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Pena_Privativa_de_Liberdade_e_Regimes_de_Cumprimento

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DAS PENAS: ESPÉCIES E REGIMES DE CUMPRIMENTO
Conceito de pena: “A sanção criminal é uma medida de caráter repressivo, consistente na privação de determinado bem jurídico (liberdade; alguns direitos etc.), aplicada pelo Estado ao autor de uma infração penal”. “Sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade”. [1: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed., rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 379.][2: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.]
Finalidade da Pena – Teorias que procuram legitimar a pena criminal: 
a) Teoria absoluta ou da retribuição – “a finalidade da pena é punir o autor de uma infração penal. A pena é a retribuição do mal injusto, praticado pelo criminoso, pelo mal justo previsto no ordenamento jurídico (punitur quia peccatum est)”. As teorias absolutas enxergam a pena criminal como um fim em si mesma, ou seja, a pena criminal só serve para retribuir o mal causado pelo infrator. Quem peca deve ser punido. Kant é adepto da teoria absoluta. Segundo Kant se alguém mata deve morrer pois o princípio categórico de sua teoria prevê que “faça ao outro aquilo que gostaria que fizesse a ti mesmo”. Portanto, se matas alguém intencionalmente também estás matando a ti mesmo. É o princípio do Talião – “Olho por Olho” calcado em uma ordem ética. Hegel entende que a pena é a retribuição jurídica pela irracionalidade do ato praticado pelo sujeito ao cometer o crime. Quando alguém mata sem motivo nega o direito, as leis, por isso deve receber a violência da pena que é a retribuição pela conduta que cometeu contrária à lei. O fundamento de Hegel é de ordem jurídica. Crítica: não tem sido adotada em países como o Brasil em que deve ser observado o princípio da dignidade da pessoa humana e da ressocialização do apenado. [3: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.][4: QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 348.][5: Apud QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 348.][6: Apud QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 348.][7: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. Vol. 1. 17ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 133.][8: QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 349.]
b) Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção – “a pena tem um fim prático e imediato de prevenção geral ou especial do crime (punitur ne peccetur). A prevenção é especial porque a pena objetiva a readaptação e a segregação sociais do criminoso como meios de impedi-lo de voltar a delinquir. A prevenção geral é representada pela intimidação dirigida ao ambiente social (as pessoas não delinquem porque têm medo de receber a punição)”. As Teorias Absolutas ou Prevencionistas não veem a pena como um fim em si mesmo, ou seja, punir porque errou. Entende-se a pena “como meio a serviço de determinados fins, considerando-a utilitariamente, portanto. Fim da pena é a prevenção de novos delitos (...)”. [9: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.][10: QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 350.]
b1) Prevenção Geral - a previsão de uma pena criminal busca evitar a violação da norma penal e, com isso, estabiliza a sociedade evitando-se a prática de crimes. A prevenção geral é subdividida em: b1.1) prevenção geral positiva fundamentadora advoga que o fim da pena é a confirmação da norma e dos valores nela contidos. Ou seja, confirmar os valores protegidos pela sociedade naquele momento social, político e histórico. Ex.: punir o adúltero para proteger o instituto da família; punir o aborto para proteger a vida; punir o criminoso independente se ele vai se ressocializar ou não etc. b1.2) prevenção geral positiva limitadora: a finalidade da pena deve ser restringida pelos princípios da intervenção mínima, da proporcionalidade, da ressocialização etc. Se o Estado não observar esses princípios a pena passa a ser arbitrária. Além disso utiliza-se o Direito Penal quando poderia ser utilizado o Direito Civil ou outros ramos do Direito. [11: SHECAIRA, Sérgio Salomão; CORRÊA JUNIOR, Alceu. Teoria da pena: finalidades, direito positivo, jurisprudência e outros estudos de ciência criminal. São Paulo: RT, 2002, p. 132.]
b2) Prevenção Especial – busca evitar que o criminoso cometa novo crime através de sua ressocialização dentro do sistema penal. A prevenção especial não se dirige a todos, mas especialmente aos criminosos. O objetivo do Direito Penal é transformar o delinquente em um a pessoa de bem.[12: QUEIROZ, Paulo de Souza. Direito penal: parte geral. 7ª. ed., compl. rev. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 355]
c) Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória – “a pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime, pela reeducação e pela intimidação coletiva (punitur quia peccatum est et ne peccetur)”. Conforme Ferrajoli as teorias absolutas advogam a tese da retribuição (castigo, reação etc.) enquanto que as teorias relativas a tese da prevenção (servir de exemplo para outros não cometerem crimes e recuperar o infrator para ele não praticar mais crimes). Para Nucci a pena visa retribuir o mal causado e prevenir a ocorrência de um novo crime. Quanto à prevenção, o autor ressalta que é fundamental o papel da LEP para evitar que o preso retorne a delinquir. Para tanto é preciso efetivar os princípio ali escritos ressaltando-se os direitos e os deveres do preso. A teoria adotada pelo Código Penal brasileiro, segundo Greco, está prevista no art. 59 do CP e “conjuga a necessidade de reprovação com a prevenção do crime, fazendo, assim, com que se unifiquem as teorias absoluta e relativa”. Portanto, a pena criminal não busca só retribuir o mal causado pelo infrator. Visa reintegrá-lo à sociedade e despertar no mesmo o sentimento de que não vale a pena cometer crime. O Brasil adota a Teoria Mista.[13: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.][14: Apud GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 14ª. ed., rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2012, p. 474.][15: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 176.][16: GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 14ª. ed., rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2012, p. 474-5.]
Princípios Constitucionais da Pena
a) Legalidade: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. Só pode haver punição criminal se houver lei federal anterior prevendo conduta + pena ao fato praticado pelo sujeito. “Não há direito penal vagando fora da lei escrita”. Este princípio ganhou força a partir de 1789 com a Revolução Francesa. Previsão legal: art. 1º. do Código Penal. Previsão Constitucional: Art. 5º., XXXIX. da CRFB/88.[17: HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Cláudio Heleno. Comentários ao código penal. Vol. I – Tomo 1. Art. 1 a 10. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1977, p. 21. ][18: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 101 e 99.]
