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DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Conceito de penas restritivas de direitos: “São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, tendo por fim evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, promovendo-lhes a recuperação através de restrições a certos direitos”.[1: NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 4ª. ed. rev. e ampl. São Paulo: RT, 2003, p. 234.]
Diferença entre Pena Alternativa e Medida Alternativa
Objetivo das penas alternativas – as penas alternativas evitam a aplicação das penas privativas de liberdade substituindo-as por penas restritivas de direitos. Portanto, estamos diante de penas e não de medidas para evitar o processo penal contra o réu ou de medidas para evitar a aplicação da pena privativa de liberdade como o sursis. As penas restritivas de direitos evitam o emprego de pena privativa de liberdade ou pena da de prisão afastando do maior número de presos possível do prejudicial ambiente carcerário caracterizado no Brasil pela superlotação, abusos sexuais, doenças contagiosas, ociosidade, reincidência etc.[2: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 434.]
Objetivo das medidas alternativas – As medidas alternativas são institutos que impedem ou paralisam a persecução penal. Não se tratam, portanto, de uma das espécies de penas criminais como a privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa. Como exemplo de medida alternativa cita-se a suspensão condicional do processo – art. 89 - da Lei n. 9.099/95. Aqui, caso o denunciado aceite a suspensão, o processo fica parado aguardando um período entre 2 a 4 anos, desde que se submeta a determinadas condições. Findo o prazo de suspensão sem que o denunciado viole as condições impostas pelo juiz, ocorrerá a extinção da punibilidade do mesmo. Há, portanto, uma medida alternativa suspensiva da aplicação da pena alternativa de liberdade. Outro exemplo: a representação criminal nos casos de crimes que dela dependam - art. 100, parág. 1º. do CP. Aqui, caso o ofendido não deseje representar contra o autor do fato, não há como o MP ingressar com a ação penal pública. Há, neste caso, uma medida alternativa que impede a aplicação da pena privativa de liberdade. Incluem-se entre as medidas alternativas o rol de medidas cautelares processuais previstas no art. 319 do CPP alterado pela Lei n. 12.403/2011. Estas medidas de cunho processual evitam a prisão preventiva, ou seja, o encarceramento provisório do processado criminalmente. As medias alternativas também visam evitar os males do emprego de pena privativa de liberdade ou da pena de prisão. [3: “Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:  I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar determinados lugares;  III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.  § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos”.][4: “§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça”.][5: “Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica.§ 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares”.]
Penas Alternativas Consensuais e Não Consensuais
As penas alternativas consensuais dependem da vontade do agente infrator a exemplo da pena restritiva de direitos ou de multa aplicada na transação penal prevista no art. 76 da Lei n. 9.099/1995. As penas alternativas não consensuais subdividem-se em:
diretas: aplicada diretamente pelo juiz, não sendo substitutas da pena privativa de liberdade, em casos excepcionais. Ex.: art. 292 do Código de Trânsito brasileiro – Lei n. 9.503/1997 e art. 28 da Lei de Drogas n. 11.343/2006. [6: “Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades”.][7: Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.]
substitutivas: o juiz aplica primeiro a pena privativa de liberdade e após substitui pela pena restritiva de direito.
Espécies de penas alternativas
O Código Penal brasileiro atualmente contempla 5 modalidades de penas restritivas de direitos em seu art. 43: I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - prestação de serviço à comunidade ou a entidades; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana. O rol previsto no art. 43 é taxativo e não permite ao juiz criar nova espécie de pena restritiva de direitos.[8: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.436.][9: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 436-7.]
Classificaçãodas infrações penais segundo o grau de lesividade[10: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 436-7.]
 Infrações de lesividade insignificante – geram atipicidade da conduta. Ex.: furtar pequeno objeto em grande loja de departamentos pode acarretar na absolvição do sujeito.
Infrações de menor potencial ofensivo – punidos com pena de até dois anos de prisão e todas as contravenções penais. Recebem medidas alternativas como a transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/95.) ou a renúncia ao direito de representação prevista no Código Penal. Podem receber penas alternativas consensuais como na aceitação por parte do autor do fato da transação penal.
