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Trabalho de Teoria da Constituição - Estado de Direito

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Exercício Teoria Da Constituição 
Aluno: Moacyr de Oliveira Santos Junior 
1. Explique as alterações de concepção jurídica da passagem do Estado de Não Direito para 
o Estado de Direito e depois, do Estado de Direito para o Estado Democrático de Direito: 
R: O Estado de Não Direito é uma denominação de Canotilho para identificar aqueles 
Estados de regime totalitário e que restringem os seus governados em seus direitos 
inalienáveis. São três as suas características principais: a arbitrariedade de suas leis e suas 
determinações jurídicas; também por esse motivo, se configura como um regime 
essencialmente injusto e desigual; e, encabeçando esse plexo de fatores, está a submissão do 
Direito às manifestações volitivas dos governantes, isto é, Direito é a vontade do Soberano. 
Nesse prisma, se percebe a crueldade de um Estado de Não Direito. A aderência de um 
princípio de Desigualdade Formal, quer dizer, de um critério transcendente para se aplicar de 
maneira arbitrária as normas jurídicas e se dividir a sociedade em estamentos por motivos 
alheios à racionalidade humana - muitas vezes motivos religiosos -, endossam a característica 
vil desses regimes. 
Igualmente, marca-se esse regime pela personalização do Estado na figura do 
monarca, que consome o Direito e transforma-o em sua vontade. É possível observar, nesse 
sentido, o viés totalitário do Estado de Não Direito; se configurando não como um Estado 
onde não exista Direito, mas em uma forma de governar onde o Direito é submetido às 
concepções de certo e de errado de um Monarca representante do Estado, assumindo o que 
Canotilho chama de uma “Razão do Estado”, instrumento de manipulação do direito com fins 
de preservar privilégios das classes sociais preponderantes, acobertando-os das instituições 
jurídicas e segregando as classes mais fracas em recursos e em poder. 
Não obstante, esses fatores contribuem de maneira direta para um direito deficitário à 
segurança jurídica, podendo as Leis, que já se manifestam como mera vontade de um Leviatã 
(aproveitando-se da figura monarca hobbesiana que se encaixa perfeitamente na situação), 
possuírem aplicação ainda mais subjetiva e discricionária, sendo aplicada em modulações e 
em critérios diferentes dependendo da classe social da pessoa que está sendo julgada. 
É fácil perceber, pois, os grandes problemas jurídicos dos períodos guiados por tal 
concepção de Estado: a falta de uma seriedade legislativa, o déficit da Segurança Jurídica, a 
adoção de uma espécie de Direito Penal do Inimigo e a negação dos princípios básicos da 
justiça e dos Direitos Humanos, servindo, então, de combustível para revoluções que 
buscaram superar esse regime enfadonho, promovendo a passagem para um Estado Liberal de 
Direito. 
Essa transição pode ser didaticamente apontada com a queda do Antigo Regime 
(representando o Estado de Não Direito) e a ascensão burguesa com Estado Liberal. Essa 
inauguração de um Estado de Direito significou diretamente a diminuição dos poderes do 
monarca, submetendo-o, agora, ao controle do Direito, isto é, exigindo dele obrigações 
negativas, ou seja, de não fazer. 
Preza-se, nesse sentido, por um ideal de segurança jurídica, buscando-se nos códigos e 
nas normatizações do direito esse fim. É a era onde os poderes se separam, onde se privilegia 
as liberdades públicas, onde se legitima a resistência à opressão, enfim, onde se busca reduzir 
o Estado à mero garantidor da segurança militar e da ordem, dando espaço para a autotutela 
do indivíduo e seu direito à autodeterminação. 
Guia-se o governo, nesse momento, por um axioma liberal de Igualdade Formal, quer 
dizer, agora vige, sob todas as ordens, a regra do “todos são iguais perante a Lei”. A ideia de 
Cidadão configura elemento central nessa dialética, incorporando o indivíduo à uma 
comunidade política onde ele, formalmente, teria voz. Esse pensamento muito foi inspirado 
pelos movimentos constitucionalistas que buscaram positivar por meio de uma Constituição 
os deveres e principalmente os direitos dos cidadãos perante o Estado, reprimindo-o como 
forma de evitar que as atrocidades jurídicas cometidas outrora no Absolutismo se repetissem. 
Essa é a representação do Império do Direito, o projeto de uma constituição positiva 
que tem como principal fim o constrangimento dos poderes Estatais. É a sujeição formal do 
Estado à limitações em seu poder e ao próprio exercício de direitos pelos cidadãos perante 
essa não mais soberana figura, constituindo o plexo de garantias individuais que compõe, nos 
dias de hoje, o núcleo liberal dos direitos humanos. 
