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Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 57 1- DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Ð OBJETO E CONCEITOS INTRODUTîRIOS: A globalizao e o aprofundamento das relaes internacionais gerou a intensificao dos fluxos comerciais, de investimentos e de pessoas entre os pases. Com isso, h cada vez um maior nmero de relaes privadas que transcendem as fronteiras de um Estado, envolvendo tanto pessoas jurdicas quanto pessoas fsicas. Empresas situadas em Estados diferentes celebram entre si contratos de compra e venda, pessoas fsicas adquirem imveis no exterior, indivduos de nacionalidades diferentes se casam. Enfim, h um grande incremento da quantidade de relaes privadas com conexo internacional. Nesse contexto, surgem questes complexas a serem resolvidas. Qual o direito aplicvel a um contrato internacional celebrado entre uma empresa alem e uma empresa brasileira? Qual legislao ir regular a sucesso de bens do Òde cujusÓ? Para responder a essas e outras perguntas que se faz necessrio o estudo do Direito Internacional Privado, cujo objetivo solucionar os conflitos de leis no espao, determinando qual o direito aplicvel a uma relao privada com conexo internacional. O Direito Internacional Privado no busca dar uma soluo de mrito para uma controvrsia jurdica; ele apenas indica qual direito (nacional ou estrangeiro) ir se aplicar a uma relao privada com conexo internacional. No Brasil, as principais regras de Direito Internacional Privado esto previstas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Tambm h que se destacar a Lei n¼ 9.307/96, que versa sobre a arbitragem, e os arts. 21 a 25, do Novo Cdigo de Processo Civil, que tratam da competncia internacional. Para que se possa determinar qual a norma (estrangeira ou nacional) aplicvel a um caso concreto, fundamental entender a estrutura das normas de Direito Internacional Privado, que se apoiam em duas partes: o objeto de conexo e o elemento de conexo. O objeto de conexo diz respeito matria sobre a qual versa a norma (personalidade, direito de famlia, obrigaes). O elemento de conexo, por sua vez, o fator que determina a sede jurdica de uma determinada relao privada que transcende as fronteiras de um Estado (domiclio, nacionalidade, local de celebrao, local de execuo). Dito isso, vamos, no prximo tpico, perscrutar a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB) a fim de identificar quais os elementos de conexo utilizados pela legislao brasileira. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 57 2- ELEMENTOS DE CONEXÌO NO DIREITO BRASILEIRO: 2.1- Lex Domicilli: Um dos principais elementos de conexo previstos no ordenamento jurdico brasileiro o domiclio. A lei do domiclio (lex domicilli) utilizada, fundamentalmente, como critrio de soluo de conflitos de leis no espao envolvendo o estatuto pessoal. O art. 7¼ da LINDB explcito nesse sentido, ao dispor que Òa lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famliaÓ. Suponha, por exemplo, que Joo, brasileiro, tenha domiclio na Itlia. Nesse caso, a lei italiana que ir determinar as regras sobre o comeo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de famlia de Joo. A aplicao da lex domicilli na soluo de conflitos de leis no espao tambm fica evidenciada nas regras a respeito do casamento. Segundo o art. 7¼, ¤ 1¼, Òrealizando-se o casamento no Brasil, ser aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e s formalidades da celebrao.Ó No ordenamento jurdico brasileiro, no se admite, por exemplo, o casamento de uma pessoa que j casada (art. 1521, inciso VI, CC); se o casamento se realizar no Brasil, essa regra dever ser observada, mesmo que o casamento seja de estrangeiro cujo pas de origem admite a bigamia ou poligamia. Destaque-se que plenamente possvel que, no Brasil, ocorra casamento entre estrangeiros, que poder celebrar-se perante autoridades diplomticas ou consulares do pas de ambos os nubentes. Tambm poder ocorrer casamento de brasileiros no exterior, na forma do art. 18, da LINDB. A competncia para celebrao do casamento ser das autoridades consulares brasileiras; o que se tem chamado de Òcasamento diplomticoÓ ou Òcasamento consularÓ. Essa regra est prevista no art. 18, da LINDB, segundo o qual Òtratando-se de brasileiros, so competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de bito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no pas da sede do ConsuladoÓ. O regime de bens (legal ou convencional) e os casos de invalidade do matrimnio obedecero lei do pas em que os nubentes tiverem domiclio. Caso o domiclio dos nubentes seja diverso, ser aplicvel a lei do primeiro domiclio conjugal. Tambm se aplica a lex domicilli sucesso por morte e capacidade para suceder. Segundo o art. 10, da LINDB, Òa sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 57 ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bensÓ. A capacidade para suceder regulada pela lei do domiclio do herdeiro ou do legatrio. 2.2 Ð Lex rei sitae: O critrio Òlei rei sitaeÓ leva em considerao a lei do local em que uma determinada coisa est situada. Segundo o art. 8¼, da LINDB, Òpara qualificar os bens e regular as relaes a eles concernentes, aplicar-se lei do pas em que estiverem situadosÓ. O estatuto dos bens , dessa maneira, objeto da soluo de conflitos por meio da aplicao da lex rei sitae. A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. O conflito de leis, nesse caso, resolver-se- pela aplicao da lei mais benfica ao cnjuge ou filhos brasileiros. 2.3 Ð Lex loci contractus / Locus Regit Actum: No Brasil, o critrio lex loci contractus empregado para solucionar conflitos de leis no espao que envolvam contratos e obrigaes em geral (contratuais e extracontratuais). Com base nesse critrio, aplica-se a norma do local em que a obrigao tiver sido constituda. A LINDB prev, em seu art. 9¼, que Òpara qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constituremÓ. A obrigao reputa-se constituda, destaque-se, no lugar em que residir o proponente. Suponha, por exemplo, que seja celebrado, na Alemanha, um contrato de compra e venda entre uma empresa alem e uma empresa brasileira. Esse contrato, por ter sido constitudo na Alemanha, ser regido pela legislao alem. 2.4- Contratos de Trabalho: A atual jurisprudncia do TST considera que aos contratos de trabalho executados no exterior ser aplicada a norma mais favorvel ao trabalhador. Esse um entendimento recente, que resultou no cancelamento da Smula TST n¼ 207, que estabelecia o seguinte: ÒA relao jurdica trabalhista regida pelas leis vigentes no pas da prestao de servio e no por aquelas do local da contrataoÓ. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof.Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 57 3- APLICAÌO DO DIREITO ESTRANGEIRO: 3.1- Interpretao e Prova do Contedo do Direito Estrangeiro: Em geral, o direito aplicvel s relaes jurdicas o direito interno de cada Estado. No entanto, em determinadas relaes jurdicas com conexo internacional, possvel que as regras de Direito Internacional Privado conduzam aplicao do direito estrangeiro. Quando um juiz aplica o direito interno, ele o faz de ofcio, havendo presuno de que tem pleno conhecimento do ordenamento jurdico ptrio. Todavia, quando se trata de aplicar o direito estrangeiro, essa presuno no existe: o juiz pode no conhecer o direito estrangeiro. Caso o juiz conhea a lei estrangeira, ele poder aplic-la de ofcio. Se, por outro lado, no a conhecer, o juiz poder exigir a prova da existncia e do contedo da norma estrangeira. exatamente isso o que prev o art. 14, da LINDB, que dispe que Òno conhecendo a lei estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vignciaÓ. Se o juiz assim o determinar, caber parte que alega direito estrangeiro provar-lhe o teor e a vigncia (art. 376, Novo CPC). Cabe destacar que, mesmo que o juiz no o exija, a parte poder trazer esses elementos aos autos. 3.2- Ordem Pblica: As normas de Direito Internacional Privado permitem que, em algumas situaes, seja aplicado o direito estrangeiro em outro Estado. Entretanto, a aplicao do direito estrangeiro poder sofrer limitaes. No Brasil, o art. 17, da LINDB, estabelece que Òas leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumesÓ. Tambm no dever ser aplicado o direito estrangeiro quando houver fraude lei. Segundo Jacob Dolinger, a ordem pblica representa a moral bsica de uma nao.1 claro que esse um conceito um tanto quanto vago, cabendo ao aplicador da lei definir, no caso concreto, se algo fere ou no a ordem pblica. Observe que o conceito de Òordem pblicaÓ no estanque; ao contrrio, ele dinmico, variando no tempo e no lugar. 