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Livro: Introdução histórica à filosofia da ciência 
Autor: John Losee 
Cap 1. Filosofia da Ciência de Aristóteles 
O modelo científico de Aristóteles (Método Indutivo-Dedutivo) será base para a maioria da discussões dos próximos capítulos. 
Aristóteles encarava a investigação científica como uma progressão de observações > princípios > observações. O cientista deveria 
induzir princípios explanatórios dos próprios fenômenos, e depois deduzir informações sobre os mesmos. Este processo pode ser 
representado assim: 
Observações (1) ! indução ! Princípios Explanatórios (2) ! dedução ! Observações (3) 
Assim, a explicação científica é, portanto, uma transição do conhecimento de um fato (ponto 1 do diagrama) ao conhecimento das 
razões para o fato (ponto 3). 
No estágio indutivo Aristóteles discutiu dois tipos de indução, a simples enumeração e a indução intuitiva. No primeiro tipo, 
afirmativas sobre objetos ou eventos individuais servem como base para generalizações sobre o todo, se presume que aquilo é 
verdadeiro para todo o grupo. No segundo fala-se da visão interior, ou seja, é a capacidade de ver o que é essencial nos dados da 
experiência, o que é relevante. Exemplificou que um taxonomista, de olhar treinado, saberia com mais facilidade o que deve ser visto. 
No estágio dedutivo as generalizações alcançadas pela indução são utilizadas como premissas para a dedução de declaração sobre as 
observações iniciais. Segundo ele existem quatro tipos de declarações: 
Tipo Declaração Relação 
A Todos os S são P S completamente 
incluída em P 
E Nenhum S é P S completamente 
excluída de P 
I Alguns S são P S parcialmente incluída 
em P 
O Alguns S não são 
P 
S parcialmente excluída 
de P 
 
Destes quatro tipos o autor manteve que o A é o mais importante, a explicação científica correta deveria ser dada em termos de 
declaração deste tipo. Isto nos permite os seguintes silogismos: <Todos os M são P>, <Todos os S são M>¹, logo <Todos os S são P>² 
(¹ Premissas, e ²Conclusão). Uma das grandes conquistas de Aristóteles foi insistir que a validade de um argumento é determinada 
somente pela relação entre as premissas e a conclusão. 
Aristóteles afirmava que argumentos (conclusões) diferentes resultam ao selecionarmos termos médios (premissas) diferentes, e 
alguns argumentos são mais satisfatórios do que outros. As premissas de uma explicação satisfatória devem, necessariamente, ser 
verdadeiras. Este é um dos quatro requisitos extra-lógicos que Aristóteles impôs às premissas das explicações científicas. Os outros 
três são: que as premissas sejam indemonstráveis; que sejam melhor conhecidas do que as conclusões; e que sejam as causas da 
atribuição feita na conclusão. A existência de alguns princípios indemonstráveis dentro de uma ciência é necessária a fim de evitar um 
regresso infinito nas explicações, as leis mais gerais de uma ciência são indemonstráveis, e portanto, devem ser evidentes (óbvias, que 
dispensa explicação). Assim, os primeiros princípios da demonstração devem ser ao menos tão evidentes quanto as conclusões deles 
obtidos. 
Ao criar uma premissa é importante, segundo o quarto requisito, que as causas na premissas tenham relação com a conclusão, e não 
seja apenas uma relação acidental. Por exemplo, num silogismo sem esta relação temos: 
Todos os ruminantes com casco bífido são animais privados de 
dentes incisivos superiores 
Todos os bois são ruminantes com casco bífido 
∴ Todos os bois são privados de incisivos superiores 
 
Não existe relação entre “casco bífido” e “dentes incisivos”. Já neste próximo silogismo é claro uma relação de causa e efeito: 
Todos os ruminantes com estômago de quatro câmaras são animais privados de 
dentes incisivos superiores 
Todos os bois são ruminantes dotados de estômagos de quatro câmaras 
∴ Todos os bois são privados de incisivos superiores 
 
A conclusão é a mesma, porém um estômago de quatro câmaras diminui a necessidade de mastigação pelo incisivos superiores, já que 
o boi pode retornar o alimento à boca e mastigá-lo depois. Assim, essa segunda forma de silogismo (silogismo do fato racionado), com 
relacionamento causal, deve ser buscada. 
Sobre a estrutura de uma ciência, Aristóteles diz que a explicação satisfatória de um fenômeno deve utilizar os predicados da ciência a 
que pertence o fenômeno, assim, seria inapropriado utilizar predicados biológicos como “crescimento” e “desenvolvimento” para 
explicar o movimento de um projétil, que se insere na ciência da física. Estes princípios, dos quais já falei como os as leis mais gerais 
de uma ciência, são os pontos de partida de toda a demonstração dentro da ciência. 
Uma explicação adequada deveria especificar todos quatro aspectos da causação: causa formal, material, eficiente e final. Para 
entender temos o exemplo: A mudança de cor num camaleão que se desloca de uma folha verde verde para um ramo cinzento: causa 
formal é a forma do progresso, as condições quando isso ocorre; causa material são as substâncias contidas na pele; causa eficiente é 
transição da folha para o ramo, acompanhada da mudança de luz e variação química na pele; e causa final seria que o camaleão 
deveria escapar de seus predadores. Ele critica os filósofos pitagóricos (seguidores de pitágoras) por explicarem somente a causa 
formal. 
Aristóteles afirmava que o conhecimento científico genuíno tem o status de verdade necessária. Cremos que “todos os homens são 
mamíferos”, por exemplo, é necessariamente verdadeira, enquanto que “todos os corvos são pretos” é apenas acidentalmente 
verdadeira. Não é possível um homem não ser mamífero, mas é possível um corvo não ser preto. Os primeiros princípios da ciência 
não podem ser falsos. 
Cap 2. A Orientação Pitagoreana 
Segundo a visão pitagoreana da natureza o “real” é a harmonia matemática presente na natureza. O pitagoreano convicto está 
convencido de que o conhecimento desta harmonia matemática prevê a compreensão da estrutura fundamental do universo. Um 
exemplo foi Galileu. 
Platão também foi um pitagoreano, mas defendia primariamente o estudo do mundo pela contemplação de idéias abstratas, em 
detrimento das experiências pelos sentidos. Os filósofos que se encontravam entre os “platônicos” acreditavam na racionalidade 
subjacente do universo e na importância de descobri-lo. Em sua obra Timeu, Platão descreve a criação do universo por um Demiurgo 
(criador do mundo) benevolente, que imprimiu um padrão matemática sobre a matéria primordial informe (sem forma). A tarefa do 
cientista seria descobrir este padrão matemático segundo o qual é ordenado o universo. 
