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FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DO LEITE COMO UMA ALTERNATIVA DE RENDA AO PRODUTOR RURAL 1Josimara Simão Reis 1 Eliane Sayuri Miyagi 1 Roberta Alcântara Chandelier 1 Alessandra Fabíola Bergamasco 2 Verônica Lobato 3 Celso José de Moura 1 INTRODUÇÃO O leite produzido na propriedade rural representa, em muitos casos, não só uma alternativa de alimento de alto valor nutricional, mas também uma alternativa de incremento para a renda familiar. Desde a ordenha até a sua utilização na forma natural ou na forma de derivados, o leite necessita ser manipulado e processado com muito cuidado e higiene para a manutenção da sua qualidade nutricional, sanitária e tecnológica. O leite é um produto da secreção da glândula mamária das fêmeas no período de lactação, liberado pelo processo da ordenha. Durante o processo de obtenção, vários fatores 1 - Alunas do 10º período do Curso de Zootecnia da UFLA 2 - Professora do Departamento de Ciência dos Alimentos da UFLA 3 - Doutorando do Departamento de Ciência dos Alimentos da UFLA 1 contribuem para otimizar o produto, garantindo derivados de boa qualidade sanitária e tecnológica, sendo que o estado sanitário das fêmeas, o estado clínico da glândula mamária e a higiene na obtenção, manipulação e transporte do leite são os que mais diretamente influenciam no produto final. Pretende-se, através desse boletim, levar aos produtores rurais algumas técnicas de obtenção do leite de forma higiênica e algumas técnicas de produção de derivados que possam maximizar os lucros e minimizar os riscos de contaminação tanto do leite como de seus derivados, de forma que o processamento ocorra de forma segura e que seus produtos sejam de qualidade higiênica e tecnológica. Serão aqui abordados a matéria-prima, o uso de aditivos e os tipos de derivados do leite. Maiores informações podem ser obtidas através do Departamento de Ciência dos Alimentos da UFLA com os professores Verônica Lobato e Celso José de Moura. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATÉRIA-PRIMA 2.1 Conceito Leite é a secreção das glândulas mamárias das fêmeas mamíferas na época do processo de lactação desencadeado pela 2 gestação. É um produto normal, fresco e integral, oriundo da ordenha completa e ininterrupta de vacas sadias. 2.2 Composição O leite é um alimento composto de uma mistura dos elementos essenciais para a manutenção do recém-nascido. Esta mistura contém proteína, carboidratos, lipídeos, minerais e vitaminas dissolvidos na água, resultando em um produto de grande valor energético. Meio litro de leite na dieta de um adulto fornece cerca de 320 Kcal, calorias que são resultantes do aproveitamento destes elementos. Além do aspecto energético, ocorre o fornecimento de elementos essenciais à manutenção do equilíbrio orgânico e a possibilidade de reposição de elementos minerais essenciais ao bom funcionamento metabólico e estrutural do organismos, como ocorre na reposição mineral. Em relação à composição protéica, a caseína, a principal proteína presente no leite, apresenta boa qualidade nutricional, fornecendo uma quantidade e qualidade de aminoácidos que possui uma boa digestibilidade, de cerca de 97%. Além disso, tem uma forma de apresentação no leite que permite os processos tecnológicos para sua transformação, principalmente na fabricação de queijos. 3 Quanto ao grupo dos carboidratos, o açúcar do leite é representado pela lactose, uma das principais responsáveis pelo acidez e sabor agradável que os produtos lácteos desenvolvem. Ela não fermenta rapidamente no organismo, portanto, não provoca alterações digestivas, como acontece com outros tipos de açúcares. A lactose apresenta uma digestibilidade de 98% no organismo. O grupo lipídico do leite apresenta uma digestibilidade de cerca de 95%. Este material gorduroso tem a forma de emulsão na mistura que compõe o leite e contribui muito para o resultado energético final. A gordura do leite também é muito importante para obtenção de sabor e odor do leite e seus derivados, além de ser a base para fabricação do creme de leite e manteiga. Em relação ao grupo dos minerais do leite, deve-se ressaltar a sua grande importância nutricional, tornando o leite uma fonte prontamente disponível de cálcio e fósforo, essenciais para a estrutura dos ossos, dos dentes e de todo o funcionamento do organismo. Alguns elementos não são tão abundantes no leite, como o ferro, cuja quantidade existente é pequena, mas está na forma prontamente disponível. O leite, embora contenha quase todas as vitaminas, só é boa fonte das vitaminas A, riboflavina e cianocobalamina, não sendo considerado boa fonte das vitaminas C e D. 4 2.3 Características físico-químicas Para a obtenção de derivados de boa qualidade, além de boas condições de manejo e higiene durante a sua produção, o leite deve apresentar algumas características físico-químicas que vão conferir ao produto final sabor, odor, textura e qualidade desejáveis. Para melhor rendimento na fabricação dos derivados, prefere-se o leite que apresente um maior teor de gordura e dos outros sólidos, o que resultará em maior quantidade de extrato seco total. A acidez do leite é um parâmetro químico muito importante para a avaliação da sua qualidade para o processamento tecnológico, uma vez que reflete a resistência do leite a tratamentos térmicos e à sua transformação em produtos de boa qualidade. Sendo assim, é de suma importância determinar o grau de acidez do leite destinado ao processamento, pois seus produtos podem ser afetados profundamente na sua formação e conversibilidade. Uma maneira rotineira e rápida de avaliar a acidez do leite é o teste do alizarol, executado nas plataformas de recepção. Este teste avalia o desenvolvimento de cor indicativa do grau de acidez do leite, sendo muito rápido e prático, bastando uma mistura de partes iguais de leite com uma solução alcóolica de alizarina. 