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POLITICAS PUBLICAS - CONTEUDO ONLINE

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AULA 01 - A crise do Estado de Bem-Estar Social 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo capitalista produziu duas tendências importantes. Por um lado, verificamos 
a expansão dos mercados, especialmente o mercado mundial de mercadorias, sob hegemonia e a pressão do mercado 
norte-americano. Por outro lado, foi o período de crescimento do Estado, de forma diferenciada, na Europa e no restante 
do mundo. A isto, na Europa Ocidental e na América do Norte, damos o nome de Estado de bem-estar social. Segundo 
Wood (2001:12), “o capitalismo é um sistema em que os bens e serviços, inclusive as necessidades mais básicas da vida, 
são produzidas para fins de troca lucrativa; em que até a capacidade humana de trabalho é uma mercadoria à venda no 
mercado; e em que todos os agentes econômicos dependem do mercado, os requisitos da competição e da maximização 
do lucro são as regras fundamentais da vida (...). Acima de tudo, é um sistema em que o grosso do trabalho da sociedade 
é feito por trabalhadores sem posses, obrigados a vender sua mão-de-obra por um salário, a fim de obter acesso aos meios 
de subsistência”. 
O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL (Welfare State): é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado 
(nação) como principal agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e econômica do país, em parceria com 
sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes. Vamos entender um pouco mais sobre ele? 
1) INÍCIO: O Estado do bem-estar social foi uma política do capitalismo no pós-guerra, ela teve como objetivo 
recuperar a Europa devastada pela 2 Guerra Mundial. Seu desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo 
de industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. A construção do Estado do bem-estar social teve seu 
início marcado com a aprovação em 1942, de uma série de providencias nas áreas da saúde e escolarização. Ocorreu tb 
uma ampliação dos serviços de assistenciais públicos, abarcando as áreas de renda, habitação e previdência social, entre 
outras. Paralelamente a prestação de serviços sociais, o Estado do bem-estar social passou a intervir fortemente na área 
econômica, de modo a regulamentar praticamente todas as atividades produtivas com a proposta de geração de riquezas 
materiais para atender ao lucro capitalista e também a diminuição das desigualdades sociais com o objetivo de 
desmobilizar a classe trabalhadora. 
2) MUDANÇA DE MODELO: Porem em meados dos anos 1970 (e sobretudo em 1980) ocorreu a mudança radical com 
relação a esse modelo de desenvolvimento capitalista. Essa mudança está relacionada a transformação das relações 
entre mercados e as empresas e entre os Estados e os mercados. Esse período passou por um processo de 
desindustrialização relativa, que em muitos países se produziu de forma vertiginosa, Também, por um processo de 
expansão enorme dos mercados financeiros que são altamente competitivos e passam a interferir diretamente na relação 
mercado/ Estado. 
3) CONSEQUÊNCIAS: Sendo assim, o desaquecimento da produção, associado ao crescimento do mercado financeiro, 
intensificou a dependência dos Estados Nacionais, notadamente dos países periféricos que passaram a necessitar da 
“confiança “ desses mercados para implementar sua política. 
 
Um desequilíbrio perigoso: Talvez você ainda não tenha percebido, mas o que ocorreu a partir da mudança de modelo 
foi um desequilíbrio nas relações entre Estados, entre mercado e Estado e, consequentemente, entre Estado e indivíduo. 
Vamos ver por outra perspectiva: 
 Embora a produção industrial tenha reduzido em 10% nos países centrais do capitalismo, o crescimento econômico, 
mesmo que, em menor proporção, permaneceu. Inclusive, o comercio internacional de produtos industrializados, 
apresentou crescimento nos anos 1980. 
 No fim do século XX, os países do mundo capitalista desenvolvido se achavam, tomados como um todo, mais ricos 
e mais produtivos do que no início da década de 70 e a economia global (da qual ainda formavam o elemento 
central) estava imensamente mais dinâmica. 
 Esse não era o caso da África, da Ásia Ocidental e da América Latina, que se viram as voltas com o aumento da 
pobreza e da queda da produção. Da mesma forma os países socialistas da Europa, apesar de apresentarem um 
pequeno crescimento econômico nos anos 80, não resistiram ao processo de “desindustrialização”, caracterizado 
pelas novas formas de produção, pelo desenvolvimento da economia de serviços e pelas novas formas de 
gerenciamento empresarial. 
 Tudo isso proporcionou pobreza, desemprego e miséria. Mesmo nos países mais ricos do mundo capitalista, as 
diferenças sociais se aprofundaram: “a produção agora dispensava visivelmente seres humanos mais rapidamente 
do que a economia de mercado gerava novos empregos para eles”. Dessa forma, o desemprego não é ocasional, 
temporário, pelo contrário, ele é a expressão da nova organização econômica. Com isso, a presença de milhares 
de pessoas pelas ruas, sem ter onde morar, compõe o cenário dos maiores centros empresariais do mundo. 
 
A ascensão do neoliberalismo 
Finalmente na década de 1990, não dava mais para esconder que o modelo de desenvolvimento capitalista da época 
estava em crise. Crise essa, que já se anunciava em grande parte do mundo, desde meados dos anos de 1970. Isso favoreceu 
a crítica dos economistas conservadores, neoliberais, que há tempos vinham combatendo o Estado de Bem-estar social. 
Os neoliberais afirmavam que a economia e a política do Estado Keynesiano, baseada no pleno emprego, altos salários 
e nos direitos sociais, impediam o controle da inflação e o corte de custos, tanto no governo quanto nas empresas privadas, 
Pare eles, só o livre mercado seria capaz de fomentar a distribuição da riqueza e da renda. 
 
A ofensiva neoliberal 
Ao se contrapor ao Estado de bem-estar social, segundo os preceitos do Consenso de Washington, o neoliberalismo 
defendia a privatização dos serviços públicos, como educação, saúde e previdência, de forma a aliviar o Estado e tornar 
esses serviços competitivos no mercado. Desta forma, direitos conquistados transformaram-se em mercadorias adquiríveis 
no mercado. Ao longo das duas últimas décadas, a intensificação do processo de internacionalização das economias 
capitalistas com ênfase nos mercados financeiros mundiais e a formação de grandes blocos econômicos, têm aumentado 
a pobreza e aprofundado as desigualdades no mundo capitalista globalizado. Sendo assim, a crise do Estado de bem-estar 
social está relacionada à construção de um novo modelo de capitalismo que, no afã de recuperar a lucratividade, contrapõe 
direito a investimentos e acumulação de capitais, e é responsável pela condução da reforma do Estado que tem provocado 
cortes substanciais no orçamento das políticas sociais dos países periféricos em benefício dos países centrais. 
 