Infrações de médio potencial ofensivo – punidas com pena mínima não superior a um ano, admitem a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). Inserem-se, ainda, os crimes punidos com pena máxima de até 4 anos - não superior a 4 anos - e desde que não cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa permitindo-se a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
Infrações de grande potencial ofensivo – crimes graves mas não definidos como hediondos. Ex.: homicídio simples. Excepcionalmente admitem-se penas restritivas de direito nestes casos.
Infrações hediondas – aplica-se a lei. n. 8.072/1990. Excepcionalmente admitem-se penas restritivas de direito nestes casos.
As penas restritivas de direitos classificam-se:[11: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 437.]
restritivas de direitos em sentido estrito;
restritivas de direitos pecuniárias.
As Penas Restritivas de Direitos em Sentido Estrito – “consistem em uma restrição qualquer ao exercício de uma prerrogativa ou direito”. São:[12: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 437.]
a) prestação de serviço à comunidade ou a entidades; 
b) interdição temporária de direitos; 
c) limitação de fim de semana
As Penas Restritivas de Direitos Pecuniárias – “implicam uma diminuição do patrimônio do agente ou uma prestação inominada em favor da vítima ou seus herdeiros”. São:[13: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 437.]
prestação pecuniária em favor da vítima; 
prestação inominada;
perda de bens e valores.
Penas Restritivas de Direitos Pecuniárias é Diferente da Pena de Multa (art. 49 do CP)
A pena de multa prevista no art. 49 do CP não pode ser convertida em prisão enquanto que a pena restritiva de direitos pecuniária sim.[14: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 438.]
Requisitos para substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
Requisitos objetivos
Quantidade da pena privativa de liberdade aplicada - art. 44, I do CPB - pena privativa de liberdade não superior a quatro anos. No concurso material (art. 69 do CP) as penas devem ser somadas e não consideradas isoladamente. Ex.: um furto à pena de 3 anos e um estelionato à pena de 3 anos. Neste caso, considerando as penas isoladamente, seria possível substituir por restritiva de direitos a pena de cada um dos delitos (3 anos cada). Como devem ser somadas (6 anos) não cabe a substituição. O mesmo deve ocorrer nos casos de crime continuado e de concurso formal. Assim, após aplicada a pena com a causa de aumento (art. 70 e 71 do CPB) o juiz deve verificar se a mesma ultrapassa 4 anos e se isso ocorrer não poderá substituir a pena privativa de liberdade.
 
Crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa - art. 44, I do CPB. Violência - agressões de um modo geral. Grave ameaça - arma de fogo. Exceções : a) crimes de lesão corporal dolosa leve – art. 129, caput; b) ameaça – art. 147 do CP; c) constrangimento ilegal – art. 146; d) contravenção penal de vias de fato - art. 21 LCP. Parcela da doutrina, segundo Capez, admite a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos nestes casos retro mencionados pois tais infrações são consideradas de menor potencial ofensivo. A violência pode ocorrer ainda através de meio que impossibilite a vítima de resistir. Embora não caracteriza a violência ou a grave ameaça, Nucci entende ser incabível a aplicação de pena restritiva de direitos para quem drogue a vítima dificultando-lhe a capacidade de resistir. No mesmo sentido Capez.[15:   “Art.129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano”.][16: “Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação”.][17: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 439.][18:  “Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.][19: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.4386.][20: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 442.]
c)Qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo - art. 44, I do CPB – nos crimes culposos o resultado é involuntário. Mesmo se houver violência, como no homicídio culposo, admite-se a substituição das penas privativas de liberdade pelas restritivas de direitos. Portanto, a violência culposa é admitida e não a violência dolosa.
Requisitos Subjetivos 
art. 44, II do CPB - réu não reincidente em crime doloso. Mesmo que a condenação anterior seja à pena pecuniária não cabe a pena restritiva de direito segundo a opinião de Capez. Para o autor a Lei 9.714/1998 que alterou as penas restritivas de direitos não excepcionou a hipótese como ocorre com o sursis no art. 77, parág. 1º. Capez lembra ainda que se entre a extinção da pena anterior e a prática de novo delito decorrer mais de 5 anos o réu pode ser beneficiado pois deixa de ser reincidente. Exceção em caso de reincidência: art. 44. “§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime (furtos, estelionatos etc.)”. A tipificação não precisa ser na forma simples. Pode ser na forma privilegiada, qualificada, consumada ou tentada desde que seja previsto no mesmo tipo legal, segundo Capez. Além disso, cabe ao juiz decidir. Não se trata de direito subjetivo do réu, segundo o autor referido. A exceção de permitir que o reincidente doloso possa receber a pena restritiva de direito é contestada por Capez. Este autor não admite que reincidente doloso e o doloso específico recebam pena restritiva de direitos. Luiz Flávio Gomes, por sua vez, admite.[21: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 442.][22: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 443.][23: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 444.]
