O processo do design automotivo

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Introdução ao Design de Automóveis 
Prof. Luís Schiavon 
 
O Processo de Design Automotivo 
 
Baseado em: 
Lewin, Tony; Borrof, Ryan. How to design cars like a pro – new edition. Motorbooks – MBI 
Publishing Company: Minneapolis, MN, USA, p. 74-77, 2010. 
 
Introdução 
No passado, o design automotivo era visto como a simples consideração da forma estética e 
do estilo visual dos veículos para atrair e idealmente, encantar os consumidores. Porém, com 
o passar dos anos, este conceito mudou radicalmente. 
No século XXI, o design de um veículo é um processo cada vez mais complexo. Mesmo com a 
introdução de tecnologias de design digital e virtual, que têm o potencial para facilitar e 
acelerar o processo de design, as crescentes exigências de segurança, de engenharia e de 
regulamentação ambiental, em conjunto com as demandas em constante mudança da 
legislação, fazem com que os designers automotivos tenham que considerar e ajustar muitas 
restrições de projeto. 
Para ser bem sucedido, o design tem que alcançar padrões cada vez mais altos. Além do mais, 
os designers têm que ser excelentes comunicadores para transmitir sua intenção de projeto 
para as outras disciplinas envolvidas no projeto do veículo, incluindo marketing, engenharia e 
segurança. Não menos importante é a exigência de convencer os executivos da montadora 
sobre as potenciais recompensas comerciais da execução de um projeto específico. 
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É particularmente desafiador quando se considera que os melhores designs de automóveis 
são muitas vezes aqueles que são os mais difíceis de apreciar, particularmente por um não-
designer. É também relevante considerar que quando o projeto for aprovado, o processo de 
design pode incorporar dezenas de indivíduos trabalhando juntos para criar um único 
produto. 
Uma comunicação eficaz é fundamental em todo o processo de design, a fim de conduzir com 
êxito a evolução do projeto do veículo através de um processo que tem que levar em conta 
uma gama de influências, todas causando impacto no design final. 
Os fatores que influenciam o desenho de um carro incluem: 
 Estilo; 
 Função e usabilidade; 
 Segurança para ocupantes e pedestres e a segurança do veículo; 
 Engenharia, incluindo custo, material e restrições de fabricação, tais como 
componentes e compartilhamento de uma plataforma e; 
 Cada vez mais, considerações ambientais, como reciclagem, emissões e o impacto do 
ciclo de vida do veículo. 
Todos esses fatores têm potencial para influenciar positiva ou negativamente a forma final do 
veículo. 
Embora possam existir diferenças entre as organizações, o processo de design automotivo é 
muito semelhante em todos os fabricantes de automóveis do mundo. Normalmente, as etapas 
do processo de design automotivo são as seguintes: 
 
Fase 1: As primeiras especificações 
É raro que um projeto de um carro seja originado somente em um estúdio de design. 
Usualmente, o desenvolvimento do veículo começa geralmente com uma série de reuniões 
estratégicas de uma equipe multidisciplinar constituída por membros dos departamentos de 
design, marketing e engenharia, os quais estabelecem parâmetros - práticos e conceituais - 
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de como o desenvolvimento do projeto vai avançar e estabelecem os prazos a serem 
cumpridos. 
Durante este período, um resumo do projeto é criado, permitindo que o processo de design 
seja iniciado. O tipo de veículo, a motorização, os materiais, o público cliente, as considerações 
de produção e preço final do veículo são determinados nesta fase. 
 
