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2017814 103625 CRIMINOLOGIA+Auxilio+estudo

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CRIMINOLOGIA 
Professora: Tereza Cristina Sader Vilar. (Esse resumo é apenas um complemento 
para o estudo, juntamente com as aulas expositivas e discussões em sala de aula.) 
1 – CRIMINOLOGIA 
1- Conceito 
Ciência empírica (demonstrações reais, OBSERVAÇÃO E CIÊNCIA) e interdisciplinar 
que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do 
comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, 
sobre a origem, dinâmica e variáveis principais do crime (contemplado este como problema 
social) assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de 
intervenção positiva no homem delinqüente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta 
do delito. 
- Mundo real e não mundo dos valores 
 
2- Criminologia como Ciência 
• Reúne informação válida, confiável e contratada sobre o problema criminal, 
que se baseia na análise e observação da realidade. 
• Fenômeno delitivo: séculos de investigações 
• Não significa que a informação subministrada pela criminologia deva ser 
reputada exata, concludente ou definitiva. (ciência empírica, do ser e não uma ciência exata). 
• Transformar os dados sobre o delito em informação, interpretando-os, 
sistematizando-os e valorando-os. 
• Conhecimento cientifico e parcial, fragmentado, provisório. 
• Comportamento do sujeito é incerto, razões são incertas. 
- A Criminologia vê o crime como um fenômeno comunitário, o Direito Penal como 
uma conduta anormal que tem como conseqüência uma punição. 
Explicar e prevenir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes 
modelos de resposta ao crime. 
• Parte da caracterização do crime como problema, ressaltando assim sua base 
conflitual e enigmática (inexplicável, misteriosa) e sua face humana e dolorosa, com as 
transcendentais implicações de toda ordem que derivam de tal análise. 
• Amplia o âmbito tradicional da criminologia, incorporando em seu objeto as 
investigações sobre a “vítima” do delito e o denominado “controle social”, que deram à noção 
clássica da Criminologia um moderado giro sociológico, que compensa o desmedido 
biologismo positivista sob cujos auspícios ela nasceu. 
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• Acentua a orientação “prevencionista” do saber criminológico, frente a 
obsessão repressiva explícita em outras definições convencionais. PORQUE INTERESSA 
PREVENIR EFICAZMENTE O DELITO, NÃO CASTIGÁ-LO CADA VEZ MAIS OU MELHOR. 
• Substitui o conceito de “tratamento”, que tem inequívocas conotações clínicas 
e individualistas, pelo de “intervenção”, que possui uma noção mais dinâmica, complexa e 
pluridimensional, em consonância com a essência real, individual e comunitário do fenômeno 
delitivo. SUBSTITUI TRATAMENTO POR INTERVENÇÃO. 
• Destaca a análise e avaliação dos modelos de reação ao delito com um dos 
objetos da criminologia. 
• Não renuncia, porem, a uma análise “etiológica” (causas) do delito (da 
“desviação primária”) no marco do ordenamento jurídico como referência última. Se distancia 
das conhecidas orientações radicais, fortemente ideologizada, que concebem a criminologia 
como mera teoria da desviação e do controle social. Teorias da criminalidade e exames dos 
processos de criminalização. 
3- Criminologia e empirismo/ interdisciplinaridade da Criminologia 
Criminologia: biologia criminal, direito, sociologia criminal, psicologia criminal, 
medicina legal. 
Objeto da Criminologia: delinqüente, vítima, delito, controle social 
 - Trata-se de uma ciência que se baseia na análise e observação da realidade. 
Mas não significa que deva ser uma ciência exata ou definitiva, pois é uma ciência 
empírica, do “ser”. 
• A criminologia adquiriu autonomia e status de ciência no momento em que o 
positivismo generalizou o emprego do método empírico, isto é, quando a análise, a observação 
e a indução (escola clássica) substituíram a especulação e o silogismo (premissas), superando o 
método abstrato, formal e dedutivo do mundo clássico. 
A escola criminal positiva não consiste unicamente no estudo antropólogo do 
criminoso, pois constitui uma renovação completa, uma mudança radical de método científico 
no estudo da patologia social criminal e dos que há de mais eficazes entre os remédios sociais 
e jurídicos que nos oferece. 
A ciência dos delitos e das penas era uma exposição doutrinária de silogismos, dados 
a luz pela força exclusiva de fantasia lógica. A escola positiva fez disso uma ciência de 
observação positiva que fundando-se na antropologia, na psicologia e na estatística criminal. 
O método científico (empírico), baseado na observação e na experimentação é 
considerado extensível também ao estudo do comportamento delitivo. Garante um 
conhecimento mais confiável e seguro do problema criminal desde o momento em que o 
investigador pode verificar ou refutar suas hipóteses e teorias sobre ele pelo procedimento 
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mais objetivo: não intuição, nem o mero sentido comum ou a opinião da sociedade, mas sim a 
observação. 
• Criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, o direito uma ciência do “dever 
ser”, normativa. 
Criminologia (indutivo/empírico): seu objeto se insere no mundo real, do 
verificável, do mensurável e NÃO DOS VALORES. SE BASEIA MAIS EM FATOS DO QUE 
OPINIÕES, MAIS NA OBSERVAÇÃO DO QUE NOS DISCURSOS. 
Direito: Lógico/ abstrato e dedutivo 
 A criminologia pretende conhecer a realidade para explicá-la, o direito valora, 
ordena. 
O direito preocupa com o crime enquanto fato descrito na norma lega, para 
descobrir sua adequação típica. 
• Método empírico não é o único, pois o objeto da observação pode tornar-se 
inviável ou ilícita a experimentação. 
• Uma análise puramente empírica do crime desconheceria que seu 
protagonista principal é o homem. 
Foi criticada, pois o comportamento humano pode variar, é imprevisível. 
Sendo assim cabe completar o método empírico com outros de natureza 
qualitativas não incompatíveis com aquele. 
• Criminologia é uma ciência autônoma, pois a análise científica reclama uma 
instancia superior, que integre e coordene as informações setoriais procedentes das diversas 
disciplinas interessadas no fenômeno delitivo. Somente por meio de um esforço de síntese e 
integração das experiências setoriais e especializadas é que caba formular um diagnóstico 
científico, totalizador, do crime, mais além dos conhecimentos fragmentados, parciais e 
incompletos que possam oferecer aquelas. 
• O principio interdisciplinar é uma exigência do saber cientifico imposto pala 
natureza totalizadora, que não admite monopólios, prioridades nem exclusões entre as partes 
ou setores de seu tronco comum. 
• Métodos e técnicas de investigação 
Quantitativas e qualitativas; transversais e longitudinais. 
- estatísticas: método quantitativo (insuficientes, necessitando serem 
complementadas) 
- observação e entrevista: método qualitativo 
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 - Transversais: uma única medição da variável ou fenômeno examinado (estudos 
estatísticos) 
- Longitudinais: tomam várias medições em diferentes momentos temporais (estudos 
de casos, biografias criminais) 
*reconhecimento médico, exploração, (captar de maneira exaustiva a personalidade 
ou algum campo da personalidade do sujeito, entrevista, questionário, observação, discussão 
em grupo, experimentação (provocação de uma situação de fato), testes psicológicos, 
métodos de medição, métodos sociométricos (investigar relações variantes de cada um dos 
membros de um grupo menor ou comunidade), métodos longitudinais, estudos de 
seguimentos (evolução do individuo durante um determinado período de tempo, estudos 
paralelos (por exemplo, se a carência materna influencia para delinqüência),particular 
referência ao método estatístico. 
 
2 – OBJETOS DA CRIMINOLOGIA 
Evolução nos últimos anos: progressiva e ampliação e problematização do seu 
objeto. 
- Antes as investigações versavam quase exclusivamente na pessoa do delinqüente e 
sobre o delito. 
- Hoje com o redescobrimento da vítima e controle social gerou uma conseqüência 
na necessidade de extensão dessa análise. 
* Mudança de paradigma: 
- Criminologia antes: conceito legal de delito, sem questionamento; teorias 
etiológicas que era suporte autêntico; diversidade patológica do homem delinqüente; fins 
conferidos a pena como resposta justa e útil ao delito. 
- Criminologia hoje: questiona-se a própria definição de delito e seu castigo ( a pena é 
concebida como problemática, conflitivos e inseguros). 
 - reconsideração da questão criminal, desmistificadora e realista que se põe em 
dúvida os domas da criminologia a luz dos conhecimentos científicos e interdisciplinares dos 
dias atuais. 
 - um novo paradigma que: rechaça o conceito jurídico formal do delito. (conceito 
definitorial X ontológico); postula a normalidade do homem delinqüente; funcionalidade do 
comportamento desviado; diversidade do infrator. 
* Assistimos um processo de revisão do saber criminológico que desmistifica e 
relativiza velhos conceitos e ao mesmo tempo amplia e enriquece nossos conhecimentos 
sobre o problema criminal. 
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* A criminologia se ocupa do delito, mas também interessa a outras ciências, 
disciplinas e ramos. 
Deve-se então determinar um conceito de delito para criminologia pois não existe 
conceito único, unívoco, pacífico, de deito além de a autonomia científica da Criminologia 
deve-lhe permitir a determinação do seu próprio objeto, sem se submeter a definições de 
delito que procedem outros ramos. 
• Conceito formal (dentre muitas): “delito natural”: Garófalo definiria como uma 
lesão daquela parte do sentido moral que consiste nos sentimentos altruístas fundamentais 
(piedade e probidade) segundo o padrão médio, em que se encontram as raças humanas 
superiores. 
Outro conceitos: força física ou engano, busca de interesse próprio. 
Sociologia: conduta desviada (comportamento além da normalidade)– expectativas 
sociais. 
• O conceito jurídico penal resulta incompatível com as exigências 
metodológicas da ciência empírica como a criminologia, são formais e normativas. A 
CRIMINOLOGIA, NÃO PODE TRABAHAR COM CONCEITO FORMAL DO DELITO, POIS O DIREITO 
PENAL CONSTITUI UM SISTEMA DE EXPECTATIVAS NORMATIVAS, ENQUANTO A 
CRIMINOLOGIA UM DISCIPLINA CIENTÍFICA EMPÍRICA. 
CRIMINOLOGIA: SE PREOCUPA COM FATOS IRRELEVANTES PARA O DIREITO PENAL: 
campo prévio do crime, esfera social do infrator etc. 
Ex: São delitos diferentes que a criminologia se obriga a distinguir: 
1- O furto que comete o idoso por razão de sua demência, o neurótico em uma 
crise de ansiedade ou cleptomaníaco, porque não controla seus impulsos, ou fetichista por 
motivações sexuais, ou drogado para financiar seu consumo, etc. 
 