Sobre a tradição de “salvar as aparências”, o autor diz que o filósofo-cientista pitagórico crê que as relações matemáticas que se 
adaptam aos fenômenos contam como explicações do porquê das coisas. Este ponto de vista tem encontrado oposição quase desde a 
sua origem. “Salvar as aparências” com relações matemáticas sobre os fenômenos é uma coisa, explicar os fenômenos é algo bem 
diferente. 
Nesta linha Claudio Ptolomeu formulou uma série de modelos matemáticos, um para cada planeta então conhecido. Ele salientou que 
mais de um modelo matemático pode ser construído para salvar as aparências dos movimentos planetários. Surgiu uma tradição na 
Astronomia de que o astrônomo deveria construir modelos matemáticos, mas não teorizar sobre os “movimentos reais” dos planetas. 
Apesar desta tradição ter tido influência de Ptolomeu, ele próprio acabou entrando em contradição a este respeito, numa obra afirmava 
que os modelos não passavam de dispositivos de cálculo, mais tarde afirmou que seu sistema revelava a estrutura da realidade física. 
Cap 5. Afirmação e Desenvolvimento do Método de Aristóteles no Período Medieval 
No século treze Roberto Grosseteste e Roger Bacon foram doi autores influentes sobre o método científico. Grosseteste referiu-se ao 
estágio indutivo como um “resolução” dos fenômenos emseus elementos constitutivos, e ao estágio dedutivo como uma composição 
na qual estes elementos acham-se combinados a fim de reconstruir os fenômenos originais. 
Roger Bacon foi aluno de Grosseteste, afirmou que o uso da experimentação é necessário para aumentar o conhecimento dos 
fenômenos, o que ficou conhecido como “segunda prerrogativa” da Ciência Experimental de Roger Bacon. 
Aristóteles insistiu que as observações deveriam induzir princípios explicativos. Uma importante contribuição de sábios medievais foi 
o esboço de técnicas indutivas. John Duns Scotus e William de Ockham desenvolveram métodos auxiliares que suplementam os 
processos indutivos de Aristóteles. 
O Método da Concordância de Duns Scotus analisava um certo número de casos em que ocorre um determinado fenômeno, 
relacionando as várias circunstâncias presentes toda vez que o efeito ocorre, verificando se alguma circunstância estava sempre 
presente. Poder-se-ia concluir apenas que dada cirscunstância <poderia> ser causa do efeito. 
O Método da Diferença de William Ockham consistia em comparar dois casos – num estando presente o efeito e no segundo, não. Se 
houver uma circunstância presente somente quando o efeito também está presente, poder-se-ia dizer que esta circunstância <poderia> 
ser causa do efeito. 
Roger Bacon afirmou os princípios deveriam passar, ser provados, por uma experiência adicional, o que ele chamou de “primeira 
prerrogativa” da ciência experimental. (Nota da Alba: antes que alguém se confunda, essas prerrogativas são apresentadas nessa 
ordem mesmo, segunda e depois primeira. Parece que é pela ordem de importância. Segundo o livro elas são três, mas a terceira não é 
citada.) Enquanto Aristóteles ficava satisfeito em deduzir declarações sobre os fenômenos que servem de ponto de partida de uma 
investigação, Grosseteste e Bacon exigiam uma comprovação experimental posterior dos princípios obtidos por indução. 
Grosseteste notou que se uma hipótese implica em certas consequências, e se estas consequências são demonstravelmente falsas, então 
a hipótese deve ser falsa (Método da Falsificação de Grosseteste). Os lógicos deram o nome de “modus tollens” à este tipo de 
argumento. 
Um grande número de autores medievais defendiam que a natureza sempre escolhe o caminho mais simples. William de Ockham se 
opôs a esta ideia, ele achava que isto seria limitar o poder de Deus, já que Ele poderia decidir em obter os efeitos da forma mais 
complicada, Ockham apenas mantinha que conceitos supérfluos deveriam ser eliminados, e que a mais simples entre duas teorias que 
explicam o mesmo fenômeno deve ser preferida (Princípio conhecido como “Navalha de Ockham”). 
Existia uma controvérsia sobre a verdade necessária dos primeiros princípios defendida por Aristóteles. Duns Scotus insistiu na 
distinção entre a origem dos primeiros princípios e a garantia do seu status de verdades necessárias. Ele concordava com Aristóteles 
que o conhecimento dos primeiros princípios surge da experiência dos sentidos, mas a experiência dos sentidos não constitui prova 
desta verdade, esta verdade só pode ser determinada em virtude dos significados dos termos (no sentido lexical, de palavras mesmo) 
do princípio. O Princípio só pe evidente para alguém que entenda os significados dos termos. 
Nicolau de Autrecourt também se posicionou sobre a Verdade Necessária, mas foi mais severo do que Duns Scotus. Ele aceitou como 
verdades necessárias apenas aquelas cujos juízos satisfazem ao princípio da Não-Contradição. Duas afirmações que se contradizem 
não podem ser ambas verdadeiras. Dessa forma, segundo Nicolau, todo argumento válido é redutível ao princípio da Não-Contradição. 
Nicolau também ponderou que relações de causa nem sempre trazem conhecimento, não se pode afirmar que uma correlação 
observada vai continuar a se repetir no futuro. 
Cap 6. O Debate sobre a Salvação das Aparências 
O teólogo luterano Andreas Osiander, em seu prefácio do livro de Copérnico (que, basicamente, defendia o heliocentrismo), afirmou 
que este autor e cientista inventava livremente modelos matemáticos a fim de predizer as posições dos planetas (Nota da Alba: Eles 
ficavam cheio de “dedos” para dizer isso, pois afirmar que isto era uma verdade iria contra a Igreja. Como teólogo, Osiander mesmo 
deveria ter suas dúvidas sobre Copérnico). Osiander tentou persuadi-lo a apresentar o sistema como uma mera hipótese, para a qual 
pretendesse unicamente alcançar uma verdade matemática. 