5 Outra opção de avaliação de acidez do leite é o método de Dornic, que baseia-se em uma titulação, a fim de verificar o grau de metabolização da lactose a ácido láctico, com solução básica do ácido láctico da amostra, na presença de uma substância indicadora do pH do meio, desenvolvendo uma coloração rósea. A acidez do leite varia de 12 a 20ºD (graus Dornic), sendo aceitável na faixa de 15 a 18ºD. Fora desse limite, a acidez denuncia um leite oriundo de vacas ordenhadas na fase colostral, vacas com algum problema sanitário ou nutricional, vacas com processo inflamatório e/ou infeccioso na glândula mamária que refletirá em alteração do pH do leite produzido. As infecções da glândula, a falta de higiene e a má conservação do leite são as causas mais comuns do processo de acidificação do leite, que acarretará em perda de qualidade do leite e dos seus derivados. A densidade é outro parâmetro avaliado no controle de qualidade do leite e deve estar entre 1,028e 1,032, à temperatura de 15ºC, o que significa que um litro de leite deve pesar entre 1028 e 1.032 gramas. Leites de composição diferente podem apresentar o mesmo grau de densidade. Para determinar a densidade utiliza- se um instrumento laboratorial denominado termolactodensímetro. Este teste é usualmente mais adequado em laboratório. Outro aspecto a ser considerado na composição do leite é o extrato seco desengordurado (ESD) que é a parte sólida do leite 6 exceto a gordura. O seu valor mínimo deve ser de 8,5%, ou seja, retirando-se a gordura dos sólidos do leite obtêm-se 8,5% de sólidos não gordurosos (proteína, lactose, sais minerais e vitaminas). 2.4 Aspectos relacionados à obtenção e manutenção da matéria-prima com boa qualidade. O leite é obtido da glândula mamária mediante a ordenha, que é uma operação bastante delicada, e de sua correta execução dependem a quantidade e qualidade obtidas. (TRONCO, VÂNIA MARIA, 1996). É muito importante também a higiene na hora da ordenha. De uma matéria-prima contaminada jamais se poderá obter um produto de boa qualidade. Devem, pois, ser observados alguns cuidados, relacionados a seguir, para que o leite não seja contaminado. O ordenhador deve gozar de boa saúde, deve lavar cuidadosamente as mãos antes da ordenha e estar vestido de maneira adequada. O animal deve estar limpo e contido, com a cauda presa e a região perineal higienizada e sem parasitas. O úbere também deve ser muito bem higienizado com uma solução anti-séptica, como, por exemplo, as soluções à base de iodo, e com um pano limpo ou toalha de papel. A ordenha deve ser realizada em ambiente limpo e livre de esterco. Os vasilhames que 7 entrarão em contato com o leite devem ser muito bem limpos com soluções detergentes e anti-sépticas, principalmente os clorados, enxaguados com água limpa e abundante depois postos para secar. 3 CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ADITIVOS ADICIONADOS AO LEITE NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS LÁCTEOS 3.1 Fermentos lácticos Nas indústrias, o leite é pasteurizado com a finalidade de eliminar todos os microorganismos que possam causar doenças ao homem e prejudicar a fabricação de seus derivados. Este processo, porém, apresenta o inconveniente de eliminar também os microorganismos presentes normalmente no leite e que produzem as características peculiares aos seus produtos. Assim, a utilização do leite pasteurizado na elaboração de derivados provavelmente produzirá no caso do queijo, uma massa sem sabor e com uma série de outros problemas e defeitos decorrentes da ausência desta flora própria, isto porque a pasteurização elimina também os microorganismos benéficos que dão ao produto gosto e cheiro desejáveis. Para resolver esta questão devem ser utilizados os fermentos, que têm como finalidade produzir ácido láctico, 8 melhorando os aspectos organolépticos (cor, sabor, aroma, etc.) e a conservação dos produtos. Estes fermentos lácticos são também conhecidos por culturas lácticas, fermentos iniciadores, starters ou iscas, que podem ser encontradas no comércio e, dependendo do tipo de produto que se deseja elaborar, deve-se fazer uma escolha correta do tipo, ou seja, cada produto derivado do leite tem seu fermento específico, como, por exemplo, fermento para iogurte, fermento para coalhada, fermento para queijo prato, fermento para queijo parmesão, etc.. 4 DERIVADOS DO LEITE 4.1 CONCEITO E TIPOS DE DERIVADOS DO LEITE São considerados derivados do leite aqueles produtos obtidos mediante a sua transformação ou de um dos seus componentes em um outro produto, com características organolépticas e físicas próprias. Esta transformação pode ser decorrente da fermentação (iogurte), da coagulação (queijos), do tratamento térmico com ou sem adição de outros elementos (doce de leite, leite condensado) ou da utilização de um dos seus componentes, como o creme de leite e manteiga. 