 
AULA 2: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍTICA EDUCACIONAL E SEUS REFLEXOS 
 
Olá! A partir dessa aula vamos começar a estudar as legislações brasileiras. Nesse capítulo, em particular vamos abordar 
as constituições. No vídeo acima, você vê o momento em Getúlio Vargas preside a solenidade de cremação das bandeiras 
estaduais, conforme determinação na nova Constituição de 1937, a Constituição do Estado Novo. 
Passeio pela história 
A Constituição é a lei que estabelece as principais regras e normas jurídicas, políticas, econômicas e sociais de um país, 
dentre elas as da educação. Através do estudo dos textos constitucionais que o Brasil já viveu, podemos perceber a 
importância que a educação ocupou em diferentes momentos da nossa história. Você verá, a partir de agora, como cada 
Constituição que o Brasil conheceu tratou a questão educacional. 
CONTEXTO HISTÓRICO: A necessidade da Constituição nasceu no momento em que o Brasil tornou-se independente de 
Portugal. Após a disputa entre a elite brasileira e os interesses portugueses,a primeira Carta Magna brasileira foi outorgada 
pelo Imperador D. Pedro I 
NA LETRA DA LEI: A educação é tratada em um dos últimos itens do artigo 179, parte integrante do título que dispunha 
acerca dos direitos dos cidadãos como se vê a seguir: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança 
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. 
 XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos. 
 XXXIII. Collegios, e Universidades, aonde serão ensinados os elementos das Sciencias, Bellas Letras, e Artes. 
COMENTÁRIOS: A partir da leitura do dispositivo legal, repara-se, portanto, a pouca importância reservada a instrução, 
que se mantem nessa época restrita a uma pequena parcela da população. A constituição estabelecia gratuidade do ensino 
primário, porém não indicava as condições para que essa situação se concretizasse, consequentemente a população 
mantinha-se afastada das salas de aula e por conseguinte, durante muito tempo as taxas do analfabetismo apresentavam-
se bem elevadas. 
 
1891 – A primeira Constituição Republicana 
A República proclamada em 1889 mudou o regime político no país, e como decorrência exigiu a elaboração de outro texto 
constitucional que correspondesse aos novos tempos. Vamos conhecer um pouco mais sobre a Carta Magna de 1891. 
 
 
A Constituição de 1934 
Longos debates entre educadores e um movimento social crescente começava a invadir a sociedade brasileira, exigindo 
reformas no país, sobretudo no campo educacional, a partir dos anos de 1920. A criação do Ministério da Educação é um 
exemplo das mudanças resultantes da pressão do movimento conhecido como Escola Nova. O capítulo II do texto legal 
abordou a questão educacional incorporando sugestões e ideias levantadas por intelectuais e professores da época, já 
apresentadas no Manifesto dos Pioneiros, publicado em 1932. 
 
 
1937 – A Constituição do Estado Novo 
Estado Novo foi o nome dado por Getúlio Vargas à ditadura que instalou no Brasil a partir de 1937, que correspondeu a um 
longo período de autoritarismo e repressão. Em todas as áreas sociais, particularmente na educação, houve um enorme 
retrocesso. As conquistas apresentadas na Carta Constitucional anterior (1934), que nem chegaram a ser colocadas em 
prática, foram totalmente abandonadas na nova lei. 
 
 
A Constituição de 1946 
Em 1945, a longa Era Vargas chega ao fim. Uma nova Carta Constitucional foi redigida para acompanhar os novos tempos. 
Tempos democráticos que se instalavam na vida brasileira, e que traziam alguns direitos sociais. Quanto à educação, o 
antigo debate dos Pioneiros de 1932 é recuperado em relação a alguns temas. 
 
 
 
Diretrizes e Bases 
A constituição de 1946 também determinou que fosse elaborada legislação especifica que aprofundasse o tem, através do 
seu artigo 5o, e estabelecesse as diretrizes e as bases da educação brasileira. Na próxima aula estudaremos de maneira 
mais profunda a primeira Lei que tratou sobre o tem. 
 
 
AULA 03 - O SENTIDO DA LEI Nº. 4024/61: A ELABORAÇÃO DA PRIMEIRA LEI DE DIRETRIZES E BASES 
 
Esta aula busca apresentar e discutir o longo processo de elaboração da primeira lei de diretrizes e bases, destacando 
os grupos envolvidos no debate e os interesses em questão, além de caracterizar os principais temas aprovados. 
Retomando nosso percurso... Você está lembrado da aula passada? Pois então, naquele momento você foi convidado a 
fazer um passeio histórico sobre a presença da educação nas Constituições. Nesta aula voltaremos a falar sobre o tema da 
Constituição de 1946 para que possamos aprofundar o nosso debate sobre o processo que desencadeou a elaboração da 
Lei 4024/61, que foi a primeira LDB que o Brasil produziu. Esse momento histórico foi marcado pelo fim do governo de 
Getúlio Vargas, entre os anos de 1930 e 1945 (caracterizado em seus últimos sete anos pela ditadura do Estado Novo). 
Instalou-se, em decorrência, um processo de democratização da sociedade, com novos partidos se organizando e a 
elaboração de uma constituição que representasse essa nova fase política. A título de curiosidade, no vídeo ao lado você 
vê cenas do “exílio voluntário” de Getúlio Vargas após sua saída do poder, bem como o tom “pomposo” pelo qual o 
narrador trata o então senador Getúlio. Mais tarde, ele voltaria ao poder. 
 
Os resultados: A retomada de práticas democráticas, sobretudo as parlamentares, permitiu um alongado debate sobre a 
legislação educacional do país. Nesse texto constitucional ficara determinado, entre outras questões, como já vimos 
anteriormente, que a educação era entendida como um direito de todos. Vamos ver o trecho da lei? 
Art. 5º - Compete à União: (...) XV - legislar sobre: (...) d) diretrizes e bases da educação nacional; 
 
O processo de elaboração: A elaboração da primeira LDB que o Brasil conheceu demorou muitos anos. Na verdade, esse 
processo pode ser dividido em dois períodos, que corresponderam a discussões e polêmicas bem distintas. Uma primeira 
fase caracterizou-se pelo conflito partidário entre dois políticos, cujas trajetórias sempre estiveram vinculadas à 
educação. De um lado encontrava-se o Ministro do governo ora no poder, o Sr. Clemente Mariani. Mariani era filiado à UDN 
(União Democrática Nacional), partido ligado a setores conservadores, articulado às classes média e alta do país e à 
burguesia internacional, e de oposição às forças de Vargas. E do outro lado o ex-Ministro da Educação do Estado Novo, 
Deputado Gustavo Capanema, filiado ao PSD (Partido Social Democrático), apoiado pelas forças getulistas. 
O Ministro Mariani representando os interesses do governo, apresentou um projeto que possuía características 
descentralizadoras, que se chocou com os argumentos do deputado Gustavo Capanema, que propunha um sistema de 
ensino centralizador. O deputado redigiu um parecer que acabou por levar o projeto ao arquivamento. 
Essa disputa político-partidária adiou por alguns anos a discussão, que foi retomada efetivamente em 1957, quando da 
apresentação em plenário do projeto de lei conhecido como “Substitutivo Lacerda”. 
 
Segundo período: Outra fase dessa longa trajetória de elaboração da LDB se iniciou. O debate, naquele momento, girou 
em torno da questão das verbas públicas. Vamos ver como foi? 
Carlos Lacerda: O Dep. Carlos Lacerda, que deu nome ao projeto, encampou a proposta dos representantes das escolas 
particulares, sobretudo os colégios confessionais, que sob o lema da liberdade do ensino, defendiam os interesses 
privatistas, reivindicando a aplicação de recursos públicos para a manutenção tanto de escolas públicas quanto de 
particulares. 
Anísio Teixeira: De outro lado, em torno da defesa de verbas publicas exclusivamente para escolas publicas, se colocaram 
educadores e intelectuais, como Anisio Teixeira, Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes, entre outros. Eles chegaram 
a articular e publicar um outro Manifesto de Educadores, em 1959, intitulado “Mais uma vez convocados”. O famoso 
documento recuperou em parte as ideias presentes no movimeto de 1932, defendendo, destacadamente, a obrigatoredade 
e a gratuidade do ensino primario. 
 