Copérnico, como um pitagórico engajado, buscava harmonias matemáticas nos fenômenos por acreditar que elas realmente aí 
estavam. Copérnico morreu antes de conseguir responder ao prefácio de seu livro, portanto seu trabalho teve pouco impacto devido à 
“gravidade” de suas afirmações, já que Osiander deixou subentendido o caráter de apenas verdade matemática do trabalho de 
copérnico, o que não era verdade. Após Copérnico, Galileu e Kepler também avançaram nesta área, e seus trabalhos tiveram mais 
impacto, apesar de Kepler ter cometido vários erros em suas conclusões. O pitagórico engajado acredita que se uma relação 
matemática se adapta aos fenômenos, se trata de uma coincidência, mas o próprio Kepler formulou várias correlações matemáticas 
suspeitas. 
 
Livro: A GENERAL VIEW OF POSITIVISM – Capítulo 1 
Autor: Comte 
O caráter intelectual do positivismo 
O objeto da filosofia é representar um sistema que compreenda a vida humanada sobre cada aspecto, tanto social como pessoal. Para 
tanto, estuda três fenômenos de que a vida é constituída: Pensamentos, Sentimentos e Ações, que são inicialmente espontâneos. 
É possível operar mudanças nessas esferas, desde que com conhecimento do processo natural. A esfera que é capaz dessas mudanças é 
a política. Todavia, a filosofia é necessária para definir os princípios nos quais a mudança deve ser realizada. 
A síntese realizada pelos filósofos só é válida, se é uma completa e exata representações das relações naturais existentes. Filosofia e 
Política são as funções principais do organismo social e a Moralidade é tanto a conexão entre ambos, assim como a fronteira entre 
ambos, já que é uma aplicação da filosofia e um guia para a politica. 
A síntese, como a função social da filosofia não será real ou permanente a não ser que abranja cada departamento da natureza humana 
seja especulativa, afetiva ou pratica. 
A teologia se apoia exclusivamente na natureza afetiva, falhado em incluir o lado prático da natureza u=humana, pois não podia 
harmonizar-se com aas tendências objetivas e realidades da vida prática. Enquanto na teologia, os fenômenos recaiam sobre Vontades 
mais ou menos arbitrarias, enquanto a vida prática dirigia-se a criação de Leis invariáveis. A falha de síntese de todos os modelos 
metafísicos se encontra no fato de que a o Intelecto é impelido pelos Sentimentos e Poderes ativos em direções diferentes. 
O espírito Positivista, por sua vez, originou-se na vida prática. A importância atribuída à teoria que ensinam as leis de fenômenos e 
dão poder de previsão é devido ao fato que elas podem ajustar nossas ações que em caso contrário são cegas sobre o mundo externo. 
Disto deriva o espírito Positivista cada vez mais teórico, se estendendo cada vez mais para cada departamento de especulação, sem 
perder suas origens práticas; isso inclusive nos casos de pesquisa inúteis em si mesmas apenas para justificarem-se como exercícios 
lógicos. 
“Acredito que agora é claro a todos que o espírito Positivo pode abraçar todo o escopo de pensamentos sem diminuir, ou melhor, 
fortalecendo sua tendência original de regular avida prática”. O espírito positivo tende à formação de um sistema durável e 
compreensível em que todos os assuntos práticos e especulativos devem ser incluídos. 
Para o sucesso do Positivismo sobre a Teologia é necessário ainda endereçar o Afeto, ou seja, a esfera dos Sentimentos, o que leva à 
esfera da moralidade. O autor fala que a falhada do Positivismo seria ainda maior do que a da Teologia. Para a natureza humana, e 
dessa forma para o sistema Positivista, o Afeto é o elemento preponderante. E por esse motivo, a unidade moral é impossível. 
“No tratamento de questões sociais a ciência positiva será encontrada absolutamente descartando as ilusões orgulhosas da supremacia 
da razão, na qual se baseou em seus estágios preliminares [...] a experiência dos homens ensina que a felicidade individual e bem estar 
público dependem muito mais do coração do que do intelecto. [...] a harmonia só pode ser alcançada pela preponderância do Afeto 
sobre a Razão e talvez até da Ação.” No Positivismo, o coração deve sugerir os problemas, dar motivação à ação, mas cabe ao 
intelecto solucioná-los. Dessa forma, é possível encontrar satisfação para as necessidades e vontades humanas. 
O objeto de síntese não estará seguro até que se abranja toda sua extensão de seus domínios, ou seja, a moral, o departamento prático, 
assim como o intelectual. O autor sugere então que há uma ordem e dependência entre eles, Pensamentos antes de Sentimentos e estes 
antes de Ações. 
Começar pelas ideias, cujas relações são mais simples de perceber e demonstrar, assim como, depois de estudadas, torna-se o 
fundamento para o restante. Essa afirmação parece contradizer o que foi dito sobre a supremacia do Afeto sobre a razão e o autor 
busca esclarecer essa questão, referindo-se ao problema da unidade, um princípio subjetivo de subordinação do intelecto ao coração. A 
compreensão da ordem dos fenômenos que regulam a vida humana é necessária para que a emoção exerça controle sobre as tendências 
discordantes. O reconhecimento de forças externas que afetam a vida humana, por meio do intelecto, leva à unidade moral, tornando 
os instintos “egoístas” suscetíveis à disciplina. 
“Esta doutrina fundamental do Positivismo não é atribuída em sua totalidade à um único pensador. Ela é o resultado lento de um vasto 
processo que ocorre em departamentos separados, que começam com o uso de dos poderes intelectuais. [...] A doutrina tem de ser 
demonstrada em todos os casos apenas por meio de observação, exceto por argumento produzidos por analogia. Argumentos 
dedutivos não são permitidos. [...] Para fenômenos que não podem ser reduzidos deve se utilizar o recurso de pensamento indutivo.” 
Há uma “Ordem do mundo” e sua influência preponderante determina o curso geral dos sentimentos; assim como sua evolução 
gradual seja objeto constante de nossas ações. Para a melhor compreensão e estudo, ocorre a divisão da ciência em campos tais como: 
Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia e Sociologia. Por outro lado, a teoria do desenvolvimento condensa e sistematiza 
todas as abstrações conceituais acerca da ordem da natureza, ou seja, todas as divisões entre áreas de conhecimentos são componentes 
de um uma única ciência a ciência do conhecimento humano. 
A partir deste ponto o autor explana a respeito do surgimento gradual das ciências e suas respetivas dependências e interrelações, do 
ponto de vista histórico. Por fim o autor busca fazer esclarecimentos acerca das diferenças e relações do Positivismo e ateísmo, 
materialismo, fatalismo no positivismo e pessimismo. 
