários, cooperados e outros mais. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO O § 23 estipula uma regra geral: Incidem o imposto sobre a renda e quaisquer outros encargos tributários sobre as parcelas referidas neste artigo, exceto aquelas expressamente isentas em lei específica. (NR) 84 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 14/16 Como a Súmula Vinculante STF nº 8/2008 equivocadamente entendeu que a exação securitária é um tributo, embora, de forma bastante confusa, o dispositivo comentado reclama contribuição previdenciária de modo muito geral e difuso, exacionalmente censurável, e somente exclui o que for mencionado em lei específica, caso do PCSS e da própria medida provisória. APORTE DA CONTRIBUIÇÃO O caput do art. 911-A da CLT dispõe: O empregador efetuará o recolhimento das contribuições pagas próprias e do trabalhador e o depósito do FGTS com base os vales pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante documento dessas obrigações. A base de cálculo da contribuição será a remuneração totalizada devida pelo empregado. CONTRIBUIÇÃO MÍNIMA No § 1º comparece um surpreendente comando: Os segurados enquadrados como empregados que, no somatório de remunerações auferidas de um ou mais empregadores no período de um mês, independentemente do tipo de contrato de trabalho, receberem remuneração inferior ao salário-mínimo mensal, poderão recolher ao Regime Geral de Previdência Social a diferença entre a remuneração recebida e o valor do salário-mínimo mensal, em que incidirá a mesma alíquota aplicada à contribuição do trabalhador retida pelo empregador. Esse parágrafo pressupõe que, no final do mês, o empregado não consiga totalizar R$ 937,00 de remuneração, o que é bastante duvidoso, máxime trabalhado para várias empresas. Evidentemente, fala do trabalhador que seja empregado intermitente nas mencionadas diferentes empresas, excluindo honorários como autônomo. A faculdade indicada é natureza prática porque em seguida, no parágrafo seguinte, prevê uma indigitada sanção. Pôs fim à contribuição mínima para as empresas. Fica claro que sobre a diferença incidirá a alíquota de 8%, própria de quem ganha mais imediações do salário-mínimo, e a regulamentação dirá como se fará o recolhimento, provavelmente mediante o carnê de pagamento de contribuinte individual. RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA 85 Rigorosamente diante do cenário e para simplificar, deveria onerar a empresa com esse ônus normal. Esse instituto técnico não é merecedor de encômios, complica a relação da empresa com os prestadores de serviços, pois obriga o empregador a ter ciência de outros rendimentos do trabalhador. QUALIDADE DE SEGURADO 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 15/16 Surpreendendo, o § 2º dita: Na hipótese de não ser feito o recolhimento complementar previsto no § 1º, o mês em que a remuneração total recebida pelo segurado de um ou mais empregadores for menor que o salário mínimo mensal não será considerado para fins de aquisição e manutenção de qualidade de segurado do Regime Geral de Previdência Social nem para cumprimento dos períodos de carência para concessão dos benefícios previdenciários. (NR) Esta é novidade totalmente censurável, imprópria e inadequada. Espera-se que seja totalmente eliminada no Congresso Nacional. Manutenção da qualidade de segurado é instituto técnico relevante para a relação jurídica do beneficiário com a previdência social. Da mesma forma o período de ca- rência. Se prevalecer o recolhimento tardio da diferença, não poderá prejudicar o interessado. O redator da norma não considerou que raramente alguém que trabalha para uma empresa subsista com menos do que o salário-mínimo; claramente ele sofrerá retenção em outra atividade. DANO MORAL Tratando do dano moral trabalhista , o caput do art. 223-G da CLT estabelece que: Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; 86 RST Nº 343 - Janeiro/2018 – PARTE GERAL – DOUTRINA VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; XII - o grau de publicidade da ofensa. O § 1º desse artigo fixa o valor da reparação do dano moral, dispondo sobre matéria trabalhista que, de alguma forma, envolve um elemento da previdência social. Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: 21/02/2018 Aspectos Previdenciários na Reforma Trabalhista http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 16/16 I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; ou IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Na tentativa de encontrar um consistente indexador monetário, quase nunca contestado, para fixar quantias que tentam de reparar as ofensas havidas, em face da inflação, a medida provisória escolheu um quantum de grande repercussão social: o limite do salário de contribuição e dos benefícios do Regime Geral. Trata-se de um montante que tem sido alterado em 1º de janeiro de cada ano, sendo que, em 2017, foi de R$ 5.531,31. Possivelmente em janeiro de 2018, reajustado para algo em torno de 103% dessa quantia. Embora se trate de tema trabalhista que aqui não cabe, estranha-se a medida provisória não definir o que entenda por leve, média, grave e gravíssima, restando esse enorme encargo aos doutrinadores e magistrados trabalhistas . Pelo que diz o § 3º, quando trata da reincidência, trata-se de uma reparação de mão dupla: "Na reincidência de quaisquer das partes, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização" (grifos nossos).
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