art. 44, III do CPB - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Violência doméstica restringe a aplicação de determinadas modalidades de penas restritivas de direitos
O conceito de violência doméstica ou familiar está prevista no art. 5º da Lei Maria da Penha. Nestes casos a Lei Maria da Penha restringe a aplicação de algumas espécies de penas restritivas de direitos em seu art. 17:“É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. Outras modalidades constantes no art. 43 do CP podem ser aplicadas.[24: “Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual”.]
Crimes Hediondos Admitem A Aplicação de Penas Restritivas de Direitos
Embora mais difícil de ser aplicada o STJ já permitiu pena restritiva de direito a condenado por estupro com violência presumida. O CP veda a violência real. 
Crimes de Tráfico Privilegiado Admitem A Aplicação de penas restritivas de direitos
O STF declarou inconstitucional a vedação de penas restritivas de direitos ao tráfico de drogas. Assim, o parág. 4º. do art. 33 e o art. 44. da Lei n. 11.343/2006 foram declarados inconstitucionais permitindo o STF substituir a pena privativa de liberdade pela restritiva de direito nos casos de tráfico de entorpecentes em que o réu preencher os requisitos legais. Portanto, atualmente, qualquer modalidade de tráfico de drogas permite ser punido com a pena restritiva de direito.[25: Ver: LEAL, João José; LEAL, Rodrigo José. Tráfico de Drogas, Pena Alternativa e a Resolução 05/2012, do Senado Federal. Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 15 de mar. de 2012.
Disponivel em: <http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/8154/trafico_de_drogas_pena_alternativa_e_a_resolucao_052012_do_senado_federal >. Acesso em: 08 de set. de 2012.]
Formas de Substituição das Penas Privativas de Liberdade por Restritivas de Direitos
Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos
 
O art. 44, § 2o prevê que “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos”. O art. 44, § 2o, segundo Luiz Flávio Gomes e Capez, revogou o § 2º. do art. 60 do CP. Este prevê três requisitos para serem aplicados ao réu: a) pena igual ou inferior a seis meses; b) réu não reincidente em crime doloso (art. 44, II); c) circunstâncias judiciais favoráveis (art. 44, III). Com o advento da Lei 9.714/1998 que alterou as penas alternativas o primeiro requisito foi elevado de 6 meses para um ano. Como a lei posterior – 9.714/98 regulou inteiramente o conteúdo da lei anterior o §2º. do art. 60 do CP encontra-se revogado segundo Capez. Diante desse entendimento de revogação do §2º. do art. 60 do CP Capez lembra que não é possível converter a pena de multa prevista no art. 44, § 2o do CP em pena de prisão pois o art. 51 do CP veda essa conversão. André Estefam sustenta que o parágrafo 2º. do art. 60 do CP continua em vigor e deve ser aplicado aos crimes violentos ou com grave ameaça e com penas que não excedam a 6 meses. Já o art. 44, § 2o deve ser aplicado aos crimes não violentos ou sem grave ameaça a pessoa. Essa questão merece solução jurisprudencial. [26: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 446.][27:   “§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código”.][28: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 446.][29: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 331-2.]
Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos - art. 44,§2o 
Conversão das Penas Restritivas de Direitos em Privativa de Liberdade
O art.43 § 4o do CP dispõe: “A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão”. 
a1) Conversão das Penas Restritivas de Direitos em Sentido Estrito em Privativa de Liberdade 
Nesses três casos deve-se observar o art. 181 da LEP pois a conversão se trata de um incidente na execução penal, conforme assevera Nucci. Vejamos.[30: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.442-3.]