9 Neste boletim serão descritos os processos de fabricação de alguns derivados como: iogurte, queijos, requeijão, ricota, manteiga e doce de leite. 5 ELABORAÇÃO DE ALGUNS DERIVADOS DO LEITE 5.1 IOGURTE 5.1.1 Conceito e tipos de iogurte Iogurte é um tipo de leite fermentado, cuja produção é decorrente do processo de fermentação do leite por microorganismos lácticos específicos, podendo ser adicionado ou não de frutas, açúcar, mel, cereais, corantes e outros ingredientes que melhorem sua apresentação e modifiquem seu sabor. O leite utilizado na fabricação do iogurte é fermentado e, posteriormente, sofre um processo de coagulação a partir da utilização de um fermento próprio composto de dois microorganismos, que são o Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus que, após fermentarem o leite, fornecem uma melhor digestão prévia dos seus principais componentes, favorecendo uma melhor assimilação, pelo organismo de certos componentes do leite, principalmente a lactose e proteínas (Brandão, 1995). 10 O consumo de leite fermentado no Brasil, apesar de ter apresentado taxa excepcional de crescimento nos últimos anos, ainda é pequeno se comparado ao dos países mais desenvolvidos. A tendência para os próximos anos é de um aumento significativo do consumo desse produto devido à sua imagem positiva de alimento saudável e nutritivo (Renner, 1986) e também às suas variações como iogurte congelado tipo sorvete, em forma de bebidas, com os mais diversos sabores etc. Nesta última década, houve uma expansão muito grande na produção de iogurte líquido e de bebidas lácteas, sendo que estas são produzidas com custo baixo, a partir do aproveitamento do soro que normalmente seria desprezado, mas que apresenta um bom valor nutricional. Existem, hoje no mercado, vários tipos de iogurte, classificados de acordo com o processo de elaboração, adição de ingredientes, composição, consistência e textura (Brandão, 1987). São eles: • iogurte tradicional: o processo de fermentação ocorre dentro da própria embalagem; não sofre homogeneização e seu resultado é um produto firme, mais ou menos consistente; • iogurte batido: o processo de fermentação ocorre em fermentadeiras ou incubadoras com posterior quebra do coágulo; 11 • iogurte líquido: o processo de fermentação é realizado em tanques e é comercializado em embalagens plásticas, tipo garrafa ou tipo “longa vida”; • bebidas lácteas: além de iogurte, contém soro de queijo e por isso não podem ser denominadas iogurtes, pois o teor de sólidos não gordurosos do leite não atende à especificação mínima. 5.1.2 – Valor nutricional do iogurte O iogurte é uma excelente fonte de proteína, superior a do leite, devido a adição de extrato seco lácteo e por ser concentrado. Além disso, essas proteínas apresentam elevada digestibilidade e já se encontram coaguladas antes da ingestão (Tamine e Robinson, 1991). A matéria-prima para fabricação do iogurte (o leite) deve ser padronizada quanto ao teor de gordura. Tradicionalmente, ela contém de 3 a 4% de gordura e a sua padronização antes do processo de fermentação resulta em um produto uniforme, além de influenciar na consistência e textura do iogurte. Além disso, faz parte de uma dieta equilibrada. O iogurte possui uma maior concentração de minerais que o leite, sendo uma ótima fonte de cálcio, contudo, possui valores mais baixos de vitaminas devido ao processamento, daí a 12 necessidade de um método de enriquecimento. A adição de polpa de fruta, rica em vitaminas, é uma maneira de repor estas perdas (Deeth e Tamine, 1981). Os produtos fermentados também ajudam a prevenir desordens gastrintestinais, tais como diarréia, constipação e gastroenterite, além de apresentarem a vantagem de reduzira alergia às proteínas do leite apresentada por certos indivíduos sensíveis e de aumentar a longevidade, uma vez que ajuda a reduzir os radicais livres originados pelo metabolismo que são prejudiciais à saúde. 5.1.3 Técnica de fabricação do iogurte 5.1.3.1 Preparo da matéria-prima O leite para fabricação de iogurte não deve ser congelado para que não ocorra defeitos de textura, mas deve ser resfriado. Para um produto mais consistente deve-se aumentar a matéria seca do leite através da adição de 2 a 4% de leite em pó. No caso de utilizar açúcar, este deve ser adicionado ao leite antes do aquecimento, normalmente de 8 a 12%. A homogeneização do leite não é obrigatória ficando quase que restrita às grandes indústrias, pois exige um equipamento relativamente caro. 13 5.1.3.2 Tratamento da matéria-prima Esse tratamento tem como objetivo destruir os germes patogênicos e outros que possam competir com o fermento do iogurte que será inoculado, além de promover a desnaturação das proteínas do soro e de favorecer o crescimento das bactérias do iogurte. Devem ser rigorosamente observados no aquecimento a temperatura e o tempo que a matéria-prima deve permanecer sob essa temperatura sendo recomendados os seguintes: 95°C por 1,5 minutos; 90°C por 3,5 minutos; 85°C por 8,5 minutos ou 80°C por 30 minutos. O tipo de aquecimento mais indicado é através de banho-maria, evitando-se o contato direto da fonte térmica com o leite. 