Jurisprudência do STJ - Habeas Corpus n. 141.127- SP 
Data do Julgamento: 04.02.2010
Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. CONDUTA NÃO PREVISTA NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. COAÇÃO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA. “Depreende-se dos autos que o paciente, em cumprimento da pena em regime de semiliberdade, com autorização de trabalho externo, exercia a função de assessor jurídico junto à empresa "Stillos Prestadora de Serviços - Ltda-ME". Em 22 de outubro de 2007, após trabalhar no período da manhã, teria solicitado dispensa ao empregador e se dirigido até a comarca de Rio Claro, para atendimento de um detento”. “a) Se a conduta praticada pelo agente não está prevista na Lei de Execução Penal, não pode ele ser punido por prática de falta disciplinar grave, sob pena de afronta ao princípio da legalidade”. “se o legislador não previu tal fato como falta disciplinar de natureza grave, não pode o julgador fazê-lo. O artigo 45 da Lei de Execução Penal é claro, no sentido de que o preso só pode sofrer punições disciplinares se houver previsão legal”.
b) Anterioridade: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. Para haver punição criminal é preciso que haja lei federal anterior prevendo conduta + pena ao fato praticado pelo sujeito. “Não há direito penal vagando fora da lei escrita”. Evita-se, com isso, que o Estado possa punir alguém sem que exista lei penal disciplinando o fato. Este princípio ganhou força a partir de 1789 com a Revolução Francesa. Previsão legal: art. 1º. do Código Penal; Previsão Constitucional – Art. 5º., XXXIX. da CRFB/88.[19: HUNGRIA, Nélson; FRAGOSO, Cláudio Heleno. Comentários ao código penal. Vol. I – Tomo 1. Art. 1 a 10. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1977, p. 21. ][20: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 101 e 99.]
c) Personalidade ou responsabilidade pessoal da pena - art. 5º. XLV da CRFB/88: - nenhuma pena passará da pessoa do condenado. “Assim, a pena de multa, ainda que considerada dívida de valor para fins de cobrança, não pode ser exigida dos herdeiros do falecido”. A morte do autor do delito extingue a punibilidade. A pena criminal não pode se estender aos filhos ou sucessores legais.[21: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; ][22: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.]
d) Individualização da Pena - Art. 5º. XLVI da CRFB/88: caberá ao magistrado fixar a pena de acordo com a gravidade do fato, circunstâncias do crime, culpabilidade do autor etc. Daí deverá advir a pena e o regime inicial de cumprimento. A imposição e o cumprimento da pena “deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito do sentenciado”. Fundamentos constitucionais: a) princípio da individualização da pena – há três aspectos há considerar: a) individualização legislativa – o legislador cria um tipo penal inédito e estabelece uma pena (detenção ou reclusão) que pode variar entre seis meses até o máximo de 30 anos de reclusão; b) individualização judicial: o juiz vai escolher qual a medida da pena e qual a espécie permitida em lei (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa); c) individualização executória: um condenado a doze anos de pena no regime inicialmente fechado pode permanecer os doze anos no regime fechado eis que viola as leis da execução penal (péssimo comportamento carcerário, foge etc.) ou pode cumpri-la em menor tempo através da remição e ainda poder ter direito a regimes menos gravosos como o semiaberto e o aberto. Há grave violação ao princípio constitucional da individualização da pena no Brasil. Presos por furto misturam-se com presos por roubo e estes com latrocidas. Mulheres não têm um espaço devidamente separado da ala masculina; presos por crimes de menor gravidade idade entre 18 e 20 anos de idade que cometeram pequenas infrações penais misturam-se a presos adultos reincidentes; presos pela primeira vez servem de objeto para manobra de presos com mais experiência além de serem abusados sexualmente. [23: “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos”.][24: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 174.][25: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 1174.]
e) Inderrogabilidade - “salvo exceções legais, a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. Assim, por exemplo, o juiz não pode extinguir a pena de multa levando em conta seu valor irrisório”. Consequência do princípio da legalidade.[26: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 386.][27: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.403. ]
f) Proporcionalidade - Art. 5º. XLVI e XLVII da CRFB/88 – O Estado não deve submeter o indivíduo a uma sanção penal que não seja ética e politicamente necessária, adequada e justa. Trata-se de princípio que carrega consigo a ideia de que a pena deve ser condizente com o mal causado pelo agente infrator. A pena deve ser proporcional ao crime praticado. Vejamos se o Código Penal prevê penas proporcionais nos seguintes exemplos: Exemplo 1: temos a mesma pena prevista para um furto e uma lesão corporal: Conduta: Duas pessoas furtam uma bicicleta. Pena possível: 2 a 8 anos de reclusão. Tipo Penal: Art. 155, § 4º., inciso IV do CP. Conduta: João agride Mário com um facão e corta-lhe o braço. Pena possível: 2 a 8 anos de reclusão. Tipo Penal: Art. 129, § 2º. inciso III do CP. Exemplo 2: um a pena de mais de 250 anos é limitada pela lei penal em no máximo 30 anos. Médico Roger Abdelmassih foi condenado em 23 de novembro de 2010, a 278 anos de prisão. Ele foi acusado de 56 estupros de pacientes em sua clínica, localizada em uma área nobre da capital paulista. Cumprirá somente 30 anos de prisão.
g) Humanidade e Limitação das Penas - Art. 5º. XLVII da CRFB/88 – A lei n. 6.815/1980 - Estatuto do Estrangeiro – prevê em seu art. 91: “Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso: III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação”. O princípio da humanidade das penas criminais também tem sido violado de modo cotidiano no Brasil. Celas superlotadas; sem ventilação, luminosidade, húmidas são uma constante nos quatro cantos do país. Muitas vezes constituem penas cruéis.[28: “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis”.]
Espécies de pena
Segundo a doutrina temos três espécies de pena prevista no Código Penal: pena privativa de liberdade, restritivas de direitos e multa. Aos que concebem o conceito de crime como fato típico e antijurídico, a medida de segurança é também uma espécie de sanção criminal. Aos que reconhecem o conceito tripartite de crime a medida de segurança é medida de caráter terapêutico e social. Conforme o art. 32 do CP as penas são:  I - privativas de liberdade; (prisão) II - restritivas de direitos; (interdição de direitos etc.) III - de multa. (valor pecuniário). [29: Entre outros: MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal: parte geral. Vol. I. 25ª. ed. rev. e atual. até 11 de março de 2009. São Paulo: Atlas, 2009, p. 237; LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis:OAB/SC, 2004, p. 389; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.403.][30: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 385.][31: Ver: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 389.]
Pena Privativa de Liberdade
Espécies de Pena Privativa de Liberdade
Há três espécies de penas privativa de liberdade: 
reclusão – características: a) destina-se a crimes mais graves; b) pode iniciar em regime fechado; semiaberto ou aberto; c) acarreta efeito da condenação como a perda do poder familiar (art. 92, II do CP); d) propicia a internação nos casos de medida de segurança; e) é cumprida em primeiro lugar (art. 69 do CP).[32: “Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado”.][33: Conforme NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.405.]
detenção – características: a) destina-se a crimes mais leves; b) somente inicia no semiaberto ou aberto; c) propicia o tratamento ambulatorial nos casos de medida de segurança (art. 97 do CP). [34: Conforme NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.405.]
prisão simples – características: a) destinada às contravenções penais (infrações de menor potencial ofensivo); b) comportam apenas os regimes semiaberto e aberto; c) não se pode inserir o contraventor onde se encontram os criminosos.[35: Conforme NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.405. Ver, ainda: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed. rev. e atual. Florianópolis: OAB/SC, 2004, p. 397.]