 
Livro: Crítica da Razão Pura - Introdução 
Autor: Kant 
Introdução - Da distinção entre conhecimento puro e conhecimento empírico: 
Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, porque, com efeito, como haveria de 
exercitar-se a faculdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si 
mesmos representações, e de outra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste 
modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina experiência? 
Portanto, no tempo nenhum conhecimento precede a experiência, todos começam por ela. Porém, nosso conhecimento empírico é 
formado pelo que recebemos das impressões e pelo que a nossa faculdade de conhecer lhe adiciona, estimulada pelas impressões dos 
sentidos; aditamento que somente distinguimos por longa prática e que nos capacite a separar esses dois elementos. 
Os conhecimentos “a priori” não dependem da experiência, enquanto que os conhecimentos empíricos de origem “a posteriori” 
dependem diretamente dela. O conhecimento “a priori” é o oposto do conhecimento empírico. 
O senso comum não dispensa certos conhecimentos “a priori” 
Necessitamos agora de um critério pelo qual possamos distinguir seguramente um conhecimento puro de um conhecimento empírico. 
É verdade que a experiência nos ensina, que algo é constituído desta ou daquela maneira, mas não que não possa sê-lo diferentemente. 
Em primeiro lugar, se encontrarmos uma proposição que apenas se possa pensar como necessária estamos em presença de um juízo a 
priori; se, além disso, essa proposição não for derivada de nenhuma outra, que por seu turno tenha o valor de uma proposição 
necessária, então é absolutamente a priori. Em segundo lugar, a experiência não concede nunca aos seus juízos uma universalidade 
verdadeira e rigorosa, apenas universalidade suposta e comparativa (por indução). Necessidade e rigorosa universalidade são os sinais 
seguros de um conhecimento a priori e são inseparáveis uma da outra. 
A necessidade da Filosofia é ter uma ciência que defina tudo de todos os conhecimentos “a priori” 
O que é mais significativo ainda é o fato de certos conhecimentos saírem do campo de todas as experiências possíveis e, mediante 
conceitos que a experiência não pode apresentar objeto correspondente, aparentarem estender os nossos juízos para além de todos os 
limites da experiência. É justamente nos conhecimentos que ultrapassam o mundo sensível que a experiência não serve de guia nem de 
retificação, que surgem as investigações de nossa razão, as quais parecem superiores, mas sublimes a tudo que a experiência pode 
apreender no mundo dos fenômenos; essas investigações são importantíssimas e não podem ser abandonadas de modo algum. 
O impulso para aumentar os conhecimentos é forte a ponto de só ser detido em seu caminho por uma clara contradição da razão. 
Distinção entre juízo analítico e juízo sintético 
Em todos os juízos, nos quais se pensa a relação entre um sujeito e um predicado esta relação é possível de dois modos. Ou o 
predicado B pertence ao sujeito A como algo que está contido (implicitamente) nesse conceito A, ou B está totalmente fora do 
conceito A, embora em ligação com ele. No primeiro caso é chamado analítico ao juízo, no segundo, sintético. Portanto, os juízos (os 
afirmativos) são analíticos, quando a ligação do sujeito com o predicado é pensada por identidade; aqueles, porém, em que essa 
ligação é pensada sem identidade, deverão chamar-se juízos sintéticos. Os primeiros poderiam igualmente denominar-se juízos 
explicativos; os segundos, juízo extensivos; porque naqueles o predicado nada acrescenta ao conceito do sujeito e apenas pela análise 
o decompõe nos conceitos parciais, que já nele estavam pensados (embora confusamente); ao passo que os outros juízos, pelo 
contrário, acrescentam ao conceito de sujeito um predicado que nele não estava pensado e dele não podia ser extraído por qualquer 
decomposição. Os juízos de experiência, como tais, são todos sintéticos. 
Os juízos matemáticos são todos sintéticos. 
Esta proposição parece até hoje ter escapado às observações dos analistas da razão humana e mesmo opor-se a todas as suas 
conjecturas; é, contudo, incontestavelmente certa e de consequências muito importantes. Como se reconheceu que os raciocínios dos 
matemáticos se processam todos segundo o princípio de contradição (o que é exigido pela natureza de qualquer certeza apodítica), 
julgou-se que os seus princípios eram conhecidos também graças ao princípio de contradição; nisso se enganaram os analistas,porque 
uma proposição sintética pode, sem dúvida, ser considerada segundo o princípio de contradição, mas só enquanto se pressuponha 
outra proposição sintética de onde possa ser deduzida, nunca em si própria. 
Cumpre observar que as verdadeiras proposições matemáticas são sempre juízos a priori e não empíricos, porque comportam a 
necessidade, que não se pode extrair da experiência. 
O problema geral da razão pura 
Muito se ganha já quando se pode submeter uma multiplicidade de investigações à fórmula de um único problema, pois assim se 
facilita, não só o nosso próprio trabalho, na medida em que o determinamos rigorosamente, mas também se torna mais fácil a quantos 
pretendam examinar se o realizamos ou não satisfatoriamente. Ora o verdadeiro problema da razão pura está contido na seguinte 
pergunta: como são possíveis os juízos sintéticos a priori? 
O fato da metafísica até hoje se ter mantido em estado tão vacilante entre incertezas e contradições é simplesmente devido a não se ter 
pensado mais cedo neste problema, nem talvez mesmo na distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos. A salvação ou a ruína da 
metafísica assenta na solução deste problema ou numa demonstração satisfatória de que não há realmente possibilidade de resolver o 
que ela pretende ver esclarecido. David Hume, o filósofo que, entre todos, mais se aproximou deste problema, embora estivesse longe 
de determiná-lo com suficiente rigor e de concebê-lo na sua universalidade, pois se deteve apenas na proposição sintética da relação 
do efeito com suas causas (principium causalitatis), julgou ter demonstrado que tal proposição a priori era totalmente impossível; 
segundo o seu raciocínio, tudo o que denominamos metafísica mais não seria do que simples ilusão de um pretenso conhecimento 
racional daquilo que, de fato, era extraído da experiência e adquirira pelo hábito a aparência de necessidade; afirmação esta que destrói 
toda a filosofia pura e que nunca lhe teria ocorrido se tivesse tido em mente o nosso problema em toda a generalidade, pois então seria 
levado a reconhecer que, pelo seu raciocínio, também não poderia haver matemática pura, visto esta conter, certamente, proposições 
sintéticas a priori; o seu bom senso, por certo, tê-lo-ia preservado dessa afirmação. 