5.1.3.3 Diminuição da temperatura Após o leite ter sido aquecido, deve ser resfriado a 42- 45°C, resfriamento este que pode ser feito através da substituição da água quente do banho-maria por água fria e, para não haver contaminação nessa fase, o recipiente deve estar sempre fechado, abrindo apenas para controlar a temperatura. 14 5.1.3.4 Inoculação do fermento Após o leite ser resfriado (42-45°C) adiciona-se de 1 a 2% de fermento (cultura ou isca) apropriado, bem homogeneizado, quebrando-se todos os grumos e, após a adição do fermento, ele deve ser homogeneizado novamente por cerca de 2 minutos, para a sua distribuição completa. O fermento láctico deve ser adicionado somente em leite tratado termicamente, como citado anteriormente. 5.1.3.5 Resfriamento Após a adição do fermento, o leite deve permanecer em completo repouso por aproximadamente 4-6 horas, mantido a uma temperatura de 42 a 45°C (até atingir o ponto ideal). Ao final da fermentação, o coágulo deve apresentar pH ente 4,5 e 4,7 ou acidez de 70° a 72°D. O gel formado deve ser liso, brilhante, sem desprendimento de soro ou gases, com cheiro e sabor próprios. O objetivo do resfriamento é inibir o desenvolvimento das bactérias e, conseqüentemente, interromper a produção de ácido; é recomendado que se faça em duas etapas para evitar o choque térmico, o que provoca um encolhimento da massa. 15 - Etapas do resfriamento A primeira etapa consiste em abaixar a temperatura a 18- 20°C em, no máximo, 30 minutos, o que pode ser feito com água a temperatura ambiente. No caso do iogurte batido, pode-se fazer a essa mesma temperatura a adição de ingredientes como frutas, corantes, etc., que devem ser homogeneizados na massa. Na segunda etapa deve-se fazer o resfriamento a 10°C. O aparecimento do sabor característico ocorre durante as 12 horas após o resfriamento, proporcionando as características finais de um bom iogurte. O próximo passo, no caso de iogurte batido, será a quebra da coalhada com agitação, visando obter uma massa de textura homogênea. O iogurte tradicional é incubado dentro da própria embalagem e não sofre o processo de agitação. 5.1.3.6 Envase e armazenamento No caso do iogurte batido, a fermentação é feita num tanque com posterior embalagem, sendo é envasado depois de resfriado e mantido sob refrigeração por um período superior a 24 horas antes de ser comercializado. A embalagem deve seguir alguns critérios como: ser impermeável aos sabores, corantes, odores do ambiente, oxigênio e contaminações externas; resistir à 16 acidez do iogurte, a golpes e umidade, ao transporte e armazenamento e não permitir exposição do produto à luz. Uma boa opção para produção em pequena escala é a embalagem de polietileno que possui também facilidade para o fechamento térmico. A temperatura de armazenamento deve ser de 2 a 5°C para conservar e melhorar a consistência do iogurte, que deve ser consumido a temperatura de 10 a 12°C, na qual o sabor torna-se mais apreciável. 5.1.3.7 Transporte e comercialização O transporte da fábrica ao comércio deve ser o mais rápido possível, principalmente no verão; quando o percurso é longo, deve ser feito em caminhões refrigerados. 5.1.3.8 Aditivos empregados na fabricação do iogurte A - Edulcorantes O edulcorante mais utilizado é o açúcar, que pode ser refinado ou cristal, isento de impurezas. Para produtos “light” ou dietéticos são usados outros edulcorantes como a sacarina, aspartame, estévia e ciclamato. 17 B - Aromas e corantes Existem aromas naturais e artificiais que levam ao sabor desejado e devem ser adicionados ao leite após a fermentação. O corante tem a finalidade de lembrar o sabor escolhido, relacionando-o com a fruta. Os corantes naturais mais utilizados são a beterraba, carmim de cochonilha, carotenóides e urucum; e os artificiais são o amarelo crepúsculo, bordeaux, laranja GGN, tartazina e vermelho 40. Devem ser utilizados, ambos, na proporção de 0,02 a 0,15%. C - Polpa de frutas As polpas devem possuir pH e viscosidade próximos ao do iogurte, na proporção de 0,5 a 5,0%. Podem ser aproveitadas também, as geléias de frutas, tomando-se cuidado pois estas já possuem açúcar. D - Conservante O uso de conservantes em iogurtes não é permitido pela legislação, restringindo-se ao preparo de polpas, sucos e pastas de frutas quando empregados como ingredientes na elaboração do iogurte, num limite máximo de 0,1% de ácido sórbico. E - Espessante: 18 Tem o objetivo de melhorar a consistência, viscosidade e aparência do produto final, além de prevenir a sinérese (separação do soro) (Nielsen, 1975). Como exemplo temos o amido modificado, carragena, agar-agar, alginatos, goma xantana, entre outros. Devem ter sabor neutro, fácil solubilidade em água e leite, estabilidade em pH ácido e não apresentar cor (Rasic e Kurman, 1978). Sua adição pode ser feita ao leite frio ou morno antes da pasteurização, no leite quente logo após a pasteurização ou no leite inoculado antes da incubação. F - Outros Ingredientes Como mel, cereais e legumes também podem ser adicionados ao iogurte para melhorar seu valor nutricional mas sempre tomando-se todo o cuidado na qualidade microbiológica de qualquer elemento a ser adicionado ao iogurte. 