1 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edio. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 385-387. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 57 A ordem pblica tem 3 (trs) nveis de aplicao. O primeiro nvel se refere ao funcionamento da ordem pblica no plano interno, impedindo que a vontade das partes derrogue certas regras jurdicas. Como exemplo, no ordenamento jurdico brasileiro, h regra que estabelece que ser nula a clusula do contrato de locao que impede a sua renovao. Veja que a ordem pblica limita a autonomia da vontade das partes nesse tipo de contrato. O segundo nvel diz respeito vedao de que sejam aplicadas leis estrangeiras no territrio do outro Estado. Por exemplo, no Brasil no se admite a poligamia. Em consequncia, algum que j seja casado no poder contrair novo matrimnio aqui no Brasil. Isso seria incompatvel com a ordem pblica. Anote-se que, segundo a doutrina, para que a norma estrangeira seja afastada, ela dever ser manifestamente incompatvel com a ordem pblica. Por ltimo, o terceiro nvel de aplicao da ordem pblica versa sobre o reconhecimento de direitos adquiridos no exterior. Vejamos um exemplo! Mohamad Salim nacional do Marrocos, pas que admite a poligamia. Ele imigra para o Brasil trazendo uma de suas esposas, deixando outra esposa no Marrocos. Passando dificuldades financeira, ela recorre Justia brasileira requerendo o direito a receber obrigao alimentcia. Tal direito adquirido h de ser reconhecido pelos tribunais brasileiros. Nesse exemplo, a ordem pblica incidiria no sentido de impedir que o estrangeiro imigrasse para o Brasil trazendo a segunda esposa. O direito adquirido em um Estado poder ser reconhecido no Brasil, desde que no conflite com a ordem pblica. 3.3- Fraude Lei: A fraude lei outra hiptese em que se restringe a aplicao do direito estrangeiro no Brasil. Segundo Jacob Dolinger, ela fica caracterizada Òquando o agente, artificiosamente, altera o elemento de conexo que indicaria a lei aplicvel. 2 O objetivo fugir aplicao da norma de um Estado, por entender que a norma do outro Estado lhe mais favorvel, o que configura verdadeiro abuso de direito. 2 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edio. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 431-444. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 57 Suponha, como exemplo, que um indivduo queira se divorciar e o direito interno de seu Estado no autoriza. A, com o objetivo de furtar-se ao rigor desse ordenamento jurdico, o indivduo altera a sua nacionalidade ou o seu domiclio. Ficar, nessa situao, caracterizada a fraude lei. 3 3.4- Reenvio: As regras de Direito Internacional Privado determinam qual o direito (nacional ou estrangeiro) que ser aplicado a uma determinada relao jurdica. Nesse processo de determinao do direito aplicvel, podem ocorrer algumas situaes inusitadas. Suponha que uma empresa do Estado A celebre um contrato com uma empresa do Estado B. As regras de direito internacional privado do Estado A determinam que quele contrato ser aplicada a lei do Estado B. Porm, a lei do Estado B determina que ao contrato ser aplicada a lei do Estado A. Foi um verdadeiro ÒloopingÓ! Esse o fenmeno do reenvio, que consiste em verdadeiro conflito negativo entre sistemas de soluo de conflitos. H vrios graus de reenvio. No exemplo apresentado acima, falamos de um reenvio de 1¼ grau, que envolve 2 (dois) Estados. As regras de Direito Internacional Privado do Estado A determinaram a aplicao do direito do Estado B e este, por sua vez, imps a aplicao do direito do Estado A. O reenvio de 2¼ grau envolve a participao de 3 (trs) Estados. Nele, as regras de Direito Internacional Privado do Estado A determinam a aplicao do direito do Estado B que, por sua vez, impem a aplicao do ordenamento jurdico do Estado C. No Brasil, no se admite o reenvio. o que se conclui a partir da leitura do art. 16, da LINDB, segundo a qual, Òquando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remisso por ela feita a outra leiÓ. Em outras palavras, quando a lei brasileira manda aplicar o direito estrangeiro, este mesmo que dever ser aplicado; no ser considerada qualquer remisso que o direito estrangeiro faa a outra lei. 3.5- Prova de Fatos Ocorridos no Exterior: Nas relaes jurdicas com conexo internacional submetidas apreciao do Poder Judicirio, h uma srie de fatos ocorridos no exterior 3 Por mais estranho que esse exemplo possa ser, ele ocorreu bastante no Brasil antes da edio da Lei do Divrcio. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 57 que devem ser provados em um processo. Segundo o art. 13, da LINDB, Òa prova dos fatos ocorridos em pas estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao nus e aos meios de produzir-se, no admitindo os tribunais brasileirosprovas que a lei brasileira desconheaÓ. Com base nesse dispositivo, possvel verificar que: a) O nus da prova e os meios de produzir as provas de fatos ocorridos no exterior so regidos pela lei do pas estrangeiro. b) No so admitidas pelos tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhea. Por exemplo, uma gravao telefnica submetida a clusula de sigilo considerada ilcita e no ser aceita pelo Poder Judicirio brasileiro. 4- HOMOLOGAÌO DE SENTENA ESTRANGEIRA: A pergunta que se faz, nesse momento, a seguinte: possvel que uma sentena emanada de um tribunal estrangeiro seja executada no Brasil? Sim, plenamente possvel. Para que possa ser executada, a sentena estrangeira precisar, no entanto, ser homologada pelo STJ, na forma do art. 105, inciso I, da CF/88 que dispe o seguinte: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: I - processar e julgar, originariamente: ... i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartas rogatrias. Na LINDB, h meno expressa ao STF como sendo o tribunal competente para homologar sentena estrangeira. No entanto, essa disposio foi revogada pela CF/88, que atribui tal competncia ao STJ. Assim, em qualquer legislao na qual for feita meno ao STF como responsvel por homologao de sentena estrangeira, deve ser entendido que essa regra j foi revogada; hoje, a competncia do STJ. Na homologao de sentena estrangeira, o STJ no aprecia o mrito da deciso, mas apenas aspectos formais. o que se chama de Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 57 juzo de delibao do STJ. O art. 15, da LINDB, relaciona os requisitos a serem observados na homologao de sentena estrangeira: Art. 15. Ser executada no Brasil a sentena proferida no estrangeiro, que rena os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessrias para a execuo no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intrprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A competncia do STJ para homologar sentena estrangeira no se limita s sentenas do Poder Judicirio. O STJ tambm homologa sentenas arbitrais estrangeiras, assim consideradas aquelas proferidas fora do territrio nacional. A atribuio de competncia a um nico rgo para realizar o juzo de delibao caracteriza o modelo de delibao concentrada, adotado pelo Brasil. No se adota, em nosso pas, o modelo de delibao difusa, que seria aquele em que os diversos rgos do Poder Judicirio teriam competncia para realizar o juzo de delibao. Isso fica claro a partir do exame do art. 961, do Novo CPC, que prev que a deciso estrangeira somente ter eficcia no Brasil aps a homologao da sentena ou a concesso de exequatur s cartas rogatrias. importante ressaltar que as leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes. Nesses casos, no ser realizada homologao pelo STJ. 5- CARTAS ROGATîRIAS: As cartas rogatrias so instrumentos de cooperao judiciria internacional, na medida em que, por meio delas, o Poder Judicirio de um Estado solicita apoio ao Poder Judicirio de outro ente estatal. Por meio de uma carta rogatria, busca-se auxlio para a produo de provas, intimaes e outros atos processuais. A concesso de exequatur s cartas rogatrias competncia do Superior Tribunal de Justia, nos termos do art. 105, inciso I, alnea ÒiÓ, da CF/88. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 57 H dois tipos de cartas rogatrias: i) rogatrias ativas (enviadas pela autoridade judiciria brasileira) e; ii) rogatrias passivas (recebidas pela autoridade judiciria brasileira). No Brasil, o exame da rogatria feito mediante juzo de delibao, o que significa que o STJ no analisa o mrito da diligncia pretendida pela Justia estrangeira, salvo para se verificar o respeito ordem pblica, aos bons costumes e soberania nacional. Segundo Boni de Moraes, Òh no juzo delibatrio uma apreciao material do ato estrangeiro, ainda que mnima, restrita aferio de eventual ofensa ordem pblica do Estado requeridoÓ.4 No juzo de delibao, a anlise do STJ se limita, essencialmente, s questes formais: autenticidade dos documentos e observncia dos requisitos legais. No ser concedido o exequatur s cartas rogatrias que ofenderem a ordem pblica, os bons costumes e a soberania nacional. Um exemplo de carta rogatria que viola a soberania e a ordem pblica aquela referente a processo de competncia exclusiva dos tribunais brasileiros. Somente podem ser concedidas cartas rogatrias quando a competncia do Poder Judicirio for relativa ou concorrente. Fala-se em juzo de delibao sumrio diante da possibilidade de que a medida de carta rogatria seja realizada sem ouvir a parte interessada, o que acontecer quando a sua intimao puder resultar na ineficcia da cooperao internacional. Tambm fica caracterizado o juzo de delibao sumrio quando concedida tutela de urgncia em procedimento de homologao de sentena estrangeira. 6- ARBITRAGEM INTERNACIONAL: A arbitragem um meio extrajudicial de soluo de controvrsias, bastante utilizado no mbito do comrcio internacional. No Brasil, regida pela Lei n¼ 9.307/96, que dispe que as pessoas capazes de contratar podero valer-se da arbitragem para dirimir litgios relativos a direitos patrimoniais disponveis. Assim, a arbitragem pode ser utilizada tanto por pessoas fsicas quanto por pessoas jurdicas; basta que a pessoa tenha capacidade para contratar e os conflitos que a envolvam podero ser objeto de soluo por meio da arbitragem. A arbitragem poder ser de direito ou de equidade, a critrio das partes. Quando se fala em arbitragem de direito, a referncia que se faz aplicao de normas jurdicas pelo rbitro a um caso concreto com o objetivo de decidir o litgio instaurado. Por outro lado, quando se trata de emprego da 4 SOARES, Boni de Moraes. Juzo de Prelibao no Direito Processual Internacional. Dissertao. UNICEUB. 2010. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 57 equidade, o objetivo a aplicao de consideraes de justia a um caso concreto; nesse caso, no se levar em conta regras jurdicas pr- estabelecidas. As partes podero escolher livremente as regras de direito que sero aplicadas na arbitragem, desde que no haja violao aos bons costumes e ordem pblica. Trata-se de manifestao do princpio da autonomia da vontade, segundo o qual as partes tm ampla liberdade para convencionar qual o direito material e processual aplicvel aos litgios que porventura surjam entre elas. Destaque-se que as partes tambm podero decidir que a arbitragem se realize com base nos princpios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comrcio. A instaurao de um procedimento arbitral para solucionar um litgio poder decorrer de uma Òclusula compromissriaÓ ou de um Òcompromisso arbitralÓ. A Lei n¼ 9.307/96, ao tratar do tema, denominou esses dois institutos, genericamente, como conveno dearbitragem. A clusula compromissria nada mais do que uma clusula prevista no contrato. Essa clusula prev que as partes se comprometem a submeter arbitragem os litgios que possam vir a surgir relativamente ao contrato. Veja: antes de surgir uma controvrsia sobre um determinado contrato, as partes j estabeleceram que ela seria solucionada por arbitragem. O compromisso arbitral, por sua vez, posterior ao surgimento de um litgio. uma espcie de contrato, por meio do qual as partes decidem submeter um determinado litgio esfera do juzo arbitral, afastando-o do campo de atuao do Poder Judicirio. As decises dos rbitros so emanadas por meio de sentenas arbitrais (laudos arbitrais). A sentena arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio e, sendo condenatria, constitui ttulo executivo judicial. Quando uma determinada controvrsia submetida arbitragem, fica afastada a competncia do Poder Judicirio para apreciar a questo. Segundo o art. 485, do Novo CPC, o juiz no resolver o mrito quando acolher a alegao da existncia de conveno de arbitragem ou quando o juzo arbitral reconhecer sua competncia. Assim, se um juiz se deparar com clusula compromissria ou com compromisso arbitral, ele dever simplesmente proferir sentena terminativa, sem resoluo de mrito. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 57 7- COMPETæNCIA INTERNACIONAL: A competncia internacional da autoridade judiciria brasileira regulada pelos arts. 21 a 25, do Novo Cdigo de Processo Civil. Nos arts. 21 e 22, do Novo CPC, so relacionados os casos de competncia concorrente, os quais destacam situaes que podero ser apreciadas pela autoridade judiciria brasileira sem que seja afastada tambm a competncia da autoridade judiciria estrangeira. Apenas nos casos de competncia concorrente que se poder, aps a devida homologao pelo STJ, atribuir-se eficcia sentena estrangeira. Vejamos quais so os casos de competncia concorrente previstos pelo Novo CPC. Comecemos, primeiro, com o art. 21, do Novo CPC: Art. 21. Compete autoridade judiciria brasileira processar e julgar as aes em que: I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Pargrafo nico. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que nele tiver agncia, filial ou sucursal. O art. 21, inciso I dispe que a autoridade judiciria brasileira ser competente para apreciar uma lide quando o ru, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. A nacionalidade do ru (brasileira ou estrangeira) irrelevante; se o ru estiver domiciliado no Brasil, a autoridade judiciria brasileira poder apreciar a controvrsia sem, claro, afastar a competncia da autoridade judiciria estrangeira. Destaque-se que reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal. O art. 21, inciso II, por sua vez, dispe que a autoridade judiciria brasileira ser competente para apreciar uma lide quando a obrigao tiver de ser cumprida no Brasil. Assim, as obrigaes exequveis no Brasil, contratuais ou extracontratuais, podero ser julgadas pela autoridade judiciria nacional, sem prejuzo da submisso da lide autoridade judiciria estrangeira. Suponha, por exemplo, que seja celebrado um contrato entre uma empresa alem e uma empresa brasileira para que seja realizada uma obra de construo civil em territrio nacional. Considerando-se que a obrigao (obra de construo civil) ser concretizada no Brasil, a autoridade judiciria brasileira ter competncia para apreciar a questo, sem excluir a possibilidade de apreciao pela autoridade judiciria estrangeira. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 57 O art. 21, inciso III trata da possibilidade de apreciao, pela autoridade judiciria brasileira, de aes que tenham como fundamento fatos ocorridos ou de atos praticados no Brasil. Um exemplo seria um acidente de automvel ocorrido no Brasil envolvendo um alemo e um francs. Qualquer um deles poder acionar o outro perante a justia brasileira para promover a reparao de danos, uma vez que a ao ter derivado de fatos ocorridos no territrio brasileiro. Agora, vejamos o art. 22, que tambm trata de matrias da competncia concorrente. Art. 22. Compete, ainda, autoridade judiciria brasileira processar e julgar as aes: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domiclio ou residncia no Brasil; b) o ru mantiver vnculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obteno de benefcios econmicos; II - decorrentes de relaes de consumo, quando o consumidor tiver domiclio ou residncia no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem jurisdio nacional. O art. 22, inciso I, nos mostra que a autoridade judiciria brasileira tem ampla competncia nas aes de alimentos. A Justia brasileira ser competente para julgar as aes de alimentos quando: - o credor tiver domiclio ou residncia no Brasil. Ex: A criana (credor dos alimentos) mora no Brasil e o pai (devedor dos alimentos) no exterior. - o ru mantiver vnculos no Brasil. Ex: O pai (devedor dos alimentos) tem um imvel no Brasil. O art. 22, inciso II, trata da competncia da autoridade judiciria brasileira para julgar as aes decorrentes de relaes de consumo, desde que o consumidor tenha domiclio ou residncia no Brasil. Suponha, por exemplo, que um brasileiro faa compras pela Internet em uma loja de e- commerce norte-americana. possvel que o Poder Judicirio brasileiro seja acionado em ao decorrente dessa relao de consumo. O art. 22, inciso III, ilustra a aplicao do princpio da autonomia da vontade. possvel que as partes decidam se submeter jurisdio brasileira. o que se chama de foro de eleio. Aqui, cabe uma observao importante. Suponha que uma empresa brasileira e uma empresa alem celebrem um contrato internacional. Nesse contrato, ambas concordam que qualquer Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 57 controvrsia envolvendo aquele contrato ser submetida Justia alem. Tem- se a uma clusula de eleio de foro exclusivo estrangeiro. Essa clusula afastar qualquer competncia da autoridade judiciria brasileira para apreciar lides em torno daquele contrato. o que se depreende da leitura do art. 25, do Novo CPC. Art. 25. No compete autoridade judiciria brasileira o processamento e o julgamento da ao quando houver clusula de eleio de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo ru na contestao. Vamos falar, agora, sobre os casos de competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. No art. 23, do Novo CPC, esto relacionados os casos de competncia exclusiva. So situaes em que fica afastada por completo a competncia da autoridade judiciria estrangeira; apenas a autoridade judiciria brasileira poder apreciar lides que envolvam as hipteses relacionadas nesse dispositivo. No h que se falar em eficcia de sentena estrangeira que disponha sobre as questes afetas competncia exclusiva da autoridade judiciriabrasileira. Vejamos quais so os casos de competncia exclusiva, previstos no art. 23, do CPC: Art. 23. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra: I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil; II - em matria de sucesso hereditria, proceder confirmao de testamento particular e ao inventrio e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional; III - em divrcio, separao judicial ou dissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. O inciso I dispe que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil. Suponha, por exemplo, que um alemo seja proprietrio de um imvel situado aqui no Brasil e que isso seja questionado por um francs. O francs dever entrar com ao junto autoridade judiciria brasileira, que tem competncia exclusiva para apreci-la. Caso o francs ingresse com uma ao perante tribunal estrangeiro e este emita sua sentena, esta no ser homologada pelo STJ, por tratar-se a questo de competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira. O inciso II, por sua vez, prev que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para, em matria de sucesso hereditria, proceder confirmao de testamento particular e ao inventrio e partilha de Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 57 bens situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. O inciso III estabelece que a autoridade judiciria brasileira tem competncia exclusiva para, em divrcio, separao judicial ou dissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacional. relevante destacar, para que no se faa confuso, que o art. 23, inciso III, est definindo o foro ao qual a questo ser submetido; ele no est definindo qual direito material (nacional ou estrangeiro) ser aplicvel. 8- PROTOCOLO DE LAS LENÌS: 8.1- Introduo: O Protocolo de Las Leas foi assinado em 1992, tendo sido internalizado no ordenamento jurdico brasileiro pelo Decreto n¼ 6.891/2009. tambm chamado de Acordo de Cooperao e Assistncia Jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa do MERCOSUL. Alm de vincular todos os Estados-membros do MERCOSUL, o Protocolo de Las Lens tambm obriga a Bolvia e o Chile, que so apenas membros associados do bloco. Mas de que trata o Protocolo de Las Leas? Com qual objetivo ele foi celebrado? O objetivo do Protocolo de Las Leas promover e intensificar a cooperao jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa entre os Estados-parte. Observe que o Protocolo de Las Leas no versa sobre cooperao em matria penal. O Protocolo de Las Leas trata de maneira bem ampla sobre a cooperao jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa. Ele dividido nas seguintes partes: a) Captulo I: Cooperao e assistncia jurisdicional. b) Captulo II: Autoridades Centrais. c) Captulo III: Igualdade de tratamento processual. d) Captulo IV: Cooperao em atividade de simples trnsito e cartas rogatrias. e) Captulo V: Reconhecimento e Execuo de Sentenas e de Laudos Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 57 Arbitrais f) Captulo VI: Instrumentos Pblicos e Outros documentos g) Captulo VII: Informao do Direito Estrangeiro h) Captulo VIII: Consultas e Solues de Controvrsias i) Captulo IX: Disposies Finais Em nosso estudo, no iremos detalhar um a um todos os dispositivos do Protocolo de Las Leas. Ao contrrio, estudaremos apenas aquilo que nos interessa para a prova da OAB. 8.2- Cooperao e Assistncia Jurisdicional: Segundo o art. 1¼, do Protocolo de Las Leas, Òos Estados Partes comprometem-se a prestar assistncia mtua e ampla cooperao jurisdicional em matria civil, comercial, trabalhista e administrativaÓ. Para isso, cada Estado parte dever indicar uma Autoridade Central encarregada de receber e dar andamento a pedidos de assistncia jurisdicional. No caso do Brasil, a Autoridade Central o Ministrio da Justia. Ento, imagine que seja proposta aqui no Brasil uma ao judicial contra um cidado argentino. A competncia internacional do juiz brasileiro, ou seja, o juiz brasileiro o responsvel por julgar o caso. Nessa situao, haver necessidade de o juiz brasileiro expedir carta rogatria, seja para citar o argentino no processo, intim-lo ou at mesmo para a produo de provas. Temos, nesse caso, a necessidade de cooperao jurisdicional. As Autoridades Centrais indicadas pelos Estados-parte iro se comunicar diretamente, dando andamento ao pedido de assistncia jurisdicional. Assim, no exemplo apresentado, tornar-se- mais simples o trmite da carga rogatria expedida pela autoridade judiciria brasileira. Segundo o art. 12, do Protocolo de Las Leas, a autoridade jurisdicional encarregada do cumprimento de uma carta rogatria aplicar sua lei interna no que se refere aos procedimentos. Assim, o STJ aplicar a lei brasileira no que diz respeito aos procedimentos para o cumprimento das cartas rogatrias. O Protocolo de Las Leas, portanto, no uniformizou os procedimentos para o trmite das cartas rogatrias. Cabe destacar que o Protocolo de Las Leas estabelece que a carta rogatria poder ter, mediante pedido da autoridade requerente, tramitao especial, admitindo-se o cumprimento de formalidades adicionais Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 57 na diligncia da carta rogatria, sempre que isso no seja incompatvel com a ordem pblica do Estado requerido. 8.3- Igualdade de Tratamento Processual: O art. 3¼, do Protocolo de Las Leas, estabelece o princpio da igualdade de tratamento processual. Por esse princpio, um argentino (residente na Argentina) ter igualdade de condies com um brasileiro no acesso ao Poder Judicirio brasileiro, a fim de defender seus direitos e interesses. Essa regra se aplica tambm s pessoas jurdicas constitudas, autorizadas ou registradas de acordo com as leis de qualquer dos Estados- Partes. Art. 3 - Os nacionais, os cidados e os residentes permanentes ou habituais de um dos Estados Partes gozaro, nas mesmas condies dos nacionais, cidados e residentes permanentes ou habituais de outro Estado Parte, do livre acesso jurisdio desse Estado para a defesa de seus direitos e interesses. Para materializar essa igualdade de tratamento processual, o Protocolo de Las Leas estabelece que nenhuma cauo ou depsito poder ser imposto em razo da qualidade de nacional, cidado ou residente permanente ou habitual de outro Estado parte. Nesse sentido, no porque um indivduo argentino que dele ser exigida cauo para ingressar com ao judicial perante a Justia brasileira. No, no. Esse argentino ter as mesmas condies de um brasileiro no acesso Justia brasileira. Somente ser dele exigida cauo se essa tambm fosse uma exigncia do brasileiro. 