• Para a criminologia o delito se apresenta, antes de tudo como problema 
social e comunitário que exige do investigador uma determinada atitude para se aproximar 
dele. 
Penalista: modelo típico 
Patologista: uma doença 
Para o moralista: um castigo do céu 
Para sociólogo: uma conduta desviada. 
- ressalte-se que o problema social, afeta toda a sociedade, ou seja, interessa e afeta 
todos nós, e causa dor a todos nós: ao infrator que receberá o castigo, a vítima, a comunidade. 
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- é um problema da comunidade, ele nasce na comunidade, e nela deve encontrar 
fórmulas positivas para solucionar. Como é um problema da sociedade é um problema de 
todos e não só do sistema legal, pois delinqüente e vítima são membros dessa sociedade. 
Empatia: não significa coadunar com o delito mas sim, fascinação por um profundo e 
doloroso comportamento humano e comunitário, um drama próximo e ao mesmo tempo, 
enigmático e impenetrável. 
- Estatísticas: servem para fundamentar a política criminal e a doutrina de segurança 
pública quanto a prevenção e a repressão criminais. 
- Cuidado ao avaliar estatísticas criminais oficiais, pois há uma quantia significativa de 
delitos que não são comunicados ao poder público, quer por inércia ou desinteresse das 
vítimas, quer por outras causas dentre as quais os erros de coleta e a manipulação de dados 
pelo Estado. 
- Criminalidade real: quantidade efetiva de crimes 
- Criminalidade revelada: percentual que chega ao conhecimento do Estado. 
- Cifra negra: não comunicada ou não elucidada. 
- Cifra dourada : infrações cometidas pela elite não reveladas ou apuradas 
(sonegação fiscal, colarinho branco). 
* Dados somente se oficializam, em termos criminais, segundo uma lógica de atos 
tríplices: detenção do crime + notificação + registro em boletim de ocorrência. 
- art 23 CPP: autoridade policial ao relatar o IP e encaminhá-lo ao juízo, deverá oficiar 
ao Instituto de Estatísticas para informar os dados do delito e do delinquente. 
• DELITO E REAÇÃO SOCIAL: 
A constatação do fato criminoso depende de uma série de constatações, DA REAÇÃO 
OU CONTROLE DA SOCIEDADE QUE EVIDENCIAM SUA RELATIVIDADE. 
O crime não é um pedaço e ferro, como qualquer objeto físico. 
 Delito e reação social são termos interdependentes. 
- Conduta controvertida há de encaixar-se inequivocadamente em um tipo penal. 
Outros fatores determinantes: conduta do denunciante, da polícia (intervenção e 
eficácia), juízes e tribunais. 
- Atuação conforme o contexto social. 
• Delinquente: pessoa do infrator/ consequência do giro sociológico. 
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- centro de interesse das investigações deslocou-se prioritariamente para a conduta 
delitiva mesma, para vítima e para o controle social. 
- Imagem do delinquente: qual protótipo de criminoso se opera na criminologia. 
 . Clássico: delinquente é pecador, abusa da liberdade, optou pelo mal. 
 . Positivismo: fatores biológicos ou sociais, infrator é um prisioneiro de sua 
própria patologia ou de processos alheios a ele (determinismo social), um ser escravo de sua 
carga hereditária, um animal selvagem e perigoso. 
 . Marxismo: atribui a responsabilidade do crime a determinadas estruturas 
econômicas, de maneira que o infrator torna-se mera vítima, culpável é a sociedade. 
 . Correlacionista: homem delinquente como um inválido, incapaz de dirigir por si 
mesmo. 
* Atualmente: esse home que cumpre as leis ou as infringe, não é pecador dos 
clássicos, não é irreal e insondável, nem animal selvagem e perigoso, nem inválido, nem pobre 
vítima da sociedade. 
É o homem real e histórico do nosso tempo, que pode acatar as leis ou não cumpri-
las por razoes nem sempre acessíveis a nossa mente: um ser enigmático, complexo, torpe ou 
genial, herói ou miserável, porém em todo caso mais um home como qualquer outro. 
- Existem também infratores anormais, como também anormais que não delinquem. 
Não posso afirmar que só os anormais infringem a lei. 
- O postulado da normalidade do homem delinquente e o da normalidade do crime 
só pretende expressar um claro rechaço a tradicional correlação crime- anormalidade do 
infrator. 
- os indivíduos normais, são os que mais delinquem , toda sociedade produz uma 
taxa inevitável de crime: o comportamento delitivo é portanto uma reposta previsível, típica, 
esperada, normal. 
• Vítima do delito: foi neutralizada pelo sistema legal moderno. 
No Estado democrático de Direito, as atitudes em favor da vítima oscilam entre a 
compaixão e a demagogia, entre a beneficência e manipulação. 
- vitimologia: impulsionou processo de revisão do papel da vítima. Abandono da 
vítimado delito: o Direito Penal acha-se voltado para pessoa do infrator, a criminologia 
tampouco tem demonstrado sensibilidade pelos problemas da vítima do delito, deixando para 
os demais ramos. 
- Neutralizar a vítima: distanciando os protagonistas do conflito criminal, como 
garantia na aplicação serena e objetiva e institucionalizada das leis ao caso concreto. 
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- Não se pode por nas mãos da vítima ou de seus parentes a resposta do agressor, 
que pode converter justiça em vingança. A resposta do crime dever ser imparcial, pública e 
desapaixonada. 
- vítima é considerada mero objeto, neutro, passivo que nada contribui para a 
explicação científica do acontecimento criminal. Atitudes que intervêm no processo de 
vitimização (sexo, idade, raça) 
• Controle social do delito: ontológico 
- orientação sociológica e dinâmica, alheio ao Labelling Approach: definitorial, Escola 
Positiva 
- Filtros altamente seletivos e discriminatórios. 
- Conjunto de instituições, estratégicas e sanções sociais que pretendem promover e 
garantir referido submetimento do indivíduo aos modelos e normas comunitários. 
*Disciplina social: instâncias formais/informais 
- Informais: processo de socialização, família, escola, profissão, opinião pública (trata 
de disciplinar o indivíduo). 
- Formais: polícia, justiça, administração penitenciária: quando as informais 
fracassam, atuam coercitivamente e impõe sanções qualitativamente distintas das sociais que 
atribuem ao infrator um singular status (desviado/perigoso/delinquente). Ex: Direito Penal um 
dos meios ou sistemas normativas. 
. normas + processo + sanção = componentes fundamentais de qualquer instituição 
do controle social. 
- Formalização(previsibilidade): seleciona, delimita, e estrutura as possibilidades de 
ação das pessoas implicadas no conflito, distancia o autor da vítima. 
- Efetividade do controle social como problema: aumento taxas criminalidade: 
fracasso controle social. 
- "mais leis, mais penas, mais policiais, mais juízes, mais prisões significam mais 
presos, porém não necessariamente menos delitos" (Jeffery). 
- A eficaz prevenção do crime não depende tanto da maior efetividade do controle 
social formal, senão da melhor integração ou sincronização do controle social ou formal e 
informal. 
- O castigo só é funcional quando se limita ao comportamento de uma minoria, em 
outro perde sua função integradora. 
*O controle social falha porque o crime devido a outras causas aumenta. 
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* Evolução do controle social: racionalização do controle social formal(penal). - 
avaliação empírica e realista dos efeitos, com objetivo de assumir a necessidade de sua 
intervenção: intervenção mínima. 
- Desaparecimento das penas corporais, mutilação, substituição das penas e regime 
de cumprimento. 
- Tendência a substituir a intervenção do sistema legal e suas instâncias oficiais por 
outros mecanismos informais não institucionalizadores que operam com maior agilidade e 
carecem de efeitos estigmatizadores. 
- mediação + conciliação + reparação do dano. 
 . pouco graves: informais 
 . mais graves: formais 
Enfraquecimento dos laços familiares. 
3 – Estudos do crime 
Elementos 
- Conduta: ação ou omissão, ato humano (culposa ou dolosa). 
- Resultado: transformação do resultado naturalístico. 
- O resultado tem que ser imputado por tal conduta. 
- Tem que haver nexo causal se não a conduta é atípica. 
Conduta + nexo causal + resultado 
*É a perfeita adequação da conduta + reprovabilidade da lei. 
• Conceito formal de crime: conduta prevista na lei penal para o qual o legislador 
atribui pena, art. 1º Código Penal (CP). Uma ofensa a lei. 
- “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal.” 
• Conceito material de crime: crime constitui a onfensa ou perigo de ofensa ao 
bem jurídico tutelado. 
• Conceito analítico de crime: 
- Dicotômico ou bipartido: crime é fato típico (ação) + ilícito (ou antijurídico). 
- Tricotômico ou tripartido: crime é fato típico + ilícito + culpável. O CP ADOTA ESSA 
DEFINIÇÃO. 
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(art. 20 § 1º: discriminante putativa para o erro de tipo exclusão culpabilidade.) 
 Fato típico: conduta/resultado/nexo causal/tipicidade. Pode ocorrer sem as 4 
características, no caso de crime formal e mera conduta, que só tem conduta e tipicidade. 
- crime material: a lei vai descrever a conduta e também o resultado, que é natural 
(percebo pelos sentidos) e exige para a consumação a produção do resultado natural. (furto 
155, homicídio 121, peculato 312, estelionato 171 CP) 
- crime formal (ou delito de consumação antecipada): a lei descreve a conduta, o 
resultado natural, porém a consumação ocorre com a prática da conduta (para o fim de, com 
intuito de). Tem consumação sem resultado. Elementos: conduta e tipicidade. (extorsão 158, 
perigo de contágio de moléstia grave 131, extorsão mediante seqüestro CP). As expressões 
com o fim de, com intuito de, para o fim de denunciam que o crime é formal. Crimes contra 
honra também são formais. (calúnia 138, difamação 139, injúria 140). 
• Conceito de tipicidade: 
Fato típico, em um conceito formal, é a descrição de uma conduta considerada 
proibida, para qual se estabelece uma sanção. Um fato típico é aquele que se adequa a essa 
descrição. 
Para Zafaroni o tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de 
natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas 
humanas penalmente relevantes (por estarem penalmente proibidas). 
 O tipo pertence à lei – é na lei que encontramos os tipos penais: na parte especial do 
CP e nas leis especiais. 
O tipo é logicamente necessário, porque sem o tipo nos poríamos a averiguar a 
antijuridicidade e a culpabilidade de uma conduta que, na maioria dos casos, resultaria sem 
relevância penal alguma. 
O tipo é predominantemente descritivo, porque os elementos descritivos são os mais 
importantes para individualizar uma conduta e, dentre eles, o verbo tem especial significação, 
pois é precisamente a palavra que gramaticalmente serve para conotar uma ação. Não 
obstante, os tipos, às vezes, não são absolutamente descritivos, porque ocasionalmente 
recorrem a conceitos que remetem ou são sustentados por um juízo valorativo jurídico ou 
ético, chamados de elementos normativos do tipo penal. 
A função dos tipos é a individualização das condutas humanas que são penalmente 
proibidas. 
 
