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Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos

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Revisão da Literatura
MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
Tratamento da Insuficiência Renal 
Crônica em Cães e Gatos
Treatment of Chronic Renal Failure in Dogs and Cats
Marcio Dentello LUSTOZA*
Márcia Mery KOGIKA** 
LUSTOZA, M.D.; KOGIKA, M.M. Tratamento da insuficiência renal crônica em cães e gatos. Rev Bras Med Vet – Peq Anim Anim Estim, Curitiba, 
v.1, n.1, p.62-69, jan./mar. 2003.
A insuficiência renal crônica (IRC) ocorre com relativa freqüência em cães e gatos. A insuficiência geralmente 
surge quando há perda irreversível de 67 a 75% dos néfrons, estágio em que os rins perdem a capacidade 
compensatória, podendo ocorrer a manifestação dos sinais clínicos. Considerando-se que os sinais clínicos 
são inespecíficos, torna-se necessária a realização de exames complementares para o estabelecimento do 
diagnóstico. Embora não exista cura definitiva para a IRC, existe uma série de terapias que visam melhorar 
a qualidade de vida e prolongar a sobrevivência dos animais acometidos. O objetivo desse artigo é tecer 
comentários sobre as principais terapias de manutenção recomendadas para os cães e gatos com IRC.
PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência renal/veterinária; Cães; Gatos.
 * Pós-graduando do Departamento de Clínica Médica/Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
 Universidade de São Paulo
 ** Professora Doutora do Departamento de Clínica Médica/Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
 Universidade de São Paulo; Av. Prof. Orlando Marques e Paiva, 87, Cidade Universitária – CEP 05508–900, 
São Paulo, SP; e-mail: mmkogika@usp.br
63 MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
Na tentativa de manter o equilíbrio ácido-básico, o 
organismo mobiliza ainda mais cálcio presente nos 
ossos (Figura 2), agravando o quadro de hiperparati-
reoidismo secundário renal (CHEW & DIBARTOLA, 
1992; SENIOR, 1994).
Os principais sinais clínicos observados são poliúria 
e polidipsia compensatória, resultante da incapacidade 
renal em concentrar a urina, mesmo quando o animal se 
apresenta desidratado, devido ao alto fluxo de filtrado 
nos néfrons remanescentes e a perda da hipertonicidade 
do interstício da medula renal (CHEW & DIBARTOLA, 
1992; SENIOR, 1994). Nos gatos, de maneira geral, 
durante o início da evolução da insuficiência renal, a po-
lidipsia e a poliúria são sinais clínicos menos freqüentes, 
quando comparados aos cães (SPARKES, 1998).
Ainda outros sinais clínicos são observados, tais 
como vômito, melena e tremores musculares, que ocor-
rem devido ao acúmulo de substâncias tóxicas como a 
úreia, amônia, gastrina entre outros compostos que não 
são adequadamente excretados pelos rins (POLZON & 
OSBORNE, 1988; RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). O 
diagnóstico da insuficiência renal crônica é baseado na 
observação dos sinais clínicos, no histórico do animal e 
nos achados laboratoriais. Dentre as alterações labora-
toriais observadas, as principais são a hiperazotemia, a 
INTRODUÇÃO
A insuficiência renal crônica (IRC) define-se como 
uma síndrome clínica que evolui por um período ex-
tenso, geralmente por meses ou anos, decorrente de 
alterações morfofuncionais irreversíveis no parênquima 
renal (POLZIN & OSBORNE, 1992; RUBIN, 1997; 
SENIOR, 1994).
A manifestação clínica da IRC ocorre somente 
quando há comprometimento de 67% a 75% dos 
néfrons (BROWN et al., 1997; KRONFELD, 1993). 
Quanto à etiologia, a IRC pode ter origem de doença 
renal crônica congênita, juvenil ou adquirida, ocorrendo 
em todas as faixas etárias, no entanto, é observada com 
mais freqüência em animais idosos. Estudos realizados 
em animais com IRC mostraram que a idade média do 
diagnóstico variou de 6,5–7anos nos cães, e de 7– 7,4 
anos nos gatos (RUBIN, 1997). 
No momento do diagnóstico da IRC, geralmente 
não é mais possível a identificação do agente etiológico, 
pois a lesão é autoprogressiva, acarretando perda de 
células renais funcionais, que se alteraram devido a 
processos adaptativos nos néfrons remanescentes 
(POLZIN & OSBORNE, 1988; RUBIN, 1997).
Com o intuito de suscitar discussões sobre os 
processos adaptativos do organismo e a progressão 
da lesão renal, foi sugerida a “Teoria da Hiperfiltração 
Glomerular”, investigada inicialmente em ratos, sendo 
a partir dessas observações extrapolada para outras 
espécies (CHURCHILL et al., 1992; GONIN-JMAA, 
1995 & SENIOR, 1995; POLZIN & OSBORNE, 1988). 