prestação de serviço à comunidade ou a entidades: as hipóteses que motivam a conversão estão previstas no art. 181,§ 1º da LEP: “A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado: a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital; b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; d) praticar falta grave; e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa”. Segundo este último inciso é possível conciliar a pena de prestação de serviços à comunidade com uma pena privativa de liberdade em regime aberto. Assim, é possível admitir, segundo Nucci, pena privativa de liberdade em regime aberto com a pena restritiva de direit, sem a necessidade de convertê-la em pena privativa de liberdade novamente. [31: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 352.]
interdição temporária de direitos: as hipóteses que motivam a conversão estão previstas no art. 181,§ 2º da LEP: “§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do parágrafo anterior”. (art. 181,§ 1º da LEP)
c) limitação de fim de semana: as hipóteses que motivam a conversão estão previstas no art. 181,§ 3º da LEP: - “§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a" e "e", do § 1º, deste artigo”. (art. 181,§ 1º da LEP)
Segundo Nucci o apenado deve ser ouvido antes de ter a sua pena restritiva de direitos convertida em pena privativa de liberdade pois pode haver motivo razoável ao descumprimento. Ex.: médico que atende paciente em estado grave e em caráter urgente mesmo estando impedido de poder clinicar. [32: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 352.]
Nesses três casos deve-se observar também o art.44, §4º. do CP: 
 “A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão”.
Esse dispositivo prevê que a pena restritiva de direito convertida em pena privativa de liberdade deve descontaro período já cumprido. Ex.: “A” é condenado a oito meses de trabalho voluntário em um hospital. Cumpre sete meses e quinze dias. Como deve ser respeitado o saldo mínimo de trinta dias de reclusão o condenado deve cumprir mais quinze dias somando-se 30 dias ao final.[33: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.444.]
Ressalte-se que se a pena for de prisão simples pela condenação em contravenção penal não há exigência do período mínimo. O art.44, §4º. do CP fala em reclusão ou detenção, portanto, no cometimento de crime.
a2) Conversão das Penas Restritivas de Direitos Pecuniárias em Privativa de Liberdade 
São três casos: a) prestação pecuniária em favor da vítima; b) prestação inominada; c) perda de bens e valores. Nessas três hipóteses podem ocorrer as seguintes situações: a) MP consegue executar a pena; b) o juiz converte em prisão quando executado frustra a execução da pena de prestação pecuniária ou de perda de bens por malícia (não quer pagar; omite os bens etc.); c) o juiz pode, por analogia ao art. 148 da LEP, mudar a espécie de pena restritiva de direitos aplicada optando pela prestação de serviços à comunidade conforme escreve Nucci. d) Se houver aplicação de prestação pecuniária ou multa na transação penal, havendo o descumprimento deve-se enviar os autos ao MP para o oferecimento da denúncia, segundo o STF.[34: “Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou estatal”.][35: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.444.][36: (RE 602.072 RG-QO, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Plenário, julgado em 19/11/2009, DJe 26/02/2010).]
Cabe registrar que existem autores que entendem não ser possível converter penas restritivas de direitos pecuniárias em privativa de liberdade em razão do caráter pecuniário que possuem. Assim, opinam no sentido de que essas penas devem seguir a situação da pena de multa (art. 49 a 52 do CP) que veda a sua conversão em pena privativa de liberdade. No entanto, a doutrina e a jurisprudência dominante tem respaldado a conversão, segundo Estefam.[37: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 327.]
Nesses três casos deve-se observar também o art.44, §4º. do CP: 
 “A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão”.
Assim, se o condenado não pagar pena pecuniária no valor total, o juiz deve descontar o percentual já pago pelo condenado na hora de calcular o quanto resta de pena privativa de liberdade a cumprir. Ex.: “A” é condenado a pagar dois salários mínimos à vítima pelo crime de trânsito que cometeu. “A” paga só um salário. Deve cumprir metade da pena privativa de liberdade imposta na sentença que foi convertida em prestação pecuniária.[38: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 448.]
 Art. 44 § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
Exemplo: “A” é condenado à pena de prestação pecuniária pelo crime de furto. Durante o pagamento das parcelas, é condenado em outro processo pelo crime de estelionato à pena de prisão em regime fechado por ser reincidente. Neste caso po cumprir as duas penas simultaneamente: paga as parcelas enquanto fica preso em regime fechado. O juiz não precisa converter a pena restritiva de direitos em prisão. Pode ainda ser compatível a pena restritiva de direitos com o regime aberto e o sursis.[39: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 444.]