Na solução do problema enunciado está, simultaneamente, inclusa a possibilidade do uso puro da razão na fundamentação e 
desenvolvimento de todas as ciências que contém um conhecimento teórico a priori dos objetos, isto é, a resposta às seguintes 
perguntas: Como é possível a matemática pura? Como é possível a física pura? 
Em certo sentido, contudo, esta espécie de conhecimento também deve considerar-se como dada e a metafísica, embora não seja real 
como ciência, pelo menos existe como disposição natural (metaphysica naturalis), pois a razão humana, impelida por exigências 
próprias, que não pela simples vaidade de saber muito, prossegue irresistivelmente a sua marcha para esses problemas, que não podem 
ser solucionados pelo uso empírico da razão nem por princípios extraídos da experiência. 
A crítica da razão acaba, necessariamente, por conduzir à ciência, ao passo que o uso dogmático da razão, sem crítica, leva, pelo 
contrário, a afirmações sem fundamento, a que se podem opor outras por iguais verossímeis e, consequentemente, ao cepticismo. 
Ideia e divisão de uma ciência especial sob o nome de uma crítica da razão pura 
De tudo isto resulta a ideia de uma ciência particular [que se pode chamar Crítica da razão pura]. A razão é a faculdade que nos 
fornece os princípios do conhecimento a priori. Logo, a razão pura é a que contém os princípios para conhecer algo absolutamente a 
priori. A filosofia transcendental é a ideia de uma ciência para a qual a crítica da razão pura deverá esboçar arquitetonicamente o plano 
total, isto é, a partir de princípios, com plena garantia da perfeição e solidez de todas as partes que constituem esse edifício. 
À crítica da razão pura pertence, pois, tudo o que constitui a filosofia transcendental; é a ideia perfeita da filosofia transcendental, mas 
não é ainda essa mesma ciência, porque só avança na análise até onde o exige a apreciação completa do conhecimento sintético a 
priori. Na divisão desta ciência dever-se-á, sobretudo, ter em vista que nela não entra conceito algum que contenha algo de empírico, 
ou seja, vigiar para que o conhecimento a priori seja totalmente puro. 
A filosofia transcendental outra coisa não é que uma filosofia da razão pura simplesmente especulativa. Pois tudo o que é prático, na 
medida em que contêm móbiles, refere-se a sentimentos que pertencem a fontes de conhecimento empíricas. 
Se quisermos agora proceder à divisão desta ciência a partir do ponto de vista universal de um sistema em geral, deverá a crítica 
conter, em primeiro lugar, uma teoria dos elementos, em segundo lugar uma teoria do método da razão pura. Há dois troncos do 
conhecimento humano, porventura oriundos de uma raiz comum, mas para nós desconhecida, que são a sensibilidade e o 
entendimento; pela primeira são-nos dados os objetos, mas pela segunda são esses objetos pensados. 
 
Livro: Crítica da Razão Pura – P. 147 – P. 164 
Autor: Kant 
C - TERCEIRA ANALOGIA 
Princípio da simultaneidade segundo a lei da ação e reação ou da reciprocidade 
Todas as substâncias, enquanto possam ser percebidas no espaço, estão, numa ação recíproca geral. 
Prova 
As coisas são simultâneas quando a intuição empírica da percepção de uma e de outra podem seguir reciprocamente. 
A simultaneidade é, portanto, a existência de coisas distintas no mesmo tempo. Mas não pode perceber-se o tempo em si mesmo 
para uma dedução de que as coisas estão num mesmo tempo e que as percepções possam ir avante reciprocamente. 
A relação das substâncias, no entanto, em que uma contém determinações cuja causa, por sua vez, se contém na outra essa 
relação, frisamos, é a relação de influência, e na reciprocidade a segunda contém a causa das determinações da primeira: é 
quando se percebe a relação de reciprocidade ou da ação recíproca. 
A simultaneidade das substâncias no espaço só pode ser conhecida na experiência supondo sua ação recíproca, e esta suposição 
é, ao mesmo tempo, portanto, a condição da possibilidade das próprias coisas como objetivo da experiência. São simultâneas as 
coisas enquanto existem num mesmo e único tempo. 
Admitindo que em uma variedade de substâncias consideradas como fenômenos estiver cada uma perfeitamente separada, ou 
seja, que nenhuma tenha ação sobre a outra e sofra influência recíproca, afirmaremos assim que “a sua simultaneidade" não 
pode ser objeto de nenhuma percepção possível e que a existência de uma não poderia levar, por medo nenhum da síntese 
empírica, à da outra. 
Toda substância (já que não pode ser conseqüência apenas pela relação às suas determinações) deve conter em si a causalidade de 
certas determinações nas outras substâncias, e concomitantemente os efeitos da causalidade das outras substâncias, isto é, que 
todas devem estar imediata ou mediatamente em comunidade ativa para que haja a possibilidade de conhecer na experiência a 
simultaneidade. 
Nós a utilizamos aqui como nomeando uma comunidade dinâmica, sem a qual a comunidade local "cómmunio spatii" em si, não 
poderia ser conhecida empiricamente. 
Não se cogita com isso refutar a idéia de um espaço vazio; pois pode sempre estar ali onde não há percepções e onde, por 
conseguinte, não existe o conhecimento empírico da simultaneidade; mas, neste caso, não poderia ser um objeto para nossa 
possível experiência. 
Os fenômenos, enquanto contidos numa experiência possível, estão em espírito na comunidade (communio) de apercepção. Para que 
essa comunidade subjetiva possa ter por base um princípio objetivo ou ser relacionada com fenômenos como substâncias, é 
necessário que a percepção de um, como princípio, tornepossível a do outro, e reciprocamente, com a finalidade de que a sucessão, 
que está sempre nas percepções, como apreensões, não seja atribuída aos objetos, a não ser que possam estes representar como existentes 
em conjunto. 
É a reciprocidade da influência, ou seja, um comércio real de substâncias, sem o qual a relação empírica da simultaneidade não 
poderia ser encontrada. É através deste comércio que os fenômenos, mesmo sendo externos uns aos outros, e ainda assim 
entrosados, formam um composto (compositum reale), do qual pode existir um número muito grande de espécies. As três 
relações dinâmicas de que resultam as demais são, portanto, de inerência, de consequência e de composição. 