A primeira lei de diretrizes e bases: O texto final, aprovado pelo Congresso Nacional em 1961, representou em parte a 
vitória dos setores privatistas, pois a lei (através de alguns mecanismos) permitia a transferência para as escolas 
particulares de recursos públicos, contrariando a proposta da “Campanha em defesa da escola Pública”. A lei instituía a 
educação como um direito de todos e estruturava o ensino em: a) pré-escola b) ensino primário c) ensino médio (este 
último se subdividia em ginásio e colegial). 
 
Artigo 2o A educação é direito de todos e sera dada no lar e na 
escola. 
Parágrafo Único. A família cabe escolher o gênero de educaçãoque deve dar a seus filhos. 
 
A LDB tinha como seus principais títulos os seguintes: 
1) Dos fins da educação – o desenvolvimento e formação do 
cidadão para a vida em sociedade, em uma perspectiva 
democrática de acordo com o momento histórico. 
2) Do direito à educação – estabeleceu-a como um direito de 
todo cidadão cabendo à família a escolha do tipo de educação a 
ser oferecida. 
3) Da liberdade de ensino – todos tinham direito a transmitir 
seus conhecimentos. 
4) Da administração do ensino – afirmou que cabia ao MEC 
exercer as atribuições do poder público federal, e atribuiu 
competências ao Conselho Federal. 
5) Dos sistemas de ensino – criou os sistemas de ensino 
federal, estaduais e municipais. 
6) Dos recursos para a educação – instituiu que os recursos 
seriam aplicados preferencialmente nas escolas públicas, abrindo 
espaço para o setor privado. 
 
 
 
AULA 4: AS REFORMAS EDUCACIONAIS DA DITADURA MILITAR 
 
Introdução 
Logo após a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases, o Brasil mergulhou em um novo momento político quando 
se instalou, em 1º de abril de 1964, através de um Golpe de Estado, outro governo autoritário, fase conhecida como 
Ditadura Militar. Foram anos marcados por uma intensa repressão que perseguia opositores, cassando e torturando 
políticos; e impedia os movimentos sociais, inclusive a organização de estudantes que lutavam contra a ditadura. 
Uma nova Constituição vai ser redigida e outorgada à sociedade pelo governo militar. Esta foi a sexta Carta Constitucional 
do Brasil. Nela, os direitos dos cidadãos são restringidos, o Executivo Federal concentrava poderes, além de ser eleito de 
forma indireta pelo Congresso Nacional. 
No capítulo sobre educação, o direito de todos a ela é reafirmado, apesar de também ficar expresso que o ensino é livre 
à ação da iniciativa privada, que continua a ter acesso a incentivos e facilidades financeiras dos cofres públicos, como 
disposto na Constituição anterior. Conforme escrito na Carta: 
 
Art. 168. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola; assegurada a igualdade de oportunidade, deve 
inspirar-se no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e de solidariedade humana. 
§1º. O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos poderes públicos. 
§2º. Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro 
dos poderes públicos, inclusive bolsas de estudo. 
Esse momento histórico exigiu alterações na legislação educacional. Não foi elaborada nova Lei de Diretrizes e Bases, mas 
sim duas leis que reformaram alguns aspectos da LDB vigente. Uma tratou de modificar os ensinos primário e secundário 
enquanto outra abordou o superior. As diretrizes básicas, estabelecidas pela lei 4024/61 (os 5 primeiros títulos), não são 
alteradas, demonstrando a continuidade da ordem socioeconômica mantida pelo golpe. 
 
A lei 5540/68 
A reforma do ensino superior tinha por finalidade a desmobilização dos estudantes universitários. Para tanto, instituiu o 
sistema de créditos que obrigava os alunos a realizarem a matrícula por disciplinas, o que impedia a formação de grupos 
nas mesmas turmas, como no tradicional curso seriado, dificultando a organização de grupos de pressão. A repressão aos 
estudantes foi uma ação constante ao longo desse período. A lei 5540/68 também determinou que as disciplinas passassem 
a ser agrupadas por departamentos, deixando de se organizar por cursos, reforçando o caráter da fragmentação. Por fim, 
estabeleceu o vestibular unificado, desarmando as crescentes demandas, sobretudo dos estudantes secundaristas, por 
mais vagas nas universidades públicas. 
 
A lei 5692/71 
Esta legislação é frequentemente chamada de lei de diretrizes e bases de forma errônea. Contudo, ela não pode ser 
confundida, pois se refere exclusivamente a dois segmentos da educação, que correspondem ao que nos dias atuais 
chamamos de educação básica. A lei 5692 não tratava, também, dos objetivos gerais e finalidades da educação para o 
país. Ela era específica para dois segmentos do ensino. A referida lei foi criada por um grupo de trabalho instituído pelo 
Presidente Médici, que tinha por objetivo adequar o ensino ao momento político instaurado pelo Golpe de 1964, e às 
necessidades sociais e econômicas que o governo militar se empenhava em garantir. 
 
General Emílio Garrastazu Médici, que ficou no poder entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. 
Em linhas gerais, a lei criou a estrutura de ensino que se organizava em 1o e 2o graus. O 1o passou a abranger os antigos 
ensinos primário e ginásio, atendendo as crianças dos 7 aos 14 anos. Ampliou, então, a obrigatoriedade escolar de 4 para 
8 anos. 
 Art. 1o (...) – Para efeito do que dispõe os artigos 176 e 178 da Constituição, entende-se por ensino primário 
a educação correspondente ao ensino de primeiro grau e por ensino médio, o segundo grau. 
 
Secundário X 2o Grau: em seguida, a Lei transformou o antigo curso secundário (que se apresentava como clássico, 
cientifico ou normal) em ensino de 2o grau, nivelando todos os cursos e possibilitando que qualquer concluinte pudesse 
prestar vestibular para qquer área universitária. 
Ensino Profissionalizante: tornou, ainda, o 2o grau em obrigatoriamente profissionalizante. Essa medida se restringiu em 
grande parte apenas as escolas públicas que submetidas a exigência, procedem as adaptações, no prazo previsto na Lei. 
Entretanto, as escolas particulares, que se aproveitando dos prazos para a adequação, e por não sofrerem rigorosas 
fiscalizações, mantiveram, em sua maioria, o ensino propedêutico, até a revogação da obrigatoriedade do ensino 
profissionalizante. 
2o Grau e Vestibular: Com a promulgação da Lei, o segundo grau passava a combinar uma dupla característica: garantia 
ao mesmo tempo a terminalidade para aqueles que pretendiam a formação em nível técnico e a continuidade para os que 
desejavam prestar vestibular. 
 
A lei 5692/71: oficialização do ensino supletivo 
O ensino profissionalizante tinha o objetivo de atender à formação de mão-de-obra no sentido de garantir o suporte para 
a ampliação do parque industrial brasileiro, em reposta aos preceitos liberais de divisão internacional do trabalho. Para 
isso, foi a primeira legislação educacional que criou um capítulo para tratar do ensino supletivo. 
 