A teoria baseia-se na presença de hipertensão glomeru-
lar compensatória, de hiperperfusão renal e de hiper-
filtração, como uma resposta adaptativa à redução no 
número de néfrons, podendo, com a evolução da lesão, 
ocasionar proteinúria, esclerose glomerular e perda de 
mais néfrons funcionais (BROWN, 1992; CHURCHILL 
et al., 1992; GONIN-JMAA, 1995 & SENIOR, 1995; 
POLZIN & OSBORNE, 1988). 
Outro fator de causa de progressão da doença 
renal é o hiperparatireoidismo secundário renal, que 
ocorre devido à diminuição dos níveis séricos de cál-
cio ionizado e à hiperfosfatemia (FINCO et al., 1996; 
NASSAR, 2000). A hiperfosfatemia e o conseqüente 
desequilíbrio na relação cálcio/fósforo favorecem a 
precipitação e a deposição de fosfato de cálcio em 
tecidos moles, principalmente nas células renais e nas 
membranas basais tubular e glomerular (Figura 1), de-
sencadeando um processo inflamatório, aumentando 
assim a perda de células tubulares renais funcionantes 
(CHEW & DIBARTOLA, 1992; CHURCHILL et al., 
1992; POLZIN & OSBORNE, 1992; SENIOR, 1994).
Também contribui para o desenvolvimento 
do hiperparatireoidismo secundário renal a acidose 
metabólica, devido à diminuição da reabsorção renal 
do bicarbonato presente no filtrado glomerular e à 
reduzida secreção de íons hidrogênio pelos túbulos 
renais (CHEW & DIBARTOLA, 1992; SENIOR, 1994). 
FIGURA 1: Corte histológico de parênquima renal apresentando 
calcificação da membrana basal tubular (calcificação metastática) 
de um cão com insuficiência renal crônica/hiperparatiroidismo 
secundário renal (coloração HE). Foto: Maria Regina Baccaro.
FIGURA 2: Imagem radiográfica da região cefálica de um cão 
idoso com insuficiência renal crônica/hiperparatireoidismo 
secundário renal. Foto: Janis R. M. Gonzalez. 
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Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
hiperfosfatemia, a acidose metabólica e a anemia não-re-
generativa. No exame de urina, geralmente, observa-se 
densidade urinária semelhante à do soro (isostenúria) e 
proteinúria em intensidade variada. Outras alterações 
podem incluir, ainda, hipopotassemia (principalmente 
em felinos), hipercolesterolemia, hipercalcemia ou 
hipocalcemia. O diagnóstico por imagem (RX) pode 
indicar diminuição do tamanho renal, mineralização 
renal e diminuição da densidade óssea. O exame ultra-
sonográfico geralmente revela presença de aumento na 
ecogenicidade dos rins (Figura 3), pouca definição do 
limite córtico-medular, redução de tamanho e contor-
nos renais irregulares (BROWN, 1998a; POLZIN et al., 
1992; RUBIN, 1997; SPARKES, 1998).
Embora não exista um tratamento que possa 
determinar a cura da IRC, devido à característica de 
irreversibilidade da lesão renal, há possibilidade de 
indicação de terapias de suporte e sintomáticas que 
minimizam os sinais clínicos e proporcionam aos ani-
mais uma sobrevida, que pode variar de meses a anos, 
com o intuito de se manter uma boa qualidade de vida 
(POLZIN & OSBORNE, 1988).
TRATAMENTO
O tratamento atualmente preconizado para a IRC 
é o conservativo e tem por objetivo corrigir ou mini-
mizar os distúrbioshídrico, eletrolítico, ácido-básico, 
endócrino e nutricional (RUBIN, 1997).
Desidratação
Em relação ao tratamento da poliúria, se o consu-
mo de água for inadequado, o animal poderá apresentar 
desidratação, redução da perfusão renal e posterior 
piora na função renal (POLZIN et al., 1992; SPARKES, 
1998), sendo nesses casos indicada a fluidoterapia por 
via parenteral (POLZIN et al., 1992; SPARKES, 1998). 
Em relação à composição do fluido, à quantidade, às 
vias de administração, estes requerem detalhamento 
mais minucioso, considerando-se parte da terapia mui-
to importante na manutenção do paciente, conforme 
abordaremos separadamente em publicações futuras. 
Ressaltamos que devido às características fisiológicas 
dos cães e gatos, que diferem em alguns aspectos da 
espécie humana, a fluidoterapia realizada de forma ade-
quada com monitoramento, ainda consiste na melhor 
opção terapêutica na manutenção do paciente crônico 
em Medicina Veterinária de pequenos animais. 