Espécies de regimes penitenciários
Segundo o art. 33, § 1º do CP, considera-se: 
regime fechado - a execução da pena será em estabelecimento de segurança máxima ou média. Segundo a lei de execuções penais, estabelecimento de segurança máxima ou média é a Penitenciária, consoante art. 87 da Lei de Execuções Penais – LEP - Lei 7.210/84.[36: “Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado. Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.”]
regime semiaberto - a execução da pena será em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O artigo art. 91 da Lei de Execuções Penais – LEP - Lei 7.210/84 repete o dispositivo do Código Penal. Registre-se que se não houver vaga no regime semiaberto deve o preso ir para o regime aberto ou prisão domiciliar até que surja a vaga no regime semiaberto, segundo o STF e STJ.[37: “A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime semiaberto”.][38: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 269.]
regime aberto - a execução da pena será em casa de albergado ou estabelecimento adequado. No regime aberto a pena será cumprida em casa de albergado, conforme previsão dos artigos 93 a 95 da Lei de Execuções Penais. [39: Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana. Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras. Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados.]
Histórico dos Sistemas Penais[40: Conforme LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed., rev. e atual. OAB/SC Editora, 2004, p. 392-4.]
a)Pensilvânico (celular) – denominado também de filadélfico, “deve seu nome ao fato de ter sido praticado experimentalmente, a partir de 1790, na prisão de Walnut Street, construída nos arredores da Filadélfia”. Características: a) isolamento completo – não se misturava com outros presos de dia e de noite; b) silencia absoluto durante todo o cumprimento da pena. A assistência moral, religiosa e médica era recebida na cela. Objetivava purificar o infrator pelo isolamento e pela meditação. Os resultados foram desastrosos. Os diretores que levaram à risca os princípios do sistema filadélfico levaram muitos presos à loucura. [41: LEAL, João José. Direito penal geral. 3ª. ed., rev. e atual. OAB/SC Editora, 2004, p. 393.]
b)Auburniano – semelhante ao pensilvânico, permitia o trabalho em conjunto com outros presos, durante o dia, mas sempre em silêncio. À noite deveria ser observado o isolamento celular. Foi praticado a partir de 1823 na penitenciária de Auburn, Estados Unidos. Não foi exitoso por insistir no total silêncio dos presidiários.
c)Progressivo – abandonou a ideia de isolamento e de silêncio absoluto. Alexandre Maconochie, diretor da colônia penal de Norfolk, Inglaterra, criou um sistema constituído de três fases distintas e que foi implantado a partir de 1840: inicialmente o presidiário deveria permanecer durante algum tempo em isolamento total (diurno e noturno); num segundo período, o preso trabalhava em comum durante o dia e permanecia em isolamento celular à noite; na terceira fase, o preso era colocado em liberdade condicional. Foi um sistema baseado em vales, ou seja, o bom comportamento dava ao preso o direito de seguir à próxima fase do sistema penal. Houve o aperfeiçoamento do sistema progressivo sendo ele aplicado em vários países do mundo inclusive no Brasil.
Regime Inicial Fixado Pelo Juiz
Para fixar o regime inicial de cumprimento da pena (fechado, semiaberto ou aberto) o juiz deve examinar o art. 110 da LEP: “O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal”. Entre os parágrafos contidos no art. 33 encontra-se o § 3º: “A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código”. [42: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.]
Regimes penitenciários da pena de reclusão
Segundo o art. 33, § 2º do CP deve-se observar que: [43: “§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:         a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;  b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto”.]
Se a pena imposta for superior a 8 anos – inicia no regime fechado;
Se a pena imposta for superior a 4 e não exceder a 8 anos – inicia no regime semiaberto;Se a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos – inicia no regime aberto.
Se o condenado for reincidente - regra geral segundo o art. 33, § 2º do CP iniciar em regime fechado, não importando a quantidade de pena. Exceções: a) condenação do réu à pena igual ou inferior a 4 anos e que teve a reincidência gerada pela pena de multa, permitindo-se a concessão do sursis da pena, conforme o art. 77, §1º. do CP: “A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício”, segundo o STF. b) condenação do réu à pena igual ou inferior a 4 anos com circunstâncias judiciais favoráveis (art. 59 do CP): Súmula 269 do STJ “É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”.
Se o crime for considerado grave pelo juiz – a gravidade, por si só, do crime não é motivo para fixar o regime fechado. Nesse sentido as Súmulas: 718 do STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”. 740 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito”. 
Se as circunstâncias do art. 59 forem desfavoráveis ao réu - pode iniciar em regime fechado mesmo a pena tendo sido igual ou inferior a 8 anos desde que observadas as regras contidas no art. 33 e 59 do CP. Nesse caso deve-se observar, ainda, a Súmula 719 do STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”.[44: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 388.][45: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 387-8; JESUS, Damásio E. de. Direito penal: parte geral. 1º. Vol. 33ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 449; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.419.]
Regimes penitenciários da pena de detenção
Segundo o art. 33, caput e § 2º do CP deve-se observar que: 
se a pena imposta for superior a 4 anos – inicia no regime semiaberto;
se a pena imposta for igual ou inferior a 4 anos – inicia no regime aberto;
se o condenado for reincidente – inicia no regime semiaberto;
se o crime for considerado grave pelo juiz – a gravidade, por si só, do crime não é motivo para fixar o regime fechado. Nesse sentido as Súmulas: 718 do STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”. 740 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito”. 
se as circunstâncias do art. 59 forem desfavoráveis ao réu - inicia no regime semiaberto;
Não há regime inicial fechado na detenção só admitido em caso de regressão de regime segundo o STJ. [46: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 389.]
Regimes da pena de prisão simples
independentemente da pena imposta – regime inicia no regime semiaberto ou aberto;
não pode haver rigor penitenciário – art. 6º. do Decreto-Lei 3.688/1941: “Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto”
se o condenado for reincidente (contravenção + contravenção; crime + contravenção) – inicia a pena no regime aberto ou semiaberto;[47: Ver: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 508.]
se as circunstâncias do art. 59 forem desfavoráveis ao réu - inicia no regime aberto ou semiaberto;
Não há regime inicial fechado para as contravenções penais. Nem mesmo se houver regressão de regime que só ocorrerá do semiaberto ao aberto [48: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 390.]
Sentença omissa quanto ao regime
Não havendo o regime fixado na sentença, aplica-se o mais benéfico ao réu. Ex.: condenado à pena de 6 anos o regime deve ser o semiaberto.[49: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 390.]
