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a PUC de Campinas também abriu seu curso sob a direção do Dr. Mauro Spinelli. Em 1972, foi o Instituto Henry Dunant do Rio de Janeiro que deu início ao seu curso de Fonoaudiologia. Estes foram os primeiros cursos. E neste mesmo ano, segundo TEIXEIRA (1993), surgiu na PUC-SP o programa de Pós-graduação em Audiologia. Dez anos depois, surgiu na EPM – Escola Paulista de Medicina – o curso de Pós-graduação em distúrbios da Comunicação Humana como mais uma opção para os profissionais que queriam prosseguir a trajetória acadêmica. Paralelamente, em alguns lugares do mundo, a profissão estruturava-se. As publicações e o próprio trabalho clínico eram os principais meios de divulgação. Os problemas de voz, fala, linguagem e audição, que antes simplesmente “o tempo curava” ou os práticos tratavam, passaram a ser tratados por profissionais de nível superior. À medida que cresceu o número de profissionais formaram-se os órgãos de classe. Nos Estados Unidos da América formou-se a American Speech and Hearing Association (ASHA) que recentemente passou a se chamar American Speach, Hearing and Language Association, tendo a sigla continuado ASHA. Este é um órgão de classe forte que congrega um grande número de profissionais cuja maioria tem pelo menos mestrado. Já que em grande parte dos estados americanos a legislação só permite que o profissional trabalhe após concluído o Mestrado. Ainda na década de 1960 foi elaborado nos Estados Unidos da América um código de ética que deve ser conhecido e cumprido por todos os profissionais. Este código e periodicamente revisto e publicado pela revista editada pelo ASHA. No Brasil, o primeiro órgão de classe foi a Associação Brasileira de Fonoaudiologia, ABF, com sede em São Paulo, fundada em 1962. Sua primeira presidente foi a fonoaudióloga Maria Cerqueira. A ABF, posteriormente foi desmembrada em secções regionais e sua sigla passou a ser ASFa. Surgiram, em seguida, outras associações, que congregavam não apenas fonoaudiólogos, mas médicos e profissionais de áreas afins. Como ABRAFA (Associação Brasileira de Foniatria e Audiologia) e a ABRAPES (Associação Brasileira de Profissionais do Ensino da Saúde) que teve duração efêmera. O caminho de Fonoaudiologia no Brasil seguiu principalmente o modelo americano. O vestibular para o curso de Fonoaudiologia, que antes era separado dos outros cursos, passou a ser unificado. Começamos então a adquirir o “status” de curso superior. Foi um caminho longo e árduo. “Grandes brigas” aconteceram por causa deste famoso “status” de nível superior. Havia grande interesse do Conselho Federal de Educação e do DAU (Departamento de Assuntos Universitários) em regulamentar o curso de Fonoaudiologia como um curso superior, mas de curta duração. Se assim fosse, o fonoaudiólogo não seria um profissional autônomo, mas um tecnólogo, isto é, um profissional subordinado a outro profissional de nível superior de longa duração. Nós teríamos o mesmo status do técnólogo em “tanantes” e “cortumes”. Teríamos um curso do mesmo nível. O Curso de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina estava orientado nestes moldes e seu diretor unia-se ao DAU para defender este modelo. Por sorte, o DAU (Departamento de Assuntos Universitários)m do MEC, patrocinou várias reuniões com coordenadores de todos os cursos de Fonoaudiologia no Brasil. Para discutir sobre os cursos de Fonoaudiologia, sobre a profissão de fonoaudiólogos e nosso lugar nesse mundo de profissões. O difícil é que haviam muitos médicos no grupo. Em agosto de 1975, foi assinado um documento solicitando que o curso de Fonoaudiologia tivesse o “status” de curso superior de longa duração. As exigências do Conselho Federal de Educação eram grandes. Primeiro foi enviado um plano de curso para ser analisado e aprovado. Depois o perfil do profissional