Distúrbios gastrintestinais 
Os distúrbios gastrintestinais contribuem signifi-
cantemente para a anorexia e a perda de peso associados 
à insuficiência renal nos cães e gatos (SENIOR, 1994; 
SPARKES, 1998). Para aliviar as conseqüências dos dis-
túrbios gastrintestinais e da anorexia, algumas estratégias 
são utilizadas para aumentar a ingestão de alimento pelos 
animais. O fornecimento de refeições aquecidas e ofe-
recidas em pequenas quantidades, várias vezes ao dia, 
costuma ter um efeito benéfico no aumento da ingestão 
de alimentos pelos pacientes. Aliadas a essas estratégias, 
recomenda-se a administração de alguns fármacos que 
melhoram a condição do sistema digestivo, como os 
antagonistas de receptores H2 do grupo da cimetidina 
(2,5 – 5mg/kg a cada 12 horas, por via oral ou intra-
venosa) e da ranitidina (cães – 2mg/kg a cada 8 horas, 
por via oral ou intravenosa; gatos 2,5mg/kg a cada 12 
horas, por via intravenosa ou 3,5mg/kg a cada 12 horas 
por via oral) que aliviam a gastrite urêmica devido à 
hipergastrinemia, diminuindo a secreção de HCl, e o 
sucralfato (cães – 0,5 a 1,0mg/por cão a cada 8 ou 12 
horas, por via oral; gatos – 0,25mg/por gato a cada 8 ou 
12 horas, por via oral) que é um protetor de mucosa, 
indicado principalmente nos casos de úlcera gástrica. 
Para o controle do vômito, recomenda-se comumente 
medicação antiemética representada pela metoclopra-
mida (0,2 a 0,5mg/kg a cada 6 ou 8 horas por via oral, 
subcutânea ou intravenosa) (PAPICH, 2000; RUBIN, 
1997; SENIOR, 1994; SPARKES, 1998). Estimulantes 
diretos do apetite como o diazepam podem ser utili-
zados, no entanto, seu uso é limitado pela sedação que 
causam nos pacientes. Além disso, apresentam efeitos 
satisfatórios apenas nos felinos (0,2mg/kg por via intra-
venosa), sendo seu uso questionável em cães (PAPICH, 
2000; SENIOR, 1994). Nos pequenos animais, relata-se 
a possibilidade de desenvolvimento de necrose hepática 
aguda com o uso do diazepam. 
Hipopotassemia
A hipopotassemia ocorre ocasionalmente nos 
cães com IRC (POLZIN et al., 1992), já nos felinos é um 
achado relativamente comum, sendo responsável pelo 
quadro de polimiopatia com fraqueza muscular gene-
ralizada e ventroflexão do pescoço (Figura 4) (RUBIN, 
1997; SPARKES, 1998). A suplementação com potássio 
é indicada para pacientes com níveis séricos de potássio 
abaixo de 4mEq/L, mesmo na ausência de sinais clínicos 
de hipopotassemia (RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). 
Felinos com insuficiência renal podem apresentar 
significativa melhora no estado geral com a suplemen-
tação de potássio, na dosagem de 2-6mEq/animal/dia 
(RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). A suplementação 
oral, com gluconato de potássio, é mais recomendada 
FIGURA 3: 
Imagem ultra-
sonográfica do 
parênquima 
renal de um 
cão com 
insuficiência 
renal crônica. 
Foto: Janis R. 
M. Gonzalez. 
65 MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
Os agentes alcalinizantes devem ser administra-
dos em doses pequenas e divididas durante o dia, com 
a finalidade de diminuir as variações no pH sangüíneo, 
sendo que a concentração do bicarbonato sangüíneo 
deve ser avaliada no período de 10 a 14 dias, após o 
início do tratamento (POLZIN & OSBORNE, 1997; 
RUBIN, 1997).
Hipertensão Arterial 
A hipertensão arterial é outra das complicações 
que podem ser observadas durante a evolução da IRC. 
Geralmente, a hipertensão é clinicamente assintomática 
ou somente é detectada quando os pacientes exibem 
manifestações oculares (Figuras 5 e 6) (POLZIN & 
OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997). Acredita-se que a 
hipertensão arterial desempenhe um papel importante 
na progressão da lesão renal, na hipertrofia cardíaca e 
em manifestações neurológicas, porém ainda não exis-
tem provas conclusivas (POLZIN & OSBORNE, 1997). 