CAPÍTULO IV - Do Ensino Supletivo 
Art. 24. O ensino supletivo terá por finalidade: 
a) suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham seguido ou concluído na idade 
própria; 
b) proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham 
seguido o ensino regular no todo ou em parte. 
Parágrafo único. O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem organizados nos vários sistemas de acordo 
com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos de Educação. 
Ainda na lei 5692/71 
 
A Lei 5692/71 também introduziu algumas propostas, que contribuíram para o debate pedagógico, a saber: 
 INTEGRAÇÃO HORIZONTAL: Previa, também, a integração horizontal, que buscava eliminar a diferença entre os 
antigos ramos de ensino: agrícola, comercial, industrial e normal, articulando as várias áreas do conhecimento, 
no interior de cada serie. 
 INTEGRAÇÃO VERTICAL: A lei previa a integração vertical. Entre os dois graus, entre os níveis (o primeiro e o 
segundo segmento do 1o grau) e entre todas as series de ensino das atividades, áreas de estudo e disciplinas, com 
o propósito de garantir um trabalho de continuidade desde a 1 série do 1 grau até a última série do 2 grau 
 VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO: é uma outra questão presente na lei. Foi citada especialmente buscando a 
crescente profissionalização de professores, o aperfeiçoamento daqueles já formados e adequando os vencimentos 
salariais segundo os critérios do nívelde formação, ao contrário do nível que ministrava. 
 
Sugerimos que você assista ao filme “O que é isso, companheiro? ”, dirigido por Bruno Barreto e lançado no Brasil em 
1997. O filme é baseado no livro homônimo escrito por Fernando Gabeira. Trata da história de um grupo de estudantes 
que se incorporaram ao MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), cujo maior êxito foi o de ter elaborado e 
executado o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil. A finalidade da ação era de usar tal diplomata como 
moeda de troca para a liberação de diversos presos políticos que foram exilados. 
 
 
AULA 5: A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA NA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA: A CARTA DE 1988 
 
O objetivo dessa aula é o de debater o processo de elaboração da atual Constituição, levando em conta a conjuntura 
político-econômica da época, ao mesmo tempo em que busca identificar os interesses nacionais envolvidos durante o 
processo. Vamos apresentar o momento histórico em que a Constituição de 1988 foi elaborada e promulgada, e debater 
os principais aspectos educacionais definidos pelo texto constitucional. No vídeo acima, você vê o momento em que a 
Constituição foi promulgada, pelas mãos de Ulisses Guimarães. 
 
VISÃO GERAL DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 Estrutura da Carta: O texto constitucional que vigora nos dias de hoje, foi aprovado em 5 de outubro de 1988 e 
está organizado em 9 títulos, subdivididos em capítulos que por sua vez se desdobram em seções e subseções 
quando se faz necessário. Os artigos têm numeração sequencial. 
 Contexto histórico: Foi elaborada em um momento político bem característico, pois correspondia a uma grande 
mobilização popular que, diante do fim de um longo período ditatorial, exigia efetivas transformações na 
sociedade. 
 Considerações Gerais: Em seu conteúdo apresentou alguns avanços nas áreas sociais e políticas, como a igualdade 
de direitos entre homens e mulheres, o voto do analfabeto, o voto aos 16 anos, o racismo tratado como crime, 
além de pôr fim a censura. O texto constitucional estabeleceu ainda, alguns dispositivos que defendem o cidadão 
qdo seus direitos são negados, especialmente os dispositivos contra a arbitrariedade do Estado. Vem daí o fato 
dela ser conhecida por muitos políticos e festejada pela imprensa como a constituição cidadã. 
 
Direitos Conquistados: 
 Habeas-corpus: Assegura reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso 
de poder (as ditaduras, assim que instaladas, haviam suspendido esse instrumento com o propósito de realizar 
prisões ilegais); 
 Habeas-data: garante ao cidadão o acesso as informações a seu respeito constantes no registo do banco de dados 
de qualquer entidade governamental; 
 Mandado de segurança: protege o cidadão qdo seus direitos estão prestes a ser desrespeitados por uma instituição. 
Agora, existe também o mandado de segurança coletivo, isto é, impetrado por sindicados e associações da 
sociedade civil; 
 Mandado de injunção: assegura o exercício de um direito garantido pela contribuição; 
 Ação popular: tem como objetivo anular ato lesivo ao patrimônio público e punir seus responsáveis 
 
A Educação no texto constitucional: O tema educacional na constituição é apresentado no Título VIII que trata da Ordem 
Social, em seu Capítulo III, intitulado: Da Educação, da Cultura e do Desporto, especificado na Seção I, chamada Da 
Educação, que se dispõe em 10 artigos, entre o 205 e 214. 
 
 
O papel de cada esfera: A União, estados, distrito federal e municípios devem proporcionar o acesso à cultura, á educação 
e à ciência, e que todas as esferas têm competência para legislar sobre educação, desde que respeitadas as diretrizes e 
bases fixadas em seu texto. Apresenta, ainda, como dos municípios, a prioridade quanto à responsabilidade de manter 
programas para os níveis pré-escolar e ensino fundamental (cabendo à União complementar recursos, em casos de 
dificuldades dos municípios). 
 
Art. 211 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de 
ensino (...). 
§ 2º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
§ 3º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. 
§ 4º - Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a 
assegurar a universalização do ensino obrigatório. 
Outras considerações 
 
A Constituição de 1988 assegura ainda o direito à educação dos povos indígenas, garantindo que o ensino se realize em 
língua materna e na língua portuguesa. Permite, dessa maneira, a integração dos povos à sociedade brasileira, preservando 
sua cultura. 
 
Verbas públicas destinadas à educação: Quanto à aplicação das verbas públicas, a Constituição estabelece que cabe à 
União aplicar no mínimo 18%, enquanto que os municípios e estados devem investir no mínimo 25% cada. Podemos 
considerar essa vinculação dos recursos como um avanço, pois predetermina uma parcela do orçamento que deve ser 
aplicada em educação. 
Como vimos, a Carta de 1988 consagrou alguns direitos sociais, resultado de intensas lutas que animaram durante muitos 
anos a sociedade brasileira, algumas iniciadas ainda antes da Ditadura Militar. A questão é que, assim que o texto foi 
publicado, mobilizações de setores contrários aos direitos aprovados começaram a se fazer notar, e buscavam caminhos 
para o retrocesso, seguindo premissas neoliberais. Esse tema vamos abordar com detalhes nas aulas seguintes. 
 
 
AULA 6: O SIGNIFICADO DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi o resultado de um longo debate travado na sociedade brasileira, que se 
iniciou em 1979 com a elaboração do Código de Menores, e que ganhou um novo impulso com a promulgação da atual 
constituição brasileira (CF/1988). Esse debate envolveu diferentes setores da sociedade, sob a forma de movimentos 
populares, incluindo-se as Organizações Não Governamentais (ONGs) e representantes dos Três Poderes da República. 
No plano internacional, a assinatura da Convenção Internacional dos Direitos da Criança das Organizações das Nações 
Unidas (1989) acelerou decisivamente a transformação das políticas públicas voltadas para crianças e jovens. 
Lugar de criança é na escola: 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) é o 
dispositivo legal que estabelece os direitos e deveres da 
criança e do adolescente no Brasil. Apresenta os direitos 
relacionados a educação, a saúde, a vida familiar e a vida em 
sociedade, além de também dispor sobre os deveres. 
 ESTRUTURA: O texto do estatuto compõe-se de 267 
artigos e está organizado em duas partes: geral e 
especial, que por sua vez dividem-se em títulos, 
subdivididos em capítulos e esses em seções 
 TÍTULOS: 1. Diretrizes Fundamentais – 2. Prevenção – 
3. Política de atendimento – 4.Medidas de Proteção – 
5.Pratica do Ato infracional – 6. Medidas Pertinentes 
aos Pais e Responsáveis – 7. Conselho Tutelar – 8. 
Acesso à Justiça – 9. Crimes e Infrações 
Administrativas. 
 A lei 8069/90 é considerada um dos modelos legais mais avançados do mundo, tanto em termos políticos 
quanto jurídicos. O texto da lei evidencia o compromisso do Estado e da sociedade civil de garantir o 
atendimento dos direitos das crianças e dos jovens. 
 