Execução Provisória da Pena – Dispõe a Súmula 716 do STF: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória”. O motivo da origem dessa Súmula deve-se à lentidão do processo penal no Brasil. Mais de uma década pode levar entre uma denúncia e uma sentença penal condenatória. Com isso, um preso provisório pode ter que cumprir muito mais tempo em regime fechado do que por lei deveria. Imaginemos um preso por roubo que fique preso preventivamente durante mais de um ano e que não possa progredir pois a sentença ainda não transitou em julgado. Essa contradição foi reparada pela Súmula 716 do STF segundo Nucci. [50: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 178.]
Com o advento da Lei n. 12.403/2011 o Código de Processo Penal foi modificado e atualmente há duas modalidades de prisão provisória: a prisão temporária prevista na Lei. n. 7.960/90 e a prisão preventiva contida no art. 311 do CPP conforme Capez. A prisão em flagrante, segundo Aury Lopes não é mais classificada como prisão cautelar pela doutrina pois ela não pode perdurar após o ato de prisão. Segundo o autor a medida é pré-cautelar eis que pode ser adotada por policiais ou particulares e depende de exame a ser feito pelo juiz sobre a validade ou não do ato. Se alguém for preso em uma das hipóteses do art. 302 do CPP, deve-se lavrar o auto e após o juiz examinar deve optar por uma das medidas do art. 310 do CPP: I - relaxa a prisão; II - converte-a em preventiva; III – concede liberdade provisória ao preso. Portanto, não pode mais o sujeito permanecer meses ou anos preso em razão do flagrante. O art. 319 do CPP prevê agora nove providências cautelares evitando-se o encarceramento antes do processo. Entre as medidas estão o “comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades” (inc. I). Portanto, preso provisório é quem está preso em razão de prisão temporária (Lei. n. 7.960/90) ou em razão da prisão preventiva (art. 311 do CPP). Embora a progressão de regime pressuponha o trânsito em julgado da sentença penal condenatória o STF permitiu a progressão de regime ao preso provisório, desde que observados os requisitos legais previstos aos presos definitivos por crimes comuns ou hediondos, mesmo quando haja pendência de recurso no Ministério para aumentar a pena do condenado: "A jurisprudência prevalecente neste Supremo Tribunal sobre a execução provisória admite a progressão de regime prisional a partir da comprovação de cumprimento de pelo menos um sexto de pena máxima atribuída em abstrato ao crime, enquanto pendente de julgamento a apelação interposta pelo Ministério Público com a finalidade de agravar a pena do Paciente. Incidência, na espécie, da Súmula 716 deste Supremo Tribunal (...). Precedentes." (HC 90.893, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 5-6-2007, Primeira Turma, DJ de 17-8-2007.) No mesmo sentido: RHC 103.744, Rel. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em 31-8-2010, Primeira Turma, DJE de 25-10-2010; HC Execução da Pena - Execução Provisória da Pena 101.778, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 25-5-2010, Primeira Turma, DJE de 3-9-2010. Vide: RHC 92.872, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 27-11- 2007, Primeira Turma, DJE de 15-2-2008". Com isso os tribunais têm admitidoque o preso provisório progrida do regime fechado ao semiaberto ainda que pendente de recurso de acusação. Há argumento no sentido de que o preso não poderia progredir pois ele não foi condenado ainda. Esse argumento não pode ser levado em conta pois não se pode prejudicar o preso provisório mantendo-o no regime fechado quando poderia estar no regime semiaberto segundo Nucci. Outra discussão se refere ao quantum da pena que deve incidir a fração para a progressão. Se não há recurso à acusação a pena se tornou definitiva pois mesmo que a defesa recorra o tribunal não pode aumentá-la pelo princípio do non reformatio in pejus (impossibilidade de reforma para pior). Contudo se houver recurso da acusação a pena fixada na sentença de primeiro grau pode aumentar. Nesse caso deve-se levar em conta a pena máxima prevista abstratamente ao delito. Se o condenado atingir 1/6 dessa pena máxima prevista abstratamente poderia progredir de regime ainda que estivesse aguardando o julgamento final do processo crime em que é réu. Essa é a posição do STF (HC 90.893-SP) que admitiu que um condenado a 4 anos por corrupção ativa pudesse progredir para o regime aberto após ter cumprido 3 anos de prisão provisória. A pena máxima abstratamente prevista ao delito é de 12 anos. Assim, 1/6 de 12 anos seria igual a 2 anos e, portanto, o preso provisório já tinha atendido o requisito há um ano.[51: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 428.][52: LOPES JR. Aury. Direito processual e sua conformidade constitucional. 9ª. ed. rev. e atual., São Paulo: Saraiva 2012, p. 796.][53:    “Art. 310.  Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou  II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único.  Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação”.][54: “Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica.§ 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares”.][55: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 178.][56: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 179.]
Execução Provisória da Pena e Prisão Especial - Quanto ao preso especial a Súmula 717 do STF prevê: “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”. A prisão especial segundo Thales Tácito Cerqueira consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum (artigo 295, parágrafo primeiro, sendo que o este parágrafo foi acrescentado pela Lei nº 10.258, de 11.07.2001, DOU 12.07.2001). O artigo 295 do CPP enumera um rol de situações ligadas a cargo, curso superior, profissão etc. Nessas situações, se alguém responder preso a fase processual (temporária ou preventiva), deve ser recolhido a quartéis (no caso de militares) ou prisão especial no caso de civis. Dessa forma, não havendo vagas nos quartéis ou não existindo unidades que se prestam para a guarda de presos especiais (ou se existindo, não havendo vagas), enfim, não havendo estabelecimento específico para o preso especial, a manutenção do acautelamento em acomodações que atendam os requisitos de salubridade do ambiente, com aeração, insolação e temperaturas adequadas à existência humana, devidamente separadas da prisão comum, cumpre as exigências legais, de forma que este poderá ser recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento como cadeia (§2º. do art. 295 do CPP). A Lei nº 10.258, de 11.07.2001, DOU 12.07.2001 estabeleceu ainda que os direitos do preso especial serão apenas não ser transportado juntamente com o preso comum e ter cela distinta dos presos comuns, de forma que os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum, não podendo mais ter a regalia de visitas fora dos horários estabelecidos, alimentação especial trazida pela família etc. (§§2º., 3º., 4º. e 5º. do art. 295 do CPP). Exemplo: magistrado (artigo 295, VII CPP) responde processo preso (prisão em flagrante/crime inafiançável) sem direito à liberdade provisória por falta de requisitos subjetivos e por estar presente um dos motivos da prisão preventiva (conveniência da instrução criminal). Após a instrução, o Tribunal de Justiça (em face do foro pela prerrogativa de função do magistrado) profere sentença condenatória, fixando o regime fechado como o regime inicial da pena. Inconformado, o réu interpõe recurso. Em razão da demora no julgamento o tribunal pode permitir que o mesmo tenha direito de progressão ao regime semiaberto, por ter cumprido 1/6 da pena, bem como direito à saída temporária para visitar à família (artigos 122 e 123 da LEP) . Segundo a Súmula 717 do STF o fato do juiz se encontrar em prisão especial não impede a execução provisória da pena de forma que terá direito a progredir de regime e à saída temporária por 7 dias para visitar a família. Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória o juiz perderá direito a cela especial. Poderá deixar de cumprir pena na mesma cela de outros presos, devendo ter local separado dentro do estabelecimento penal porque era funcionário da administração da justiça e por isso pode sofrer represálias de presos que ele mesmo condenou por força do art. 84, parágrafo segundo da LEP. Segundo Nucci a prisão especial é uma regalia que não deveria existir. Tampouco, segundo o autor a progressão de regime aos presos provisórios em prisão especial. Para referido autor pode ocorrer situações em que o preso aguarde em cela especial e quando for condenado definitivamente já seja colocado em liberdade diretamente pois atingiu o regime aberto através da progressão provisória da pena. Assim terá cumprido parte da pena em cela especial e a outra parte em regras amenas do regime aberto que muitas vezes por falta de Casa de Albergado gera liberdade quase que total do condenado. [57: Conteúdo extraídoda apostila de autoria do Prof. Thales Tácito Cerqueira, adquirida junto ao curso do IELF – Instituto Luiz Flávio Gomes.][58: O rol do artigo 295 do CPP que deve recolher-se a quartéis ou prisão especial, durante o processo de conhecimento é: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito''; V - os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. ][59: “O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da administração da justiça criminal ficará em dependência separada”][60: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 180.]