 
 
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*Tipo e Tipicidade 
Não se deve confundir o tipo com a tipicidade. O tipo é a fórmula que pertence à lei, 
enquanto a tipicidade pertence à conduta. 
Um fato típico é uma conduta humana, por isso prevista na norma penal. Tipicidade é 
a qualidade que se dá a esse fato. 
Tipo penal é o próprio artigo da lei. Fato típico é inerente a norma penal. 
Típica é a conduta que apresenta característica específica de tipicidade (atípica a que 
não apresenta); tipicidade é a adequação da conduta a um tipo; tipo é a fórmula legal que 
permite averiguar a tipicidade da conduta. 
O juiz comprova a tipicidade comparando a conduta particular e concreta com a 
individualização típica, para ver se adéqua ou não a ela. Este processo mental é o juízo de 
tipicidade que o juiz deve realizar. 
- Tipicidade penal: 
 tipicidade formal, ocorre quando a conduta humana se encaixa 
perfeitamente no modelo legal do delito (norma incriminadora). + 
 tipicidade conglobante (Zaffaroni): tipicidade material + 
antinormatividade + conduta anti-normativa. 
- tipicidade material: se a conduta do agente foi capaz de ofender o bem jurídico, ao 
analisaro desvalor da conduta se ofendeu o bem jurídico e o resultado também tem que ser 
concreto. 
- insignificância afasta tipicidade material. (furto 155, previdenciário 168 A, 
contrabando ou descaminho 334 CP). 
- causas que afastam a tipicidade: consentimento do ofendido 164, invasão de 
domicílio 150, insignificância e bagatela, estrito cumprimento do dever legal. 
• Conceito de culpabilidade: 
1- Imprudência: fazer algo sem obsevar os cuidados devidos (curva em alta 
velocidade). 
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2- Negligência: descuidado (pneu careca) 
3- Imperícia : falta de aptidão 
- Culpa consciente: agente tem a representação do resultado, o agente possui 
previsibilidade subjetiva do resultado, porem, confia na sua não ocorrência. 
- Culpa inconsciente: não há previsibilidade subjetiva, mas o resultado era previsível. 
*Exclusão da culpabilidade: 
- Inimputabilidade penal, art 26 CP, critério biopsicológico: desenvolvimento mental 
retardado ou incompleto + ausência de capacidade de discernimento, comprova-se através de 
perícia/exame 149 Código Processo Penal. 
- Inimputabilidade penal, art 27 CP: menor de 18 anos de idade, critério biológico. 
- Embriaguez completa: art 28 § 1º CP: por caso fortuito ou força maior. 
- Coação art 22 CP: física ou moral, tem que ser irresistível. 
- Erro sobre a ilicitude fato: 21 caput 
- Erro tipo: § ú art 21 CP. 
• Culpabilidade: 
É a reprovabilidade que recai sobre o agente que pratica um fato típico e antijurídico 
(injusto penal). A culpabilidade, segundo ZAFFARONI, é a reprovabilidade do injusto do autor. 
Para que alguém possa considerar-se culpável preciso que tenha imputabilidade, 
possibilidade de consciência da ilicitude da conduta e possa exigir-se comportamento 
diverso. 
Imputabilidade: capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato (vale 
dizer, de que o comportamento é reprovado pela ordem jurídica) e de determinar-se de 
acordo com esse entendimento (ou seja, de conter-se). 
As causas de inimputabilidade são: 
a) Menoridade: Menoridade (CP, art. 27, e CF, art. 228) – os menores de 18 anos são 
penalmente inimputáveis, aplicando-se-lhes a legislação pertinente: Lei 8.069/90 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente- ECA). O adolescente (maior de 12 e menor de 18) que pratica fato 
definido com crime ou contravenção penal incorre, nos termos do ECA, em ato infracional, 
sujeito à chamadas medidas socioeducativas (internação, semiliberdade, etc.). 
CRITÉRIO ADOTADO: BIOLÓGICO: neste critério, estabelece-se uma presunção legal 
absoluta ( JURE ET DE JURE) de que o agente não tem capacidade de compreender o caráter 
ilícito do fato. 
 
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Prova da menoridade do inimputável: deverá ser produzida pela juntada da certidão 
de nascimento do termo de registro civil, tendo em vista o que dispõe o art. 155 do CPP ( no 
juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão observadas as restrições à prova 
estabelecidas na lei civil”). A súmula 74, do STJ, diz que “para efeitos penais, o reconhecimento 
da menoridade do réu requer prova por documento hábil.” 
 b) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26): 
CRITÉRIO ADOTADO: BIOPSICOLÓGICO : reúne os critério biológico e o psicológico. Existência 
de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CRITÉRIO 
BIOLÓGICO); absoluta incapacidade de, ao tempo da ação ou da omissão, entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (CRITÉRIO 
PSICOLÓGICO), aferível por perícia médica. 
 
A DOENÇA MENTAL engloba todas as alterações mórbidas da saúde mental 
independentemente da causa. No estudo do transtorno psíquico patológico, que 
compreendem transtornos psíquicos debitados a causas corporais-orgânicas, incluem-se as 
psicoses ENDÓGENAS e CONGÊNITAS (esquizofrenia, paranóia, psicose maníaco-depressiva) ou 
EXÓGENAS (demência senil, paralisia geral progressiva, epilepsia), como também neuroses e 
transtornos psicossomáticos, sendo que estes, como formas de reação psíquico-criminal 
determinadas por conflitos internos salvo no período de breve crise (histeria). 
Transtornos psíquicos patológicos (psicose exógenas) faz-se referência às 
enfermidades oriundas de transtornos exógenos (piscoses traumáticas por lesões cerebrais; 
psicoses por infecção, como a paralisia progressiva; as doenças convulsivas orgânico-cerebrais, 
como a epilepsia; casos de desintegração da personalidade com patamar orgânico-cerebral, 
como arteriosclerose cerebral e a atrofia cerebral; a meningite cerebral, os tumores cerebrais 
e as afecções metabólicas do cérebro). 
 
O DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO abriga os menores de 18 anos, mas 
para esses a lei deu tratamento próprio, conforme estudado acima, bem como os SURDOS-
MUDOS não educados e os SILVÍCOLAS (índios), que ainda não se tenham adaptado ao 
convívio do grupo social. 
Dispõe sobre o Estatuto do Índio. 
Art.3º Para os efeitos de lei, ficam estabelecidas as definições a seguir discriminadas: 
I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que 
se identifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas características 
culturais o distinguem da sociedade nacional; 
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Art.4º Os índios são considerados: 
I - Isolados- Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e 
vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; 
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com 
grupos estranhos, conservem menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas 
aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão 
nacional, da qual vão vez mais para o próprio sustento; 
III - Integrados- Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno 
exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da 
sua cultura 
Das Normas Penais 
CAPÍTULO I 
Dos Princípios 
Art. 56°. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser 
atenuada e na sua aplicação o juiz atenderá também ao grau de integração silvícola. ( grifei) 
Parágrafo Único. As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, 
em regime especial de semiliberdade, no local de funcionamento do órgão federal de 
assistência aos índios mais próximo da habitação do condenado 
Art.57°. Será tolerada aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições 
próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam 
caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte. 
DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO: no desenvolvimento mental 
RETARDADO situam-se os OLIGOFRÊNICOS (idiotas, imbecis e débeis mentais), que 
apresentam anomalias no processo de desenvolvimento mental e DÉFICIT INTELECTUAL 
c) embriaguez COMPLETA decorrente de CASO FORTUITO ou FORÇA MAIOR (CP, art. 
28, § 1º; c) dependência de substancia entorpecente (Lei 11.343/2006, art. 45): Quais as 
espécies de embriaguez? 
Resposta: são quatro: 
a) embriaguez não acidental, que se subdivide em: voluntária, dolosa ou intencional 
(completa ou incompleta); culposa (completa ou incompleta); 
b) embriaguez acidental: pode decorrer de caso fortuito ou força maior (completa ou 
incompleta); EXCLUI A CULPABILIDADE 
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c) patológica; EXCLUI A CULPABILIDADE, pois pode ser considerada doença mental. 
d) preordenada. 
Em que consiste a teoria da “actio libera in causa”? 
As ACTIONES LIBERAE IN CAUSA SIVE IN LIBERTATEM RELATOR são as condutas que 
per se não são conscientes e voluntárias, mas que o são em sua CAUSA ou ANTECEDENTES ( 
ações livres nacausa). A imputabilidade é deslocada para um momento anterior. Assim, a 
ACTIO LIBERA IN CAUSA são casos em que O AUTOR PRATICA UM ATO PUNÍVEL EM SITUAÇÃO 
DE INIMPUTABILIDADE, tendo-se colocado naquele estado, ou propositadamente, com a 
finalidade de uma realização típica, ou sem tal finalidade, mas prevendo suas possibilidades, 
ou ainda quando devia e podia prever. Há dois momentos: 
(a) a prática em estado de inimputabilidade de um ato penalmente reprovável; 
(b) o autor se colocar com a finalidade de cometê-lo, ou que poderia ou deveria 
prevê-lo. 
A teoria é aplicada nos casos de (a) embriaguez voluntária ou culposa; (b) estados de 
sono; (c) hipnose; (d) pertubação psíquica resultante de intoxicação por substância 
entorpecente. 
Se Caio dirige seu veículo consciente de estar completamente fatigado a ponto de 
não resistir ao sono, e continua a conduzi-lo, PODERÁ PREVER que adormecerá ao volante, 
ocasionado o acidente. 
Se a mãe, sabendo que tem o sono agitado, se deita para dormir com o filho recém 
nascido, sufocando-o enquanto dorme, deveria prever este resultado. 
A embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade do agente, seja voluntária, 
culposa, completa ou incompleta. Isso porque ele, no momento em que ingeria a substância, 
era livre para decidir se devia ou não o fazer. A conduta, mesmo quando praticada em estado 
de embriaguez completa, originou-se de um ato de livre-arbítrio do sujeito, que optou por 
ingerir a substância quando tinha possibilidade de não o fazer. A ação foi livre na sua causa, 
devendo o agente, por essa razão, ser responsabilizado. E a teoria da actio libera in causa 
(ações livres na causa). Considera-se, portanto, o momento da ingestão da substância e não o 
da prática delituosa. Essa teoria ainda configura resquício da responsabilidade objetiva em 
nosso sistema penal, sendo admitida excepcionalmente quando for absolutamente necessário 
para não deixar o bem jurídico sem proteção. 
Dependência ou intoxicação involuntária a substância entorpecente 
 Lei 11.343/2006, Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, 
ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação 
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ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que 
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste 
artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico 
adequado. 
• Conceito de ilicitude: 
“Contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou omissão 
típicas tornam-se ilícitas” (Fernando Capez). 
Nem sempre fato típico é ilícito, pois tem causas de exclusão da ilicitude. A ilicitude é 
indiciária, há indícios que o fato típico é ilícito. 
- formal: igual a tipicidade formal, contrário ao direito. 
- material: igual a tipicidade material, quando a conduta é contrária ao direito com 
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
*Requisitos para causa excludente de ilicitude: art 23 CP 
- subjetivo: vontade de atuar segundo a norma excludente. Por exemplo no estado 
de necessidade é expresso art 24 CP para salvar de perigo (subjetivo). 
- objetivos: 
a- estado de necessidade: perigo atual (iminente discute-se), que não provoca por 
sua vontade, inevitabilidade, cabe estado de necessidade de 3º, razoabilidade. Quem em 
dever legal não pode alegar estado de necessidade, art 24 § 1º CP. 
b- Legítima defesa: injusta agressão (contra animal só será possível se esse for 
açulado pelo dono, caso contrário será estado de necessidade), atual ou iminente, próprio ou 
outrem, meio necessário moderação. Art 25 CP 
c- estrito cumprimento dever legal: não pode haver abuso e o dever tem que ser 
legal. 
d- exercício regular do direito (“justificar”) a violência nos esportes luta, intervenções 
médicas). 
4- Pessoa do infrator 
- Crime é fato antigo como o homem. 
17 
 
Criminologia surge quando a Escola Positiva italiana cujos representantes mais conhecidos 
foram Lombroso, Garófalo e Ferri, generalizou o método de investigação empírico dedutivo. 
Antes: etapa pré-científica - especulação/dedução/pensamento abstrato. 
Escola Positiva: observação/indução/método positivo. 
- Etapa Pré-científica: 
* modelo clássico: método abstrato, dedutivo, formal; 
* modelo empírico: estudo do crime de forma fragmentária. 
- Criminologia Clássica: jusnaturalista, concebe o crime como fato individual, isolado, como 
mera infração a lei. É a contradição com a norma jurídica que dá sentido ao delito, sem que 
seja necessária uma referencia a personalidade do autor ou de sua realidade social para 
compreendê-lo. O decisivo é o fato e não o autor. 
Falta na escola clássica uma preocupação em indagar as causas do comportamento delitivo. 
Problema: abordar o problema do crime menosprezando o exame da pessoa do delinqüente 
assim como seu meio ou relacionamento social, alem de não oferecer aos poderes públicos as 
bases e informações necessárias para um programa político criminal de prevenção e luta 
contra o crime. 
Contribuiu mais para a penalogia, pois teve que enfrentar o velho regime, sistema penal 
caótico cruel e arbitrário, não poderia ainda a missão de investigar as causas do crime. 
Limita-se a responder ao comportamento delitivo com uma pena justa, proporcionada e útil, 
mas não se interessa o porquê bem como a prevenção. 
Legitimam o uso do castigo como instrumento de controle do crime. 
- Estatística moral ou escola cartográfica: criam a concepção do delito como fenômeno 
coletivo e fato social (regular e norma) que deve ser submetido a uma análise quantitativa. O 
crime é “normal”, produto das leis sociais. 
- Criminologia Positiva: Lombroso, Garófalo, Ferri. 
Crítica e alternativa a criminologia clássica, método empírico dedutivo. 
Positivismo: começa com a lei de Comte, fases e estágios do conhecimento humano. 
*Superação: clássicos lutaram contra o castigo, contra a irracionalidade, a missão do 
positivismo era lutar contra o delito, por um meio científico com objetivo de proteger a ordem 
social. Submeter a imaginação e observação. 
Positivismo: existência das leis naturais, ordem física e social. Crê na existência das leis 
naturais: origem na ordem física ou social, não há mais realidade que a dos fatos. “Os fatos 
mandam”, a ciência requer um gasto de muito tempo examinando um a um os feitos, 
avaliando-os reduzindo-os a um denominador comum. 
18 
 