Consoante a isso, a transição pode ser resumida nisto: na redução dos poderes de um 
Estado remotamente Absoluto como forma de garantir aos cidadãos o mínimo de Segurança 
Jurídica diante do norte que se fez as liberdades individuais, consagrando os direitos dos 
indivíduos ante ao Estado, buscando equilibrar essa desproporcional relação por meio da 
positivação dessas prerrogativas em Constituições. Portanto, fica claro e cristalino que um 
Estado de Direito é, eminentemente, um Estado Constitucional. 
Não obstante, com o decorrer do tempo e com as novas perspectivas sociais e criação 
de novas necessidades humanísticas, percebe-se a insuficiência formal do conceito de Estado 
de Direito. Apesar de sua inegável contribuição na positivação das prerrogativas individuais, o 
Estado Constitucional carecia, ainda, de um Fator Democrático, isto é, demandava-se, mesmo 
assim, de atribuir a esse regime constitucional a legitimação política de suas instituições por 
meio da Soberania Popular. 
O conceito de Soberania, muito tratado por Bodin, Rousseau, Locke e Hobbes, diz 
respeito ao poder de ultima instância de ordenar alguém. A soberania popular, portanto, 
significa que o detentor desse poder de mando é totalmente do Povo, entendido aqui como a 
instituição máxima ao qual o Estado e, consequentemente, o Direito deve se submeter para 
sua plena legitimação. Mais especificadamente, esse conceito vincula as decisões de ordem 
política e as demais instituições estatais à vontade da População, deslegitimando qualquer que 
seja a determinação governamental que não atenda a esses requisitos democráticos. 
Dessa forma, inaugura-se um Estado Democrático, por fundar suas deliberações e 
decisões governamentais em um princípio de consonância com as vontades da comunidade 
política, que o institui e, por isso, é a única que pode regulá-lo, não perdendo, porém, o viés 
Liberal de consagração de Direitos, já que a constituição se mostra imprescindível para a 
composição e legitimação das instituições Estatais, bem como seus atos de governo. 
Esse cenário se tornou propício também, para a consagração da terceira geração de 
direitos humanos, aqueles chamados de coletivos ou difusos. As preocupações internacionais 
com as garantias de direitos que não possuem sujeitos específicos, tais quais a Paz, a Água, e 
a Autordeterminação, juntamente com a retomada de importância da democracia como forma 
de organização política mais eficaz para sanear as necessidades da população, se tornou ponto 
chave para a administração desses Estados nesse período. 
Ainda nessa perspectiva de reestruturação dos paradigmas estatais, a figura do Estado 
do Bem Estar Social se configura como elemento que merece destaque. Desenhando-se como 
um “meson” entre um Estado Liberal, rico em obrigações negativas ao Estado e regido pelo 
princípio da igualdade formal (perante a Lei), e um Estado Social, abundante em obrigações 
positivas e guiado pelo axioma da igualdade material (substancialidade das políticas públicas 
de promoção de equidade), o Wellfare State foi uma saída encontrada para equilibrar essas 
realidades. 
A insuficiência dos conceitosmeramente formais de justiça e de igualdade trazidos nas 
constituições liberais proporcionou uma reação igualmente importante de configuração 
Estatal: o Estado Social. Consagrando direitos de segunda geração, ou seja, aqueles sociais, os 
quais possuem como sujeitos os membros de determinadas classes, como os direitos 
trabalhistas, por exemplo, o Estado Social se manifesta como um Estado Provedor, muito 
diferente do papel não interventor do Liberal. Esse Estado foi representado por seu viés 
interventor, como um agente ativo na promoção de equidade e de políticas de assistência, 
conferindo um aspecto Substancial ao princípio da igualdade, quer dizer, exigindo do estado 
obrigações de promoção efetiva de equidade perante as condições materiais dos cidadãos. 
Não demorou muito para que os efeitos dessa face proativa do Estado recaíssem 
negativamente para sua constituição econômica. O inchaço financeiro provocado pelas 
políticas assistencialistas realizadas logo demonstraram seus efeitos danosos à manutenção do 
Estado, levando-o a um período de crise. 
A solução encontrada foi a adoção de um meio termo entre a não intervenção e o 
intervencionismo demasiado, culminando no que se chama de Estado do Bem-Estar Social, 
buscando acatar às necessidades materiais dos direitos, sem deixar de se preocupar também 
com um plano econômico viável e exequível.

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