8.4- Reconhecimento e Execuo de Sentenas e de Laudos Arbitrais:Em direito internacional, regra plenamente aceita que os atos do Poder Pblico de um Estado somente tero eficcia no territrio de outro Estado se por ele forem aceitos. Assim, uma sentena judicial estrangeira, para ter validade no Brasil, precisa ser homologada, procedimento este que, segundo a CF/88, compete ao Superior Tribunal de Justia (STJ). O Protocolo de Las Leas, contrariando essa regra geral, estabelece a eficcia extraterritorial das sentenas e laudos arbitrais emanadas dos seus Estados-parte. Em outras palavras, uma sentena emanada de um Tribunal argentino poderia, em tese, ter eficcia no Brasil independentemente de homologao pelo STJ. Para isso, claro, ela precisaria cumprir certos requisitos, elencados no art. 20, do Protocolo de Las Leas: Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 57 Art. 20 As sentenas e os laudos arbitrais a que se referem o artigo anterior tero eficcia extraterritorial nos Estados Partes quando reunirem as seguintes condies: a) que venham revestidos das formalidades externas necessrias para que sejam considerados autnticos nos Estados de origem. b) que estejam, assim como os documentos anexos necessrios, devidamente traduzidos para o idioma oficial do Estado em que se solicita seu reconhecimento e execuo; c) que emanem de um rgo jurisdicional ou arbitral competente, segundo as normas do Estado requerido sobre jurisdio internacional; d) que a parte contra a qual se pretende executar a deciso tenha sido devidamente citada e tenha garantido o exerccio de seu direito de defesa; e) que a deciso tenha fora de coisa julgada e/ou executria no Estado em que foi ditada; f) que claramente no contrariem os princpios de ordem pblica do Estado em que se solicita seu reconhecimento e/ou execuo Os requisitos das alneas (a), (c), (d), (e) e (f) devem estar contidos na cpia autntica da sentena ou do laudo arbitral. A eficcia extraterritorial no se aplica ao reconhecimento e execuo de qualquer sentena ou laudo arbitral. Ela se aplica apenas s sentenas e laudos arbitrais pronunciados nas jurisdies dos Estados partes em matria civil, comercial, trabalhista e administrativa e, ainda, em relao s sentenas em matria de danos e restituio de bens pronunciados em jurisdio penal. O Protocolo de Las Leas tambm reconhece que possvel a eficcia parcial de sentena estrangeira ou laudo arbitral. o que prev o art. 23, segundo o qual Òse uma sentena ou um laudo arbitral no puder ter eficcia em sua totalidade, a autoridade jurisdicional competente do Estado requerido poder admitir sua eficcia parcial mediante pedido da parte interessadaÓ Segundo o art. 19, do Protocolo de Las Leas, Òo reconhecimento e execuo de sentenas e de laudos arbitrais solicitado pelas autoridades jurisdicionais poder tramitar-se por via de cartas rogatrias e transmitir- se por intermdio da Autoridade Central, ou por via diplomtica ou consular, em conformidade com o direito internoÓ. Tambm possvel que a parte interessada tramite diretamente o pedido de reconhecimento ou execuo de sentena, ou seja, invoque em juzo uma sentena ou laudo arbitral de um Estado parte. Dito tudo isso, cabe destacar o entendimento do STF acerca do Protocolo de Las Leas. Para a Corte Suprema, o Protocolo de Las Leas no afetou a exigncia de que qualquer sentena estrangeira seja submetida ao procedimento de homologao. Assim, para o STF, mesmo as sentenas estrangeiras provenientes dos Estados-parte do Protocolo de Las Leas devero ser submetidas homologao pelo STJ. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 57 esse o entendimento que prevalece hoje. O Protocolo de Las Leas, na interpretao do STF, teria apenas facilitado os trmites dos procedimentos de reconhecimento de sentenas e laudos arbitrais provenientes dos Estados-parte. Contudo, permanece sendo exigvel a homologao de sentenas e laudos arbitrais, mesmo quando oriundos de Estados-parte do Protocolo de Las Leas. 8.5- Informao do Direito Estrangeiro: Em muitos casos, uma autoridade judiciria ter que, em razo das regras de direito internacional privado, aplicar o direito estrangeiro em um caso sob sua apreciao. Ser importante, nessa situao, que a autoridade judiciria tenha maiores informaes sobre o direito estrangeiro. Com o objetivo de facilitar o intercmbio de informaes sobre o direito estrangeiro, o art. 28, do Protocolo de Las Leas estabelece que Òas Autoridades Centrais dos Estados Partes fornecer-se-o mutuamente, a ttulo de cooperao judicial, e desde que no se oponham s disposies de sua ordem pblica, informaes em matria civil, comercial, trabalhista, administrativa e de direito internacional privado, sem despesa algumaÓ. O Estado parte que fornecer as informaes sobre o sentido e alcance legal de seu direito no ser responsvel pela opinio emitida, nem estar obrigado a aplicar seu direito, segundo a resposta fornecida. O Estado Parte que receber as citadas informaes no estar obrigado a aplicar, ou fazer aplicar, o direito estrangeiro segundo o contedo da resposta recebida. 9 Ð O SEQUESTRO INTERNACIONAL DE MENORES: 9.1- Introduo: O fenmeno do sequestro internacional de menores um resultado do aprofundamento da globalizao. Como as relaes sociais entre pessoas de Estados diferentes so mais intensas hoje, natural que delas tambm se originem filhos. E a, devido a conflitos familiares, crianas podem ser levadas ou retidas pelo pai ou pela me em um Estado estrangeiro. Quando se fala em sequestro internacional de menores, estamos nos referindo justamente a isso. O ÒsequestradorÓ ser um dos genitores (o pai ou a me), que ir remover ou reter ilicitamente uma criana, deixando-a em um pas que no seja o de sua residncia habitual. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 57 Com o objetivo de resguardar os interesses da criana em relao s questes relativas sua guarda, foi celebrada a Conveno de Haia sobre o Sequestro Internacional de Crianas. Busca-se, por meio desse tratado internacional, proteger a criana dos efeitos prejudiciais resultantes da mudana de domiclio ou de reteno ilcitas e estabelecer procedimentos que garantam o retorno da criana ao Estado de sua residncia habitual, bem como assegurar a proteo do direito de visita. Antes de o Brasil aderir Conveno de Haia, o sequestro internacional de menores no era tutelado por nenhuma norma do nosso ordenamento jurdico. Se um pai levasse irregularmente o filho para os EUA, a me precisaria acionar a Justia estrangeira, sem qualquer apoio do Estado brasileiro. No Brasil, um caso que ficou bastante conhecido, pela ampla repercusso que teve na imprensa, foi o do menino Sean Goldman. Sean era filho de um americano (David Goldman) com uma brasileira (Bruna Bianchi) e morou com os pais entre 2000 e 2004 nos EUA. No ano de 2004, Bruna Bianchi veio ao Brasil trazendo Sean, mas, tendo decidido terminar o relacionamento com o americano David Goldman, permaneceu com Sean no Brasil. David Goldman ingressou com ao judicial, mas a Justia decidiu de maneira desfavorvel a ele. Bruna Bianchi, tendo se casado novamente, faleceu em razo de complicaes no parto de sua filha. Novamente, David Goldman acionou a Justia, pleiteando a guarda do menino Sean, alegando que, aps a morte da me, ele estaria retido ilicitamenteno Brasil pelo seu padrasto. O caso chegou ao STF, tendo o Ministro Gilmar Mendes determinado o retorno de Sean ao seu pai biolgico americano. 9.2- åmbito de Aplicao: O art. 1¼, da Conveno de Haia, estabelece que so os seguintes os seus objetivos: a) assegurar o retorno imediato de crianas ilicitamente transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente; b) fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos de guarda e de visita existentes num Estado Contratante. Mas quando que a transferncia ou reteno de uma criana considerada ilcita? Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 57 Ser ilcita a transferncia ou reteno de uma criana quando: i) tiver havido violao ao direito de guarda, nos termos da lei do Estado onde a criana tivesse sua residncia habitual e; ii) o direito de guarda estivesse sendo exercido de maneira efetiva, individual ou conjuntamente. A Conveno de Haia se aplica a qualquer criana que tenha residncia habitual num Estado contratante, imediatamente antes da violao do direito de guarda ou de visita. Destaque-se que no se aplica a Conveno de Haia a partir do momento em que a criana completar 16 anos de idade. interessante sabermos a definio que a Conveno de Haia d para Òdireito de guardaÓ e Òdireito de visitaÓ, conceitos apresentados pelo art. 5¼: Art. 5¼ Nos termos da presente Conveno: a) o "direito de guarda" compreender os direitos relativos aos cuidados com a pessoa da criana, e, em particular, o direito de decidir sobre o lugar da sua residncia; b) o "direito de visita" compreender o direito de levar uma criana, por um perodo limitado de tempo, para um lugar diferente daquele onde ela habitualmente reside. 9.3- Autoridades Centrais: Cada Estado Contratante dever designar uma Autoridade Central encarregada de dar cumprimento s obrigaes impostas pela Conveno de Haia. Essas Autoridades Centrais devero cooperar entre si e promover a colaborao entre as autoridades competentes dos seus respectivos Estados, de forma a assegurar o retorno imediato das crianas e a realizar os demais objetivos da Conveno. A Autoridade Central brasileira a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, da Presidncia da Repblica. Recebendo o pedido relativo ao sequestro internacional de uma criana, a Autoridade Central brasileira dever encaminh-lo diretamente Autoridade Central do Estado onde a criana se encontre. Havendo dificuldades para o retorno amigvel da criana, caber Advocacia-Geral da Unio (AGU) ajuizar ao judicial na Justia Federal. 