“A Escola Criminal Positiva não consiste unicamente no estudo antropológico do criminoso, 
pois constitui uma renovação completa, uma mudança radical de método científico no estudo 
da patologia social criminal e do que há de mais eficaz entre os remédios sociais e jurídicos que 
nos oferecem”. 
Estudar primeiro as causas que produzem o delito e depois construir as toerias a respito do 
mesmo. 
(Página 188, 1º parágrafo, Criminologia, Luiz Flávio Gomes) 
O delito é concebido como um fato real e histórico, natural, não como uma fictícia abstração 
jurídica. Sua nocividade deriva não dá mera contradição com a lei a que ele responde, senão 
das exigências da vida social que é incompatível com certas agressões que põe em perigo suas 
bases. Seu estudo e compreensão são inseparáveis do exame do delinqüente e da sua 
realidade social. Interessa é a identificação das causas, como fenômeno. Finalidade da lei penal 
não é restabelecer a ordem jurídica senão combater o fenômeno social do crime, defender a 
sociedade. Positivismo concede prioridadeao estudo do delinqüente que está acima do exame 
próprio do fato. Positivismo é determinista, fundamenta castigo como na idéia de 
responsabilidade social ou na do mero fato de viver em comunidade. Positivismo professa uma 
concepção classista e discriminatória da ordem social. 
• Lombroso: fundador da criminologia, principal obra tratado Antropológico 
experimental do Homem delinqüente. Médico, psiquiatra, antropólogo e político. Defensor da 
escola Positiva que se baseava na ciência. Para ele delito é um fenômeno biológico. 
Cesare Lombroso (1835-1909) foi um homem polifacético; médico, psiquiatra, antropólogo e 
político, sua extensa obra abarca temas médicos (“Medicina Legal”), psiquiátricos (“Os avanços 
da Psiquiatria”), psicológicos (“O gênio e a loucura”), demográficos (“Geografia Médica”), 
criminológicos (“L’Uomo delincuente). 
Lombroso entende o crime como um fato real, que perpassa todas as épocas históricas, 
natural e não como uma fictícia abstração jurídica. Como fenômeno natural que é, o crime tem 
que ser estudado primacialmente em sua etiologia, isto é, a identificação das suas causas 
como fenômeno, de modo a se poder combatê-lo em sua própria raiz, com eficácia, com 
programas de prevenção realistas e científicos. 
Para Lombroso a etiologia do crime é eminentemente individual e deve ser buscada no estudo 
do delinqüente. É dentro da própria natureza humana que se pode descobrir a causa dos 
delitos. 
Lombroso parte da idéia da idéia da completa desigualdade fundamental dos homens 
honestos e criminosos. Preocupado em encontrar no organismo humano traços diferenciais 
que separassem e singularizassem o criminoso, Lombroso vai extrair da autópsia de 
delinqüentes uma “grande série de anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta 
occipital média e uma hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano (vermis) análoga a que se 
encontra nos seres inferiores” . 
19 
 
Assim, surgiu a hipótese, sujeita a investigações posteriores, de que haveria certas afinidades 
entre o criminoso, os animais e principalmente o homem primitivo, que ele considerava 
diferente, psicológica e fisicamente, do homem dos nossos tempos. 
Lombroso empreende um longo estudo antropológico no seu livro “L’Uomo delincuente” 
acerca da origem da criminalidade. Professando um particular evolucionismo, Lombroso 
procura demonstrar que o crime, como realidade ontológica, pode ser considerado uma 
característica que é comum a todos os degraus da escala da evolução, das plantas aos animais 
e aos homens; dos povos primitivos aos povos civilizados; da criança ao homem desenvolvido. 
O “crime” teria como característica ser extremamente freqüente, brutal, violento e passional 
nos níveis inferiores dessas escalas.Assim Lombroso vai teorizar acerca dos equivalentes do 
crime nas plantas e nos animais (“L’Homme Criminel, chapitre premier), a morte de insetos 
pelas plantas carnívoras (“homicídio”), a morte para ter o comando da tribo entre os cavalos, 
cervos e touros (“homicídio por ambição”), a fêmea do crocodilo que mata seus filhotes que 
ainda não sabem nadar (“infanticídio”), as raposas que se devoram entre si e algumas vezes 
mesmo devoram suas progênitoras (“canibalismo e parricídio”). 
Entre os chamados “selvagens” ou “povos primitivos” Lombroso também encontra a incidência 
generalizada do crime. O incremento excessivo da população, comparativamente aos meios 
naturais de subsistência explicaria os abortos e os infanticídios. São também comuns e 
frequentes segundo Lombroso o homicídio dos velhos, das mulheres, dos doentes, os 
homicídios por cólera, por capricho, de parentes por ocasião do funeral de morto importante, 
por sacrifícios religiosos, os cometidos por brutalidade ou por motivo fútil, os causados por 
desejo de glória etc.. São ainda comuns entre os selvagens o canibalismo, o roubo, o rapto, o 
adultério e os crimes contra a autoridade (chefes, deuses ou a própria tribo). 
Dentro da idéia evolucionista lombosiana (de passagem [física ou psíquica] do organismo mais 
simples para o mais complexo) os germes da loucura moral e do crime se encontram de 
maneira normal na infância. Lombroso advogava a existência na infância de uma predisposição 
natural para o crime. As analogias entre o imaturo e o criminoso se dariam na fase da vida 
instintiva, através da qual se observa a precocidade da cólera, que faz com que a criança bata 
nos circunstantes e tudo quebre em atitudes comparáveis ao compartamento violento 
criminoso. 
O ciúme, a vingança, a mentira, o desejo de destruição, a maldade para com os animais e os 
seres fracos, a predisposição para a obscenidade, a preguiça completa, exceto para as 
atividades que produzem prazer, são, entre outros, índices que Lombroso apontou, das 
tendências criminais na infância. A educação conduziria, porém, a criança para o período de 
“puberdade ética”, submetendo-a a profunda metamorfose. 
Identificando, pois a origem da criminalidade, como ontologia, nessas “fases primitivas” da 
humanidade, Lombroso entende que o criminoso é uma subespécie ou um subtipo humano 
(entre os seres vivos superiores, porém sem alcançar o nível superior do homo sapiens) que, 
por uma regressão atávica a essas fases primitivas, nasceria criminoso, como outros nascem 
loucos ou doentios. A herança atávica explicaria, a seu ver, a causa dos delitos. O criminoso 
seria então um delinqüente nato (nascido para o crime), um ser degenerado, atávico, marcado 
pela transmissão hereditária do mal. O atavismo (produto da regressão, não da evolução das 
espécies) do criminoso seria demonstrado por uma série de “estigmas”. De acordo com o seu 
20 
 
ponto de vista, o delinqüente padece de uma série de estigmas degenerativos, 
comportamentais, psicológicos e sociais. 
O criminoso nato seria caracterizado por uma cabeça sui generis, com pronunciada assimetria 
craniana, fronte baixa e fugídia, orelhas em forma de asa, zigomas, lóbulos occipitais e arcadas 
superciliares salientes, maxilares proeminentes (prognatismo), face longa e larga, apesar do 
crânio pequeno, cabelos abundantes, mas barba escassa, rosto pálido. 
O homem criminoso estaria assinalado por uma particular insensibilidade, não só física como 
psíquica, com profundo embotamento da receptividade dolorífica (analgesia) e do senso 
moral. Como anomalias fisiológicas, ainda, o mancinismo (uso preferente da mão esquerda) ou 
a ambidextria (uso indiferente das duas mãos), além da disvulnerabilidade, ou seja uma 
extraordinária resistência aos golpes e ferimentos graves ou mortais, de que os delinqüentes 
típicos pronta e facilmente se restabeleceriam. Seriam ainda comuns, entre eles, certos 
distúrbios dos sentidos e o mau funcionamento dos reflexos vasomotores, acarretando a 
ausência de enrubescimento da face. Consequência do enfraquecimento da sensibilidade 
dolorífica no criminoso por herança seria a sua inclinação à tatuagem, acerca da qual 
Lombroso realizou detidos estudos. 
Os estigmas psicológicos seriam a atrofia do senso moral, a imprevidência e a vaidade dos 
grandes criminosos. Assim, os desvios da contextura psíquica e sentimental explicariam no 
criminoso a ausência do temor da pena, do remorso e mesmo da emoção do homicida perante 
os despojos da vítima. Absorvidos pelas paixões inferiores, nenhuma relutância eles sentem 
perante a idéia dominante do crime . As conclusões de Lombroso (L’Homme Criminel) foram 
construções eminentemente empíricas baseadas em resultados de 386 autópsias de 
delinqüentes e nos estudos feitos em 3939 criminosos vivos por Ferri, Bischoff, Bonn, Corre, 
Biliakow, Troyski, Lacassagne e pelo próprio Lombroso . 
Lombroso porém não esgota na teoria da criminalidade nata a sua explicação para a etiologia 
do delito. A criminalidade nata não dá conta de todas as categorias antropológicas de 
delinqüentes, nem mesmo, numa mesma categoria, de todos oscasos habituais. Ele antevê na 
loucura moral e na epilepsia mais dois fatores capazes de fornecer uma elucidação biológica 
para o fenômeno delito. 
O louco moral é aquele indivíduo que tem, aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas 
sofre de profunda falta de senso moral. É um homem perigoso pelo seu terrível egoísmo. É 
capaz de praticar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos.Lombroso o diferenciava do 
alienado definindo-o como um “cretino do senso moral” ou seja, uma pessoa desprovida 
absolutamente de senso moral. A explicação da criminalidade do louco moral também é dada 
pela biologia, é congênita, mas pode de acordo com o meio na qual o indivíduo se desenvolve, 
aflorar ou não. A epilepsia foi outra explicação aventada por Lombroso como causa da 
criminalidade. A epilepsia ataca os centros nervosos em que se elaboram os sentimentos e as 
emoções. Objetaram-lhe, porém que se a epilepsia, bem conhecida e perceptível, explica em 
certos casos o delito, em outros não se observa haver sinal objetivo da doença em face do 
delito praticado. A essa objeção Lombroso opôs a sua teoria da epilepsia larvada, sem 
manifestações facilmente visíveis, que poderia explicar a etiologia do delito. Ao passo que a 
epilepsia declarada se exterioriza em meio a contrações musculares violentíssimas, a epilepsia 
larvada se denuncia por fugazes estados de inconsciência que nem todos percebem.Lombroso 
não abandonou uma das explicações da etiologia do delito pelas outras. Procurou coordená-
las. Assim, por exemplo, acentuou que a teoria do atavismo se completava e se corrigia com os 
21 
 
estudos referentes ao estado epilético. A etiologia do crime para Lombroso interrelaciona, 
portanto o atavismo, a loucura moral e a epilepsia: o criminoso nato é um ser inferior, atávico, 
que não evolucionou igual a uma criança ou a um louco moral, que ainda necessita de uma 
abertura ao mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre alguma forma de 
epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais. 
Lombroso, baseado em suas observações, encarava o seu tipo primordial de criminoso, o 
criminoso nato, como compondo 40 % do total da população criminosa, restando as demais 
àquelas outras formas de crime que tinham por fontes a loucura, a ocasião, o alcolismo e a 
paixão. Para Lombroso essas formas eram ligadas mais estreitamente a suas causas ocasionais 
e portanto, não forneceriam uma base possível para uma etiologia desses delitos. 
 