Juízo Competente para Aplicar a Lei n. 9.714/1998[40: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 446.]
a)após o trânsito em julgado – juízo da execução penal;
b) processo em primeiro grau antes da sentença final – juiz de primeiro grau;
c) processo em grau de recurso – tribunal respectivo.
Penas Alternativas Pecuniárias
Prestação pecuniária: Art. 45, §1º. do CPB: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários”. O poder Judiciário não pode receber a prestação pecuniária pois não é entidade, segundo Capez. Além disso, o valor não pode ser superior nem inferior aos marcos previstos, ainda que o crime seja tentado, conforme referido autor. O valor será abatido em caso de ação civil reparatória movida pela vítima ou seus familiares para cobrança de danos referentes ao delito. O valor não pode ser deduzido se a prestação pecuniária foi paga a uma entidade. Neste caso, não coincide quem recebe e quem será cobrado posteriormente. O pagamento pode ser feito em ouro, joias imóveis etc. Veda-se a aplicação de prestação pecuniária ao autor de violência doméstica na forma da Lei Maria da Penha. A execução da pena de prestação pecuniária deve ser feita pelo beneficiário do valor. Transitada em julgado a decisão e descumprida a pena pelo condenado, o beneficiário deve extrair cópia do título executivo e ingressar no juízo cível. “Frustrada a cobrança e inexistindo bem para penhora, cabe ao beneficiário comunicar o ocorrido ao juízo da execução penal para que, cientificado o Ministério Público, se proceda à conversão da prestação pecuniária em pena privativa de liberdade.”[41: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 449.][42: Conforme CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 450.][43: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 453.]
Prestação inominada: Art. 45, §2º. do CPB: “No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza”. Ex.: entregar cestas básicas a entidades públicas ou privadas, plantio de árvores, etc. Veda-se, no caso de violência doméstica, este tipo de pena.[44: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 327.; LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 452.]
Perda de bens e valores: Art. 45, §3º. do CPB: “A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime”. Trata-se, segundo Nucci, de “sanção penal, de caráter confiscatório, levando à apreensão definitiva por parte do Estado de bens ou valores de origem lícita do indivíduo”. O termo confisco, embora negado pela Exposição de Motivos da Lei 9.714/98, é admitido por Nucci e Capez. O art. 45, §3º. difere do art. 91 do CPB. Neste se perdem (ou são confiscados como fala Capez) os instrumentos ou produtos do crime - veículos usados para transportar drogas, imóveis comprados com dinheiro ilícitoetc. No art. 45, §3º os bens perdidos (ou confiscados) são lícitos de propriedade do autor do crime. Ex.: um carro, um eletrônico etc. São perdidos como sanção e tem como limite o valor do bem destruído. Ex.: no crime de dano a um bem móvel (moto, carro etc.) a perda deve ser arbitrada no valor do bem destruído. O valor pode levar em conta o lucro auferido pelo agente ou o prejuízo sofrido pela vítima. Deve ser sempre considerado o maior valor. Ex.: “A” põe fogo na loja de “B”, concorrente, com o objetivo de ganhar mais dinheiro e poder vender sozinho, na região, produto exclusivo. Neste caso o juiz deve verificar qual foi o maior valor: o lucro de “A” com a venda de produtos ou o prejuízo de “B” com a perda de seu estabelecimento comercial. O maior valor determinará a perda de bens de “A”. Cabe lembrar que tanto na prestação pecuniária quanto na perda de bens e valores não se pode cobrar dos herdeiros do réu os valores determinados pelo juiz criminal. Condenado o autor do crime e ele não possuir patrimônio ou vier ele a morrer, os seus herdeiros não poderão responder pela pena de natureza criminal. Capez argumenta ainda que não há nexo causal nem normativo (dolo ou culpa) na conduta do herdeiro em relação ao crime praticado pelo falecido condenado. Para referido autor, a ressalva prevista no art. 5º. XLV da CRFB/88 de que “a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido” se refere a efeitos secundários da condenação, consistentes em tornar certa a obrigação de reparar o dano do crime e os efeitos extrapenais automáticos da condenação (art. 91, I do CP). Capez alerta, ainda, que o art. 5º. XLV da CRFB/88 precisa de regulamentação eis que a transmissão aos herdeiros da obrigação de reparar o dano exige prévia regulamentação legal. Assim, a pena de perda de bens e valores e as demais penas alternativas pecuniárias não podem ser exigidas dos herdeiros do falecido, segundo a posição de Capez. Com isso a morte do autor do delito extingue a punibilidade não permitindo que a pena principal recaia sobre os ombros dos herdeiros do falecido. Há posição em contrário de Luiz Flávio Gomes argumentando que as penas alternativas pecuniárias são reparatórias e não retributivas. Portanto, os herdeiros do condenado devem responder até os limites da herança. Se o autor do crime não pagar a prestação pecuniária ou não tiver bens, a pena será convertida em privativa de liberdade (prisão), como alerta o referido autor.[45: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.448.][46: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.][47: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 452.]