5.2 – QUEIJOS 5.2.1 - Conceito e Classificação dos tipos de queijo Queijo é o produto obtido pela coagulação do leite, seguida de uma desidratação da coalhada, podendo ser de massa fresca ou de massa maturada. O valor nutritivo do queijo o coloca entre os alimentos mais completos e recomendáveis para a dieta de um indivíduo, pois 19 apresenta alta concentração de proteínas, gordura, sais minerais e vitaminas. Comparando-o com a carne, seu valor nutritivo é semelhante, sendo que o do queijo é mais concentrado. Ele também favorece o fortalecimento dos dentes e ossos devido ao alto teor da cálcio e fósforo. Existem diversas maneiras de se classificar um queijo, apresentaremos três critérios de classificação: Classificação quanto à maneira de obtenção da massa: - Massa obtida por coalho: são aqueles queijos onde aprecipitação da massa é obtida pela coagulação enzimática do leite. Entre eles temos o queijo Prato, Minas, Parmesão, Mussarela, etc.; - Massa obtida por fermentação ácida: a precipitação do leite é obtida pela fermentação ácida do leite, reduzindo o pH do mesmo até o ponto isoelétrico do leite quando então ocorre a precipitação, como o queijo Cottage-cheese; - Massa extraída do soro: a precipitação da massa é obtida pela aplicação do calor, ajudado pela adição de uma solução ácida, como o queijo Ricota; - Massa obtida por fusão: esta massa é obtida pela ação do calor com os sais fundentes, como os queijos fundidos ou pasteurizados. Classificação quanto ao tratamento da massa: 20 - Massa crua: são os queijos cuja massa não sofre nenhum aquecimento, além daquele do leite para que se processe a coagulação; - Massa semi-cozida: são os queijos cuja massa sofre um aquecimento em torno de 41-42ºC; - Massa cozida: são aqueles queijos cuja massa sofre um aquecimento superior a 45ºC,podendo chegar a 51ºC. Classificação dos queijos quanto ao teor de gordura: - Queijo gordo: teor de gordura superior a 40%; - Queijo meio gordo: teor de gordura entre 25 e 40%; - Queijo magro: teor de gordura entre 15 e 25%; - Queijo desnatado: teor de gordura inferior a 15%. 5.2.2 – Fabricação do queijo Minas Frescal - Ordenhar o animal em condições sanitárias adequadas; - Aquecer o leite a 65ºC sob agitação constante, mantê-lo a esta temperatura por 30 minutos, sem agitação a fim de pasteurizá-lo; - Resfriar o leite a 35ºC, através de imersão do recipiente em água fria corrente ou banho-maria. Adição de fermento láctico (1,5%) é opcional para este queijo; - Dissolver o coalho em um pequeno volume de água filtrada; 21 - Adicionar esta solução ao leite, seguido por agitação por um a dois minutos. A quantidade do coalho é especificada na embalagem do produto; - Deixar o leite em absoluto repouso. A coalhada se formará num período de 50 a 70 minutos, ficando com uma aparência de gelatina; - Cortar a coalhada em diversos sentidos procurando obter cubos de aproximadamente 1,5 cm de lado, havendo formação de soro amarelo-esverdeado; - Após o corte, iniciar uma mexedura suave usando uma colher ou pá, por 20 a 40 minutos, dependendo da consistência desejada no queijo, quanto mais firmes maior o período de mexedura; - Coletar a massa no recipiente e transportá-la para formas plásticas, com ou sem fundo, perfuradas lateralmente para escoamento do soro. Deverão ser colocadas sobre uma mesa limpa, de preferência com tampo metálico; - Após 15 minutos, grande parte do soro terá se escoado e os queijos poderão ser virados dentro das formas. Na parte superior lisa, salpicar sal de cozinha e espalhar com as mãos. Aguardar mais 30 minutos e virar os queijos novamente, salgando a outra face; - Os queijos poderão ficar à temperatura ambiente no mesmo local até o dia seguinte, quando poderão ser consumidos. 22 5.2.3 – Fabricação de queijo Mussarela - Aquecer o leite sob constante agitação a 65ºC, mantendo-o em repouso por 30 minutos; - Esfriar o leite a 35ºC, por meio de banho-maria com água corrente; - Adicionar 15% de fermento láctico; - Dissolver em um pequeno volume de água fervida e resfriada, à temperatura ambiente, uma dose de coalho, adicionando-o ao leite e agitando-o por um a dois minutos; - Deixar o leite em repouso por mais ou menos 50 minutos, para que se processe a coagulação; - Cortar a coalhada nos diversos sentidos. A distância entre um corte e outro deverá ser de um centímetro; - Iniciar a mexedura da coalhada que deverá ser lenta. Deve-se agitar por cinco minutos deixando a massa em repouso por 3 minutos; novamente inicia-se a agitação e com intervalo de repouso essa deverá durar cerca de 60 minutos; - Após 20 minutos do corte, fazer um aquecimento até 40ºC; - Ao fim desse período a massa deverá apresentar-se levemente consistente. O soro escoado poderá ser guardado para ser utilizado na fabricação de ricota. Para que