 
Para Lombroso o delinqüente tinha influencia biológica, estigmas, instinto criminoso, um 
selvagem na sociedade, o degenerado, cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, 
sobrancelhas salientes, maças afastadas, orelhas malformadas, braços comprimidos, face 
enorme, tatuado, impulsivo, mentiroso e falador de gírias. 
Utilização do método empírico: teoria “delinqüente nato”, pesquisa com base em 400 
autópsias, 6.000 vivos. 
6 grupos de delinqüentes: nato (atávico) hereditário, louco moral (doente, epilético, louco, 
ocasional, passional. 
*Delinquente nato: estudo do cérebro, anomalias atávicas, padece uma série de estigmas 
degenerativos comportamentais, psicológicos e sociais. Criminoso nato e um ser inferior que 
não evolucionou, igual uma criança. 
- problema: existem fatores sociais que Lombroso não levou em consideração. 
• Ferri: equilibrada teoria da criminalidade, o delito não é produto exclusivo de 
nenhuma patologia individual, senão como qualquer outro acontecimento natural ou social, 
resultado da contribuição de diversos fatores, individuais, físicos e sociais. Dividiu fatores 
22 
 
antropológicos, físicos sociais, etc. A criminalidade é um fenômeno social com os outros que se 
rege por sua própria dinâmica. 
• Garófalo: pena de morte em certas hipóteses propugna pela eficaz defesa da ordem da 
ordem social, que goza de supremacia radical frente aos direitos do indivíduo. Do mesmo 
modo que a natureza elimina a espécie que não se adapta ao meio, também deve o estado 
eliminar o delinqüente que não se adapta a sociedade e s exigências da convivência. Pana de 
acordo com características de cada delinqüente. 
Esquema da Escola Positiva: 
- crime como fenômeno natural e social 
- pena como instrumento de defesa social 
- Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Rafael Garófalo 
- Método indutivo experimental 
 
Transtorno mental e influência na pessoa do infrator (Palestra/reportagem/apostila). 
 
5- Pessoa da vítima: quem sofreu ou foi agredido de alguma maneira em razão de 
uma infração penal, cometida por um agente. 
Fases da vítima: protagonismo, neutralização, e redescobrimento 
Tipos de vítima: inocente, provocadora, agressora ou imaginária 
a- Vitimização primária: (autor x vítima) é normalmente entendida como aquela 
provocada pelo cometimento do crime, pela conduta violadora dos direitos da 
vítima, aquela que corresponde aos danos à vítima decorrentes do crime. 
Acontece no momento do fato delitivo, é a relação que se estabelece entre o 
criminoso e sua vítima. O processo pelo qual uma pessoa sofre, de modo direto ou 
indireto, os efeitos nocivos derivados do delito ou fato traumático, sejam esses 
materiais ou psíquicos. Ex: estupro, estresse pós - traumático. 
b- Vitimização secundária: (vítima x sistema legal) ou sobrevitimização, entende-se 
ser aquela causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do 
processo de registro e apuração do crime, com o sofrimento adicional causado 
pela dinâmica do sistema de justiça criminal (inquérito policial e processo penal). 
Ocorre quando a vítima entra em contato com o sistema legal, que não lhe 
dispensa a devida atenção. Aliás, ela é frequentemente maltratada pelos agentes 
do controle penal formal: maltratada na delegacia de polícia, dos institutos 
médicos legais, nos fóruns etc. Abrange os custos pessoais derivados da 
intervenção do sistema legal que paradoxalmente incrementam os padecimentos 
23 
 
da vítima. Assim a dor que causa a ela reviver a cena do crime ao declará-lo ante o 
juiz, o sentimento de humilhação que experimenta quando culpam-na 
argumentando que foi ela própria que com sua conduta provocou o delito (ex: 
agressão sexual), o impacto traumatizante que podem causar a vítima os 
interrogatórios policiais, o exame médico forense ou o reencontro com o agressor 
em juízo, etc. 
c- Vitimização terciária: falta de amparo dos órgãos públicos as vítimas, a própria 
sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito 
às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra. 
d- O conjunto de custos da penalização sobre quem a suporta pessoalmente ou sofre 
terceiros, e teria a ver com a premissa lógica de que os custos do delito sobre as 
pessoas e sobre a sociedade devem ser ponderados com os custos da penalização 
do infrator para ele próprio, para terceiros ou para própria sociedade. 
6- Controle social do comportamento 
- conceito de controle social 
- instâncias formais 
- instâncias informais 
 
7-Teoria do Etiquetamento (labelling aproach) ou enfoque da reação social. 
 
- Anos 70 explicação interacionista do fato delitivo que parte dos conceitos de: 
“conduta desviada” e “reação social”. 
 
- Norte americana, tem a pretensão de oferecer uma explicação científica aos processos de 
criminalização, carreiras criminais, e a desviação secundária. 
- adquirindo mais um modelo teórico explicativo do comportamento criminal. 
 
- Não se pode compreender o crime prescindindo da própria reação social (seleção de certas 
pessoas e condutas etiquetadas como delitivas). 
 
Delito e reação social são expressões interdependentes, recíprocas e inseparáveis. 
 
24 
 
A desviação não é uma qualidade intrínseca da conduta e sim umaqualidade que é atribuída 
por meio de complexos processos de interação social (seletivos e discriminatórios). 
 
Definição de criminalidade: não é como um pedaço de ferro, algum objeto físico, e sim, 
resultado de um processo social de interação (definição e seleção). 
 
O que interessa aqui são os processos de criminalização e sustenta que é o controle social que 
cria a criminalidade. 
 
* O interesse da investigação se desloca: do desviado e do seu meio, para aquelas pessoas ou 
instituições que lhe definem como desviado, analisando-se os mecanismos e o funcionamento 
do controle social ou a formação/origem da norma e nãos os déficits e carências do indivíduo, 
que é vítima dos processos de definição e seleção. 
 
Principais postulados: 
a- Interacionismo simbólico e construtivismo social: 
A realidade é construída sob a base de certas definições, e sobre o significado atribuído a 
elas, mediante complexos processos sociais de interação. 
* por isso, o comportamento humano é inseparável da interação social. 
O conceito que tem o indivíduo de si mesmo, de sua sociedade e de sua situação, que nela 
ostenta, é ponto importante do significado de conduta criminal. 
 
b- Introspecção simpatizante como técnica de aproximação da realidade criminal para 
compreendê-la a partir do mundo do desviado e captar o verdadeiro sentido que ele 
atribui a sua conduta. 
Compreender a realidade criminal, a partir do mundo do desviado e do sentido que ele atribui 
a sua conduta. 
 
c- Natureza “definitorial” do delito: 
O caráter delitivo de uma conduta e de seu autor depende de certos processos sociais de 
definição, que lhe atribuem tal caráter, e de seleção que etiquetam o autor como 
delinqüente. 
 
25 
 
d- Caráter constitutivo do controle social: em conseqüência a criminalidade é criada pelo 
controle social. Instancias ou repartições do controle social(polícia, juízes etc.) não 
detectam ou declaram o caráter delitivo de um comportamento, senão que o geram 
ou produzem ao etiquetá-lo. 
 
e- Seletividade e discriminatoriedade do controle social: 
O controle social é altamente discriminatório e seletivo, a etiqueta do delinquente 
manisfesta-se como um fator negativo, com o mesmo critério de distribuição dos bens 
positivos: levando em conta o status e o papel das pessoas. 
* de modo que o etiquetamento não depende tanto da conduta do delinqüente, mas sim 
da posição que este ocupa na sociedade (status). 
 
f- Efeito Criminógeno da pena: 
A reação social não é só injusta, irracional, longe de fazer justiça, prevenir a criminalidade 
e reinserir o desviado, pois a pena exacerba o conflito social em lugar de resolvê-lo, 
consolida o desviado no seu status de delinqüente, e gera os estereótipos e etiologias que 
se supõem que pretende evitar, é um círculo vicioso. 
A pena culmina uma escala dramática de degradação do condenado, estigmatizando-o 
com o selo de um status irreversível. 
Assim o desviado assumirá uma nova imagem: que é a chamada desviação secundária. 
g- Paradigma de controle: 
Duas tendências: 
1- Radical: exacerba a função constitutiva ou criadora da criminalidade: o crime não é 
senão uma etiqueta (segundo esses autores) que a polícia, promotores e juízes 
colocam no desviado, com independência de sua conduta ou merecimento. 
2- Moderada: a justiça penal integra a mecânica do controle social da conduta desviada. 
 
 Ter ampliado, o objeto da investigação criminológica, ao ressaltar a importância que tem a 
ação muito seletiva e discriminatória das instâncias e mecanismos de seleção do controle 
social. 
Como conseqüência do êxito interacionista, hoje não se pode mais estudar e compreender 
o problema criminal prescindindo da própria reação social, de definição e de seleção de 
certas pessoas e condutas etiquetadas como delitivas. 
• interpretação muito mais realista do dogma tradicional de igualdade diante da lei, e 
uma considerável preocupação com a desviação secundária e das carreiras criminais. 
• Não conta com a opinião criminológica majoritária, pois assim empobreceria a 
discussão, deixando sem respostas o mais preocupante: prevenção do delito e 
ressocialização do delinqüente. 
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8- Sistema penal e produção da realidade social. 
 
