Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO III - UNIDADE 7 - APOSTILA Prof. Almir Inacio da Nobrega Prof. Elvira Barbosa Miranda Ressonância magnética funcional encefálica Com o avanço da técnica Echo Planar Image, surgiram os estudos funcionais por IRM. Tornou-se, assim, possível a avaliação por imagem de regiões do cérebro relacionadas com funções sensoriais, motoras e cognitivas ou a ausência de atividades, um largo campo ainda a ser explorado. A ressonância magnética funcional encefálica está relacionada com estudos que podem evidenciar e, até mesmo, quantificar a presença de atividades cerebrais. Nesse aspecto, os estudos funcionais encefálicos podem ser dirigidos para: 1 - Análise da ausência da viabilidade cerebral pela presença da isquemia, por meio da técnica da DIFUSÃO; 2 - Avaliação do déficit de irrigação do tecido cerebral pela técnica da PERFUSÃO; 3 - Evidência da atividade cerebral por estimulação (motora, sonora, visual, memória etc.) por meio da técnica de ATIVAÇÃO. DIFUSÃO A isquemia é um processo pelo qual uma área do encéfalo deixa de ser irrigada, causando muitas vezes a morte do tecido correspondente. No acidente isquêmico, a difusão do hidrogênio que, em condições normais, ocorre ao acaso fica restrita. A técnica da Difusão por RM consiste na obtenção de sinal após aplicação de dois gradiente bipolares que servirão para anular os sinais provenientes dos hidrogênios com difusão normal. Os hidrogênios com mobilidade reduzida, isto é, difusão restrita, não terão os seus sinais anulados pelos gradientes bipolares e, dessa forma, contribuirão com forte hipersinal (área clara na imagem), evidenciando assim a área afetada. Figura 1: Difusão: Hipersinal mostra área isquêmica parieto-occiptal esquerda. PERFUSÃO A perfusão está relacionada com o aporte sanguíneo aos tecidos. Obstruções vasculares causadas por placas de ateroma, compressões extrínsecas, embolia etc. afetam a perfusão do órgão que irriga. A técnica da perfusão encefálica por RM consiste na obtenção de imagens por meio de sequências EPI após injeção de meio de contraste em grande velocidade (5 ml/s em média). O aporte do contraste no parênquima encefálico substitui a presença do sangue e permite um estudo indireto da perfusão dessa região. Figura 2: Perfusão por RM fluxo assimétrico nos hemisférios direito e esquerdo. ATIVAÇÂO A ressonância funcional encefálica por ativação pode ser obtida por técnicas que se baseiam no aumento da concentração de hidrogênio nas regiões do encéfalo relacionadas com atividades motoras, sensoriais ou cognitivas. A técnica BOLD (Blood Oxigen Level Dependent) descreve a convergência de sangue carreado com moléculas transportadoras de oxigênio (oxi-hemoglobina) para áreas em atividade. As imagens são obtidas das regiões encefálicas diretamente ligadas a essas atividades. A técnica é aplicada com aquisições alternadas entre fases em atividade e fases em repouso. As áreas que respondem às sessões de atividade podem ser visualizadas por evidenciar discreta redução da intensidade T2 quando comparados às do grupo controle (repouso). As informações da técnica de ativação são extraídas por softwares especializados, disponíveis em estações computadorizadas de trabalho (workstations). Figura 3: ATIVAÇÃO: Áreas com hipersinal demonstram respostas a estímulo sonoro em paciente com má-formação artério-venosa temporal esquerda. Figura 4: Perfusão. Figura 5: Técnica da perfusão. Figura 6: Ativação. Figura 7: Técnica do paradigma – ativação. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA MAMA O exame da mama por ressonância é muito útil na avaliação da integridade e posicionamento de implantes mamários e no estudo de nódulos e massas mal definidas nos exames clínicos e outros métodos de imagem. A RM permite o diagnóstico diferencial dessas lesões especialmente por permitir o estudo com injeção dinâmica do contraste à base de gadolínio. O exame da mama com protocolo de implantes mamários normalmente é realizado sem contraste. Nesse protocolo, há séries que mostram exclusivamente os implantes e são denominadas silicone only. Trata-se de séries do tipo inversion recovery – STIR, acrescentada com supressão de água. O exame da mama para pesquisa de nódulos e massas mal definidas é realizado sempre com contraste. Nesse protocolo, inicia-se uma série sem contraste seguida da aquisição de pelo menos três sequências dinâmicas pós- contraste com intervalos médios variando entre 60 e 90 segundos casa série. Figura 8: Anatomia da mama. Figura 9: RM da mama - protocolo nódulo. Figura 10: RM da mama - protocolo implante. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO CORAÇÃO A Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) é uma técnica que apresenta muitas vantagens no estudo de diversas patologias miocárdicas. Dentre elas, a não utilização de radiações ionizantes, a possibilidade de aquisição de imagens em todos os planos anatômicos, a capacidade de caracterizar tecidos e a avaliação qualitativa e quantitativa dos movimentos de sístole e diástole e do fluxo sanguíneo. Os protocolos para realização da RMC estão em constante evolução. As sequências gradiente eco com baixo tempo de aquisição tornou possível os estudos de movimento de parede com alta resolução espacial e temporal. As sequências de perfusão e realce tardio destacam-se na RMC como padrão ouro no estudo de isquemias e infartos. Os exames com técnicas de ressonância funcional estão cada vez mais presentes nos estudos cardíacos. Hoje é possível realizar espectroscopia e difusão com tractografia no miocárdio. Todos os avanços tecnológicos trazidos pela ressonância magnética fazem da RMC um método muito promissor no diagnóstico diferencial de uma variedade de patologias cardíacas. EIXOS ANATÔMICOS PARA O ESTUDO CARDÍACO O estudo anatômico por ressonância magnética baseia-se em três planos anatômicos: sagital, coronal e axial. Em ressonância cardíaca, os três planos anatômicos não são suficientes para um estudo efetivo das estruturas anatômicas, devido ao seu formato e disposição no mediastino. O coração é um órgão de formato aproximadamente cônico, com a base voltada para trás e para a direita; o ápice voltado para frente e para a esquerda; e dois terços do seu volume estão situados à esquerda da linha sagital mediana. Devido a essas características, tornou-se necessária a criação de planos de cortes anatômicos específicos para os exames cardíacos. A nomenclatura utilizada para definir os planos de corte em RMC possui variações. No Brasil, as denominações mais utilizadas na prática clínica são: eixo curto, eixo longo e quatro câmaras. Os três planos anatômicos utilizam como referência a linha formada pelo septo interventricular. As imagens em eixo curto e quatro câmaras são adquiridas perpendicularmente, e as de eixo longo são adquiridas paralelamente ao septo interventricular. EIXO CURTO O eixo curto normalmente é o primeiro plano adquirido, porque serve como referência para a programação dos outros dois planos. As imagens são adquiridas perpendiculares ao septo interventricular, partindo do ápice para a base do coração. EIXO LONGO Nas sequências de eixo longo, são adquiridos cortes paralelos ao septo interventricular cobrindo toda a área cardíaca. QUATRO CÂMARAS A programação para a sequência de quatro câmaras utiliza como referência a linha do septo visualizado no eixo curtopreviamente adquirido. Os cortes iniciam no nível da face diafragmática e terminal na altura da bifurcação da artéria pulmonar. Figura 11: Eixo curto quatro câmaras. Figura 12: RM coração – prot. viabilidade. Figura 13: RM coração - sincronização ECG. Figura 14: Aquisição multiphase. Figura 15: Volume do VE. Figura 16: Quantificações cardíacas. RM do abdômen O exame do abdômen pela ressonância magnética vem ganhando importância, principalmente após o aparecimento de sequências rápidas com ponderação T1 e T2 e com a possibilidade de o paciente fazer o exame em apneia. A aquisição de sequências rápidas permitiu ainda o estudo do abdômen com contraste endovenoso nas fases arterial; portal; equilíbrio e tardias, de forma bastante similar às sequências obtidas pela tomografia computadorizada. Em ressonância, no entanto, o estudo da luz do trato digestório fica muito prejudicado, de forma que grande parte das lesões oclusivas e da parede intestinal não encontra boa resposta por esse exame, sendo melhor visualizadas pela TC. Em RM, o exame do abdômen abrange apenas o andar superior. Estudo do andar inferior deverá ser abordado no exame da pelve. A solicitação de exame de abdômen total deverá ser tratada como dois estudos: Abdômen Superior e Pelve. As principais indicações da RM do abdômen são: o Estudo do fígado e do pâncreas; o Estudo das vias biliares por meio da colangiorressonância; o Estudo das vias excretoras por meio da urorressonância; o Estudo da vascularização arterial, venosa e da circulação portal; o Tumores e abscessos desta região; A exemplo do exame do tórax, o movimento da respiração é também um dos principais fatores que interferem na qualidade das imagens do exame de abdômen por ressonância. O uso de dispositivos de compensação respiratória (respiratory compensation) ajuda a reduzir esses artefatos e deve ser utilizado rotineiramente. As sequências rápidas do tipo gradiente de eco com ponderação T1 permitem a obtenção de imagens do paciente em apneia e com boa resolução anatômica. Aquisições de imagem com esse tipo de sequência, associadas com técnicas de supressão de gordura, são importantes para estudo de grande parte das lesões encontradas no abdômen superior, especialmente em pós- contraste e fases arterial, portal e de equilíbrio. No preparo do exame do abdômen, é importante que o paciente esteja em jejum de pelo menos seis horas. Esse tempo de jejum se faz necessário para evitar os artefatos de imagem produzidos pelo movimento peristáltico das alças intestinais. Na impossibilidade de poder contar com jejum de pelo menos seis horas, o paciente poderá, a critério clínico, fazer uso de antiespasmódicos com a finalidade de redução do peristaltismo gastrintestinal. O acúmulo de líquido nas alças também deverá ser evitado, razão pela qual o jejum deverá também ser de substâncias líquidas. A presença de líquido nas alças afeta as imagens T2 e particularmente os exames de colangiorressonância e de urorressonância que fazem uso das sequências tipo SSFSE (Single Shot Fast Spin Echo). Figura 17: Protocolo abdômen superior. Figura 18: Protocolo colangiorressonância.
Compartilhar