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Penas Alternativas Restritivas de Direitos – (prestação de Serviços à Comunidade, limitação de fim de semana e interdição temporária de direitos)
Características – substituem a pena privativa de liberdade imposta. Excepcionalmente, aplicam-se diretamente como em casos do Código de Trânsito e da Lei de drogas.
Duração – segundo o art. 55 do CP “As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46”. Os incisos III, IV, V e VI dizem respeito às penas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana. Quanto ao § 4o do art. 46 este reza: “§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada”.
Cumulação – regra geral as penas restritivas não cumulam com a privativa de liberdade. Há exceções como no Código de Trânsito em que o agente que pode receber pena de detenção + proibição do direito de dirigir.[48: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 455.]
Classificação das Penas Restritivas de direitos
genéricas – “substituem as penas privativas de liberdade impostas em qualquer crime, satisfeitos os requisitos legais. São a prestação de serviços à comunidade, a limitação de fim de semana, a prestação pecuniária e a perda de bens e valores;” [49: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 455.]
específicas – “só substituem as penas privativas de liberdade impostas pela prática de determinados crimes. São as interdições temporárias de direitos, salvo a proibição de frequentar determinado lugares (acrescentada pela Lei n. 9.714/98), que é genérica”.[50: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 455.]
Espécies de Penas Alternativas Restritivas de Direitos 
Prestação de Serviços à Comunidade ou a entidades públicas: art. 46 do CP. 
Características: 
 Limite de condenação – art. 46, caput, do CPB: “A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade”. 
Finalidade: art. 46, §1º. do CPB: “A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado”. 
Local do trabalho: Art. 46, §2º. do CPB: “A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais”. (entidades públicas ou privadas) 
Forma de cumprimento: Art. 46, §3º. do CPB: “As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho”. 
Tempo de cumprimento: Art. 46, §4º. do CPB: “Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada”. Ex.: Pena privativa de liberdade de 2 anos é substituída por 2 anos de pena restritiva de direitos. O condenado pode cumpri-la em dois anos ou em um ano. Para cumprir em menor tempo deve trabalhar mais horas por semana. Lembrar que a prestação de serviços à comunidade não é remunerada (art.30 da LEP). Tampouco importa em remição da pena. Atualmente, vale refletir sobre a nova redação do art. 126 da LEP: “§ 6o  O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo”. Assim, em se admitido o estudo aos presos que estejam em liberdade condicional, a nosso ver também caberia aos presos cumprindo prestação de serviços à comunidade.[51: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 518.]
Não será remunerada: art. 30 da LEP;
Vale lembrar que conforme o caput art. 149 da LEP caberá ao Juiz da execução: “I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas aptidões; II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena; III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho”. Destaca-se, também o art. 150 da LEP: “A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado dasatividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar”. Deve-se ter assiduidade e obediência às regras da pena de prestação de serviços à comunidade. Se o condenado não atender às regras a entidade informará ao juízo da execução penal que poderá converter a pena restritiva de direitos em privativa de liberdade.
Limitação de fim de semana – art. 48 do CP
Características:
a) Finalidade - art. 48, caput, do CPB – “A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado”. Não se admite cumprir a pena de limitação de fim de semana em Cadeia Pública ou em Presídio. Impede-se de cumpri-la em local destinado ao regime fechado. A prescrição penal inicia a partir do primeiro dia em que se inicia a pena de limitação de fim de semana. [52: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 332.]
b) Forma - art. 48, § único, do CPB – “Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas”.