ocorra a fermentação a 23 massa obtida deverá ser deixada à temperatura ambiente até o dia seguinte; - No dia seguinte proceder ao teste de filagem. Neste teste a massa deverá ser cortada em pedaços de 2 cm e colocada em uma vasilha com água a 75 - 80ºC. Agitar esses pedaços com uma espátula por 5 minutos. Remover alguns pedaços tentando ajuntá- los formando um pequeno bloco, colocá-los novamente na água por cerca de um minuto e após remoção da água, tentar esticar a massa. Repetir essa operação algumas vezes. Se a água se apresentar leitosa e a massa ao invés de esticar, arrebentar, esta ainda não tem acidez suficiente para ser filada. A massa deve ser deixada em repouso por mais tempo. Decorrido esse tempo proceder a um novo teste, se a massa esticar bem, proceder então a filagem. Agora, numa vasilha maior, cortar toda a massa em cubos e repetir a operação anteriormente descrita. A massa é trabalhada até que sua aparência seja plástica e de grande elasticidade. Uma vez que a massa esteja bem filada, esta será moldada e enformada; - Após resfriamento, a massa deverá ser colocada em salmoura a 20% por um período de 24 horas para cada quilo de mussarela; - Após a salga, a mussarela estará em condições de ser consumida; 24 - Para uma melhor conservação, a mussarela deverá ser conservada em temperatura entre 0 e 5ºC. 5.2.4 – Fabricação de Ricota - Pode-se utilizar soro proveniente de qualquer tipo de queijo, desde que o soro não esteja ácido (azedo); - Colocar o soro em um recipiente de alumínio após coá-lo em pano; - Levar ao fogo em constante agitação com uma colher até que a temperatura atinja 65ºC (medida com um termômetro); - Adicionar então leite ao soro. Utilizar para cada 3 litros de soro, ¼ de leite (um copo grande); - Continuar aquecendo até 85ºC e adicionar então 4% de fermento láctico ou vinagre branco (20 ml para 10 litros de leite) lentamente até que se inicie a coagulação da mistura; neste ponto deve-se parar a agitação e continuar o aquecimento até 95ºC; - Na superfície do soro deverá se formar uma camada esbranquiçada e grossa que deve ser deixada em repouso por aproximadamente 20 minutos; - Coletar com uma espumadeira esta camada e transportá-la para um recipiente forrado com um pano de algodão. Este recipiente deve ser perfurado para permitir o escoamento do soro; 25 - Deixar algumas horas escorrendo e depois colocar em geladeira para uma melhor conservação. A durabilidade da ricota é curta. Em geladeira dura aproximadamente uma semana. Ela pode ser consumida pura, com sal ou açúcar. 5.2.5 - Fabricação de Queijo Condimentado - Coar o leite e aquecê-lo a 65ºC durante 30 minutos. Utilizar este aquecimento somente quando o leite não for pasteurizado; - Após 30 minutos proceder ao resfriamento do leite para a temperatura ambiente que é aproximadamente 25ºC; - Adicionar 0,3 ml de coalho líquido para cada 10 litros de leite tendo-se o cuidado de antes, diluí-lo em água previamente fervida. Este volume é de mais ou menos meio copo; - Adicionar em seguida 100ml de fermento láctico para cada 10 litros de leite. Mexer por mais ou menos 2 minutos e deixar em absoluto repouso até o dia seguinte; - Transportar a massa obtida para um tecido de malha não muito fina com o auxilio de uma concha; - Unir os pontos, fazer um saco e dependurá-lo em um local limpo e livre de insetos. O saco deverá ficar neste local por cerca de 20 horas; - A massa então obtida será condimentada com frutas ou condimentos picantes conforme o gosto, como por exemplo: 26 cebola, alho, azeitona, extrato de tomate,polpas de frutas, ervas diversas. Os condimentos deverão ser devidamente esterilizados em panelas de pressão antes de serem incorporados à massa. Além disso, deverão ser picados e eventualmente moídos em máquina própria ou batidos no liqüidificador. Trata-se de um produto perecível que, portanto, deverá ser guardado em geladeira. Poderá ser envasado em copos plásticos ou de vidro, devendo ser hermeticamente fechados. 5.2.6 - Requeijão O requeijão tradicional é um produto lácteo tipicamente brasileiro, obtido em pequenas instalações e na fazenda, visando o aproveitamento do leite desclassificado ou excedente(CAVALCANTE, 1991). São muitas as variedades de requeijão, obtidas por acidificação direta ou controlada. Não há padrão para o produto comercializado com esse nome. Seu teor de umidade é muito variável, podendo ser duro, como o requeijão do nordeste, ou macio, quase pastoso, como o requeijão mineiro ou comum. O requeijão mineiro é um produto ligeiramente salgado, obtido pela coagulação espontânea do leite, geralmente desnatado, seguido de dessoramento e lavagem da massa. A massa protéica 27 é dispersa a quente, com o creme. O produto deve ser isento de olhaduras, compacto, porém macio. O aproveitamento do leite ácido resultante da atividade de bactérias acidificantes, por falta de condições de preservação pelo frio ou pelo transporte demorado, pode contribuir para o aumento da rentabilidade dos laticínios, que contam assim, com um produto a mais na sua linha de produção. E sob o ponto de vista higiênico- sanitário, não há necessidade de pasteurização da matéria-prima, pois o requeijão é submetido a um processo térmico drástico. 