O Estatuto e a Educação: O tema da Educação é tratado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como um direito de 
todos e um dever do Estado. Apresenta-se sob a forma de sete artigos (do artigo 53 ao 59), em que estão estabelecidos os 
objetivos da educação, além de estarem especificados os papéis do Estado quanto aos deveres, a responsabilidade da 
família, as competências dos gestores escolares, o respeito aos valores culturais, artísticos e históricos da comunidade aqual o estudante pertence. Aqui foram destacados os artigos do estatuto em que estão explicitados os direitos e os deveres 
(clique para ver o texto da lei): 
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, 
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - direito de ser respeitado por seus educadores; 
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; 
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; 
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. 
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da 
definição das propostas educacionais. 
 
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; 
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da 
autoridade competente. 
§ 3º - Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos 
pais ou responsável, pela frequência à escola. 
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da 
autoridade competente. 
§ 3º - Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos 
pais ou responsável, pela frequência à escola. 
 
“O Estatuto da Criança e do Adolescente mudou os paradigmas em relação ao menor, reconhecendo-o como sujeito de 
direitos, assegurando-lhe, entre outros, o direito fundamental à educação. Portanto mudou a lei que alterou a relação 
entre a criança, o adolescente e a educação. Todavia indaga-se: mudou a formação do professor? A sua formação 
contempla a questão da cidadania infanto-juvenil? A mudança da lei proporcionou alteração em sua prática diária na sala 
de aula? ” (Ferreira, Luiz Antônio M. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Professor – reflexos na sua formação e 
atuação. S.P.: Cortez, 2008, p. 16) 
A formação docente precisa acompanhar esses novos tempos iniciados com a publicação do Estatuto. É necessário 
incorporar novos conhecimentos na sala de aula e novas posturas que reconheçam os direitos das crianças e jovens 
cidadãos. A falta de informação sobre o dispositivo legal em questão acarreta problemas nas escolas, desrespeitos 
generalizados, violências indiscriminadas. O conhecimento da lei por todos os envolvidos no processo de aprendizagem 
contribuirá sobremaneira para a garantia desses direitos. 
O Estatuto e a Constituição: O texto do estatuto está em consonância ao que prevê o texto constitucional, que afirma: 
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração 
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação 
para o trabalho. As crianças e os jovens adolescentes devem ser vistos como pessoas que estão em processo de 
desenvolvimento, sujeitos de direitos e passiveis de proteção integral: 
 Crianças: pessoas até 12 anos 
 Adolescentes: pessoas entre 12 e 18 anos 
 Casos excepcionais, previstos na lei, esse entendimento se estende até os 21 anos 
Mundo ideal versus mundo real: 
A questão principal, contudo, é a de implementar o conteúdo que o Estatuto apresenta. Não basta que os textos legais se 
mostrem avançados em suas formulações, o fundamental é que os avanços se apresentem em conquistas sociais. 
Infelizmente vivemos diante de uma realidade que em nada favorece grande parcela de crianças e adolescentes que ainda 
vivem sem as mínimas condições de dignidade. 
Observando a tabela de 2006, 16 anos após a criação do ECA, 
responda: Podemos considerar que a legislação foi cumprida 
integralmente em todas as regiões do País? Não. Ao observarmos a 
tabela vemos muitas crianças e jovens ainda se encontram 
excluídas do processo educacional Brasileiro. Percebemos que os 
índices de crianças entre 0-3 anos, matriculadas em escolas de 
educação infantil, ainda é muito baixo. É necessário que a 
sociedade, através de movimentos organizados, exija os seus 
direitos e de suas crianças e adolescentes e faça cumprir a lei. 
Começando a terminar... 
É fundamental, portanto, que todo professor conheça o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente para que possa 
contribuir no cumprimento de suas determinações, além de acompanhar a sua aplicação. Ferreira (2008:109) entende que 
educação e cidadania são indissociáveis, pois somente a educação assegura o exercício pleno da cidadania. Pela educação, 
os alunos serão capazes de exigir direitos e de cumprir deveres. 
Fazer cumprir significa criar condições de manter todas as crianças nas escolas. Além disso, interessa também ao educador 
conhecer o Conselho Tutelar, seu funcionamento e atuação. Este é o órgão que recebe as denúncias e assegura o 
cumprimento dos termos do estatuto. É composto por conselheiros eleitos na comunidade, que tem como objetivo 
acompanhar os casos de violações. 
AULA 7: A POLÍTICA EDUCACIONAL DOS ANOS 90 
 
A ideologia neoliberal, apresentada como única via para enfrentar a crise econômica nacional, ocupou paulatinamente 
credibilidade junto às elites brasileiras e tornou-se hegemônica a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A 
política educacional brasileira dos anos 90 foi implementada através de um conjunto articulado de reformas, com 
orientação do Banco Mundial, de acordo com o que preconizava tal ideologia no que tange à educação. No vídeo acima, 
você vê parte da campanha para reeleição de FHC (1998). 
 
Quem é o Banco Mundial? 
ORIGEM: A Fundação do Banco Mundial (BIRD) está vinculada a fundação do FMI, no ano de 1944, na Conferência de Bretton 
Woods. Como resultado da preocupação dos países centrais com o estabelecimento de uma nova ordem internacional no 
pós-guerra. No início, o papel de destaque cabia ao FMI; a atuação do Banco Mundial estava apenas voltada para a 
reconstrução do Continente europeu, de forma a assegurar a hegemonia do sistema capitalista e os interesses da economia 
americana sobre o mercado desse continente. 
ORGANOGRAMA: O Grupo do Banco Mundial compreende: a) o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento 0 
BIRD; b) a Corporação Financeira Internacional – IFC; c) O Organismo Multilateral de Garantia de Investimentos – MIGA; d) 
a Associação Internacional de Desenvolvimento – IDA; e) Centro Internacional para a Resolução de Disputas sobre 
Investimentos - ICSID. Em 1992, o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) passou para a coordenação do Banco, 
tornando-se o maior gestor de recursos para o meio ambienteno âmbito global. 
POLÍTICA DE ATUAÇÃO: Como podemos observar, tanto na Europa, como nos países periféricos, a política de 
financiamento do FMI e do Banco Mundial está intimamente associada a defesa dos interesses econômicos do EUA que, 
após a 2 guerra mundial, assume a liderança política e econômica do Bloco Capitalista. Portanto, cabe destacar que os 
Organismos Internacionais estão fortemente vinculados aos Estados Nacionais, sobretudo aos EUA. 
POLÍTICA DE FUNCIONAMENTO: O poder de decisão dos países no Banco Mundial e no FMI não se dá através do voto 
individual de cada país, mas sim em função do capital depositado por cada um deles no Fundo. Sendo assim, desde a 
fundação até hoje existe uma divisão entre Europa e EUA, de modo que sempre o presidente do Banco Mundial é um 
americano, e do FMI indicado pela União Europeia. O financiamento, não é o único nem o mais importante papel 
desempenhado pelo Banco no setor social, mas sim o caráter estratégico que vem desempenhando no processo de 
reestruturação neoliberal dos países dependentes. 
 