Fase 2: Geração dos esboços conceituais iniciais 
Normalmente, o chefe de design irá solicitar a alguns ou a todos os seus designers para 
desenvolverem designs conceituais inspirados pelos temas que contextualizam o estilo de vida 
e o segmento de mercado do veículo. A definição dos temas é realizada anteriormente, em 
reuniões de planejamento. 
As definições de temas podem se concentrar em elementos tais como as emoções que o 
projeto do veículo deve evocar, o contexto de um estilo de vida para o veículo ou um tema 
que sugira evolução. Podem, também, fazer referência a veículos existentes ou históricos, ter 
como ponto de referência um veículo concorrente, a fim de criar uma resposta a ele e podem 
até mesmo olhar para um contexto totalmente futurista ou perguntar "o que faríamos se 
ignorássemos tudo o que sabemos em termos de herança da marca e começássemos tudo de 
novo”? 
Após os temas serem aprovados, começa um período intenso de elaboração de esboços 
(sketches) iniciais. Elaborar esboços é uma maneira rápida e eficaz para visualizar um grande 
número de ideias. Embora este período seja altamente competitivo, os designers tipicamente 
incentivam e valorizam os projetos uns dos outros, para o bem comum. Frequentemente, os 
designs selecionados foram trabalhados por vários designers em conjunto. 
 
Fase 3: Lista final de designs (Design shortlist) 
Após serem escolhidos os sketches favoritos, mais esboços são criados a partir dessa lista final 
de possíveis projetos. Os designers que não tiveram seus projetos escolhidos serão 
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redistribuídos para trabalhar nos projetos finalistas e ajudar a gerar mais sketches mostrando 
diferentes vistas do exterior, interior e de detalhes do veículo. 
Neste ponto, muitas vezes há uma nova avaliação pelos gestores do projeto, porém isso vai 
depender de quantos projetos foram trabalhados no primeiro shortlist. Pode ser que os 
gestores decidam por um shortlist adicional ou por gerar modelos em CAD usando softwares 
como o Autodesk Alias. 
 
Fase 4: Lista final, modelagem digital e modelagem em argila 
Após serem escolhidos os designs finais, inicia-se o desenvolvimento de modelos 
tridimensionais virtuais e/ou de modelos em argila (clay). 
A modelagem digital usando CAD oferece a possibilidade de avaliar o design em diferentes 
ambientes virtuais e explorar mudanças rapidamente, com numerosas possibilidades de 
visualização em distintos ambientes virtuais. 
Por outro lado, o modelo tradicional em argila oferece a possibilidade de avaliar o design e a 
forma do veículo em dimensões reais. No caso de um modelo na escala 1:1, o design pode ser 
percebido e compreendido no tamanho real. Os modelos em argilas são muitas vezes expostos 
à luz do dia para melhor avaliar as superfícies, linhas, e vincos. Os modelos em clay também 
oferecem a vantagem dos designers poderem andar ao redor do veículo, para melhor apreciar 
diferentes pontos de vista e perspectivas. 
Os diretores de design podem preferir um ou outro método, ou utilizar ambos, o que acontece 
frequentemente. Usualmente, os modelos em argila são produzidos a partir de dados em CAD. 
 
Fase 5: Design do interior 
Geralmente, o design do interior começa em torno de três meses depois do início do design 
do exterior do veículo. O design do interior de um carro é mais complexo, incorporando um 
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maior quantidade de superfícies e de limitações de materiais e envolve os designers 
trabalhando em conjunto com especialistas em cores e acabamento. 
A equipe de cores e acabamento pesquisa e cria modelos de cores, materiais e texturas para 
o design do interior, em linha com os requisitos de estilo definidos para o veículo, levando em 
consideração custo, peso e restrições de segurança. 
Assim como no design do exterior, designers competem e depois colaboram no design do 
interior do veículo. Quando o design final é escolhido, inicia-se a modelagem digital em 3D 
para gerar dados matemáticos para construção do protótipo final. 
 
Fase 6: Modelo final e construção do protótipo 
Após a modelagem matemática ser finalizada, as peças e componentes do protótipo podem 
ser produzidos.Muitas vezes é produzido um protótipo funcional, que pode ser montado no 
estúdio de design ou construído em outro local, por um fornecedor especializado. 
 
Fase 7: Viabilidade 
Após a aprovação do design final, a partir do modelo em argila em tamanho real são criados 
novos modelos digitais 3D e são gerados os dados finais para serem usados pela engenharia e 
nas operações de manufatura para desenvolvimento dos componentes definitivos e do 
ferramental de fabricação. 
 
Etapa 8: Aprovação final 
A direção da montadora concede a aprovação final ao projeto e autoriza o início da produção 
do veículo.