5.2.6.1. - Técnica geral de fabricação do Requeijão - Obtenção da massa Para obtenção da massa, o leite desnatado deve ser aquecido a 32°C e mantido em repouso por aproximadamente 20 horas, até a coagulação natural da caseína, acidez de 60-65°D e pH 4,5. A coalhada deve ser aquecida a 55°C, com agitação, em um tanque de fundo duplo, e após a coagulação segue-se a dessoragem(retirada do soro). - Lavagem da massa A massa dessorada deve ser lavada três a quatro vezes com água fria, até a acidez da água de lavagem ser reduzida para 4°D e o pH para 4,37, sendo que os volumes de água de cada lavagem 28 correspondem a aproximadamente, o dobro do volume de massa dessorada. - Elaboração do requeijão A massa deve ser transferida para um tacho de fundo duplo, onde será adicionado bicarbonato de sódio e cloreto de sódio nas proporções de 0,8%. Após dispersão da massa, o creme é adicionado mantendo-se a mistura aquecida a 85-90°C, até completa incorporação da gordura, tornando o produto macio e filante. Atingida a concentração desejada, o produto é transferido ainda quente, para embalagens que pode ser sacos de polietileno e estocado a 2-4°C. 5.3 – Manteiga 5.3 1 – Matéria Prima A matéria prima utilizada para a fabricação da manteiga é o creme, também chamado de nata. Este creme apresenta uma coloração branca-amarelada e se forma na superfície do leite em repouso em razão da sua menor densidade. Do ponto de vista químico o creme é composto, em sua maior parte, de triglicérides, mas também possui glicerina livre e ácidos voláteis de outras glicérides, colesterol, fosfolipídeos e outros tipos de lipídeos. Estas glicérides de ácidos voláteis não existem em 29 nenhuma outra gordura, senão na do leite, por isso a caracterizam, emprestando à manteiga um sabor peculiar. 5.3.2 – Técnica de fabricação da Manteiga - Obtenção do creme Para se obter o creme, o leite deve sofrer desnate; este pode ser feito de duas formas: - Desnate artificial ou em equipamentos apropriados - Desnate natural No desnate artificial o leite é submetido a uma força centrífuga fazendo-o girar rapidamente. Devido á diferença de densidade(peso) o creme é separado dos demais componentes. Este em razão da sua menor densidade se aproxima do eixo e o leite desnatado é projetado nas paredes da desnatadeira. Os vários tipos de desnatadeiras não diferem muito entre si já que todas são constituídas do princípio de força centrífuga que se imprime a uma turbina onde se faz chegar o leite. Quando este leite é separado os produtos são eliminados por dois sifões: um para o creme e outro para o leite desnatado. O desnate natural consiste em deixar o leite em repouso por aproximadamente 12 horas. A gravidade, agindo lentamente, faz com que os glóbulos de gordura que têm menor densidade subam para a superfície do leite. O creme deve ser retirado com uma 30 espumadeira tomando-se o cuidado de não agitar o leite. Este creme retirado deve conter o mínimo de leite possível. Para que o desnate seja bem feito é muito importante que o leite fique a uma temperatura baixa, e que antes o mesmo seja previamente filtrado, afim de que a manteiga produzida seja de qualidade. - Pasteurização do creme A pasteurização tem como finalidade matar todos os microorganismos existentes para que estes não prejudiquem a maturação, sendo que esta é realizada pelos micróbios do fermento. Esta pasteurização é realizada porque o creme recém obtido pode conter uma grande quantidade de micróbios indesejáveis para a manteiga, principalmente se o leite foi obtido em más condições de higiene, ou se o recipiente onde foi feito o desnate, ou a desnatadeira, não estavam bem limpos. Para eliminar-se os microorganismos sem prejudicar o valor nutritivo do creme, este é submetido a uma temperatura de 75ºC, mantendo-a por 10 a 20 minutos. Esta operação deve ser feita em banho-maria para evitar que o creme queime. - Maturação do creme 31 Após a pasteurização o creme é resfriado a 25ºC, sendo muito importante a manutenção desta temperatura já que ela é a que os microrganismos do fermento crescem. Acrescenta-se 2% de fermento láctico específico para manteiga e espera-se por 10 a 15 horas, até que o creme tenha um sabor ácido. Depois de maturado baixar a temperatura do creme para 12ºC. - Bateção do creme É uma operação que consiste na transformação do creme em manteiga. Deve-se bater o creme contra uma superfície, de modo que os glóbulos de gordura se rompam e se juntem formando uma massa compacta, que é a manteiga. Inicialmente se formam pequenos grânulos, do tamanho de um grão de milho, que flutuam num líquido branco denominado soro ou leitelho. Durante o batido é que o creme se torna espesso, em seguida esponjoso e finalmente aparecem os glóbulos de manteiga. Neste ponto se retira o leitelho tomando bastante cuidado para não se perder a manteiga. É recomendável fazer o soro passar através de uma peneira para recuperar os grãos de manteiga. A seguir continua-se batendo até que a manteiga se junte. - Lavagem da manteiga com água 32 Para retirar o restante do soro que possa ter ficado depois da batedura, lava-se a manteiga com água fria em torno de 10 a 12ºC. Esta operação deve