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FÍSICA DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA MÓDULO 1 - UNIDADE 7 PRINCÍPIOS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ALMIR INACIO DA NOBREGA 1 Ressonância Ressonância é um fenômeno físico de troca de energia entre forças periódicas e corpos em movimento. Para que ocorra esse fenômeno, é necessário que a frequência da força periódica seja exatamente igual à frequência de movimento dos corpos. Na imagem por ressonância magnética, os corpos estão representados pelos núcleos dos átomos de hidrogênio, e a força periódica, por pulsos de ondas eletromagnéticas que oscilam na faixa das ondas de radio e que são, portanto, denominadas ondas de radiofrequência (RF). 2 Equação de Larmor A equação de Larmor define com que frequência os prótons de hidrogênio precessionam (giram) quando estão submetidos a altos campos magnéticos. = Frequência de precessão = Razão giromagnética Bo = Campo magnético 3. IMAGEM: T1 / T2 A imagem em RM pode ser obtida em padrões que seguem o comportamento de relaxação dos prótons de hidrogênio. O contraste na imagem T1 reflete o comportamento dos diferentes tecidos com relação à relaxação longitudinal. Os diversos tecidos biológicos apresentam tempos diferentes de relaxação. Uns retornam mais rápidamente à condição de equilíbrio, outros demoram mais tempo. Os tecidos que retornam rapidamente dão origem a sinais hiperintensos como a gordura. Os líquidos demoram a retornar e ficam escuros. A imagem T1 é rica em detalhes anatômicos. Nela, os líquidos aparecem escuros. A gordura apresenta hipersinal (claro), assim como os meios de contraste à base de gadolínio. Parênquimas em geral apresentam-se em diferentes tons de cinza. O contraste na imagem em T2 reflete o comportamento dos diferentes tecidos em relação à relaxação transversal. Da mesma forma, os tecidos biológicos relaxam transversalmente em tempos diferentes. Os tecidos que demoram mais tempo para declinar no plano transversal apresentam hipersinal na imagem (ficam claros). Esse é o caso dos líquidos na imagem T2. A imagem T2 apresenta maior especificidade para demonstrar processos patológicos. Nela o líquido se apresenta claro, enquanto parênquimas, viscerais e músculos ficam escuros. A imagem em densidade de prótons pode ser considerada como uma imagem de mapeamento dos hidrogênios. Nela a maior quantidade de hidrogênio se comporta com aumento de sinal na imagem. Nesse padrão, há predomínio de tons de cinza. Do ponto de vista prático, a imagem DP é bastante parecida com a imagem T1. TR TE T 1 Até 800 ms Até 30 ms T2 Acima de 1500 ms Acima de 80 ms DP Acima de 1500 ms Até 30 ms Ponderação da imagem de RM (Sequência SE) 4. TEMPO DE REPETIÇÃO (TR) – TEMPO DE ECO (TE) TR: Tempo entre o pulso de excitação seletivo e a sua repetição. Na sequência spin- eco, é o tempo compreendido entre dois pulsos de 90º. TE: É o tempo compreendido entre o pulso de excitação seletivo e a amplitude máxima do sinal gerado pelo paciente. 5. Campos magnéticos gradientes Os campos magnéticos gradientes, na RM, são responsáveis pela definição de plano de corte, espessura, FOV, codificação dos sinais, entre outras atribuições. Os três campos gradientes (Gz, Gx e Gy) são ortogonais entre si e estão posicionados nos eixos físicos principais do sistema de RM. No processo de formação da imagem por RM, os gradientes são ligados e desligados muito rapidamente. O primeiro gradiente utilizado nesse processo tem duas funções específicas: selecionar o plano de corte e definir a sua espessura. Por esse motivo, esse gradiente é denominado gradiente seletivo. Quando este estiver posicionado ao longo do eixo Z (longitudinal), selecionará imagens no plano axial (transversal) do paciente. Se o gradiente seletivo for o posicionado no eixo X do sistema, produzirá imagens sagitais e, quando posicionado no eixo