Execução Provisória da Medida de Segurança – se o sujeito estiver solto deve-se aguardar o trânsito em julgado da sentença absolutória imprópria para iniciar o cumprimento. Se estiver provisoriamente internado como reza o art. 319, VII do CPP, pode-se iniciar o seu cumprimento provisório em benefício do próprio sentenciado conforme Nucci.[61: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 180.]
Progressão de regime para condenados definitivos em crimes comuns 
O Art. 33 do CP prevê em seu “§2º que: “As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso”. É o sistema progressivo adotado pelo ordenamento jurídicopenal brasileiro. O art. 112 da LEP prevê: “A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão”. 
Para os crimes comuns é preciso observar:
Requisito objetivo:
a) cumprir parte da pena - 1/6 (primário ou reincidente); Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir.[62: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 392.]
Requisito subjetivo:
a) merecimento: bom comportamento do preso. Ou seja, preencher requisitos de ordem pessoal como autodisciplina, responsabilidade etc.
Progressão de regime para condenados definitivos em crime hediondo
Até 23.02.2006 era proibido progredir de regime em crime hediondo por força da Lei n. 8.072/1990. Em 23.02.2006 o STF em sede de habeas corpus permitiu a progressão de regime a um paciente declarando inconstitucional o §1º. do art. 2º. da Lei n.º. 8.072/1990 por violação ao princípio da individualização da pena. Como se tratou de controle difuso o efeito seria ex tunc – desde então e somente para a parte que pleiteou a progressão. Embora difuso, eis que decidido em sede de HC, o STF estendeu os efeitos da decisão passando a valer a todos os demais condenados o requisito de 1/6 o mesmo observado aos crimes comuns. Assim, muitos condenados se beneficiaram da decisão, embora alguns juízes negaram efeito de força vinculante eis entenderam que o STF deveria comunicar a decisão ao Senado para efeitos de edição de resolução, suspendendo, no todo ou em parte, a execução da norma.[63: MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24ª. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 482.][64: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 396.]
Em 28.03.2007 adveio a Lei n. 11.464/2007 que admitiu a progressão de regime desde que observado 2/5 (40%) da pena para primários e 3/5 (60%) para reincidentes. Lembrando que o requisito temporal deve ser computado do total da pena dada na condenação e não do tempo de cumprimento de pena máximo de 30 anos previsto no art. 75 do CP. Destaca-se, aqui, a Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”.[65: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 400.]
Diante desse contexto, pode-se observar as seguintes situações para progredir de regime em crime hediondo:
Para os crimes hediondos cometidos antes da entrada em vigor da Lei n. 11.464/2007 e beneficiados pelo HC 82.959 o condenado precisa cumprir parte da pena cujo requisito objetivo é de 1/6 seja primário ou reincidente. Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir. Além disso, precisa o preso cumprir o requisito subjetivo que é gozar de bom comportamento: como ter autodisciplina, responsabilidade etc. Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir.[66: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 392.]
2) Para os crimes hediondos cometidos antes da entrada em vigor da Lei n. 11.464/2007 e que não obtiveram o benefício do HC 82.959 porque juízes entenderam não ter força erga omnes a decisão do STF, os condenados não puderam progredir pois houve a interpretação pela validade da proibição da progressão de regime prevista pela Lei n. 8.072/1990. Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir. 
3) Os condenados que praticaram o crime hediondo e equiparado após a entrada em vigor da Lei n. 11.464/2007 devem cumprir 2/5 (40%) da pena se forem primários e 3/5 (60 %) da pena se forem reincidentes, além de ter bom comportamento carcerário. Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir.
4) Os condenados por crimes hediondos que não obtiveram o benefício do HC 82.959 porque juízes entenderam não ter força erga omnes a decisão do STF, com o advento da Lei n. 11.464/2007 puderam progredir de regime desde que cumprissem 2/5 da pena se fossem primários e 3/5 da pena se fossem reincidentes, além de ter bom comportamento carcerário. Cada período recomeça a contar do que restou de pena a cumprir. 
Atualmente o STF tem entendido que aos crimes hediondo cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007, a progressão de regime deve observar o requisito temporal previsto no art. 33 do CP e art. 112 da LEP, ou seja, 1/6 da pena.[67: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 401-3.]
A partir da lei n. 11.464/2007, publicada em 29.03.2007 os condenados por crimes hediondos devem cumprir 2/5 (40%) da pena para primários e 3/5 (60%) para reincidentes além de gozarem de bom comportamento carcerário.
Progressão de regime para condenados definitivos em crimes contra a administração pública
Deve-se observar a previsão do art. 33 § 4o: “O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais”. Com isso, além de ter que cumprir 1/6 da pena e de ter que gozar de bom comportamento deve o condenado devolver o produto do crime devidamente atualizado com os consectários legais. Segundo Nucci este requisito é inconstitucional poisentre outros motivos se um crime de roubo não reclama a reparação do dano para poder progredir um crime de corrupção também não poderia. [68: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 405.][69: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2012, p.415.]