O diagnóstico e o tratamento da hipertensão em cães 
e gatos são problemáticos, pois ainda não foi possível 
estabelecer os valores de pressão arterial fidedignos 
que acarretem no início das lesões nos órgãos, princi-
palmente nos rins (POLZIN & OSBORNE, 1997). 
por ser mais segura e por poder ser fornecida pelo 
proprietário. Entretanto, a suplementação por via 
parenteral pode ser necessária em casos graves de 
hipopotassemia ou quando a suplementação por via oral 
é inviável, recomendando-se avaliação periódica dos 
valores séricos de potássio (RUBIN, 1997; SPARKES, 
1998). Atualmente, alguns estudos têm recomendado 
suplementação com baixas doses (2mEq/animal/dia) 
de potássio para todos os gatos com insuficiência renal 
crônica (RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). 
Acidose metabólica
A correção da acidose metabólica é muito 
importante na terapia da IRC nos cães e gatos, uma 
vez que a acidose parece estar envolvida na gênese 
de algumas manifestações observadas, tais como a 
perda de massa muscular, a desmineralização óssea e 
o aumento na amoniagênese renal (BROWN, 1998a; 
POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SENIOR, 
1994; SPARKES, 1998). Existem claros benefícios clíni-
cos no controle da acidose metabólica, entre os quais a 
melhor adaptação do animal à dietas hipoprotéicas pela 
prevenção dos efeitos catabólicos da acidose (POLZIN 
& OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997).
O objetivo da terapia é manter as concentrações 
sangüíneas de bicarbonato entre 17 e 22mEq/L (POL-
ZIN & OSBORNE, 1997). Como os efeitos negativos 
da acidose ocorrem já com a redução moderada nas 
concentrações de bicarbonato, a acidose é comumente 
corrigida pela suplementação com bicarbonato de sódio 
por via parenteral ou oral (84g de bicarbonato de sódio 
em 1 litro de água, sendo esta solução conservada em 
geladeira e administrada na quantidade de 1 a 1,5ml 
para cada 10kg de peso, por via oral ou junto com o 
alimento) (POLZIN & OSBORNE, 1995), quando a con-
centração deste declina para valores iguais ou menores 
que 17mEq/ L (POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 
1997). Caso seja necessária a restrição de sódio, 
recomenda-se substituir o bicarbonato de sódio por 
citrato de potássio ou carbonato de cálcio, sendo este 
último contra-indicado em pacientes com hipercalcemia 
(SENIOR, 1994).
FIGURA 4: Felino apresentando fraqueza muscular generalizada 
secundária, a hipopotassemia. Foto: Ricardo Duarte Silva.
FIGURA 5: Retinopatia hipertensiva em felino com insuficiência 
renal crônica. Foto: Paola Lazaretti.
FIGURA 6: Retinopatia hipertensiva em um cão com insuficiência 
renal crônica. Foto: Paola Lazaretti.
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Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
monal com eritropoetina recombinante humana. O uso 
da eritropoetina é indicado quando os valores de he-
matócrito declinampara menos de 30% nos cães e 20 
– 25% nos gatos, quando os sinais clínicos observados 
no animal podem ser atribuídos, em parte, à gravidade 
da anemia (COWGILL, 1995; POLZIN & OSBORNE, 
1997; RUBIN, 1997; SENIOR, 1994; SPARKES, 1998). 
Com o uso da eritropoetina, espera-se um aumento no 
hematócrito que é dose-dependente, havendo restau-
ração dos valores normais de hematócrito e a melhora 
do estado geral do animal num período de 2 a 8 sema-
nas (POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997). As 
doses recomendadas variam de 50 a 150 UI por quilo 
de peso, porém recomenda-se uma dose inicial de 100 
UI por quilo de peso, administrada por via subcutânea 
três vezes por semana, até que se atinjam os valores 
de hematócrito de 30–40% para gatos e 37–45% para 
cães, recomendando-se, posteriormente, a diminuição 
da dose (POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; 
SPARKES, 1998). Cabe lembrar que o uso da eritropo-
etina recombinante humana não é aprovado para os 
cães e gatos, recomendando-se, portanto, o termo de 
ciência do proprietário sobre a sua utilização.
Os problemas mais comuns associados à terapia 
com eritropoetina nos cães e gatos são o desenvolvimento 
de anticorpos anti-eritropoetina, convulsões, hipertensão 
sistêmica, hiperpotassemia e trombocitose (POLZIN & 
OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). 
A suplementação oral ou parenteral de ferro é 
utilizada para prevenir a deficiência desse mineral de 
forma a facilitar a atividade da eritropoetina (POLZIN 
& OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SPARKES, 1998). A 
suplementação oral com sulfato ferroso é preferida e 
as doses recomendadas são 50 a 100mg/dia para gatos 
e 100 a 300mg/dia para cães (PAPICH, 2000). Reco-
menda-se também a administração inicial de sulfato 
ferroso, antes da administração da eritropoetina, pois 
alguns animais podem apresentar melhora do quadro 
anêmico somente com a suplementação. 