Y, imagens coronais. Planos anatômicos na RM GRADIENTE SELETIVO PLANO ANATÔMICO Eixo Z do sistema AXIAL Eixo X do sistema SAGITAL Eixo Y do sistema CORONAL O gradiente seletivo ainda tem o papel de definir a espessura de corte. Quanto maior a potência do gradiente, menor será a espessura do corte, considerando constante a banda de emissão de RF. Uma vez cumprido o seu papel de selecionar o plano de corte e definir a sua espessura, o gradiente seletivo não mais será utilizado. Ele é desligado e, a partir de então, o sistema passa a trabalhar com os outros dois gradientes. O segundo gradiente a ser ligado é o gradiente codificador da fase. Esse campo tem por finalidade criar uma identificação para cada linha ou coluna da imagem a partir da fase dos hidrogênios. Para isso, após cada repetição do experimento de RM, isto é, após cada tempo de repetição (TR), o gradiente codificador de fase entra com uma amplitude (potência) ligeiramente aumentada. Esse mecanismo produz codificações específicas para cada linha da imagem com base nas diferenças de fases geradas. O terceiro gradiente codifica as informações provenientes do paciente pelas frequências dos sinais. Ele assim o faz porque, enquanto está ligado influenciando a frequência dos hidrogênios na sua direção, o sistema registra a informação. Esse gradiente é também denominado gradiente de leitura. Finalidade dos gradientes Gradiente Finalidade Ação Codificador da fase Codificar os sinais em uma das dimensões da matriz pela fase dos H. Após cada TR, o gradiente apresenta uma amplitude diferente Gradiente de frequência Codificar os sinais na outra dimensão da matriz pela frequência dos H. Gradiente permanece ligado enquanto o sinal é registrado pelo sistema. 6. Formação das imagens – espaço K O registro dos sinais provenientes do paciente na ressonância magnética é feito de forma muito lenta. Considerando que a imagem de RM é formada de um arranjo matricial incluindo linhas e colunas, a codificação dos sinais em cada uma das dimensões da matriz é feita de forma diferente: em uma das dimensões pela fase e na outra pela frequência. O gradiente codificador de fase registra a informação no computador do sistema de RM em um número de vezes proporcional à dimensão da matriz. Esse registro é feito após cada TR. Se considerarmos uma imagem T1 de Matriz 256 x 256, cujo tempo de repetição for de 500 ms (0,5 s), essa imagem durará exatos 2 minutos e 8 segundos para ser construída. Tempo = TR x Matriz(fase) x Nex Se a imagem em questão for T2, o tempo de aquisição será ainda mais longo, porque, nesse caso, o TR será sempre maior do que o T1. Depois que o plano da imagem recebe a codificação pela fase, esse gradiente é desligado e o terceiro campo gradiente é ligado para codificar os sinais, mas agora pela frequência. Os sinais são registrados numa área do computadores definida como espaço K. Esse espaço é virtual, corresponde a uma parte da memória do processador. Frequentemente nos referimos a ele como um espaço arranjado em forma de matriz. A construção da imagem na RM utiliza a Transformada Inversa de Fourier para extrair os dados das várias frequências recebidas, transformando-os em sinais representados por diferentes níveis de cinza. Esse processo só ocorre quando todas as informações no espaço K estão presentes. O registro das informações no espaço K acontece após ação do gradiente de fase aplicado em diferentes amplitudes. As amplitudes do gradiente codificador de fase varia de um extremo negativo até um extremo positivo, passando por um ponto neutro que coincide com o isocentro do sistema. Gradientes com amplitudes extremasproduzem informações com alta resolução, mas com baixa intensidade de sinal. O gradiente de amplitude ao redor de zero, localizado no isocentro do sistema, gera sinais com baixa resolução, mas com alta intensidade de sinal. Essas características são aproveitadas constantemente para melhorar o contraste das imagens. Espaço K 7. Sequências de pulsos A forma como são excitados os átomos de hidrogênio caracteriza as sequências de pulsos. Dentre as sequências mais comuns, podemos destacar: 7.1 SPIN-ECO: Sequência mais comum em ressonância magnética. Utiliza um pulso de excitação de 90º seguido por um pulso de refasamento de 180º. Nesse último pulso, o vetor magnetização criado no interior do paciente induz a corrente elétrica na bobina receptora que é, em última análise, o sinal da ressonância. 