São essas as três analogias da experiência. Não são senão princípios que servem para determinar a existência dos fenômenos no 
tempo, de acordo com seus três "modos", ou seja, segundo a relação com o tempo mesmo, como quantidade (quantidade, 
. 
existência ou duração), conforme a relação no tempo como série (sucessão), e segundo o tempo como conjunto de todas as 
existências (simultaneidade). 
Essa unidade da determinação do tempo é inteiramente dinâmica, ou seja, que o tempo não pode ser considerado como aquilo 
em que a experiência determina logo de imediato a cada instante seu lugar, o que não é possível, pois no tempo absoluto não se 
tem um objeto de percepção onde os fenômenos pudessem manter um elo entre si; no entanto, a regra do entendimento, a que 
somente pode dar à existência dos fenômenos uma unidade sintética fundada nas relações de tempo, determina a cada um deles 
o seu lugar no tempo, e por consequência, a determina "a priori" e sendo válida para todos os tempos e para cada tempo. 
Por natureza (no sentido empírico) entendemos o encadeamento de fenômenos entrosados, quanto à sua existência, por normas 
necessárias, ou seja, por leis. São, portanto, certas leis e leis "a priori" que tomam possível, antes de tudo, uma natureza; as leis 
empíricas não podem acontecer nem ser descobertas a não ser através de uma experiência, mas segundo essas leis primitivas. Sem elas, a 
experiência não seria possível em si. 
IV. Postulados do pensamento empírico em geral 
1º - Tudo que está de acordo com as condições formais da experiência (com referência à intuição e aos conceitos) é "possível”. 
2º - Tudo que está de acordo com as condições materiais da experiência (da sensação) é "real". 
3º - Tudo que, de acordo com o real está determinado conforme as condições gerais da experiência é "necessário" (existe 
necessariamente). 
Explicação 
As categorias da modalidade contêm em si algo de particular: como determinação do objetivo não aumenta em nada o conceito a que 
se unem como predicado a não ser que somente exteriorizem a relação com a faculdade de conhecer. 
Não pensamos com isso nenhuma determinação com referência ao próprio objeto, porque apenas tratamos de saber qual é a 
relação desse objeto (e das suas determinações) com o entendimento e a sua utilização empírica, com o juízo empírico e com a 
razão. 
Os princípios da modalidade não são senão explicações da possibilidade, da realidade, e da necessidade em seu uso empírico, e 
simultaneamente, a restrição das categorias apenas ao uso empírico, sem permiti-las nem admiti-las pela utilização 
transcendental. 
O postulado da possibilidade das coisas cobra que o seu conceito esteja dentro das condições formais da experiência em geral; 
mas esta, ou seja, a forma objetiva da experiência em geral; contém toda a síntese esperada para o conhecimento de 
objetivos. 
Agora será mostrada toda a utilidade e toda a influência desse postulado da possibilidade. Quando eu represento uma coisa que é 
permanente, de modo que, quando existe nela uma transformação, esta pertence, apenas, ao seu estado, e não posso somente 
por esse conceito saber se essa coisa é possível. 
Do mesmo modo, quando penso em alguma coisa que é de tal natureza que uma vez posta em algum lugar, outra a segue de 
imediato, posso considerá-la sem contradição, só que não poderia por esse motivo julgar se uma propriedade dessa espécie 
(como causalidade) é encontrada em algum objeto possível. 
Por fim, posso imaginar coisas (substâncias) diversas, de tal modo formadas, que o estado de uma provoque uma consequência 
no de outra, e reciprocamente; contudo, de acordo com essas conclusões que somente têm por base uma síntese arbitrária, não 
posso deduzir se uma relação desse tipo pode pertencer também às coisas. 
Apenas enquanto esses conceitos expressam "a priori" as relações das percepções em cada experiência, é como se conhecêssemos a 
sua realidade objetiva, ou seja, a sua verdade transcendental, e isto, em verdade, não depende da experiência, mesmo sem ter 
relação com a forma de uma experiência em geral e com a unidade sintética na qual apenas podem ser conhecidos empiricamente 
os objetos. 
Esses conceitos imaginários não podem receber "a priori", como as categorias, o caráter da sua possibilidade, como condições de 
que há dependência em toda experiência, a não ser apenas "a posteriori", como fornecidos pela própria experiência. Dessa 
forma, sua possibilidade deve ser conhecida "a posteriori" e empiricamente, ou então não há a possibilidade de sê-lo. 
Desses conceitos apenas, não se pode extrair jamais as próprias coisas, a não ser só enquanto forem condições formais e 
objetivas de uma experiência em geral. 
Ora, os objetivos correspondentes aos conceitos podem ser encontrados apenas na experiência, que é a única maneira de 
recebermos os objetos? Podemos, com certeza, sem experiência anterior, conhecer e caracterizar a possibilidade das coisas, mas só 
em relação às condições sob as quais algo em geral é determinado na experiência como objetivo; sendo-o, por conseguinte, "a 
priori"' contudo sempre em relação à experiência e dentro dos seus limites. 
O postulado para o conhecimento da "realidade" das coisas exige uma percepção, ou seja, uma sensação acompanhada de 
consciência (ainda que não imediata) do próprio objeto cuja existência devemos conhecer; porém é necessário também que esse 
objetivo seja concordante de alguma percepção real conforme as analogias da experiência, as que patenteia e o entrosamento 
real na experiência possível. 
O conceito, precedendo a percepção, significa a simples possibilidade da coisa; a percepção que dá ao conceito a matéria é 
estritamente o caráter da realidade. O idealismo - faz sérias objeções à essas regras ·da demonstração mediata da existência, e 
por esse motivo esta é a ocasião de negá-lo. 
Refutação do idealismo 
O idealismo (o mesmo que o material) é a teoria que afirma a existência de objetos exteriores no espaço como duvidosa e 
não passível de demonstração, como falsa e impossível. O primeiro ensinamento é o idealismo "problemático de Descartes", 
que aceita apenas como irrefutável esta asserção empírica: "eu sou"; a segunda é o idealismo dogmático de Berkeley, que acata 
o espaço com todas as coisas das quais é inseparável como algo impossível em si, e, portanto, como vãs ilusões as coisas que são 
produzidas nele. 
É necessário, portanto, demonstrar que não somente nos "imaginamos" as coisas externas, mas que possuímos também a 
"experiência”, o que apenas obteremos demonstrando que nossa experiência interna, sem dúvida para Descartes, só é 
possível sob a suposição da experiência externa. 