- É na zona mais baixa da escala social que a função selecionadora do sistema se transforma 
em função marginalizadora, em que a linha de demarcação entre os estratos mais baixos do 
proletariado e as zonas de subdesenvolvimento e de marginalização assinala de fato um 
ponto permanentemente crítico, no qual a ação reguladora do mecanismo geral do mercado 
de trabalho se acrescenta, em certos casos, a dos mecanismos reguladores e sancionadores 
do direito. Isso se verifica precisamente na criação e na gestão daquela zona particular de 
marginalização que é a população criminosa. 
 
- “Sociedade das camadas médias”: a desigual repartição do acesso aos recursos e as chances 
sociais, é drástica ma sociedade capitalista avançada. 
-o sistema escolar reflete a estrutura da sociedade e contribui para criá-la e para conservá-la, 
através de mecanismos de seleção, discriminação e marginalização. 
- a atitude do professor em face do menino proveniente de grupos marginais é caracterizada 
por preconceitos e estereótipos negativos, que condicionam a aplicação seletiva e desigual, 
em prejuízo deste, dos critérios do mérito escolar. 
- A homogeneidade do sistema penal e do sistema escolar: a mesma função de reprodução 
das relações sociais e de manutenção na estrutura. Encontramos no direito penal, em face 
dos indivíduos provenientes dos estratos sociais mais fracos os mesmos mecanismos de 
discriminação presente no sistema escolar. 
- o sistema de valores predominantemente uma cultura burguesa- individualista, dando 
ênfase ao patrimônio privado. Ex: furtos e crimes de trânsito; furtos e crimes do colarinho 
branco. 
- criam-se zonas de imunização para comportamentos cuja danosidade se volta 
particularmente contra as classes subalternas. 
- preconceitos e os estereótipos que guiam a ação dos órgãos investigadores como dos 
órgãos judicantes, e que levam a erros. 
- A distancia lingüística que separa julgadores e julgados, menor possibilidade de desenvolver 
papel ativo no processo desfavorecem os indivíduos socialmente mais pobres. 
- Incidência dos estereótipos/preconceitos/ teorias do senso comum. 
Pesquisas revelam as relevantes as diferenças de atitude emotiva e valorativas dos juízes, em 
face dos indivíduos pertencentes a diversas classes sociais, isto leva inconscientemente a 
tendências de juízos diversificados conforme a posição social dos acusados. 
27 
 
• Em geral pode-se afirmar que existe uma tendência por parte dos julgadores de 
esperar um comportamento conforme a lei dos indivíduos pertencentes a classe 
média e superior e o inverso com a classe inferior. 
• Situação familiar e profissional doa acusado influenciam. 
• Pena detentiva para os de classe inferior pois é menos comprometedora para o seu 
status social que já baixo, pois é normal tais acontecimentos pertencentes a estes 
determinados grupos sociais. 
• “um acadêmico na prisão é, para nós, uma realidade inimaginável” 
• Definição do que o delinqüente da de si mesmo e que os outros dão dele. 
• O mecanismo da marginalização posto em ação pelos órgãos institucionais é 
integrado e reforçado por processos de reação que intervêm ao nível informal: a 
distância social que isola a população criminosa do resto da sociedade. 
 
Cárcere e marginalidade social 
-aspectos psicológicos, sociológicos e organizativos. 
Infrutíferas tentativas de ressocialização. 
• Os institutos de detenção produzem efeitos contrários à reeducação e àreinserção 
do condenado, e favoráveis a sua estável inserção na população criminosa. 
• O cárcere é contrário a todo modelo ideal educativo, porque esse promove a 
individualidade, o auto- respeito, liberdade. 
• No presídio o encarcerado é despojado até dos símbolos exteriores de sua própria 
autonomia, vestuários e objetos pessoais, a vida no cárcere tem um universo 
repressivo e uniformizante. 
• Exames mostram efeitos negativos do encarceramento: “a possibilidade de 
transformar um delinqüente anti-social violento em um indivíduo adaptável, 
mediante uma longa pena, carcerária não parece existir, e que o instituto da pena, 
não pode realizar a sua finalidade como instituto de educação. 
• Privações x heterossexualismo 
• Desculturação, desadaptação as condições necessárias para a vida em liberdade- 
diminuição de força de vontade, perda do senso de auto-responsabilidade do ponto 
de vista econômico e social. 
• Redução do senso do mundo externo e a formação de uma imagem ilusória deste. 
• Educação para ser criminoso: prestígio de que goza assume função de modelo para 
os demais. X Educação para ser bom preso: âmbito da comunidade dos detidos, grau 
de ordem. 
• Relação do preso com a sociedade: quem exclui – sociedade x excluído-preso. Mundo 
capitalista: relações baseadas no egoísmo e na violência ilegal, os indivíduos 
socialmente mais débeis são excluídos. 
 
 
Uma nova concepção do Direito penal e da Política Criminal. 
 
28 
 
1-O objetivo último de uma política eficaz de prevenção não consiste em erradicar o crime, 
senão controlá-lo razoavelmente. O total extermínio da criminalidade e as cruzadas contra o 
delito são objetivos utópicos e ilegítimos que entram em conflito com a “normalidade” do 
fenômeno delitivo e do seu protagonista. 
2-No marco de um estado social e democrático de Direito, a prevenção do delito suscita 
inevitavelmente o problema dos meios ou instrumentos utilizados, assim como dos custos 
sociais da prevenção. O controle eficaz da criminalidade não justifica o emprego de todo tipo 
de programas, nem legitima o elevado custo social que determinadas intervenções 
requerem. 
3-Prevenir é mais que dissuadir mais que criar obstáculos ao cometimento de delitos, 
intimidando o infrator potencial ou indeciso. Prevenir significa intervir neutralizando suas 
causas. Contramotivando o delinqüente só com a ameaça de pena, ou com um sistema legal 
em excelente estado de funcionamento. 
4-A efetividade dos programas de prevenção deve ser programada a médio ou longo prazo. 
Um programa é tanto mais eficaz quanto mais se aproxime das causas do conflito que o 
delito exterioriza. Os programas de prevenção primaria são mais úteis que os de prevenção 
secundaria e estes mais que os de prevenção terciária. 
5-A prevenção deve ser contemplada, antes de tudo, como prevenção social e comunitária, 
precisamente porque o crime é um problema social e comunitário. Trata-se de um 
compromisso solidário da comunidade – não só do sistema legal que mobiliza todos seus 
integrantes para solucionar um conflito doloroso. 
6- A prevenção do delito implica prestações positivas, contribuições e esforços solidários que 
neutralizem situações carenciais, conflitos, desequilíbrios, necessidades básicas. Só 
reestruturando a convivência, redefinindo positivamente a relação entre seus membros cabe 
esperar resultados satisfatórios no tocante a prevenção do delito, “uma prevenção 
puramente negativa, policial ou semipolicial, sobre bases puramente dissuasórias, carece de 
operatividade. 
7- A prevenção científica e eficaz do delito, pressupõe uma definição mais complexa e 
aprofundada do “cenário” criminal, assim como dos fatores que nele interatuam, requer uma 
estratégia coordenada e pludirecional: o infrator não é o único protagonista do fato delitivo, 
visto que outros dados variáveis e fatores configuram esse acontecimento. Os programas de 
prevenção devem ser orientados seletivamente para todos e cada um deles (espaço físico, 
grupos de pessoas com risco de vitimização, hábitat humano, clima social). 
8-Pode-se também evitar o delito mediante a prevenção da reincidência. Seria melhor 
produzir ou gerar menos criminalidade do que prevenir mais delitos. Considerando que cada 
sociedade tem o crime que muitas vezes ela mesma produz e merece, uma política séria e 
honesta de prevenção deve começar com um sincero esforço de auto-crítica, revisando os 
valores que a sociedade oficialmente proclama e pratica. Pois determinados 
29 
 
comportamentos criminais, correspondem a certos valores sociais da sociedade. Política 
Social é um instrumento preventivo excelente e eficaz. 
A política criminal pode ser entendida como “o conjunto dos procedimentos 
através dos quais o corpo social organiza as respostas ao fenômeno criminal” ou “a 
determinação e o estudo dos meios ou remédios adotáveis pelo Estado para prevenir 
eficazmente o maior número possível de crimes”38 ou, ainda, “a atividade que tem por fim a 
pesquisa dos meios mais adequados para o controle da criminalidade, valendo-se dos 
resultados que proporciona a criminologia, inclusive através da análise e crítica do sistema 
punitivo vigente”. 
Cabe à política criminal, portanto, eleger interesses e idéias diretivas do 
tratamento reservado à enfermidade social que é o crime, elaborar as estratégias para seu 
combate, bem como incrementar a execução dessas estratégias. 
Assim, a política criminal pode ser melhor conceituada como o conjunto de 
princípios e recomendações que orientam as ações da justiça criminal, seja no 
momento da elaboração legislativa ou da aplicação e execução da disposição 
normativa.45 Coerente com a opção política fundamental do Estado, a política 
criminal define o que deva ser considerado comportamento delitivo46 e quais são as 
estratégias mais adequadas ao combate à delinqüência. No que diz respeito às estratégias de 
atuação prática da Justiça, a política criminal efetivamente influência a escolha e 
desenvolvimento dos procedimentos necessários à investigação, processo e julgamento dos 
comportamentos delitivos. 
 