A crise do endividamento, vivida pelos países da América Latina a partir dos anos 80, possibilitou uma maior interferência 
do Banco na política interna dessas nações. Sob essa perspectiva, o Banco Mundial, no final dos anos 80, formulou um 
conjunto de reformas a serem aplicadas nos países endividados para atender às necessidades de expansão do capital 
internacional. Essas reformas, que ficaram conhecidas como “Consenso de Washington”, defendiam principalmente: a) o 
equilíbrio orçamentário mediante a redução dos gastos públicos; b) a abertura comercial; c) a liberalização financeira; d) 
a desregulamentação dos mercados internos; e) a privatização das empresas e dos serviços públicos. 
Embora esses países pudessem enfrentar recessão e aumento da pobreza num primeiro momento de implantação das 
reformas, só assim, afirmava o Banco, seria possível retomar o crescimento econômico. Enfim, retomar o desenvolvimento 
sustentável. No vídeo acima, você vê o anúncio da então Ministra da Economia do Governo Collor anunciado um pacote 
econômico, em 16/03/1990. 
Economia e política social: 
O princípio de política social focalizada na pobreza, expressa nos documentos do Banco Mundial, reflete uma concepção 
de atendimento mínimo para aqueles que não podem adquirir esses serviços no mercado. Entretanto, tal posicionamento 
rompe com o princípio da igualdade de direitos, luta histórica do movimento popular. Nesse sentido a educação, como 
política social focalizada, tem lugar de destaque nas propostas do Banco Mundial para a América Latina. A reforma a 
Educação instituída para priorizar a educação inicial em detrimento dos demais níveis é um bom exemplo do papel que 
desempenhamos nessa nova ordem mundial. Ora, se as 
condicionalidades impostas pelos Organismos 
Internacionais têm nos conduzido a um processo de 
recolonização, caracterizado pelo fim do desenvolvimento 
autônomo e dependência cientifica e tecnológica, qual 
seria a necessidade de se investir numa educação de longa 
duração? 
Política educacional - lógica neoliberal: O Banco, que 
nesse momento tem a tarefa de implementar a política de 
ajuste econômico nos países periféricos, apresenta para a 
Educação um conjunto de mudanças caracterizadas como 
Reformas Educacionais da década de 90. 
Sendo assim, não há lugar para o desenvolvimento 
autônomo de todos os países nem para a inclusão de todos 
os indivíduos. É a isso que o Banco chama equidade; na 
verdade, uma distribuição desigual. 
 
Funcionamento da reforma educacional 
Nesse sentido, as Reformas Educacionais indicadas pelo Banco Mundial apresentaram basicamente dois eixos. O primeiro 
voltado para uma educação racional e eficiente, capaz de reduzir os custos, o que implica na divisão de responsabilidades 
entre o Estado e a sociedade. O segundo, centrado na qualidade do ensino em função do diagnóstico apresentado pelo 
Banco acerca dos principais problemas da educação. 
Tais problemas estão relacionados ao acesso e permanência dos alunos na escola, crescimento acelerado da demanda de 
educação secundária e superior, alfabetização de adultos e aprofundamento da distância entre países da OCDE 
(Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da América Latina e Caribe. 
Política neoliberal para a educação 
A concepção neoliberal que passou a orientar essa política educacional tratou a educação não mais como um direito do 
cidadão, mas sim como uma mercadoria. Não seria por outro motivo que, Paulo Renato Souza, um economista que foi 
ministro da educação nos dois governos de Fernando Henrique, tenha ocupado uma vice-presidência no Banco 
Interamericano de Desenvolvimento (BID). 
A educação ocupou um papel relevante na reforma do Estado brasileiro. Para tanto, o primeiro governo de Fernando 
Henrique (1995-1998) sofreu uma profunda reformulação, tomando como base o conceito de equidade social da forma que 
aparece nos estudos produzidos pelos Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien. 
Por equidade podemos entender a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por alguns grupos sociais à totalidade 
das populações, sem, contudo, ampliar na mesma proporção às despesas públicas para esse fim (cf. Oliveira, 1999:74). 
Descentralização do ensino ou da responsabilidade? 
A “Conferência de Educação para Todos” (Março de 1990, em Jomtien) estabeleceu como orientação priorizar o ensino 
fundamental em detrimento dos demais níveis de ensino. Ainda, defendeu que a tarefa de assegurar a educação é de 
todos os setores da sociedade. De acordo com essa postura, o dever do Estado foi relativizado. 
 
A teoria na prática 
O eixo descentralização/racionalização tem, na 
municipalização do ensino e na criação do Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério 
(FUNDEF), a principal articulação do governo federal 
para ampliar o atendimento ao ensino fundamental, 
sem aumentar os recursos destinados a esse nível de 
ensino. O governo federal repassa aos municípios, 
muitas vezes as unidades mais pobres da Federação, 
a responsabilidade com esse nível de ensino, como 
bem podemos observar no quadro a seguir: 
Síntese da Aula: A política educacional desse modelo de Estado Capitalista, implantado no Brasil de forma dominante a 
partir do governo de Fernando Henrique Cardoso, tem na municipalização da educação e no FUNDEF os elementos 
fundamentais da atual política econômica. Com essa descentralização, o Estado repassa a responsabilidade do 
investimento na educação para outros setores da sociedade. Porém, a formulação e o controle da aplicação dessa política 
são altamente centralizados, o que não permitiu a participação da sociedade na sua elaboração. 
 
 
AULA 8: A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL: 
ELABORAÇÃO, CARACTERÍSTICAS, AVANÇOS E RETROCESSOS 
 
Nessa aula você vai estudar o processo de elaboração da atual LDBN 9394/96, no governo de Fernando Henrique, em um 
contexto de Reestruturação do Estado, no qual a educação exerceu um papel preponderante na política Nacional. No vídeo 
acima, você vê uma brincadeira que relaciona parte do cotidiano de sala de aula com a realidade brasileira, tudo regado 
a uma paródia de música. 
 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN 9394/96 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é considerada a lei 
maior da educação no país, e está subordinada à Constituição Federal 
e situa-se logo abaixo dela, definindo de uma maneira geral a nossa 
educação. Por ter um caráter abrangente, necessita de 
regulamentação, ou seja, de legislação específica para vários de seus 
dispositivos. 
Segundo Demerval Saviani, fixar as diretrizes da educação nacional: 
“(...) não é outra coisa senão estabelecer os parâmetros, os 
princípios, os rumos que se deve imprimir à educação nopaís. E ao se 
fazer isso estará sendo explicitada a concepção de homem, sociedade 
e educação através do enunciado, dos primeiros títulos da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional relativos aos fins da 
educação, ao direito, ao dever, à liberdade de educar e ao sistema de 
educação bem como à sua normatização e gestão”. (Saviani, 1998, 
p.189). A LDB sancionada sem vetos pelo Presidente da República em 
20 de dezembro de 1996, é resultado de 8 anos de tramitação no 
Congresso Nacional e muita mobilização da sociedade. 
 
