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Etzioni – Sociologia Industrial : o estudo das Organizações Econômicas A sociologia industrial é um campo de sociologia aplicada e surgiu, principalmente, de interesses por temas como a produtividade,motivação e sindicalização. A sociologia industrial, quando remodelada, adequa-‐ se facilmente ao modelo da sociologia organizacional. A sociologia industrial relaciona-‐se com papéis e processos de interação,comunicação e autoridade,que são especializados para servir as metas sociais específicas. Esta é aliada um modelo teórico baseado na teoria de Max Weber,modificado de forma significativa e melhorada quando o estudo de aspectos racionais foi suplementado pelo estudo de aspectos não racionais e irracionais de organizações. A sociologia organizacional é potencialmente capaz de desenvolver bases sadias para um estudo genérico,bem como comparativo de organizações,tendo-‐se beneficiado consideravelmente do intercambio de conceitos e hipóteses entre os seus vários subcampos. Os vários tipos de organizações parecem ter problemas funcionais comuns,que poderão servir de base para um debate generalizado de organizações e também para diferenciar várias estruturas organizacionais. Todas as estruturas organizacionais,por exemplo,tem que encarar o problema do recrutamento,treinamento e motivação do seu pessoal, para que possa funcionar de acordo com os regulamentos e as normas da organização. Outro elemento comum a todas as estruturas organizacionais é a relação dinâmica entre as metas da organização, das necessidades internas e necessidades de adaptação a um ambiente variável. Um dos problemas funcionais comuns também é a necessidade de obter recursos de fora,por meio de troca,taxação ou dotações particulares. É interessante comparar as organizações de acordo com os meios em que obtém seus recursos, ou os meios que utilizam para manter os compromissos pessoais com as metas,que podem ser através de coerção,sanção material, recompensa simbólica ou privações. O tema da sociologia industrial é a indústria, porém a indústria pode ter significado duplo: de acordo com os sociólogos, é o sinônimo de fábrica. Mas segundo Webster, é qualquer aplicação de mão-‐de-‐obra que gere capital . Essa disparidade dificulta a orientação teórica desse tema, sendo sugerido pelo autor, um meio-‐termo,onde se classifica as organizações de acordo com um sistema conceptual sistemático, com as seguintes subdivisões : organizações econômicas, organizações não-‐econômicas, orientação das funções das organizações,podendo ser primárias e secundárias. Organizações econômicas são aquelas cujos objetivos primários consistem em produzir bens e serviços, cambiá-‐los ou organizar e manipular processos monetários. Para determinar a orientação dominante de uma organização é preciso estudar os objetivos para quais se voltam os esforços, verbas e tempo dessa. Uma das formas de determinar a orientação econômica de uma organização é através do estudo da distribuição das atividades, decisões criticas e incidências,situações conflitantes e hierarquias organizacionais, que evidenciam se a orientação é primaria, secundária,e assim por diante. A sociologia organizacional focaliza o estudo de organizações em quatro níveis de ponto de vista: 1) Estudo das organizações como unidades sociais, onde se priorizam o estudo das relações não-‐formais e suas relações com o sistema formal. Apenas interessa o formal,quando esse afeta o processo social,determinando as bases para os processos mais reais da interação. 2) Estudo da relação de uma estrutura organizacional,como unidade,com outras estruturas de organizações, e com unidades sociais que não pertençam à organização (família, comunidades,grupos étnicos,classes sociais...) 3) Estudo das relações das organizações com sistemas culturais( alguns estudiosos se interessam por orientações de valor, e pesquisam fontes de legitimação da autoridade e as relações dinâmicas entre os ideais e objetivos da organização, e outros se interessam mais pelos meio em que o conhecimento é adquirido e institucionalizado dentro da organização) e com sistemas de personalidade dos participantes(problemas de motivação e envolvimento). 