As transfusões sangüíneas são indicadas para pacien-
tes que apresentam uma anemia intensa, com valores de 
hematócrito que variam de 10 a 15%, ou menos, depen-
dendo da gravidade dos sinais clínicos (WEISER, 1992).
Hiperparatireoidismo secundário renal
Para a redução dos efeitos do hiperparatireoi-
dismo secundário renal e de suas alterações ósseas, 
recomenda-se a suplementação com baixas doses de 
vitamina D3 ativada (calcitriol), associada a uma restri-
ção dietética de fósforo (BROWN et al., 1997; POLZIN 
& OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SENIOR, 1994; 
SPARKES, 1998). O uso do calcitriol é justificado devi-
do aos seus efeitos na absorção intestinal de cálcio, na 
liberação de cálcio e fósforo nos ossos, na reabsorção 
renal de cálcio e fósforo e na supressão da secreção 
do paratôrmonio (BROWN et al., 1997; POLZIN & 
OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997). 
Estudos preliminares relatam que a hipertensão 
existe quando a pressão sistólica sangüínea ultrapassa 
184mm de Hg em cães e 161mm de Hg em gatos, 
ou quando a pressão diastólica sangüínea ultrapassa 
130mm de Hg em cães e 125mm de Hg em gatos, 
ou ainda quando a pressão arterial média ultrapassa 
152mm de Hg em cães e 138mm de Hg em gatos 
(POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997), em três 
mensurações com um intervalo mínimo de uma semana 
para cada mensuração (POLZIN & OSBORNE, 1997; 
RUBIN, 1997). A intervenção terapêutica imediata é 
indicada nos pacientes com lesões oculares consisten-
tes devido à retinopatia hipertensiva, aliada a valores 
de pressão sangüínea, excedendo os estabelecidos, 
e para pacientes que, na ausência de condição de 
estresse, apresentem valores de pressão sistólica que 
ultrapassem 200mm de Hg (BROWN, 1998a; POLZIN 
& OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SPARKES, 1998).
A terapia da hipertensão arterial associada com 
a IRC deve ser iniciada cautelosamente, sendo neces-
sária a avaliação freqüente dos níveis séricos de uréia 
e creatinina (POLZIN & OSBORNE, 1997). Até o 
momento, o único benefício comprovado da terapia 
anti-hipertensiva, em cães e gatos, é a reversão e pre-
venção das manifestações oculares que podem ocorrer 
na hipertensão (BROWN et al., 1997; (POLZIN & 
OSBORNE, 1997).
Os inibidores da enzima conversora de angioten-
sina, como o enalapril (0,5mg/kg a cada 12 ou 24 horas 
por via oral) e o benazepril (0,25 a 0,5mg/kg a cada 24 
horas por via oral), são os medicamentos de primeira 
escolha no tratamento da hipertensão sistêmica em 
cães. Nos gatos, os bloqueadores de canais de cálcio, 
como a amlodipina (0,625 – 1,25mg/dia), são os fár-
macos de primeira escolha (BROWN, 1998a, 1998b; 
POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SPARKES, 
1998). Um estudo recente, com o uso do benazepril 
em felinos com IRC induzida, demonstrou significante 
diminuição na hipertensão arterial sistêmica e manu-
tenção de valores mais altos de filtração glomerular 
nos indivíduos tratados em relação ao grupo controle 
(BROWN et al., 2001). A restrição dietética de sódio é 
recomendada para melhorar a efetividade dos agentes 
farmacológicos (BROWN, 1998a; 1998b; POLZIN & 
OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997).
Anemia
Na IRC, também é relativamente comum o desen-
volvimento de anemia normocítica, normocrômica e não-
regenerativa, que muitas vezes favorece a manifestação 
de letargia, fraqueza muscular, anorexia e perda de peso. 
Vários fatores favorecem o aparecimento da anemia, 
sendo o principal a diminuição da síntese de eritropoetina 
pelos rins (CHEW & DIBARTOLA, 1992; POLZIN & 
OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997; SENIOR, 1994). 
Para corrigir a anemia arregenerativa, a terapia 
mais efetiva disponível atualmente é a reposição hor-
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e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
os resultados observados têm diferido em muitos as-
pectos daqueles observados em roedores (BROWN, 
1992; BROWN et al., 1997; CHURCHILL et al., 1992; 
KRONFELD, 1993).
A restrição dietética de proteína é indicada para 
cães e gatos com IRC, com o objetivo de reduzir a pro-
dução de toxinas urêmicas nos animais em estágio grave 
da doença, bem como na fase inicial do processo, com 
o objetivo de diminuir a progressão das lesões renais e, 
conseqüentemente, da doença (BROWN et al., 1997). 