TEOREMA 
A simples consciência, embora empiricamente determinada, da minha própria existência, prova a existência de objetos fora de 
mim no espaço. 
Prova 
Estou consciente da minha existência como determinada no tempo. Toda determinação pressupõe alguma coisa "permanente" na 
percepção. Porém, esse permanente não pode ser algo em ruim, exatamente pelo motivo de que a minha existência só pode 
ser determinada no tempo pelo permanente. A percepção desse permanente apenas através de uma "coisa" existente fora de 
mim e não meramentepela representação de uma coisa externa a mim. 
Por isso, a determinação da minha existência no tempo somente é possível pela existência de coisas reais que percebo externas 
a mim. 
PRIMEIRA OBSERVAÇÃO 
Na prova precedente, será notado que rebatemos o jogo do idealismo com as suas próprias armas e que nos deu um resultado contrário 
ao esperado para ele. Este aceitava que a interna era a única experiência imediata· e que daí só era deduzida a existência das coisas 
exteriores. Foi demonstrado por nós, contudo, que a experiência externa é propriamente imediata e que apenas através desta 
não a consciência da nossa própria existência, todavia sim a determinação dessa existência no tempo, ou seja, a experiência 
interna. 
Com efeito, além do pensamento de algo existente, a intuição, e aqui a intuição interna, em cuja relação, ou seja, ao tempo, 
deve o sujeito ser determinado o que apenas através de objetos externos pode realizar- se, de tal modo, que a própria 
experiência só será possível mediatamente e por meio da experiência externa. 
SEGUNDA OBSERVAÇÃO 
Tudo o que dissemos está exatamente conforme todo uso experimental da nossa faculdade de conhecer na determinação do 
tempo. Não apenas não podemos perceber nenhuma determinação do tempo a não ser pela mudança nas relações exteriores 
(o movimento) relativo ao permanente do espaço (por exemplo, o movimento do Sol, com relação aos objetos da Terra), a 
não ser termos coisa alguma permanente que possamos submeter co no intuição ao conceito de uma substância, exceção feita 
a "matéria". 
Na representação Eu, a consciência de mim mesmo não é de maneira nenhuma uma intuição, mas é sua representação 
simplesmente intelectual da espontaneidade de um sujeito que pensa. Esse Eu não possui, portanto, o menor predicado da 
intuição que, como permanente, possa ser útil como correlativo a determinação do tempo no sentido interno, por exemplo, a 
impenetrabilidade da matéria como intuição empírica. 
TERCEIRA OBSERVAÇAO 
A necessidade da existência de objetos exteriores para possibilitar a consciência determinada de nós mesmos não indica que 
toda representação intuitiva de coisas externas contenha simultaneamente a sua existência, porque essa representação pode 
simplesmente ser tão somente a consequência da imaginação (como acontece nos sonhos e na loucura); contudo, ela só é 
manifestada pela reprodução de velhas percepções, as que, como já apresentamos, apenas são possíveis pela "realidade" de objetos 
"externos". 
Por fim, o terceiro postulado se reporta a necessidade material na existência e não à simplesmente formal e lógica no 
entrosamento de conceitos. Porém, como nenhuma existência de objetivos dos sentidos pode ser inteiramente conhecida "a priori", 
a não ser relativamente, ou seja, pela relação a outro objeto já conhecido; jamais pode ser conhecida a necessidade da existência por 
conceitos, senão pelo entrosamento que a liga no que pode ser percebido de acordo com as leis gerais da experiência. 
O critério da necessidade se estabelece somente nesta lei da experiência possível, a saber, que tudo o que ocorre está definido 
"a priori" no fenômeno por sua causa. 
O caráter da necessidade na existência não vai além do limite da experiência possível, e, entretanto nesse espaço não é aplicada 
a existência de coisas como substâncias, posto ser impossível que elas sejam consideradas como efeitos empíricos ou como 
algo que é e que não nasce. 
 
Livro: Ensaios: O Cético 
Autor: Hume 
Seção XII – Da Filosofia Acadêmica ou Cético – primeira parte 
Cético = quem dúvida de tudo, questiona o por que de tudo 
Não há maior número de raciocínios filosóficos desenvolvidos sobre um assunto do que os que provam a existência de Deus e refutam 
as falácias dos ateus; apesar disso, os filósofos mais religiosos persistem discutindo e averiguando se alguém pode ser tão cego a ponto 
de tornar-se um ateu especulativo. 
Há uma espécie de ceticismo antecedente a todo estudo e filosofia, bastante recomendado por Descarte e outros, como eficaz proteção 
contra o erro e o juízo precipitado. Este ceticismo, prescrevendo uma dúvida universal que abrange tanto o conjunto de nossas 
opiniões e princípios anteriores como também nossas próprias faculdades, de cuja veracidade, dizem eles, devemos assegurar-nos 
mediante uma cadeia de raciocínios deduzida de um princípio primitivo que não pode ser enganador ou duvidoso, em que nenhum 
raciocínio jamais poderia conduzir a uma situação de segurança e de convicção sobre um tema. 
Há outra espécie de ceticismo, consequente à ciência e à investigação, ocorrendo quando os homens supõem haver revelado a 
completa falsidade de suas faculdades mentais ou sua incapacidade para enlaçar uma definição rigorosa em todos aqueles temas 
curiosos da especulação que geralmente os atraem. Dessa forma, alguns argumentos céticos apenas provam que não devemos confiar 
completamente nos sentidos, mas que devemos corrigir sua evidência mediante a razão e considerações derivadas de agentes 
intermediários – distancia do objeto e disposição do órgão sensível (os olhos). 
Portanto o ser humano é impelido pelo cego e poderoso instinto natural, supõe constantemente que as próprias imagens reveladas 
pelos sentidos são os objetos externos, jamais suspeitando que umas não são mais do que as representações dos outros. Deste modo, é 
levado a supor que esta mesa que vemos branca e sentimos sólida existe, independentemente de nossa percepção, como algo exterior 
ao nosso espírito que a percebe. 
Trata-se, certamente, de uma solução imprevista recorrer à veracidade do Ser Supremo, para provar a veracidade de nossos sentidos. 
Assim, será que ao optar por uma opinião racional que estipula que as percepções são apenas representações de alguma coisa exterior, 
é uma caminho certo? 