7.2 INVERSION RECOVERY: Sequência que utiliza um pulso inicial de 180º seguido de um de 90º e outro de 180º. Nessa sequência, o tempo entre o pulso inicial de 180º e o pulso seguinte de 90º é definido como tempo de inversão. O tempo de inversão define o tecido que será saturado (apagado) na imagem. Três técnicas são utilizadas nessa sequência: a STIR, a T1w e a FLAIR. STIR: Técnica utilizada para saturar (apagar) na imagem o sinal de gordura. Obtém-se o STIR usando TI (Tempo de Inversão) de 160 ms em equipamento de 1.5 Tesla. T1w: Técnica utilizada para gerar imagem com forte ponderação T1. Obtém- se o T1w (T1 pesado) usando TI entre 400 e 900ms em equipamento de 1.5 Tesla. FLAIR: Técnica utilizada para saturar na imagem o sinal do líquor. Obtém-se o Flair usando TI entre 2.000 e 2400 ms em equipamento de 1.5 Tesla. 7.3 GRADIENTE DE ECO (GrE): Sequência rápida que utiliza apenas um pulso de RF frequentemente entre 0 e 90º. Nessa sequência, o refasamento dos prótons é obtido pela inversão da polaridade do campo gradiente seletivo. 7.4 FAST SPIN ECHO - FSE (Turbo Spin Echo - TSE): A sequência Fast Spin Echo representa uma evolução da sequência spin eco e apresenta como principal característica a presença de vários pulsos de refasamento de 180º após o pulso inicial de 90º. Após cada pulso de refasamento de 180º, o sinal gerado pelo paciente fica armazenado numa área do computador definida como espaço K. Os vários pulsos de 180º aplicados são denominados no seu conjunto de trem de ecos ou fator turbo. Quanto maior o trem de ecos utilizado, menor será o tempo de aquisição da série. 7.5 SINGLE SHOT FAST SPIN ECHO (SSFSE): A sequência Single Shot Fast Spin Echo representa a evolução total da sequência Spin Echo. Nessa sequência, todo o espaço K é preenchido de uma só vez, isto é, após o pulso de 90º, serão aplicados pulsos de 180º proporcionais à matriz da imagem de forma que todas as linhas serão codificadas de uma só vez. O tempo total para realização de uma imagem nessa sequência, considerando uma única medida, é proporcional ao TR e com frequência que dura de 2 a 4 segundos. A rapidez como as imagens são obtidas nessa sequência faz com ela se aplique melhor nos estudos de RM fetal, urorressonância e mielorressonância. 7.6 TOF (Time of Flight): É uma técnica dentro da sequência Gradiente de Eco utilizada para obtenção de imagens vasculares sem a necessidade de utilização de contraste. Nessa sequência, os TRs e TEs geralmente são muito curtos. 7.7 CeMRA (Contrast Enhanced Magnetic Resonance Angiography): Sequência vascular do tipo Gradiente de Eco utilizada para obtenção de imagens com utilização de meio de contraste. Nessa sequência, os TRs e TEs geralmente são os mais curtos que o sistema pode oferecer. 8. SNR - Razão Sinal-Ruído A SNR influencia diretamente a qualidade da imagem. Quanto maior a SNR, a imagem apresenta mais sinal e melhor será a sua qualidade. Imagens com baixa SNR apresentam excesso de ruído e se caracteriza por apresentar granulações na imagem. Os principais fatores que interferem na SNR são: Campo magnético principal (quanto maior, melhor SNR); Bobina (quanto maior, pior SNR); TR (quanto maior, melhor SNR); TE (quanto maior, pior SNR); Espessura do corte (quanto maior, melhor SNR); Matriz (quanto maior, melhor SNR).
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