Para animais urêmicos, a restrição protéica é aceita como 
apropriada e muito recomendada, porém para animais 
em estágio inicial da IRC o seu uso é controverso e não 
comprovado cientificamente (BROWN et al., 1997; 
POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997).
Como os roedores, os cães e gatos também desen-
volvem hipertensão glomerular quando ocorre redução 
significativa na massa renal, justificando, a princípio, o uso 
de dietas hipoprotéicas no controle da progressão da 
insuficiência renal nesses animais (BROWN et al., 1997). 
No entanto, a restrição protéica não se tem mostrado 
eficaz em controlar a hipertensão e a hiperfiltração 
glomerular que se desenvolvem nos cães e gatos com 
redução na massa renal funcionante, como ocorre nos 
roedores (BROWN, 1992; BROWN et al., 1997).
Assim, até o momento, não existe base científica 
para o uso de dietas hipoprotéicas em animais com 
IRC em estágio inicial, com o objetivo de controlar a 
progressão das lesões renais e prevenir o agravamento 
da doença (COWGILL, 1998; FINCO et al., 1998b; 
POLZIN & OSBORNE, 1997).
Para os cães e gatos com insuficiência renal, a 
restrição protéica na dieta é indicada para os animais 
com hiperazotemia moderada, ou seja, com valores de 
creatinina sérica acima de 2,5mg/dl e de uréia sérica 
acima de 170mg/dl, sendo o objetivo manter os níveis 
séricos de uréia abaixo de 128mg/dl (CASE et al., 
1995; COWGILL, 1995; FINCO et al., 1998b; POZIN 
& OSBORNE, 1997).
Para cães com insuficiência renal moderada, re-
comenda-se uma dieta que forneça de 1,6–2 gramas 
de proteína por quilo de peso a cada dia (CASE et al., 
1995), esses valores podemser atingidos com dietas que 
apresentam níveis de proteína que variam de 12% a 28% 
na matéria seca. Para animais com doença renal grave, os 
níveis devem variar de 5% a 15% na matéria seca (CASE 
et al., 1995). Para felinos, recomenda-se que aproxima-
damente 21% da energia bruta que o animal recebe na 
dieta seja composta por proteínas (RUBIN, 1997).
As fontes de proteínas da dieta devem ser de alto 
valor biológico para fornecer os aminoácidos essenciais 
nas proporções e quantidades adequadas (COWGILL, 
1998). É importante ressaltar que as dietas terapêuti-
cas devem ser fornecidas em quantidades adequadas, 
para evitar a desnutrição e maior comprometimento 
da composição corporal (COWGILL, 1998; RUBIN, 
1997).
Recomenda-se que a suplementação com calcitriol 
seja iniciada precocemente no decurso da insuficiência 
renal crônica (RUBIN, 1997). As dosagens recomendadas 
variam de 1,5–6,6mg por quilo de peso/dia, por via oral, 
fornecidas separadamente das refeições, sendo que a 
terapia só deve ser instituída quando os valores séricos 
de fósforo estiverem abaixo de 6mg/dl, por isso o animal 
deve ter a hiperfosfatemia controlada anteriormente 
com restrição do fósforo dietético e, se necessário, com 
quelantes intestinais de fósforo (BROWN et al., 1997; 
POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997). A terapia 
com calcitriol deve ser baseada em sucessivas avaliações 
dos valores séricos de paratormônio e na mensuração 
rotineira dos valores séricos de fósforo e de cálcio 
ionizado durante o tratamento (BROWN et al., 1997; 
POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 1997).
A despeito dos potenciais efeitos benéficos nos 
pacientes com IRC, a terapia com calcitriol deve ser 
instituída com grande cuidado, devido à hipercalcemia, 
que é uma complicação potencialmente séria (BROWN 
et al., 1997; POLZIN & OSBORNE, 1997; RUBIN, 
1997). No entanto, CHEW et al. (1992) relataram que 
a hipercalcemia é um efeito colateral pouco comum, 
quando o calcitriol é administrado em baixas doses como 
as recomedadas (POLZIN & OSBORNE, 1997).
O PAPEL DA TERAPIA DIETÉTICA 
NO CONTROLE DA INSUFICIÊNCIA 
RENAL CRÔNICA
A terapia dietética é uma das bases do tratamento 
de animais com IRC e, embora alguns aspectos do seu 
uso sejam ainda controversos, é amplamente utilizada 
e recomendada (RUBIN, 1997; SENIOR, 1994). Os ob-
jetivos da terapia dietética são: reduzir ou melhorar os 
sinais clínicos da uremia pela diminuição da produção de 
compostos tóxicos derivados do catabolismo protéico; 
minimizar os distúrbios eletrolíticos, vitamínicos e mi-
nerais associados ao excessivo consumo de proteína e 
de alguns minerais; fornecer as quantidades adequadas 
de proteína, calorias e minerais diariamente; diminuir 
a progressão da insuficiência renal (RUBIN, 1997). 