fonoaudiólogo e até um projeto de lei. Os anos de 1975 e 1976 foram os em que se lutou pela aprovação do plano de curso de fonoaudiologia e aprovação do currículo mínimo para os mesmos. O primeiro curso aprovado foi o de Santa Maria, Rio Grande do Sul, depois foi aprovado o curso de fonoaudiologia da PUC de Campinas e logo em seguida o da PUC – SP. Em seguida, foi aprovado o curso de fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina. O primeiro currículo mínimo do curso de fonoaudiologia foi aprovado em 8 de julho de 1976. Paralelamente tentávamos a regulamentação da profissão de fonoaudiólogo. A primeira tentativa de organizar e legalizar esta profissão nascente aconteceu em 1971 com a apresentação de um projeto de Lei pelo Senador André Franco Montoro. Este primeiro projeto de Lei foi devolvido para que os fonoaudiólogos chegassem a um acordo com relação ao termo usado para designar a área e a profissão: Logopedia e logopedistas, terapia da palavra e terapeutas da palavra (preferência do Rio de Janeiro), a fonoaudiologia e fonoaudiólogos (preferência de São Paulo). Coube aos fonoaudiólogos, durante muito tempo, a tarefa de lutar sozinhos pelo seu reconhecimento na sociedade, por seu lugar no grupo de profissionais liberais de nível superior. Essa luta foi feita por cada um no seu cotidiano, na sua tentativa de crescer profissionalmente e mostrar para a sociedade um trabalho de qualidade, útil para a população. A profissão começou então a se tornar conhecida e respeitada. Os fonoaudiólogos passaram a ser vistos como membros da equipe integrada por outros profissionais: psicólogos, médicos, dentistas, pedagogos, fisioterapeutas, cuja legalidade da profissão já tinha sido conquistada. Depois de tantas lutas, em 1981 o Deputado Otacílio de Almeida juntou todos os outros projetos anteriores e conseguiu a aprovação em 9 de Dezembro de 1981, o que resultou na lei número 6965, homologada pelo Presidente da República. O papel da Associação Brasileira de Fonoaudiologia nessa luta foi decisivo. As diretorias que assumiram as gestões de 1979 e 1981 empenharam-se grandemente. Elas uniram as classes dos fonoaudiólogos e formaram a Comissão Nacional, nossa bandeira na luta pela oficialização da profissão. Com profissionais bem formados foi possível o incentivo ao trabalho científico. De acordo com GOLDENBERG(1998), durante os anos seguintes, os fonoaudiólogos viveram com intensidade o dilema de “mudar” ou “permanecer”, coexistindo um padrão de ser fonoaudiólogo como um técnico mero repetidor de exercícios aprendidos durante a graduação e um novo modelo de fonoaudiólogo que pesquisa, que estuda, que divulga seus trabalhos científicos. Os congressos científicos, as revistas cientificas, a publicação de livros de fonoaudiólogos brasileiros e os cursos de especialização e mestrado contribuíram fortemente para a cientificidade da Fonoaudiologia pudesse avançar. E com isso, a fonoaudiologia está navegando outros “mares nunca dantes navegados”, que conduzem o nosso saber para um saber plural. “A globalização referida não diz respeito apenas a áreas do saber, mas refere-se, também, mais concretamente ao romper barreiras geográficas. Agora não adotamos apenas a postura antiga de trazer profissionais do exterior para aprender mais com eles. No também rompemos as barreiras geográficas do Brasil. Agora nós também vamos ao exterior para ensinar, para apresentar trabalhos científicos em congressos, para mostrar nossos avanços, o que nos deixa em pé de igualdade com nossos colegas de outros países”. MEIRA (1997). E navegando nestes mares o fonoaudiólogo passou a conversar de igual para igual com profissionais de áreas afins sobre problemas inerentes aos seus clientes e as suas profissões. MARCHESAN (1994), relata que o fonoaudiólogo deve compreender com precisão qual é a conduta que o outro profissional, (seja ele