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Concurso de pessoas É quando o fato punível foi obra de vários agentes. A reunião de pessoas no cometimento de uma infração penal dá origem ao concurso de pessoas. Responde pelo ilícito o que ajudou a planejá-lo, o que forneceu os meios materiais para a execução, o que intervém na execução e o que colaborou na consumação. obs: não entram no âmbito da codelinquência as condutas praticadas após a consumação do crime. Teorias: a) Pluralística: para essa teoria, a cada participante corresponde uma conduta própria e um resultado particular, existindo tantos crimes quantos forem os participantes. Ex: 5 pessoas, 5 crimes de roubo. b) Dualística: segundo essa teoria há dois crimes: um para os autores, aqueles que realizam a atividade principal, e o outro para os partícipes, aqueles que desenvolvem atividade secundária. c) Monística: o fenômeno da codelinquência deve ser valorado como constitutivo de um único crime, para o qual converge todo aquele que voluntariamente adere à prática da mesma infração penal. Para responder a pergunta de como deve ser valorada a conduta individual daqueles que participaram do mesmo crime, existem dois modelos: 1. sistema unitário de autor, onde todos são considerados autores e não há distinção entre as condutas praticadas; 2. sistema diferenciador, onde o crime é praticado como resultado da ação de sujeitos principais e secundários. Requisitos: a) Pluralidade de participantes e condutas: é necessário que se tenha a concorrência de mais de uma pessoa na infração penal. Alguns praticam o fato material típico, representado pelo núcleo do verbo, enquanto outros limitam-se a instigar, induzir, etc. b) Relevância causal de cada conduta: a conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui “participação”, pois precisa ter eficácia causal, provocando, facilitando ou estimulando a realização da conduta. c) Vínculo subjetivo entre os participantes: adesão voluntária visando fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à responsabilidade pelas consequências. d) Identidade de infração penal: para que o resultado possa ser atribuído a todos, tem que consistir em algo juridicamente unitário. Autoria 1. Conceito extensivo de autor: tem como fundamento a ideia básica da teoria da equivalência das condições, onde todo aquele que contribui com alguma causa do resultado é considerado autor, não sendo possível estabelecer a distinção entre autoria e participação. Contudo, essa distinção deveria ser feita em face da lei, que a reconhece, estabelecendo penas diferentes para autor, indutor e cúmplice. Por isso, o conceito extensivo vem unido à teoria subjetiva de participação, onde autor é quem realiza uma contribuição causal ao fato, seja qual for o seu conteúdo, com vontade de autor, enquanto partícipe é quem possui vontade de partícipe. 2. Conceito restritivo de autor: somente é autor quem realiza a conduta típica descrita na lei, ou seja, quem pratica o núcleo do tipo. As espécies de participação, instigação e cumplicidade, somente poderão ser punidas através de uma norma de extensão, sendo necessário que o legislador especifique. Autoria mediata É autor mediato quem realiza o tipo penal servindo-se, para execução da ação típica, de outra pessoa como instrumento. Deve apresentar-se como obra da vontade reitora do “homem de trás”, o qual deve ter absoluto controle sobre o executor do fato. O executor, na condição de instrumento, deve encontrar-se absolutamente subordinado ao mandante. As hipóteses mais comuns de autoria mediata decorrem do erro, da coação, e do uso de inimputáveis para a prática de crimes. Todos os pressupostos necessários de punibilidade devem encontrar-se na pessoa do “homem de trás”, no autor mediato. Coautoria É a realização conjunta, por mais de uma pessoa, de uma mesma infração penal. É, em última análise, a própria autoria. Fundamenta-se no princípio de divisão de trabalho, em que todos tomam parte, de tal modo que cada um pode ser chamado de autor. Na coautoria não há relação de acessoriedade, mas a imediata imputação recíproca, visto que cada um desempenha uma função fundamental na consecução do objetivo comum. Participação em sentido estrito A participação em sentido estrito, como espécie de gênero do concurso de pessoas, é a intervenção de fato alheio. O partícipe não pratica a conduta descrita pelo preceito primário da norma penal, mas realiza uma atividade secundária que contribui. A norma que implica a punição ao partícipe é determinada através de uma ampliação da punibilidade de comportamentos. Espécies de participação: instigação e cumplicidade (ex: emprestar arma do crime). Fundamentos da punibilidade da participação: a) Teoria da participação na culpabilidade: o partícipe é punido pela gravidade da influência que exerce no autor. b) Teoria do favorecimento ou da causação: fundamento reside no fato de ter favorecido ou induzido o autor a praticar um fato socialmente intolerável. O agente é punido porque na sua ação ou omissão contribui para que o crime fosse cometido. Concurso em crime culposo A doutrina brasileira admite a coautoria em crime culposo, rechaçando a participação. Pode existir um vínculo subjetivo na realização da conduta, que é voluntária, inexistindo, contudo, tal vínculo em relação ao resultado, que não é desejado. Ex: passageiro que induz taxista a acelerar, contribuindo para um atropelamento. Concurso em crime omissivo A participação no crime omissivo ocorre normalmente através de um agir positivo do partícipe que favorece o autor a descumprir o comando legal. Ex: paciente que instiga médico a não comunicar enfermidade contagiosa às autoridades. Autoria colateral Quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a contribuição da outra, realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração. É o agir conjunto de vários agentes, sem reciprocidade consensual. A ausência do vínculo subjetivo entre eles é o elemento caracterizador. Cada um responderá pelo crime que cometeu. Participação impunível: a participação em um crime que não chegou a iniciar não teve eficácia causal, logo, não se pode falar em participação criminosa.
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