A proteína
Dietas hipoprotéicas têm sido recomendadas 
para animais com IRC desde 1948 (RUBIN, 1997). Essa 
recomendação foi baseada inicialmente em estudos 
com roedores, havendo naquela época poucos dados 
disponíveis derivados de estudos realizados em cães e 
gatos (BROWN et al., 1997; CHURCHILL et al., 1992; 
GONIN-JMAA & SENIOR, 1995; KRONFELD, 1993). 
A partir de 1979, uma série de experimentos analisando 
o papel da restrição protéica no desenvolvimento da 
IRC em cães e gatos tem sido realizada, sendo que 
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Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
O fósforo
A retenção de fósforo que ocorre na insuficiência 
renal é um fator importante no desenvolvimento do 
hiperparatireoidismo secundário renal, na calcifica-
ção de tecidos moles e, segundo alguns autores, no 
desenvolvimento da progressão da IRC em cães e 
gatos (BROWN, 1998a; RUBIN, 1997; SENIOR, 1994; 
SPARKES, 1998).
Nos cães e gatos, vários estudos realizados em ani-
mais nefrectomizados também têm mostrado benefícios 
significativos com o uso de dietas restritas em fósforo 
para animais em hiperazotemia (BROWN et al., 1997; 
FINCO et al., 1998b). Nos cães com IRC que receberam 
dietas restritas em fósforo, as taxas de sobrevivência e de 
filtração glomerular foram maiores do que nos animais 
controle (BROWN et al., 1997; FINCO et al., 1998b). 
Nos gatos com IRC, a restrição dietética de fósforo foi 
associada a um efeito de preservação da estrutura renal, 
diminuindo a mineralização de tecidos moles e o desen-
volvimento do hiperparatireoidismo secundário renal 
(BROWN et al., 1997; FINCO et al., 1998b).
Atualmente, as observações mostram que a res-
trição dietética de fósforo desempenha um papel mais 
relevante do que a restrição protéica no controle da 
progressão das lesões renais (FINCO et al., 1998b). 
Indica-se a restrição dietética de fósforo nos animais 
que apresentam hiperfosfatemia e o objetivo da terapia 
é atingir a normofosfatemia, ou seja, o valor do fósforo 
sérico deve ser igual ou inferior a 6mg/dl (BROWN, 
1998a; RUBIN, 1997; SENIOR, 1994).
Quando uma dieta é restrita em proteínas, ela 
geralmente também é restrita em fósforo, uma vez 
que a proteína é a maior fonte de fósforo disponível nas 
dietas (FINCO et al., 1998b; RUBIN, 1997; SENIOR, 
1994). Atualmente, recomenda-se um nível dietético de 
fósforo de 0,25 % na matéria seca para cães e de 0,3-
0,4 % para os gatos (BROWN, 1998a; MORAILLON 
& WOLTER, 1995).
Se a normofosfatemia não é atingida em 2 a 4 
semanas com o uso de dietas restritas em fósforo, 
recomenda-se a associação de quelantes intestinais 
de fósforo, que devem ser administrados junto com 
as refeições (BROWN, 1998a; FINCO et al., 1998b; 
RUBIN, 1997; SENIOR, 1994; SPARKES, 1998). Os 
quelantes mais utilizados são o hidróxido de alumínio 
e o carbonato de cálcio nas dosagens de 10–30mg/kg, 
a cada 8 horas para cães e gatos (BROWN, 1998a; RU-
BIN, 1997; SPARKES, 1998). A dosagem dos quelantes 
deve ser ajustada de acordo com a fosfatemia e a terapia 
deve ser avaliada com a monitoração da fosfatemia e 
da calcemia em intervalos de 10–14 dias (FINCO et al., 
1998b; RUBIN, 1997).
Restrição de sódio
A restrição de sódio é indicada para animais com 
insuficiência renal, mesmo quando esses não apresen-
tam sinais de hipertensão (LEWIS et al., 1994; SENIOR, 
1994). O objetivo da restrição dietética de sódio é 
prevenir a retenção de sódio e água, pois a hiperten-
são parece estar presente na maioria dos animais com 
insuficiência renal (LEWIS et al., 1994).
As quantidades de sódio recomendadas para cães 
e gatos com IRC variam de 0,1% a 0,3% da matéria 
seca da dieta (BROWN, 1998b; CASE et al., 1995; 
LEWIS et al., 1994).