 
Vale destacar que conforme o art. 151 da LEP “Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá cumprir a pena. Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento”. Além disso, prevês o art. 152 da LEP que “Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas”. Para Nucci, o termo “poderão” deve significar “deverão” sob pena do condenado ficar apenas no ócio com a limitação de fim de semana. O § único do art. 152 dispõe que “Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação”. Por fim, a LEP contempla em seu art. 153 que “O estabelecimento designado encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado”.[53: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 334.]
c - Interdição Temporária de Direitos – art. 47 do CP
Crítica à pena de interdição temporária de direitos: art. 47 do CP. Cabe aqui registrar a crítica de Nucci sobre essa espécie de pena restritiva de direitos aplicada a crimes que não são tão graves. Para referido autor, tais penas não deveriam ser aplicadas pois prejudicam a ressocialização do apenado ao deixá-lo sem exercer sua profissão, sem poder sustentar a sua família além de fazê-lo perder clientes. Para referido autor, outras espécies de pena podem ser aplicadas como a prestação de serviços à comunidade. Caso o crime seja grave deve o autor pagar em regime fechado. Com isso não há condições de manter sua profissão que é justificada pela gravidade do crime.[54: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.450-1.]
Espécies: 
a) Art. 47, I do CPB: “proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo”; Só pode ser aplicada ao crime cometido no exercício do cargo ou função, com violação de deveres a estes inerentes. É o previsto no artigo 56 do CP. Quanto à perda do mandato eletivo, a condenação criminal acarreta a suspensão dos direitos políticos enquanto durarem os efeitos – art. 15, III CRFB/88. O art. 55, VI, da CRFB/88 prescreve, ainda que “Perderá o mandato o Deputado ou Senador: VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado”. Cargo público é a “designação dada ao emprego ocupado em repartição ou estabelecimento público”. Ex: Escrivão judicial. Conforme Hely Lopes Meirelles função pública “é a atribuição ou o conjunto de atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para a execução de serviços eventuais, sendo comumente remunerada através de pro-labore”. Para referido doutrinador “todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As funções do cargo são definitivas; as funções autônomas são, por índole, provisórias, dada a transitoriedade do serviço que visam atender, como ocorre nos casos de contratação por prazo determinado (CF, art. 37, IX).”[55:  “Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes”.][56: “Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”;][57: DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico. 24ª. ed. rev. e atual. por Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 257.][58: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24ª. ed. atual. por Eurico de Andrade Azevedo e outros. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 371-2.]
b) Art. 47, II do CPB: “proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público”; Só pode ser aplicada ao crime cometido no exercício do cargo ou função, com violação de deveres a estes inerentes. É o previsto no artigo 56 do CP. Ex.: dentistas, médicos, advogados etc.[59:  “Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes”. ][60: Ver: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 458-9.]
Art. 47, III do CPB – “suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo”. Só pode ser aplicada ao crime cometido no exercício do cargo ou função, com violação de deveres a estes inerentes. É o previsto no artigo 56 do CP. Este inciso permanece reservado somente à suspensão de autorização a ciclomotores. Quanto à suspensão de habilitação para dirigir veículo, essa parte do dispositivo foi tacitamente derrogada (revogada parcialmente) pela Lei. 9.503/97 Código de Trânsito, art. 302. Quem dirige veículo automotor e mata outrem culposamente no trânsito aplica-se o art. 302 da Lei n. 9.503/97. Se estiver pilotando ciclomotor, aplica-se o inciso III do art. 47 do CP, segundo a posição de Estefam. Para Capez o art. 47, III do CP encontra-se revogado pois não há hipótese para ser aplicada. Destaca-se que a suspensão pressupõe permissão ou habilitação já concedida. A proibição, por sua vez, aplica-se ao condenado que ainda não obteve uma ou outra. Vejamos algumas diferenças entre a suspensão para dirigir do Código de Trânsito e a pena restritiva de direitos do art. 47, III do CP:[61:  “Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes”. ][62:   “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:  Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”.][63: Ver: ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Vol. 1. 1ª. ed. 2ª. tir. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 329.][64: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 458.][65: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 458-9.]
	Pena Restritiva – Código Penal
	Pena Restritiva – Código de Trânsito
	Não pode proibir de obter permissão ou habilitaçãopara dirigir. Limita-se a suspender a licença já concedida. Só pode ser aplicada a quem já tiver habilitação válida. 