As mudanças no caminho: Entretanto, ainda em 1992 depois do projeto da câmara já completar 3 anos de debate e de 
intensa negociação, repentinamente surge no senado um novo projeto do senador Darcy Ribeiro. 
 Este projeto, oriundo de um intelectual que historicamente esteve ao lado das forças progressistas da sociedade 
brasileira, além de respeitar todo um processo democrático voltado para a elaboração da LDB, colocou-se a serviço 
do novo governo eleito na defesa dos interesses das forcas conservadoras. 
 
 
A Nova LDB – Texto final 
O texto final da atual LDB deve ser compreendido no processo de disputa de projeto político pelo qual passa o país no 
período final de seu longo trajeto na Câmara e no Senado. A vitória do projeto conservador, no final de 1994, liderado por 
Fernando Henrique Cardoso, significou para o país o avanço da política neoliberal, na qual o mercado se sobrepõe aos 
interesses da maioria da população. O resultado desse processo poderia ser assim enumerado: 
1. Redução do dever do Estado com a universalização da educação básica – ao responsabilizar o poder público 
somente pela oferta obrigatória e gratuita do ensino fundamental e ao diminuir o compromisso da União para com a 
educação pública através da transferência de encargos para as esferas administrativas de nível estadual e municipal, 
a nova LDB acaba rompendo com o conceito de obrigatoriedade da educação básica, consolidando o disposto na 
emenda constitucional n° 14, que diz caber à União uma ação meramente suplementar no financiamento da educação. 
2. Fragmentação da concepção de Sistema Nacional de Educação – o que estabelece a nova LDB é uma mera 
justaposição dos poderes municipal, estadual e federal, tendo sido os respectivos conselhos descaracterizados e 
destituídos de autonomia política, de representatividade social e de responsabilidade de conduzir e acompanhar a 
implementação das políticas educacionais. 
3. Recursos financeiros – alguns aspectos importantes que constam na nova LDB acerca do financiamento da Educação 
têm origem no projeto da Câmara de Deputados debatido exaustivamente com a sociedade. Sendo assim, vamos 
destacar em primeiro lugar, a fixação de prazos para o repasse dos valores do caixa da União, dos estados e dos 
municípios ao órgão responsável pela educação. Outro ponto positivo é a delimitação do que pode e do que não pode 
ser considerado como despesa de manutenção e desenvolvimento do ensino. Essa medida estava presente no projeto 
original, e sua permanência representou uma importante conquista para o controle dos recursos públicos pela 
sociedade. No entanto, a lei aprovada não garantiu que os recursos públicos fossem destinados apenas para a educação 
pública, o que significou, mais uma vez, a vitória do setor privado ao manter o financiamento público para esse setor. 
4. Descaracterização do profissional da educação – ao não estabelecer um piso salarial profissional nacional, a nova 
lei descaracteriza a figura do professor, descrevendo-a a partir de suas responsabilidades, ou a partir de sua formação. 
5. Finalmente, os artigos 74 e 75 que tratam, respectivamente, do custo mínimo por aluno e da ação supletiva e 
redistributiva da União e dos estados, conjugados à emenda constitucional de n°14 e a Lei 9.424/96 que criou o Fundo, 
expressam a política educacional do governo federal, que propõe ao país uma educação mínima com obrigatoriedade 
apenas para o ensino fundamental, abrindo o terreno para a ação da iniciativa privada nos outros níveis da educação 
nacional. 
 
SÍNTESE DA AULA: Nesta aula estudamos a trajetória da LDBN – 9394/96, a estratégia utilizada pelo Ministério da Educação 
para aprovar a proposta oficial e as principais características dessa Lei. 
 
 
AULA 9: A NOVA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) E O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
 
O vídeo acima nos leva a fazer um questionamento: qual o melhor formato a ser escolhido para a educação? No Brasil, a 
educação, sobretudo a de escolas públicas, ainda é precária. Os professores são mal pagos, os alunos têm dificuldade de 
aprender e o sistema educacional é deficiente. O governo, na tentativa de minimizar a precariedade desse cenário, cria 
medidas de fomento a iniciativas públicas e privadas que visam dar subsídios para melhorar a qualidade de ensino no país. 
Nesta aula, vamos ver o que foi a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e como desta surgiu o 
Plano Nacional de Educação (PNE). 
A nova lei de diretrizes e bases da educação - Da prevenção, dos produtos e dos serviços: 
Principais Características: 
 A atual LDB (LEI 9394/96) foi sancionada pelo então presidente FHC e pelo Ministro da Educação Paulo Renato 
em 20/12/1996. Trouxe diversas mudanças em relação as leis anteriores, como a inclusão da educação infantil 
(creches e pré-escolas) como primeira etapa da educação. 
 Formação de docentes para atuar na Educação básica de nível superior, sendo aceito para a educação infantil e 
4 primeiras séries do ensino fundamental com formação em curso normal do ensino médio; 
 Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia ou pós-graduação; 
 A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus respectivos orçamentos na 
manutenção e desenvolvimento do ensino público; 
 Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas; 
 Prevê a criação do Plano Nacional de Educação; 
 
O Plano Nacional de Educação (PNE) 
1. DIRETRIZES: O PNE é um plano de governo que estabelece diretrizes, metas e prioridades para o setor 
educacional brasileiro, com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino em todo o país. Entre as principais 
diretrizes estão a universalização do ensino em todo o Brasil e a criação de incentivos para que todos os alunos 
concluam a educação básica; 
2. ORIGEM: O PNE foi elaborado pelo MEC, fundamentado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). 
O MEC contou com a participação de mais de 60 entidades, entre sindicatos, associações. Conselhos e secretarias 
de educação. O plano foi enviado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional em dezembro de 1997. Parlamentares 
apresentaram um projeto substitutivo e após muitos debates e a criação de emendas, o plano foi aprovado no final 
de 2000 e sancionado pelo então presidente FHC em 9 de janeiro de 2001; 
3. AÇÃO: Agora o PNE virou Lei e por isso suas metas deverão obrigatoriamente ser cumpridas até o final desta 
década. O coordenador do plano e o MEC. Já os Governo Federal, estaduais e municipais são os responsáveis por 
colocá-lo em prática. A estratégia adotada foi a criação de Políticas Públicas de Educação e de desenvolvimento 
social. Como recurso financeiro, o governo utilizara 5% do PIB (aproximadamente 52 bilhões de reais). 
O embate que resultou na criação do PNE: “O Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo MEC, traça as diretrizes e 
metas para a Educação Brasileira, que devem ser cumpridas até o final desta década”. A demora do Governo Federal para 
elaborar uma proposta de plano não fez com que a sociedade ficasse parada. Liderada pelo Fórum Nacional em Defesa da 
Escola Pública, a sociedade organizada formulou e aprovou, no 1º e no 2º Congresso Nacional de Educação (Coned), uma 
proposta de PNE da sociedade brasileira. A proposta de plano que surgiu dessa mobilizaçãofoi apresentada ao Congresso 
Nacional antes da do governo pelo deputado Ivan Valente, que reuniu assinaturas de “mais de setenta parlamentares e de 
todos os líderes dos partidos de oposição” (Valente: 2002 97). 
Proposta do Governo X Proposta da Sociedade 
 As consequências do PNE do governo para a sociedade: Seguindo suas logicas características, para os liberais o 
Estado deve agir com neutralidade frente as distintas concepções de bem que aparecem dentro de uma 
determinada comunidade, devendo assim permitir que a vida pública seja um resultado espontâneo dos livres 
acordos celebrados pelos particulares. 
 O que o projeto da sociedade pretendia? Já os comunistas, ao contrário, o Estado deve ser um Estado ativista, 
comprometido com certos planos de vida e também com certa organização da vida pública. Este compromisso 
estatal pode chegar a implicar – segundo alguns comunistas – na promoção de um ambiente cultural rico que 
melhore a qualidade das opções dos indivíduos, a proteção de certas práticas ou tradições consideradas essenciais 
para a comunidade, criação de fóruns para discussão coletiva acerca de temas de interesse da comunidade, entre 
outros. 
 