Efeitos da hiperlipidemia
Estudos realizados em roedores e cobaias têm 
avaliado os efeitos da hiperlipidemia na doença renal, 
e os resultados obtidos indicam que dietas ricas em co-
lesterol levam a hiperlipidemia e aumentam a esclerose 
glomerular focal (BROWN et al., 1997; MARKWELL et 
al., 1998). Nesses animais, a intervenção farmacológi-
ca foi capaz de reduzir a hiperlipidemia e a esclerose 
glomerular (MARKWELL et al., 1998).
Aumentos na concentração sérica de colesterol e a 
mudança no tipo de colesterol têm sido observados em 
um pequeno grupo de cães com insuficiência renal crônica 
espontânea, entretanto, não foi comprovada nenhuma 
relação entre a hiperlipidemia e a progressão da doença 
renal. Aumentos na concentração sérica de colesterol e 
a mudança no tipo de colesterol têm sido observados 
em um pequeno grupo de cães com insuficiência renal 
crônica espontânea (MARKWELL et al., 1998). 
Nos cães e gatos ainda não existem dados con-
cretos e pesquisas futuras devem ser realizadas para 
a determinação do papel das dietas ricas em gorduras 
no desenvolvimento da IRC (BROWN et al., 1997; 
MARKWELL et al., 1998).
Os ácidos graxos poliinsaturados na IRC
Alterações na composição dos ácidos graxos die-téticos podem alterar a hemodinânica renal e o curso 
crônico da insuficiência renal (BROWN et al., 1997).
Nos cães, estudos estão sendo realizados com o 
objetivo de comprovar um efeito protetor dos ácidos gra-
xos ômega-3 nos animais portadores de insuficiência renal 
(BROWN et al., 1997). Os resultados preliminares indi-
cam um efeito promissor na suplementação desses ácidos 
graxos na diminuição da mortalidade e da intensidade das 
lesões renais, quando comparados à suplementação com 
outros tipos de ácidos graxos, como os ácidos graxos 
ômega-6, por exemplo (BROWN et al., 1997; FINCO 
et al., 1998b). Nos gatos, entretanto, esses efeitos ainda 
devem ser estudados (BROWN et al., 1997).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A insuficiência renal crônica é uma enfermidade 
relativamente freqüente na rotina da clínica de cães e 
gatos, caracterizada por apresentar decurso longo, pos-
sibilitando a instituição de terapias, com a finalidade de 
minimizar os sintomas clínicos, bem como de retardar 
a progressão da lesão renal.
69 MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais 
e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.62-69, 2003
Tratamento da Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos
Várias condutas terapêuticas, dietética e medi-
camentosa são apresentadas e discutidas na literatura 
mundial. Assim, torna-se de extrema importância o 
conhecimento adequado no atinente aos efeitos bené-
ficos, bem como daqueles possíveis efeitos colaterais. 
Portanto, apesar das terapias serem amplamente 
preconizadas, ainda suscitam-se muitas dúvidas, con-
trovérsias e discussões. 
Face à possibilidade do diagnóstico da IRC ocor-
rer em vários estágios da doença, a indicação da terapia 
deve ser analisada de acordo com cada caso clínico, não 
sendo recomendada a preconização de apenas uma 
única conduta terapêutica que abranja todos os itens 
comentados nessa revisão. Em relação ao tratamento 
dietético, vários estudos encontram-se em andamento, 
pois muitos conceitos até então propostos foram ex-
trapolados de pesquisas realizadas em outras espécies 
animais, principalmente nos roedores, e isso tem gera-
do muitas controvérsias entre os pesquisadores. 
Assim, urge a necessidade do desenvolvimento de 
estudos mais complexos que possam dirimir as dúvidas 
a respeito da IRC e do seu tratamento, favorecendo-se, 
assim, uma maior sobrevida dos cães e gatos e assegu-
rando, acima de tudo, uma boa qualidade de vida.
LUSTOZA, M.D.; KOGIKA, M.M. Treatment of chronic renal failure in dogs and cats. Rev Bras Med Vet – Peq Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.1, 
p.62-69, jan./mar. 2003.
Chronic Renal Failure (CRF) has been observed in dogs and cats with relative frequency. Kidney failure occurs 
when at least 2/3 to ¾ of nephrons are lost, condition in which the kidneys are not able to maintain their 
compensatory capacity, and clinical signs may occur. As the clinical signs are not specific for the disease, the 
assessment of complementary exams is required to establish the diagnosis. Although the definitive recover 
of the CRF does not occur, many medical treatments are considered in order to improve the quality of life, 
as well as to prolong lifetime. The goal of this review is concerning about some important maintenance the-
rapies that have been recommended for dogs and cats with CRF. 
KEYWORDS: Kidney failure/veterinary; Dogs; Cats.
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Recebido para publicação em: 04/09/02
Enviado para análise em: 12/09/02
Aceito para publicação em: 23/09/02

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