	Alcança a proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir
	Substitui a pena privativa de liberdade.
	Pode ser aplicada diretamente e junto com a pena privativa de liberdade.[66: “Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades”. ]
	Possui a duração da pena privativa de liberdade substituída[67: “Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46”.]
	Possui a duração prevista no Código de Trânsito. Somente o art. 307 do CTB tem a mesma duração da pena privativa aplicada.[68: “Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.  § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional”.][69: “Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação”.]
	Não pode ser aplicada junto com a pena privativa de liberdade. Exceção: art. 69, §1º. do CP.[70: “Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código”.]
	Pode ser aplicada junto com a pena privativa de liberdade.[71: “Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades”.]
	O Código Penal somente admite após a substituição.
	Pode ser feita cautelarmente.[72: “Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo”.]
	O Código Penal não prevê hipótese de reincidente específico em delito de trânsito.
	Prevê hipótese de reincidente específico em delito de trânsito.[73: “Art. 296.  Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis”.]
	Não é prevista abstratamente no tipo
	É prevista abstratamente no tipo penal
	Não inicia enquanto o condenado estiver recolhido em estabelecimento penal
	Não inicia enquanto o condenado estiver recolhido em estabelecimento penal
	
Art. 47, IV do CPB – “proibição de frequentar determinados lugares” – cuida-se de medida criticada pela ineficaz fiscalização da execução penal no Brasil.[74: NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 4ª. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003, p. 248.]
Art. 47, V – “proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos”. Medida recente de 15-12-2011. 
Segundo o art. 147 da LEP: “Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares”. A pena restritiva de direito não pode ser iniciada antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Cabe dizer que não se admite a execução provisória de pena restritiva de direitos. Se a pena for privativa de liberdade, admite-se a execução penal provisória da pena. Preso provisório é quem está preso em razão de prisão em flagrante (art. 302 do CPP); prisão temporária (Lei. n. 7.960/90) e prisão preventiva (art. 311 do CPP). A progressão de regime pressupõe o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Contudo o STF já decidiu que é possível progredir de regime o preso provisório, desde que observados os requisitos legais previstos aos presos definitivos por crimes comuns ou hediondos, mesmo quando haja pendência de recurso no Ministério para aumentar a pena do condenado: "A jurisprudência prevalecente neste Supremo Tribunal sobre a execução provisória admite a progressão de regime prisional a partir da comprovação de cumprimento de pelo menos um sexto de pena máxima atribuída em abstrato ao crime, enquanto pendente de julgamento a apelação interposta pelo Ministério Público com a finalidade de agravar a pena do Paciente. Incidência, na espécie, da Súmula 716 deste Supremo Tribunal (...). Precedentes." (HC 90.893, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 5-6-2007, Primeira Turma, DJ de 17-8-2007.) No mesmo sentido: RHC 103.744, Rel. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em 31-8-2010, Primeira Turma, DJE de 25-10-2010; HC Execução da Pena - Execução Provisória da Pena 101.778, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 25-5-2010, Primeira Turma, DJE de 3-9-2010. Vide: RHC 92.872, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27-11- 2007, Primeira Turma, DJE de 15-2-2008". Nesse sentido a Súmula 716 do STF: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória”. [75: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 329.]
Para executar a pena de interdição de direitos, o art. 154 da LEP prevê que “Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade competente a pena aplicada, determinada a intimação do condenado. § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu início.§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do direito interditado”. O art. 47, II do CPB prescreve: “proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público”; Nesta hipótese deve o juiz oficiar ao superior hierárquico comunicando-lhe a vedação do período do exercício da profissão. O art. 47, III do CPB dispõe sobre a “suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo”.[76: Art. 47, I do CPB: “proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública,bem como de mandato eletivo”.][77: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 336.]
Em caso de descumprimento da pena de interdição de direitos o art. 155 da LEP prevê que “a autoridade deverá comunicar imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da pena”. Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo poderá ser feita por qualquer prejudicado”. Qualquer pessoa que se sentir prejudicada com o autor do crime burlando a restrição de direitos em razão da conivência de algum superior hierárquico ou de órgão de classe pode informar ao juiz da execução que pode tomar medidas cabíveis, entre elas converter a pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade.

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