Pode Ser Pedido Exame Criminológico Para Progredir de Regime Segundo STJ
Avaliava-se o mérito para progredir de regime com o Exame Criminológico até 2003, Lei n. 10.792. Atualmente para progredir de regime basta o Atestado de Boa Conduta Carcerário. Contudo, em alguns casos, desde que fundamentado, o Exame Criminológico, pode ser exigido. É o que prevê a Súmula Vinculante 26 do STF: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2°. da lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. Destaca-se, ainda, a Súmula 439 do STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”. Portanto, embora o atestado de boa conduta carcerária seja suficiente para o juiz conceder a progressão de regime, o exame criminológico pode ser exigido em casos específicos em que o condenado apresente algum risco em frequentar um regime prisional menos severo. Caso haja alguma falta grave, o condenado fica impedido de progredir de regime. Falta o requisito do bom comportamento carcerário.[70: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 284.]
Prazo de Progressão de Regime Recomeça Em Caso de Falta Grave
Se o preso estiver em regime fechado ou semiaberto e vier a cometer falta grave deve voltar a cumprir 1/6, 2/5 ou 3/5 da pena remanescente novamente. Ex.: “A” é condenado a 6 anos. Próximo de cumprir 1/6 da pena, ou seja, 1 ano, comete falta grave (foge). Deve recomeçar a contar novamente 1/6 da pena restante (5 anos) para pedir a progressão. Essa é a posição majoritária do STF.[71: Ver: Gustavo Junqueira, You Tube, aula enviada em 24.04. 2010. ]
Executa-se Primeiro a Pena do Crime Hediondo. Depois a do Crime Comum
Crime hediondo + crime comum. Nesse caso deve-se executar a pena do crime hediondo. Depois, do crime comum. Ex.: “A” é condenado a 20 anos por crime hediondo. Cumpre 2/5 = 8 anos no regime fechado pelo crime hediondo. É condenado, ainda, a 6 anos por crime comum. Deve cumprir 1/6 da pena = 1 ano. Portanto, após cumprir 9 anos no regime fechado, pode progredir para o regime semiaberto.[72: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 292.]
Veda-se a Progressão Direta de Regime Fechado ao Regime Aberto
Não se admite a progressão por salto, ou seja, progredir do regime fechado ao aberto diretamente sem passar pelo regime semiaberto. A Súmula 491 do STJ de 08.08.2012 prevê: “É inadmissível a progressão per saltum de regime prisional”. O STF também possui posições nesse sentido: "O tempo de prisão cumprido pelo paciente já foi considerado para o efeito da obtenção do regime semi-aberto e, quanto ao aberto, não pode ser obtido per saltum, pois sua concessão depende do preenchimento de requisitos objetivos e subjetivos, cuja apreciação compete, originariamente, ao Juízo da Execução Penal e não a esta Corte." (HC 76.965, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento Execução da Pena - Regime de Cumprimento da Pena em 15-12-1998, Primeira Turma, DJ de 14-5-1999). No mesmo sentido: RHC 99.776, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-11-2009, Segunda Turma, DJE de 12-2-2010.[73: Ver: Gustavo Junqueira, You Tube, aula enviada em 24.04. 2010.]
Admite-se Regressão Direta de Regime do Aberto Para o Fechado
Admite-se, contudo, a regressão per saltum, ou seja, voltar do regime aberto ao fechado diretamente. Só pode ser deferida pelo órgão judicial – art. 118, §2º. da LEP. [74: Idem. ]
Falta de Vaga em Regime Fechado Veda Permanência em Regime Semiaberto ou Aberto 
Quando não houver vaga no regime fechado - Estabelecimento de Segurança Máxima ou Média -, os tribunais superiores pacificaram entendimento de que a pena em regime fechado não pode ser cumprida em outro regime mais benéfico - semiaberto ou aberto. Se não houver vaga no regime semiaberto, os tribunais superiores pacificaram entendimento de que a pena em regime semiaberto pode ser cumprida em regime aberto. É o regime aberto provisório. Não houve necessariamente progressão. O STF possui precedente em que o condenado foi posto em liberdade por não haver vaga no regime semiaberto, somente no fechado. Determinou-se que se aguardasse a vaga no regime menos rigoroso. Há, ainda, posição citada na doutrina de que o condenado deve cumprir a pena no regime fechado. [75: Idem.][76: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 293.]
Regras do regime fechado[77: Conforme a LEP e a síntese feita por CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 407-8.]
O preso deve ser submetido ao exame criminológico 
Prevê o art. 34 do CP: “O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução”.
Conceito de exame criminológico: Conforme a exposição de motivos da lei de execuções penais o exame criminológico é uma espécie do gênero exame da personalidade e parte “do binômio delito-delinqüente, numa interação de causa e efeito, tendo como objetivo a investigação médica, psicológica e social, como o reclamavam os pioneiros da Criminologia”. Ao citar Sérgio Pitombo, Mirabete coloca que no exame criminológico, a personalidade do criminoso é examinada em relação ao crime em concreto, ao fato por ele praticado, pretendendo-se com isso explicar a ‘dinâmica criminal (diagnóstico criminológico), propondo medidas recuperadoras (assistência criminiátrica)’ e a avaliação da possibilidade de delinqüir (prognóstico criminológico)”. O exame criminológico é composto de instrumentos de verificação como “as informações jurídico-penais (como agiu o condenado, se registra reincidência etc); o exame clínico (saúde individual e eventuais causas mórbidas, relacionadas com o comportamento delinqüencial); o exame morfológico (sua constituição somatopsíquica); o exame neurológico (manifestações mórbidas do sistema nervoso); o exame eletrencefalográfico (não para só a busca de “lesões focais ou difusas de ondas sharp ou spike, mas da correlação – certa ou provável – entre alterações funcionais do encéfalo e o comportamento do condenado); o exame psicológico (nível mental, traços básicos da personalidade e sua agressividade); o exame psiquiátrico (saber-se se o condenado é pessoa normal, ou portador de perturbação mental); e o exame social (informações familiares, ‘condições sociais em que o ato foi praticado’ etc.).[78: Apud MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. por Renato N. Fabbrini até 31 de março de 2004. São Paulo: Atlas, 2004, p. 52. ][79: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. por Renato N. Fabbrini até 31 de março de 2004. São Paulo: Atlas, 2004, p. 52.][80: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. por Renato N. Fabbrini até 31 de março de 2004. São Paulo: Atlas, 2004, p. 53.]