9.4- Retorno da Criana: O princpio fundamental a ser considerado no que diz respeito ao Òsequestro internacional de crianasÓ o princpio do interesse superior do Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 57 menor. esse, afinal, o fundamento central da Conveno de Haia, que busca resguardar a segurana e o bem-estar das crianas. A regra geral que, quando ocorre uma transferncia ou reteno ilcita de uma criana, dever ser determinado o seu retorno imediato. Vamos a um exemplo. Mark Thompson (americano) casado com Tatiana Ramos (brasileiro) e eles tm um filho chamado Carlinhos. Eles moram todos juntos no Brasil. Certo dia, Mark Thompson e Tatiana se desentendem e Mark leva ilicitamente Carlinhos para os EUA. Pronto! Fica caracterizada uma remoo ilcita. Tatiana, aciona a Justia, que dever, ento, ordenar o retorno imediato da criana. A Conveno de Haia, porm, apresenta algumas excees a essa regra geral. A primeira delas diz respeito ao decurso do tempo. Segundo o art. 12, da Conveno de Haia, Òquando uma criana tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do Artigo 3 e tenha decorrido um perodo de menos de 1 ano entre a data da transferncia ou da reteno indevidas e a data do incio do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criana se encontrar, a autoridade respectiva dever ordenar o retomo imediato da crianaÓ. A lgica por trs dessa regra a de que em 1 (um) ano a criana j poder ter se adaptado e integrado ao novo meio. de se notar que, em homenagem ao Òprincpio do interesse superior do menorÓ, mesmo aps expirado o perodo de um ano, a autoridade judicial ou administrativa respectiva dever ordenar o retorno da criana, salvo quando for provado que a criana j se encontra integrada no seu novo meio. A segunda exceo ao retorno imediato da criana est prevista no art. 13, da Conveno de Haia. Perceba que, mais uma vez, clara a aplicao do princpio do superior interesse do menor: Art. 13 - Sem prejuzo das disposies contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido no obrigada a ordenar o retomo da criana se a pessoa, instituio ou organismo que se oponha a seu retomo provar: a) que a pessoa, instituio ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criana no exercia efetivamente o direito de guarda na poca da transferncia ou da reteno, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferncia ou reteno; ou b) que existe um risco grave de a criana, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de ordem fsica ou psquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situao intolervel. A autoridade judicial ou administrativa pode tambm recusar-se a ordenar o retorno da criana se verificar que esta se ope a ele e que a criana atingiu j idade e grau de maturidade tais que seja apropriado Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 57 levar em considerao as suas opinies sobre o assunto. Ao apreciar as circunstncias referidas neste Artigo, as autoridades judiciais ou administrativas devero tomar em considerao as informaes relativas situao social da criana fornecidas pela Autoridade Central ou por qualquer outra autoridade competente do Estado de residncia habitual da criana. A terceira exceo aparece no art. 20, da Conveno de Haia. Segundo esse dispositivo, o retorno da criana poder ser recusado quando no for compatvel com os princpios fundamentais do Estado requerido com relao proteo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Trata-se de uma exceo de ordem pblica, fundada na proteo dos direitos fundamentais do menor. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 57 QUESTÍES COMENTADAS 1. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) O Acordo de Cooperao e Assistncia Jurisdicional em Matria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os Estados Partes do Mercosul, a Repblica da Bolvia e a Repblica do Chile, foi promulgado no Brasil por meio do Decreto n¼ 6.891/09, tendo por finalidade estabelecer as bases em que a cooperao e a assistncia jurisdicional entre os Estados membros ser realizada. A respeito desse instrumento, assinale a afirmativa correta. a) A indicao das autoridades centrais responsveis pelo recebimento e andamento de pedidos de assistncia jurisdicional realizada pelo Grupo Mercado Comum. b) Os nacionais ou residentes permanentes de outro Estado membro, para que possam se beneficiar do mecanismo de cooperao jurisdicional em determinado Estado membro, devero prestarcauo. c) Os procedimentos para cumprimento de uma carta rogatria recebida sob a guarida do Acordo so determinados pela lei interna do Estado em que a carta dever ser cumprida, no sendo admitida, em qualquer hiptese, a observao de procedimentos diversos solicitados pelo Estado de onde provenha a carta. d) Uma sentena ou um laudo arbitral proveniente de um determinado Estado, cujo reconhecimento e execuo seja solicitado a outro Estado membro, pode ter sua eficcia admitida pela autoridade jurisdicional do Estado requerido apenas parcialmente. Comentrios: Letra A: errada. No o Grupo Mercado Comum que indica as autoridades centrais responsveis pelo recebimento e andamento de pedidos de assistncia jurisdicional. Cabe a cada um dos Estados-parte indicar uma Autoridade Central (art. 2¼). Letra B: errada. Nenhuma cauo pode ser exigida para que um nacional ou residente permanente de um dos Estados-parte se beneficie dos mecanismos de cooperao jurisdicional decorrente do Acordo (art. 4¼). Letra C: errada. A autoridade judiciria que for responsvel pelo cumprimento de uma carta rogatria aplicar os procedimentos previstos em sua lei interna. Entretanto, nos termos do Acordo de Cooperao, a carta rogatria poder ter, mediante pedido da autoridade requerente, tramitao especial, admitindo-se o cumprimento de formalidades adicionais na diligncia da carta Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 57 rogatria, desde que isso no seja incompatvel com a ordem pblica do Estado requerido (art. 12). Letra D: correta. Caso uma sentena ou laudo arbitral no puder ter eficcia em sua totalidade, a autoridade jurisdicional competente do Estado requerido poder admitir sua eficcia parcial mediante pedido da parte interessada (art. 23). O gabarito a letra D. 2. (FGV / XX Exame de Ordem Ð 2016) Em 2013, uma empresa de consultoria brasileira assina, na cidade de Londres, Reino Unido, contrato de prestao de servios com uma empresa local. As contratantes elegem o foro da comarca do Rio de Janeiro para dirimir eventuais dvidas, com a excluso de qualquer outro. Dois anos depois, as partes se desentendem quanto aos critrios tcnicos previstos no contrato e no conseguem chegar a uma soluo amigvel. A empresa de consultoria brasileira decide, ento, ajuizar uma ao no Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro para rescindir o contrato. Com relao ao caso narrado acima, assinale a afirmativa correta. a) O juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever basear sua deciso na legislao brasileira, pois um juiz brasileiro no pode ser obrigado a aplicar leis estrangeiras. b) O Poder Judicirio brasileiro no competente para conhecer e julgar a lide, pois o foro para dirimir questes em matria contratual necessariamente o do local em que o contrato foi assinado. c) O juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever basear sua deciso na legislao do Reino Unido, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura. d) O juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide, mas dever se basear na legislao brasileira, pois, a litgios envolvendo brasileiros e estrangeiros, aplica-se a lex fori. Comentrios: Diante da situao apresentada, duas perguntas devem ser respondidas: a) O juiz brasileiro poder conhecer e julgar a lide? Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 57 Sim, poder. Segundo o art. 22, III, do Novo CPC, compete autoridade judiciria brasileira processar e julgar as aes em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem jurisdio nacional. Na situao apresentada, as contratantes elegeram o foro da comarca do Rio de Janeiro para dirimir eventuais dvidas, com excluso de qualquer outro. b) Qual o direito material aplicvel nessa lide? Segundo o art. 9¼, LINDB, Òpara qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constituremÓ. Na situao apresentada, o contrato foi celebrado em Londres, Reino Unido. Logo, ser aplicada a legislao do Reino Unido. O gabarito a letra C. 3. (FGV / XX Exame de Ordem Ð 2016) Lcia, brasileira, casou-se com Mauro, argentino, h 10 anos, em elegante cerimnia realizada no Nordeste brasileiro. O casal vive atualmente em Buenos Aires com seus trs filhos menores. Por diferenas inconciliveis, Lcia pretende se divorciar de Mauro, ajuizando, para tanto, a competente ao de divrcio, a fim de partilhar os bens do casal: um apartamento em Buenos Aires/Argentina e uma casa de praia em Trancoso/Bahia. Mauro no se ope ao. Com relao ao de divrcio, assinale a afirmativa correta. a) Ao de divrcio s poder ser ajuizada no Brasil, eis que o casamento foi realizado em territrio brasileiro. b) Caso Lcia ingresse com a ao perante a Justia argentina, no poder partilhar a casa de praia. c) Eventual sentena argentina de divrcio, para produzir efeitos no Brasil, dever ser primeiramente homologada pelo Superior Tribunal de Justia. d) Ao de divrcio, se consensual, poder ser ajuizada tanto no Brasil quanto na Argentina, sendo ambos os pases competentes para decidir acerca da guarda das criana e da partilha dos bens. Comentrios: Segundo o art. 23, III, CF/88, compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra, Òem divrcio, separao judicial ou dissoluo de unio estvel, proceder partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domiclio fora do territrio nacionalÓ. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 57 Assim, caso Lcia ingresse com ao de divrcio na Argentina, no poder partilhar a casa de praia que est situada em Trancoso (Bahia). Isso porque competncia exclusiva da autoridade judiciria brasileira, em ao de divrcio, proceder partilha de bens situados no Brasil. O gabarito a letra B. 4. (FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) Para a aplicao da Conveno sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianas, Lgia recorre autoridade central brasileira, quando Arnaldo, seu marido, que tem dupla-nacionalidade, viaja para os Estados Unidos com a filha de 17 anos do casal e no retorna na data prometida. Arnaldo alega que entrar com pedido de divrcio e passar a viver com a filha menor no exterior. Com base no caso apresentado, a autoridade central brasileira a) dever acionar diretamente a autoridade central estadunidense para que tome as medidas necessrias para o retorno da filha ao Brasil. b) dever ingressar na Justia Federal brasileira, em nome de Lgia, para que a Justia Federal mande acionar a autoridade central estadunidense para que tome as medidas necessrias para o retorno da filha ao Brasil. c) no dever apreciar o pleito de Lgia, eis que a filha maior de 16 anos. d) no dever apreciar o pleito de Lgia, eis que o pai tambm possui direito de guarda sobre a filha, j que o divrcio ainda no foi realizado. Comentrios: A Conveno de Haia no se aplica, todavia, a partir do momento em que a criana completar 16 anos de idade. Na situao apresentada pelo enunciado da questo, a filha do casal Lgia e Arnaldo tem 17 anos e, portanto, a Autoridade Central brasileira no ir apreciar o pedido. O gabarito a letra C. 5. (FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) Ex-dirigente de federao sul-americana de futebol, aps deixar o cargoque exercia em seu pas de origem, sabedor de que existe uma investigao em curso na Colmbia, opta por fixar residncia no Brasil, pelo fato de ser estrangeiro casado com brasileira, com a qual tem dois filhos pequenos. Anos depois, j tendo se naturalizado brasileiro, o governo da Colmbia pede a sua extradio em razo de sentena que o condenou por crime praticado quando ocupava cargo na federao sul- americana de futebol. Essa extradio: Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 57 a) no poder ser concedida, porque o Brasil no extradita seus nacionais. b) no poder ser concedida, porque o extraditando tem filhos menores sob sua dependncia econmica. c) poder ser concedida, porque o extraditando no brasileiro nato. d) poder ser concedida se o pas de origem do extraditando tiver tratado de extradio com a Frana. Comentrios: H possibilidade de extradio de brasileiro naturalizado em 2 (duas) situaes: a) comprovado envolvimento com trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e; b) crime comum praticado antes da naturalizao. Na situao apresentada, o ex-dirigente da federao sul-americana de futebol havia praticado um crime comum antes de se naturalizar. Logo, ele poder ser extraditado. Vale destacar que a CF/88 probe a extradio apenas de brasileiros natos. O gabarito, portanto, a letra C. 6. (XVIII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Ricardo, brasileiro naturalizado, mora na cidade do Rio de Janeiro h 9 (nove) anos. Em visita a parentes italianos, conhece Giulia, residente em Roma, com quem passa a ter um relacionamento amoroso. Aps 3 (trs) anos de namoro a distncia, ficam noivos e celebram matrimnio em territrio italiano. De comum acordo, o casal estabelece seu primeiro domiclio em So Paulo, onde ambos possuem oportunidades de trabalho. Ë luz das regras de Direito Internacional Privado, veiculadas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB), no havendo pacto antenupcial, assinale a opo que indica a legislao que ir reger o regime de bens entre os cnjuges. a) Aplicvel a Lei italiana, haja vista que nenhum dos cnjuges brasileiro nato. b) Aplicvel a Lei italiana, em razo do local em que foi realizado o casamento. c) Aplicvel a Lei brasileira, em razo do domiclio do cnjuge varo. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 57 d) Aplicvel a Lei brasileira, porque aqui constitudo o primeiro domiclio do casal. Comentrios: O regime de bens obedecer a lei do pas em que os nubentes tiverem domiclio. Caso o domiclio dos nubentes seja diverso, ser aplicvel a lei do primeiro domiclio conjugal. Assim, na situao apresentada, ser aplicvel a lei brasileira, pois o primeiro domiclio de Ricardo e de Giulia foi no Brasil. O gabarito a letra D. 7. (XVIII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Uma carta rogatria foi encaminhada, nos termos da Conveno Interamericana sobre Cartas Rogatrias, para citao de pessoa fsica domiciliada em So Paulo, para responder a processo de divrcio nos Estados Unidos. A esse respeito, assinale a opo correta. a) No ser necessrio obter exequatur em funo do tratado multilateral ratificado por ambos os pases. b) O STJ dever conceder o exequatur, cabendo justia estadual cumprir a ordem de citao. c) A concesso de exequatur caber ao STJ e seu posterior cumprimento justia federal. d) A concesso de exequatur e seu posterior cumprimento cabero autoridade central indicada na Conveno Interamericana sobre Cartas Rogatrias. Comentrios: A concesso de exequatur s cartas rogatrias de competncia do STJ (art. 105, I, alnea ÒiÓ, CF/88). Por sua vez, o cumprimento da carta rogatria de competncia da Justia Federal, conforme dispe o art. 109, X, CF/88: Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: (...) X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo de carta rogatria, aps o "exequatur", e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causas referentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao; Por tudo o que comentamos, o gabarito a letra C. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 57 8. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado Ð 2013) A sociedade empresria Airplane Ltda., fabricante de aeronaves, sediada na China, celebrou contrato internacional de compra e venda com a sociedade empresria Voe Rpido Ltda, com sede na Argentina. O contrato foi celebrado no Japo, em razo de uma feira promocional que ali se realizava. Conforme estipulado no contrato, as aeronaves deveriam ser entregues pela Airplane Ltda., na cidade do Rio de Janeiro, no dia 1¼ de abril de 2011, onde a sociedade Voe Rpido Ltda. possui uma filial e realiza a atividade empresarial de transporte de passageiros. Diante da situao exposta, luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no estatuto processual civil brasileiro (Cdigo de Processo Civil Ð CPC), assinale a afirmativa INCORRETA. a) No sendo as aeronaves entregues no prazo avenado, o Poder Judicirio brasileiro competente para julgar eventual demanda em que a credora postule o cumprimento do contrato. b) No tocante regncia das obrigaes, aplica-se, no caso vertente, a legislao japonesa. c) O Poder Judicirio Brasileiro no competente para julgar eventual ao por inadimplemento contratual, pois o contrato no foi constitudo no Brasil. d) O juiz, no conhecendo a lei estrangeira, poder exigir de quem a invoca prova do texto e da vigncia. Comentrios: Letra A: correta. Segundo o art. 21, II, CPC, competente a autoridade judiciria brasileira quando no Brasil tiver que ser cumprida a obrigao. Considerando-se que no Brasil que as aeronaves devem ser entregues, competente a autoridade judiciria brasileira para julgar uma eventual demanda envolvendo o contrato. Letra B: correta. O contrato de compra e venda ser regido pela legislao japonesa, uma vez que ele foi celebrado no Japo. Isso se explica pelo art. 9¼, da LINDB, segundo o qual Òpara qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constituremÓ. Letra C: errada. O local de celebrao do contrato determina a legislao aplicvel, que ser a lei japonesa. Como as aeronaves devem ser entregues no Brasil, o Poder Judicirio brasileiro tem competncia para julgar eventual ao envolvendo o contrato. o que se depreende do art. 21, II, CPC. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 57 Letra D: correta. Segundo o art. 14, LINDB, Òno conhecendo a lei estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vignciaÓ. O gabarito a letra C. 9. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) A sociedade empresria brasileira do ramo de comunicao, Personalidades, celebrou contrato internacional de prestao de servios de informtica, no Brasil, com a sociedade empresria uruguaia Sacramento. O contrato foi celebrado em Caracas, capital venezuelana, tendo sido estabelecido pelas partes, como foro de eleio, Montevidu. Diante da situao exposta, luz das regras do Direito Internacional Privado veiculadas na Lei de Introduos Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no Cdigo de Processo Civil, assinale a afirmativa correta. a) No tocante regncia das obrigaes previstas no contrato, aplica-se a legislao uruguaia, j que Montevidu foi eleito o foro competente para se dirimir eventual controvrsia. b) Para qualificar e reger as obrigaes do presente contrato, aplicar-se- a lei venezuelana. c) Como a execuo da obrigao avenada entre as partes se dar no Brasil, aplica-se, obrigatoriamente, no tocante ao cumprimento do contrato, a legislao brasileira. d) A Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro veda expressamente o foro de eleio, razo pela qual nula ipse jure a clusula estabelecida pelas partes nesse sentido. Comentrios: Letra A: errada. O contrato foi celebrado em Caracas, na Venezuela. Logo, a legislao aplicvel ao contrato ser a legislao venezuelana. Isso decorre do art. 9¼, LINDB, segundo o qual Òpara qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do pas em que se constituremÓ. Letra B: correta. exatamente o que comentamos acima! Como o contrato foi celebrado na Venezuela, aplica-se a legislao venezuelana. Letra C: errada. No o local de execuo da obrigao que determina a lei aplicvel. O que determina a legislao aplicvel o local onde a obrigao foi constituda. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 57 Letra D: errada. plenamente possvel que as partes estabeleam no contrato o foro de eleio. O gabarito a letra B. 10. (FGV / XV Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Tlio, brasileiro, casado com Alexia, de nacionalidade sueca, estando o casal domiciliado no Brasil. Durante um cruzeiro martimo, na Grcia, ela, aps a ceia, veio a falecer em razo de uma intoxicao alimentar. Alexia, quando ainda era noiva de Tlio, havia realizado um testamento em Lisboa, dispondo sobre os seus bens, entre eles, trs apartamentos situados no Rio de Janeiro. Ë luz das regras de Direito Internacional Privado, assinale afirmativa correta. a) Se houver discusso acerca da validade do testamento, no que diz respeito observncia das formalidades, dever ser aplicada a legislao brasileira, pois Alexia encontrava-se domiciliada no Brasil. b) Se houver discusso acerca da que diz respeito observncia das formalidades, dever ser aplicada a legislao portuguesa, local em que foi realizado o ato de disposio da ltima vontade de Alexia. c) A autoridade judiciria brasileira no competente para proceder ao inventrio e partilha de bens, porquanto Alexia faleceu na Grcia, e no no Brasil. d) Se houver discusso acerca do regime sucessrio, dever ser aplicada a legislao sueca, em razo da nacionalidade do de cujus. Comentrios: Letra A: errada. O testamento, em seus aspectos formais, regulado pela legislao do local em que ele foi celebrado (locus regit actum). Logo, se houver discusso sobre a validade do testamento, dever ser aplicada a legislao portuguesa, uma vez que o testamento foi celebrado em Lisboa (Portugal). Letra B: correta. Havendo discusso sobre a validade do testamento, dever ser aplicada a legislao portuguesa, uma vez que o testamento foi celebrado em Lisboa (Portugal). Letra C: errada. Segundo o art. 23, CPC, competente a autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra, para conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil. Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 57 Letra D: errada. Segundo o art. 10, da LINDB, Òa sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bensÓ. Considerando-se que Alexia tinha domiclio no Brasil, ser aplicada a legislao brasileira. O gabarito a letra B. 11. (FGV / II Exame de Ordem Unificado - 2010.2) Jogador de futebol de um importante time espanhol e titular da seleo brasileira filmado por um celular em uma casa noturna na Espanha, em avanado estado de embriaguez. O vdeo veiculado na internet e tem grande repercusso no Brasil. Temeroso de ser cortado da seleo brasileira, o jogador ajuza uma ao no Brasil contra o portal de vdeos, cuja sede na Califrnia, Estados Unidos. O juiz brasileiro: a) no competente, porque o ru pessoa jurdica estrangeira. b) ter competncia porque os danos imagem ocorreram no Brasil. c) dever remeter o caso, por carta rogatria, justia norte-americana. d) ter competncia porque o autor tem nacionalidade brasileira. Comentrios: Na situao apresentada pela questo, temos um jogador de nacionalidade brasileira com domiclio na Espanha. Ele filmado embriagado e o vdeo divulgado na Internet, por um portal de vdeos com sede nos EUA. O fato tem grande repercusso, extremamente negativa para sua imagem, aqui no Brasil. A pergunta : perante qual autoridade judiciria, o jogador brasileiro poder ajuizar ao para reparar os danos sua imagem? Segundo o art. 21, inciso III, a autoridade judiciria brasileira tem competncia para apreciar ao que tenha como fundamento fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Trata-se de competncia concorrente, motivo pelo qual o jogador brasileiro poder ingressar com a ao perante autoridade judiciria brasileira (os danos imagem ocorreram no Brasil), sem que isso exclua a possibilidade de apreciao por autoridade judiciria estrangeira. Diante do exposto, o gabarito a letra B. 12. (FGV / II Exame de Ordem Unificado - 2010.2) Um contrato internacional entre um exportador brasileiro de laranjas e o comprador americano, previu que em caso de litgio fosse utilizada a arbitragem, Direito Internacional p/ Exame da OAB (Teoria e Questões) Prof. Ricardo Vale – Aula 04 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 57 realizada pela Cmara de Comrcio Internacional. O exportador brasileiro fez a remessa das laranjas, mas estas no atingiram a qualidade estabelecida no contrato. O comprador entrou com uma ao no Brasil para discutir o cumprimento do contrato. O juiz decidiu: a) extinguir o feito sem julgamento de mrito, em face da clusula arbitral. b) deferir o pedido, na forma requerida. c) indeferir o pedido porque o local do cumprimento do contrato nos Estados Unidos. d) deferir o pedido, em razo da competncia concorrente da justia brasileira. Comentrios: Na situao apresentada pela questo, foi celebrado um contrato entre um exportador brasileiro e um comprador americano. No contrato, as partes estabeleceram uma clusula compromissria (clusula arbitral). A qualidade do produto brasileiro no atendeu s expectativas do comprador americano, motivo pelo qual ele acionou a Justia brasileira. Considerando que existe uma clusula compromissria, o juiz dever extinguir o processo sem resoluo de mrito. Portanto, a resposta correta a letra A. 13. (FGV / III Exame de Ordem Unificado Ð 2010.3) Em junho de 2009, uma construtora brasileira assina, na Cidade do Cabo, çfrica do Sul, contrato de empreitada com uma empresa local, tendo por objeto a duplicao de um trecho da rodovia que liga a Cidade do Cabo capital do pas, Pretria. As contratantes elegem o foro da comarca de So Paulo para dirimir eventuais dvidas. Um ano depois, as partes se desentendem quanto aos critrios tcnicos de medio das obras e no conseguem chegar a uma soluo amigvel. A construtora brasileira decide, ento, ajuizar, na justia paulista, uma ao rescisria com o objetivo de colocar
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