Neste contexto, sobressai o propósito de proteção de bens jurídicos 
relevantes _1ª finalidade do Direito penal_, entendidos como aqueles bens 
imprescindíveis para satisfazer as necessidades fundamentais do indivíduo em 
sociedade. 
A origem da teoria do bem jurídico deve-se ao surgimento do Direito penal 
liberal concebido pelo Iluminismo, a partir do qual a demarcação dos pressupostos para a 
intervenção do Estado, além de ser restringida por aspectos formais (princípio da 
taxatividade, por exemplo), passou, progressivamente, a assumir, expressão de SILVA 
SÁNCHEZ, funções de autolimitação material. 
A utilização do Direito penal encontra-se justificada pela capacidade deste 
30 
 
instrumento do Estado de diminuir as cotas de violência inseridas nas relações sociais, 
entendida como lesões graves que abalam substancialmente bens jurídicos relevantes. 
 
Desta forma, a violência das prováveis contra-reações vingativas é substituída 
por outra monopolizada por meio de um sistema de dissuasão e pela violência da pena em si. 
Daqui surge a necessidade de o Estado proteger o indivíduo contra as reações sociais que o 
próprio crime desencadeia _2ª finalidade do Direito penal_ 
Não obstante a importância de se proteger bens jurídicos, bem como de se 
prevenir as reações informais, tais funções não são suficientes para legitimar a 
intervenção punitiva. Um outro papel, também, precisa ser atribuído ao Estado que se 
pretenda moderno: garantir a aplicação dos princípios, direitos e garantias penais previstos 
na Carta _3ª finalidade do Direito penal_ 
Esquematicamente, têm-se as três finalidadesdo Direito penal: 
1. Coibir condutas que ofendam, de forma grave, intolerável 
e transcendental, bens jurídicos relevantes 
2. Proteger o indivíduo das reações sociais que o crime 
desencadeia 
_ norma justa (respeito pelo direito) 
_ norma eficaz (crença no direito) 
Violência informal 
3. Garantir a aplicação dos princípios, direitos e garantias 
penais de natureza constitucional 
_ princípio da legalidade; princípio da igualdade; princípio 
da proporcionalidade etc 
_ GARANTISMO – Ferrajoli :Violência formal 
A sociedade precisa sentir como necessário, ou, mais do que isto, imprescindível o bem 
jurídico que o Direito penal está pretendendo 
deixar a salvo. A inexistência de tal sintonia pode ter diferentes causas. Dentre elas, destaca-
se: 
1. a conduta criminalizada já não mais atenta contra os valores sociais 
31 
 
2. a consciência acerca da importância do bem jurídico que a lei penal visa 
a proteger ainda não foi percebida pela sociedade 
No primeiro caso, a descriminalização da conduta impõe-se com urgência. 
O Código Penal tipifica inúmeras condutas que, não obstante serem desvaliosas 
quando da sua criminalização, hoje, encontram-se descontextualizadas. 
O Código Penal tipifica inúmeras condutas que, não obstante serem desvaliosas quando da 
sua criminalização, hoje, encontram-se descontextualizadas. Pode-se citar, neste sentido, o 
tipo penal de escrito ou objeto obsceno (art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter 
sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, 
desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 
2 (dois) anos, ou multa), dentre outros. 
9-Estado, Segurança Pública e cidadania 
O medo do delito contribuíram para o progressivo desenvolvimento de um novo modelo 
perverso e regressivo: modelo penal de insegurança. 
O crime é um problema social doloroso, cuja prevenção interessa ao Estado e aso 
particulares. Corresponde a polícia prevenir a delinqüência. 
 
Na sociedade atual, em que as classes sociais, tais como são reconhecidas e analisadas, num 
cenário consumista onde a mercadoria é altamente fetichizada e o consumo é a ideação a ser 
alcançada a qualquer preço, os jovens pertencentes às classes pobres nem sempre estão 
interessados numa integração subalterna ao mercado, nem sempre estão dispostos a 
reproduzir o itinerário de fracassos econômicos de seus pais, sua trajetória de derrotas, sua 
biografia de infortúnios, tanto esforço sem recompensa. 
 
É importante que se diga que esses jovens pobres querem consumir o mesmo que os filhos 
da elite e das camadas médias consomem: Querem internet, tecnologia sofisticada, 
computador, mídia, televisão, cinema, teatro, fotografia, artes, cultura, música, dança e 
esportes, roupas de griffes famosas, querem o que o mercado tem para oferecer. A sedução 
para o consumo é uma realidade e, para satisfazê-la, muitos jovens ingressam na 
criminalidade. 
 
Observa-se assim que a arma nas mãos de um jovem pobre e, sem perspectivas nem a 
médio, nem longo prazo representa muito mais que um meio a serviço de estratégias 
econômicas de sobrevivência. Há uma fome anterior muito mais profunda e radical do que a 
fome física: a fome de existir, a necessidade imperiosa de ser reconhecido, valorizado, 
acolhido. Por isso, pelo menos tão importante quanto às vantagens econômicas, destaca-se 
na cena da violência os benefícios simbólicos, afetivos, psicológicos, intersubjetivos e, 
32 
 
indubitavelmente, a satisfação de desejos recônditos de consumo. Definitivamente 
inalcançável dentro da cruel realidade sócio econômica daquele jovem 
Segurança pública e cidadania quando trabalhadas em conjunto rendem uma eficaz parceria. 
Ações que visam tão somente reprimir o crime são ineficazes, paliativas, mormente, não 
servem nem para justificar a ação do poder público. Ao contrário, por não trazerem em si 
uma solução, aumenta a insatisfação e a insegurança, tornando a sociedade civil refém do 
medo. 
 
A percepção lógica é simples: o crime torna-se causa do crime, pela mediação da economia e 
de outras esferas da vida social. Atuando-se sobre o crime, interrompe-se uma dinâmica 
autofágica, porque se afeta, positivamente, o conjunto dos fatores que funcionam como 
causas mediatas e imediatas do crime. Menos crime equivale a melhor economia, melhor 
qualidade de vida e, conseqüentemente, menos crime. Esse raciocínio se assenta no 
pressuposto de que o crime é causa da crise social e econômica, tanto quanto seu reflexo. 
 
O poder público não pode permitir que espaços sociais sejam subtraídos à vigência do Estado 
Democrático de Direito. É indispensável e urgente reformar as estruturas sociais, em 
benefício da justiça social, impondo uma inflexão nas desigualdades, reduzindo a miséria, 
expandindo a integração à cidadania e radicalizando a democracia, em todos os níveis. É 
igualmente indispensável e urgente interceptar as dinâmicas geradoras da violência, para 
salvar vidas, hoje 
 
A percepção lógica é simples: o crime torna-se causa do crime, pela mediação da economia e 
de outras esferas da vida social. Atuando-se sobre o crime, interrompe-se uma dinâmica 
autofágica, porque se afeta, positivamente, o conjunto dos fatores que funcionam como 
causas mediatas e imediatas do crime. Menos crime equivale a melhor economia, melhor 
qualidade de vida e, conseqüentemente, menos crime. Esse raciocínio se assenta no 
pressuposto de que o crime é causa da crise social e econômica, tanto quanto seu reflexo. 
 
O poder público não pode permitir que espaços sociais sejam subtraídos à vigência do Estado 
Democrático de Direito. É indispensável e urgente reformar as estruturas sociais, em 
benefício da justiça social, impondo uma inflexão nas desigualdades, reduzindo a miséria, 
expandindo a integração à cidadania e radicalizando a democracia, em todos os níveis. É 
igualmente indispensável e urgente interceptar as dinâmicas geradoras da violência. 
Papel da Polícia na atividade de recuperação 
-Violência 
- Prevenção primária: a prevenção primária objetiva neutralizar o problema antes do mesmo 
ocorrer, é sem dúvida a mais eficaz, lembrando que atua a médio e longo prazo e reclama 
prestações sociais. 
33 
 
- Prevenção secundária conecta a uma política legislativa penal, quando o conflito se 
manifesta ou exterioriza, assim como a ação policial. Ex: programas de prevenção policial de 
controles dos meios de comunicação, de ordenação urbana. 
* “toda pena que não deriva da absoluta necessidade é tirânica” Beccaria 
- A prevenção terciária: é o recluso, com o objetivo de evitar a reincidência. 
* a pena certa, pronta, necessária e proporcional, é mais eficaz que a pena dura e cruel. 
A pena injusta e cruel aterroriza, não intimida, desacredita o sistema. 
Recuperação: 
a- Programas que articulam mecanismos alternativos em lugar da intervenção do 
sistema legal ou que suavizam esta intervenção: parte do postulado do labelling 
approach de relativa evidencia, que consiste no seguinte: a intervenção das 
instâncias oficiais, estigmatizadora, pois gera a carreira criminal do infrator, 
ratificando definitiva e ritualmente sua condição irreversível de desviado. (programas 
de negociação e conciliação entre o delinqüente e da vítima, e reparação do dano 
por meio de prestações pessoais de trabalhos em favor da comunidade) 
b- Programas de intervenção: pretende produzir um efeito ressocializador no 
condenado, com a finalidade de que não reincida, mediante tratamento- 
intervenção. A meta é pedagógica ou terapêutica não preventiva. 
 
Referências Bibliográficas: 
- BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do

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