O preso deve se submeter ao trabalho interno 
Dispõe o § 1º e 2º, respectivamente do art. 34: “§ 1º O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2º O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena”.O trabalho interno do preso deve observar: 
a) a finalidade educativa e produtiva (art.28 da LEP); 
b) é remunerado e não pode ser inferior a ¾ do salário mínimo (art. 39 do CP e 29 da LEP); 
c) tem direito aos benefícios da previdência social (arts. 39 do CP e 41, III da LEP) como o auxílio reclusão previsto no Decreto 3.048/99;[81: “Art. 116: “O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais). A partir de 01.01.2012 o valor ficou estipulado em: R$ 915,05 - Portaria nº 02, de 6/1/2012.§ 1º É devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário-de-contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de segurado. § 2º O pedido de auxílio-reclusão deve ser instruído com certidão do efetivo recolhimento do segurado à prisão, firmada pela autoridade competente. § 3º Aplicam-se ao auxílio-reclusão as normas referentes à pensão por morte, sendo necessária, no caso de qualificação de dependentes após a reclusão ou detenção do segurado, a preexistência da dependência econômica. § 4º  A data de início do benefício será fixada na data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, se requerido até trinta dias depois desta, ou na data do requerimento, se posterior, observado, no que couber, o disposto no inciso I do art. 105.  § 5º  O auxílio-reclusão é devido, apenas, durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto. § 6º  O exercício de atividade remunerada pelo segurado recluso em cumprimento de pena em regime fechado ou semi-aberto que contribuir na condição de segurado de que trata a alínea "o" do inciso V do art. 9º ou do inciso IX do § 1º do art. 11 não acarreta perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão pelos seus dependentes”. Art. 117. O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso. § 1º O beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente. § 2º No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado. § 3º Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, o mesmo será considerado para a verificação da perda ou não da qualidade de segurado. Art. 118. Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será automaticamente convertido em pensão por morte.  Parágrafo único.  Não havendo concessão de auxílio-reclusão, em razão de salário-de-contribuição superior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), será devida pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido dentro do prazo previsto no inciso IV do art. 13. Art. 119. É vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado”.]
d) não é sujeito ao regime da CLT, sujeitando-se a regime de direito público (art. 28, §2º., da LEP);
e) o trabalho interno é dever do preso (art. 31 e 39, V, da LEP);
f) a recusa do trabalho constitui falta grave (art. 50, VI, da LEP);
g) o preso provisório não é obrigado a trabalhar (art. 31, § único da LEP);
h) o preso político não é obrigado a trabalhar (art.200 da LEP) - Para caracterizar o crime político é preciso saber qual é o bem jurídico ameaçado, ofendido ou protegido pela norma penal. Se o bem jurídico ofendido for a soberania nacional há crime político pelo critério objetivo. Ex.: “Art. 9º da Lei n. 7.170/1983 - Lei de Segurança Nacional. Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país. Pena: reclusão, de 4 a 20 anos. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta morte aumenta-se até a metade”. O crime político lesa ou ameaça o ordenamento político do país. Crimes políticos puros ou próprios – atentam exclusivamente contra o sistema de segurança ou organização interna ou externa do Estado. Crimes políticos impuros ou impróprios – além de atentarem contra a segurança ou organização do Estado, ainda lesam bem jurídico tutelado pela legislação ordinária. (ex.: roubo e sequestro com fins político-subversivos). Atualmente, os crimes políticos abrangem não só os crimes de motivação política (aspecto subjetivo) como os que ofendem a estrutura política do Estado e os direitos políticos individuais (aspecto objetivo) segundo Capez. [82: NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 4ª. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003, p. 281.][83: JESUS, Damásio. E. Direito penal: parte geral. 1º. Vol. 26ª. ed., rev., e atual. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 574.][84: Monteiro de Barros apud GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 13ª. ed., rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 564.][85: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 512.]
 i) o trabalho do preso deve levar em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso (Art. 32 da LEP);
j) a jornada não pode ser inferior a 6, nem superior a 8 horas, com descanso aos domingos e feriados (art. 33 da LEP);
l) serviços de conservação e manutenção podem ter horários especiais (art. 33, parág. único da LEP);
m) três dias de trabalho desconta um da pena (art. 126 da LEP);
n) doze horas de frequência escolar – ensino fundamental, médio ou superior – divididas em no mínimo três dias desconta-se um dia da pena (art. 126, §4º. da LEP);
o) se sofrer acidente de trabalho ou durante o estudo, continuar recebendo a remição (art. 126, §4º. da LEP);
p) havendo falta grave o juiz pode revogar 1/3 do tempo remido (art. 127 da LEP);
q) o estudo pode ser feito a distância (art. 126, parág. 2º. da LEP);
r) se concluído o curso o preso ganha 1/3 de tempo remido como prêmio (art. 126, parág. 5º.);
s) a remição aplica-se aos casos de prisão cautelar (art. 126, parág. 7º. do CP).
O preso pode se submeter ao trabalho externo 
Segundo o art. 34, § 3ºdo CP “O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas”. A LEP regula o trabalho externo no art. 36 e 37.[86: Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.]
O trabalho externo do preso deve observar: [87: Conforme a LEP e a síntese feita por CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 409.]
a) todos os direitos previstos ao trabalho interno; 
b) deve observar o limite de 10% do total de empregados da obra (art. 36, parág. 1º. da LEP); 
c) cumprir 1/6 da pena no regime fechado; 
d) realizar o exame criminológico segundo a opinião de Capez para saber se o preso pode realizar o trabalho fora da prisão. A LEP não exige tal exame.
Crítica ao trabalhoexterno do preso: para Nucci o preso em regime fechado não poderia trabalhar fora do estabelecimento penal pois o regime fechado se tornaria um regime aberto. Ou seja, o preso trabalharia o dia inteiro fora e só voltaria à noite para dormir na prisão. Contudo, a lei permite. Deve-se respeitar os requisitos previstos em lei para se conceder o trabalho externo ao preso em regime fechado.[88: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 202.]
Quanto à remuneração referido autor entende que não pode ser inferior a ¾ do salário mínimo. Deve, ainda, ser nivelada aos demais trabalhadores não presos para não ocorrer a exploração da mão de obra do preso. Preso não pode servir de mão de obra barata para empresas privadas. Não é esse o objetivo da lei de execuções penais. [89: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 202; MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 107.]
O preso em regime fechado pode ser submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado ou RDD
O RDD é um regime mais rigoroso inserido dentro do regime fechado. Poderíamos dizer que é um regime fechado com maior rigor e disciplina. Está previsto no artigo 52 da LEP: “A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado (...)”.O RDD tem sido acolhido pelo STJ. Contudo há posições que questionam a constitucionalidade deste rigoroso regime.[90: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 228-9.]
O RDD, segundo os incisos do art. 52 da LEP possui as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; 
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; 
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol - embora o preso não possa sair deve trabalhar na própria cela sem ter contato com os outros detentos. Essa é a previsão do Decreto 6.049/2007. [91: Idem, p. 231.]
Destinatários do RDD
Além do preso definitivo, o RDD se destina a presos provisórios ligados ou não ao crime organizado, segundo os parágrafos 1º. 2 º do art. 52 LEP: 
“§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade”. 