ser repetida três vezes no mínimo para que se retire todo o soro, que é ácido. Deve-se lavar até que a água da lavagem saia bem límpida. Uma manteiga sem restos de soro tem um tempo de conservação maior. A este soro ácido ou leitelho atribuem-se qualidades terapêuticas e alimentícias, sendo muito utilizado na criação de suínos e aves. Pode também servir para fermentar cremes doces. - Salga A manteiga deve receber de 2 a 3% de sal para melhorar o sabor, aumentar a sua conservação e ajudar a retirar a água que tenha ficado após a lavagem. Existem dois tipos de salga: - salga seca - salga úmida A salga úmida consiste em utilizar sal grosso diluído em água e se faz na última água de lavagem. A salga a secoé realizada durante a operação de malaxagem ou amassamento(apresentada a seguir) da manteiga. Neste caso deve-se utilizar um sal fino e limpo que esteja na forma de pó, para evitar que grãos demasiadamente grandes não se misturem bem com a manteiga 33 fazendo com que partes fiquem muito salgadas enquanto outras fiquem sem sal. - Malaxagem ou amassamento A finalidade deste amassamento é retirar a água de lavagem que ficou no interior da manteiga. Se esta etapa não é realizada o produto fica com umidade excessiva. O amassado manual se faz estendendo a manteiga sobre uma mesa e passando um rolo sobre a massa ou apertando com as mãos. Neste momento é que se adiciona o sal. Após a adição de sal se deixa 24 horas em repouso e torna a amassá-la. Desta maneira o sal ajudou a retirar a água restante. - Moldagem e embalagem A manteiga caseira, para posterior comércio, pode ser moldada em blocos de ¼ e ½ quilo, utilizando para isso marcos de madeira onde a manteiga é comprimida com o auxílio de uma faca e depois retirado com um empurrador também de madeira. A embalagem pode ser feita com papel manteiga ou papel aluminizado, com a finalidade de evitar que a luz incida sobre a manteiga provocando a sua rancificação. A conservação é em temperatura de 4 a 6ºC, que é em média a temperatura de geladeira. 34 5.4 – Doce de leite 5.4.1 – Conceito e tipos de doce de leite É o produto resultante da cocção da mistura de leite e açúcar, adicionando ou não outras substâncias, como côco, amendoim, ameixa, etc., até alcançar uma concentração conveniente. Existem dois tipos de doce de leite: em pasta e em tabletes, a diferença entre eles está na concentração que o produto atinge no ponto final. O doce de leite é um produto de alto valor nutritivo, aliado ao excelente sabor, podendo contribuir com significativa porcentagem de proteínas, vitaminas e minerais. 5.4.2 – Técnica de fabricação do Doce de Leite O leite não deve apresentar odor, cor ou sabor diferentes do normal. A acidez não pode ser elevada para evitar a precipitação das proteínas, dando um produto com pequenas porções coaguladas, o que prejudicaria a qualidade do produto. A acidez do leite, logo depois de ordenhado, fica entre 15 e18ºD, que deve ser abaixada para 13ºD através da adição de bicarbonato de sódio na proporção de uma colherinha de café para um litro e meio de leite. 35 Quanto à gordura, o leite deve ser parcialmente desnatado, sendo o ideal de 2%. É uma fração muito importante para a textura e o rendimento do doce. Para a fabricação de doce de leite do tipo pastoso, colocar 1,5 litros de leite em uma panela onde é adicionado o bicarbonato de sódio dissolvido em água. Levar ao fogo até iniciar a fervura pelo tempo de 5 minutos. Adicionar 300 gramas de açúcar cristalizado, mexendo com vigor para que o açúcar dissolva completamente. Manter a fervura, mexendo constantemente pelo tempo suficiente para que o leite fique cada vez mais grosso, até chegar no ponto de formar um “fio” quando a colher for levantada. O ponto final se observa colocando uma gota de doce em um copo com água fria. A gota deve atingir o fundo do copo sem desmanchar. 6.- CONSIDERAÇÕES FINAIS A escolha do derivado a ser produzido deve ser feita mediante uma pesquisa de mercado da região onde é produzido o leite. É importante saber que tipo de derivado é consumido pela população da região antes de produzi-lo para não correr o risco de fabricar um produto que não tem aceitação pelos consumidores. 36 7. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA _CAVALCANTE, ANTÔNIO BELFORTE DANTAS. Universidade Federal de Viçosa. Desenvolvimento e Padronização de Formulações para o Processamento de Requeijão Tradicional. Viçosa UFV, 1991, 104p. _HOSKEN, F. Samuel. Tecnologia da Fabricação de Queijos. 3a Edição, jan. 1983, EPAMIG, p.209 _MENDONÇA, A.T. Fabricação de Iogurte e Bebidas Lácteas. Boletim Técnico. Ano VII no 15. Lavras. 1998. 37 _NETO, J.P. de M.; MUNCK, A.V.; FURTADO, M.M. Aproveitamento Racional de Leite em Fazenda. EPAMIG – CEPE – ILCT, outubro 1984. 36p. _Processamento de Leite de Consumo. Adão José Rezende Pinheiro, Professor Titular UFV. Maria Cristina Alvarenga Viana Mosquim, Professora Adjunta Viçosa UFV, 1991, 340p. _ROCHA FILHO, POLICARPO. Manteiga 3a Edição. Rio de Janeiro FIA, 1941, 60p. _TRONCO, Vânia Maria. Aproveitamento do Leite e Elaboração de seus Derivados na Propriedade Rural. GUAIBA: Agropecuária, 1996. 146p.
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