4) Estudo das relações entre as organizações e o ambiente, que inclui as necessidades dos participantes e o estudo das respectivas adaptações entre a organização e o ambiente geográfico e fisico. ORGANIZAÇÕES ECONÔMICAS COMO UNIDADES SOCIAIS A análise da estrutura não convencional de organizações econômicas é uma das contribuições mais importantes da sociologia industrial para o estudo da organização. As descobertas de Mayo, Roethlisberger,Dickson,Whyte,Homans,K.Lewin e muitos outros, são demasiadamente conhecidas nesse universo. Em que condições a organização não-‐convencional de operários não apóia ou é hostil à administração, procurando minar a estruturaformal? Mesmo essa pergunta básica não foi respondida satisfatoriamente. Enquanto sabemos alguma coisa sobre fatores de ‘’relações humanas”, tais como comunicação bidirecional,liderança exercida pelo supervisor,participação, parece que o estudo de outros fatores,como a distribuição de renda, antecedentes culturais dos operários, estrutura social da comunidade e outros fatores estruturais, que em grande numero afetam a atitude dos operários em relação ao trabalho e à administração, é relativamente negligenciado. O exame das relações entre os dois aspectos da organização,o formal e o não-‐convencional,constitui fontes de muitas perspectivas interessantes no funcionamento de organizações,tendo-‐se tornado parte integrante do tratamento que os sociólogos dão às organizações. ORGANIZAÇÕES ECONÔMICAS E OUTRAS UNIDADES SOCIAIS A importância do estudo das relações entre as organizações,especialmente entre organizações econômicas e não-‐econômicas, foi encarecida recentemente pelos economistas,bem como pelos estudiosos de administração. Mas o exame das relações entre as organizações do ponto de vista sociológico deixa muito a desejar. Assim,com relação a organizações especificamente econômicas, muito pouco sabemos do significado sociológico de suas relações entre si . Exemplos: pouco se sabe das funções dos contatos sociais entre as elites econômicas na manutenção da regulamentos de preço, ‘’liderança de preço’’ ou sobre a influência do controle governamental sobre as organizações econômicas. Todas as organizações econômicas são sistemas parciais,no sentido que não regulamentam todas as necessidades básicas de seus membros.Portanto, estão sempre incorporadas nas coletividades que servem a determinadas exigências sociais e simbólicas. As organizações econômicas se diferenciam pelo grau e pela forma por que estão relacionadas com estas coletividades. As coletividades proporcionam ao menos a socialização elementar e exercem considerável grau de controle social,sobre o comportamento de seus membros,também na sua função de elementos da organização. Alguns sociólogos industriais,seguindo certas idéias de Durkheim e Mayo sobre a desinegração de de coletividades,esperam que a industria absorva as funções sociais das coletividades,tornando-‐se uma comunidade e uma família para o operário. Recentemente,os sociólogos industriais parecem concordar que grupos rivais dos operários suplementam e não substituem as coletividades. As organizações não apenas se relacionam com as coletividades; estão também nas coletividades,no sentido que uma fábrica seja uma comunidade. Não é fácil dizer o que significa essa participação intríseca. Do ponto de vista legal, significa que as leis e regulamentos dos órgãos políticos da coletividade se aplicam à organização que neles existe. Mas este é apenas um aspecto formal do fenômeno mais básico: as organizações econômicas se integram em outras organizações, e dentro da sociedade, através das coletividades. As relações entre organizações econômicas e a sociedade como um todo são um dos campos mais importantes e mais bem analisados da sociologia. Constituiu um dos interesses principais de Marx e Weber. Diz-‐se freqüentemente que a sociedade moderna se caracteriza pela supremacia de unidades econômicas, instituições e valores. O termo moderno se associa à supremacia da ciência, tecnologia e ideologia secular, não menos do que ao sistema de mercados e da indústria como modo de produção, será preferível ao ‘’industrial’’,que traz em seu bojo muitas implicações econômicas. Da mesma forma, a fim de evitar o a identificação do estudo da sociedade(sociologia) com o estudo das organizações econômicas(sociologia industrial), o estudo das ‘’sociedades industriais’’ em si deveria ser concebido,não como parte da sociologia industrialmmas como estudo em si mesmo -‐ o estudo das sociedades modernas.
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