“§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando”.
Vejamos o que diz a recente Lei n. 12.694/2012. sobre organização criminosa: “Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. Quanto ao crime de quadrilha ou bando, o art. 288 dispõe: “Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena - reclusão, de um a três anos. Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado”.[92: Dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas. ]
O preso em regime fechado por receber permissão de saída
Prevista no art. 120 da LEP prevê que: “Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14). Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso. 
O art. 121 informa a duração da permissão de saída: “A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída”.
Se for um tratamento médico, o tempo que durar o tratamento. Se for um funeral, pelo período necessário. Cabe ao Diretor do Estabelecimento fixar o período. Caso o Diretor negue, o juiz pode conceder conforme Mirabete.[93: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 505.]
O preso em regime fechado por receber remição
A remição cuida de um verdadeiro pagamento, por isso o vocábulo com ”ç”. Remissão significa perdão. Segundo Capez o preso que quer trabalhar mas o estabelecimento não oferece condições não pode remir. No mesmo sentido a posição de tribunais brasileiros que consideram o trabalho dever do preso mas não obrigação do Estado em dar condições de que o preso o exerça. Para Maurício Kuehne e outros, contudo, deve o preso remir a pena pois não é por sua culpa que não trabalha. Mirabete ressalta que se o preso pode remir sem trabalhar não pode receber remuneração sob pena de violar a igualdade em relação aos que recebem por trabalharem.[94: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 416.][95: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. Vol. 1. 16ª. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 417.][96: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 529.][97: Apud MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 529.][98: MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 11ª. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004 por Renato N. FABBRINI. São Paulo: Atlas, 2004, p. 529.]
A LEP disciplina a remição nos arts. 126 a 130. Vejamos.
Art. 126.  O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011).
A remição só pode ser feita em regime fechado ou semiaberto por trabalho ou por estudo. No regime aberto só há remição pelo estudo. A remição objetiva estimular o preso a se engajar com mais ânimo no trabalho e obedecer a disciplina do sistema penal. 
§ 1o  A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Lembrar: o dia de trabalho do preso deve ter no mínimo 6 horas e no máximo 8 horas. Há horários especiais como os presos que servem à cozinha, limpeza, etc.
§ 2o  As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.  (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 3o  Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalhoe de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem.  (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
Pode o preso trabalhar 6 horas por dia e estudar outras 4 horas. Isso o permitiria remir pelo trabalho e pelo estudo parte de sua pena. Lembrando: 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar. 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho: 1 dia de trabalho do preso deve ter no mínimo 6 horas e no máximo 8 horas.
§ 4o  O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Se estiver trabalhando, computa-se o período que o preso estaria remindo, caso sofra um acidente de trabalho. Neste caso, se o preso estava trabalhando 8 horas por dia, mesmo sem trabalhar, continuará descontando 1 dia de pena a cada dia que estiver afastado pelo acidente de trabalho. Se o preso não trabalhava ou estudava, não há que se falar em desconto, durante o período de afastamento em razão do acidente. Além disso, caso o preso se acidente propositadamente, cometendo falta grave (art. 50, IV, LEP), não se deve computar a remição durante o período de afastamento pelo acidente em razão da má-fé do detento.[99: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 310.]
§ 5o  O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Esta medida legislativa visa estimular o preso a concluir seus estudos. Sabe-se que a desistência dos estudos não traz benefícios. Portanto, o Estado incentiva o preso a finalizar seus estudos somando 1/3 no total de tempo estudado. Ex.: o preso estudou 3000 horas. Concluiu o ensino fundamental incompleto. Neste caso, o detento ganhará mais 1000 horas, ou seja, 1/3 que poderá descontar através da remição da pena que lhe falta cumprir.
§ 6o  O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
O parág. 1º., I, do art. 126, diz: “1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias”.
Cuidado: a remição só pode ser feita em regime fechado ou semiaberto por trabalho ou por estudo. No regime aberto só há remição pelo estudo. A remição objetiva estimular o preso a se engajar com mais ânimo no trabalho e obedecer a disciplina do sistema penal. 
§ 7o  O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
A remição é aplicável aos presos em prisão preventiva, temporária, prisão domiciliar – art. 317 e 318 do CPP - (nova modalidade após o advento da Lei n. 12.403/2011). O flagrante não é mais classificado como prisão cautelar pela doutrina pois ele não pode perdurar após o ato de prisão. Se alguém for preso em uma das hipóteses do art. 302 do CPP, deve-se lavrar o auto. Após, caberá ao juiz optar por uma das medidas do art. 310 do CPP: I- relaxa a prisão; converte-a em preventiva; III – concede liberdade provisória ao preso. Portanto, não pode mais o sujeito permanecer meses ou anos preso em razão do flagrante. [100: BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 7ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 492.][101: LOPES JR. Aury. Direito processual e sua conformidade constitucional. 9ª. ed. rev. e atual., São Paulo: Saraiva 2012, p. 796.]
§ 8o  A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Cabe ao juiz dizer, declarar os dias remidos pelo preso.
Art. 127.  Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
Após comprovada a falta grave, o juiz pode revogar em 1/3 o tempo remido do preso. Ex.: preso possui 900 dias a remidos. Pode perder de 1 dia (mínimo) até 300 dias (máximo de dias). O art. 57 que deve ser observado prevê: Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. O preso poderá reiniciar a contagem dos dias remidos a partir da data da infração disciplinar.[102: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 311.]
Art. 128.  O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
Os dias remidos pelo preso são considerados como pena cumprida. Portanto, se um preso cumpriu 9 meses de pena e remiu outros 3 meses, tem como pena cumprida 1 ano. Isso significa que se recebeu uma pena de 6 anos, terá cumprido 1/6 e já poderá progredir de regime.[103: Ver: NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 2. 6ª. ed. refor. e atual. São Paulo: RT, 2012, p. 312.]
Art. 129.  A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles.  (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
O cômputo da remição deve se dar a cada mês, salvo se houver acúmulo de serviço na vara criminal responsável.
§ 1o  O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.       (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
Caso não haja aproveitamento ou frequência ao curso por parte do preso, não se deve declarar a remição.
§ 2o  Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
O objetivo é deixar o preso sempre informado sobre o montante de sua pena e quanto falta para ser cumprida.
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição.
Se o funcionário responsável por emitir a certidão de dias remidos falsear a verdade deverá responder por crime de falsidade ideológica: “Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:  Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte”.
Regras do regime semiaberto
O preso no regime semiaberto não precisa ser submetido ao exame criminológico 
Embora o art. 35 c/c o art. 34, caput, do CP, preveja que o condenado deve ser submetido ao exame criminológico ao iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto, a LEP, por sua vez, prevê que o exame criminológico pode ser facultativo como dispõe o art. 8º. parágrafo único: “Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento

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