Entenda as diferenças entre o PNE defendido pela sociedade brasileira e o PNE aprovado: Entre o PNE defendido pela 
sociedade e o PNE aprovado pelo governo existem diferenças substanciais. Veja agora essas diferenças e perceba como o 
poder do governo influenciou o rumo dado as diretrizes da educação no país. 
 
 
 
 
 
Aula 10: Financiamento da Educação e suas vertentes – Emenda constitucional nº 14, FUNDEF, FUNDEB 
 
Esta é a última aula dessa disciplina. Agora que você já possui um conhecimento das políticas educacionais brasileira dos 
últimos anos, precisa compreender como elas se concretizaram. Para isso, nada melhor que buscar este entendimento na 
composição, distribuição e fiscalização das verbas alocadas na educação. Também é necessário estudar a política de 
fundos, a nível estadual, utilizada desde 1998, com a implantação do FUNDEF e, posteriormente, do FUNDEB, que mascarou 
a questão fundamental discutida por estudiosos do financiamento, que apontam a necessidade de ampliar as verbas 
destinadas à educação, para que o Brasil possa superar os problemas educacionais que se arrastam ao longo da nossa 
história. Em 1995, ano em que FHC assumiu o governo, qdo os movimentos organizados da sociedade civil lutavam juntos 
ao Congresso para aprovar o Projeto de Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, o governo apresenta um projeto 
de emenda constitucional (PEC 233/95) que resultou na aprovação e promulgação, em 12 de setembro de 1996, da Emenda 
Constitucional nr 14 (EC 14). O texto da Emenda era o seguinte: “dentre outras disposições, obriga Estados e Municípios a 
aplicarem até 2006, pelo menos, 60% do percentual obrigatório mínimo de 25% (ou seja 15%) da receita de impostos no 
ensino fundamental”. Essa Emenda criou, no âmbito de cada Estado, por 10 anos, o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), regulamentado logo a seguir pela Lei 9424, 
de 24 de dezembro de 1996. 
 
FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) 
 O fundo é composto de 15% do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do Fundo de Participação dos Municípios 
(FPM), do Imposto sobre circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados 
Exportados (IPI-Exportação), que representam recursos de impostos e transferências destinados a manutenção e 
o desenvolvimento do ensino fundamental e são distribuídos para as redes estaduais e municipais segundo suas 
respectivas matriculas. 
 Ao criar o fundo, o governo federal determinou que estados e municípios passassem a redistribuir parte do seu 
orçamento de acordo com o número de alunos matriculados no ensino fundamental regular, o que forcava os 
municípios que atendiam prioritariamente a educação infantil, a reduzir esse atendimento e abrir vagas no ensino 
fundamental para não perder repasse feito ao fundo estatal. 
 Ao compararmos os censos de 97 e 98, percebemos que o número de matriculas no ensino fundamental aumentou 
6%, enquanto foram eliminadas 147.296 vagas na educação infantil. De posse desses dados, podemos demonstrar 
que o Governo Federal, ao criar a EC 14 e o FUNDEF, não pretendia ampliar o investimento no ensino fundamental, 
mas apenas redistribuir verbas já existentes nos Estados e Municípios. 
 Um outro fator que merece destaque é o valor estipulado pelo poder 
central para o custo-aluno/ ano, desde 98, ao não obedecer a formula 
de cálculo do valor mínimo a ser gasto por aluno, como determina a Lei 
9424/96 (FUNDEF), esse valor tem sido, ano após ano, rebaixado para 
que a complementação da União seja a menor possível. “Com isso, 
calcula-se que o ensino fundamental deixou de receber cerca de 10 
bilhões de reais de recursos federais desde 98” (Pinto: 2002, 116). 
 Por outro lado, as declarações do Ministro da Educação, afirmando que 
os recursos do FUNDEF destinam-se prioritariamente à melhoria dos 
níveis de remuneração e de qualificação de professores, podem ser 
questionadas a partir do balanço do MEC ao mostrar que, na média 
nacional, considerando-se todos os níveis de formação e todas as 
jornadas de trabalho, a remuneração do magistério aumentou 12,9% no 
período de dezembro de 97 a agosto de 98. O estudo indica que o 
impacto sobre os salários foi maior nas regiões norte e nordeste, em 
especial nesta última, onde o aumento médio nas redes municipais 
alcançou 49,6%. 
 
 
 
A sociedade e o FUNDEF: 
 Podemos dizer que o FUNDEF é a resposta do governo FHC ao Acordo Nacional de Valorização do Magistério da 
Educação Básica - assinado em julho de 1994, no governo de Itamar Franco que, entre outras medidas, estabelecia 
o compromisso de se fixar um Piso Salarial Nacional de R$ 300,00. 
 A criação dos conselhos para o acompanhamento e fiscalização dos recursos do fundo pela sociedade poderia ter 
iniciado uma nova cultura de participação e fiscalização da população no orçamento dos recursos públicos, mas, 
na prática, esbarrou na relação de poder estabelecida na nossa organização social. 
 Em muitos estados e municípios, a composição desses conselhos tem sido complementada por lei específica, de 
forma a reduzir a participação relativa da sociedade civil, o que, aliado à incapacidade técnica da representação 
social para análise da documentação contábil relativa à receita do Fundo e aplicação dos recursos no ensino 
fundamental, não possibilitou, ainda, um maior controle por parte da sociedade. Isso contribuiu para o surgimento 
de uma série de irregularidades na utilização dos recursos do fundo, de forma que o mecanismo de controle social 
representou muito pouco para o avanço da participação popular na história do financiamento da educação pública. 
 
O FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) 
Foi criado em dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional nº 53, para atender toda a educação básica (creche, 
pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos). Esse fundo substituiu o FUNDEF, que só 
previa recursos para o ensino fundamental. Ele é um fundo de natureza contábil, regulamentado pela Medida Provisória 
nº 339, posteriormente convertida na Lei nº 11.494/2007. Sua implantação foi iniciada em 1º de janeiro de 2007, de forma 
gradual, com previsão de ser concluída em 2009, quando estará funcionando com todo o universo de alunos da educação 
básica pública presencial e os percentuais de receitas que o compõe terão alcançado o patamar de 20% de contribuição. 
Sua vigência está prevista para o ano de 2020, atendendo, a partir do terceiro ano de funcionamento, 47 milhões de 
alunos. Para que isto ocorra,o aporte do governo federal ao fundo, de R$ 2 bilhões em 2007, aumentará para R$ 3 bilhões 
em 2008, R$ 4,5 bilhões em 2009 e 10% do montante resultante da contribuição de estados e municípios a partir de 2010.

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