Há um outro tema cético de natureza parecida, decorrente da filosofia mais profunda, que poderia merecer nossa atenção se fosse 
necessário aprofundar para desvendar argumentos e raciocínios que podem servir como limite a fins sérios. Tem-se admitido 
universalmente entre os investigadores modernos que todas as qualidades sensíveis dos objetos, tais como duro, quente, etc; são 
meramente secundárias, e que elas não existem nos próprios objetos, sendo percepções do espírito sem nenhum arquétipo (antigas 
impressões sobre algo) ou modelo exterior que elas representam, no qual as qualidades sensíveis estão no espírito e não no objeto. 
Segunda parte 
Destruir a razão mediante argumentos e raciocínios lógicos pode parecer uma tentativa muito extravagante dos céticos; todavia, esta é 
a principal finalidade de todas as investigações e debates. 
A principal objeção contra todos os raciocínios abstratos deriva das ideias de espaço e de tempo; ideia que na vida diária e para quem 
as considera descuidadosamente são muito claras e inteligíveis, mas quando examinadas pelas ciências profundas, elas constituem o 
principal objeto dessa ciência, revelam princípios que parecem repletos de absurdos e contradições. 
Nada pode ser mais convincente e satisfatório que todas as conclusões matemáticas, como a soma dos ângulos do triângulo é 180º, 
mas a partir de que conclusões e medidas foram estabelecido este conceito. 
Dessa maneira, nada pode ser mais cético ou mais repleto de dúvida e de hesitação que este próprio ceticismo, engendrado (esboçado, 
delimitado) por algumas das conclusões paradoxais da geometria ou da ciência da quantidade. 
Assim, as objeções céticas à certeza moral ou aos raciocínios acerca dos fatos são populares ou filosóficas. O cético estaria melhor, 
portanto de permanecesse em sua própria esfera e desenvolvesse suas objeções filosóficas que nascem das pesquisas mais profundas. 
Terceira parte 
Há, na verdade, um ceticismo mais moderado ou filosofia acadêmica, que pode ser ao mesmo tempo durável e útil e, em parte, resultar 
o pirronismo ou ceticismo extremado, se o bem senso e a reflexão corrigem,até certo ponto, suas dúvidas indiferenciadas. Muitas 
vezes, o ser humano tem a tendência natural a manifestar suas opiniões de modo afirmativo e dogmático, que não favorece ao 
questionamento. 
Uma outra espécie de ceticismo moderado, que deve ser vantajoso aos homens e que pode resultar naturalmente das dúvidas, consiste 
em limitar nossas investigações aos objetos que mais bem se adaptam à capacidade do conhecimento humano. 
Assim, aqueles que tem propensão para a filosofia continuarão ainda suas pesquisas, porque refletem que, além do prazer imediato que 
companha tal ocupação, as decisões filosóficas nada soa do que reflexões sobre a vida cotidiana, metodizadas e corrigidas. 
No qual, pode-se afirmar com toda segurança, pensa o autor, que a quantidade e o número são os únicos objetos adequados do 
conhecimento e da demonstração. Todas as outras investigações humanas dizem a respeito unicamente às questões de fato e de 
existência, e estas não são, evidentemente, suscetíveis de demonstração. A moral e a crítica não são propriamente objetos de 
entendimento, porém de gosto e do sentimento. 
 
Livro: O Homem e a Ciência 
Autor: Losee 
 
Cap. 9 Análise das implicações da nova ciência para uma teoria do método científico 
O Estado Cognitivo das Leis Científicas 
O texto começa relatando a vida de John Locke (1632-1704), e um ponto importante é que durante a sua estada na Holanda Locke 
completou o seu Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690), no qual expôs as suas ideias sobre os prospectos e limitações da 
ciência. 
Depois conta a vida de Goufried Wilhelm Leibniz (1646-1716), filosofo que por ironia em seus últimos anos tenham sido marcados 
por uma amarga polemica com os seguidores de newton sobre as prioridades da invenção do cálculo. 
David Hume (1711-76), não acabou sua faculdade de direito, e mais tarde foi tratado como uma celebridade pela sociedade. 
E por fim, se relata sobre a vida de Immanuel Kant (1724-1804), ele estudou filosofia e teologia, e suas ideias sobre a importância dos 
princípios normativos da pesquisa científica acham-se expostas na Crítica da Razão Pura (1781) e na Crítica do Juízo (1790). 
Locke sobre a possibilidade de um conhecimento necessário da natureza 
Locke como Newton era adepto ao atomismo, e afirmou que ignorava as configurações e os movimentos dos átomos. Assim, ele 
mantinha que os constituintes atômicos de um corpo têm o poder, em virtude dos seus movimentos, de produzir em nós a ideia de 
qualidades secundárias tais como cores e sons, que os átomos tem o poder de afetar outros corpos e assim afetam nossos sentidos, e 
que esse efeito em nós só podia ser explicado por revelação divina. Mas, Locke não postulou nenhuma hipóteses sobre a estrutura 
atômica. 
Locke fez questão de dizer que o máximo a ser alcançado na ciência é uma coleção de generalizações e associação e sucessão de 
“fenômenos”. Ele acreditava que existem conexões necessárias na natureza, ainda que elas sejam opacas ao entendimento humano. 
Locke achava que os movimentos dos constituintes atômicos da matéria é que dão lugar as nossas ideias de cores e gosto, ainda que 
não possamos aprender o como deste processo. Ficou para Berkeley e Hume a tarefa de exigir que se apresente uma justificativa para 
esta hipótese. 
Leibniz sobre a relação entre a ciência e a metafísica 
Leibniz, contemporâneo de Locke, deu uma estimativa mais otimista do que se pode conseguir da ciência. Era um cientista praticante, 
que fez muitas contribuições importantes à matemática e à física, e extrapolou os seus achados científicos, com toda a confiança, às 
asserções metafísicas. 
Um caso caraterístico é a relação entre os estudos dos fenômenos de impacto e o princípio de continuidade. Leibniz usou o princípio 
da continuidade para criticar as regras do impacto de Descartes. 
Outra discussão de Leibniz era sobre a relação dos princípios de extremo na física e o princípio da perfeição. Assim, considerou o 
princípio metafísico de que Deus governa o Universo de modo tal que se realiza um máximo de simplicidade e de perfeição. 
Dessa forma, relata a interdependência da física e da metafísica. Além disso, Leibniz procurou interpretar o universo de modo tal que 
a visão mecanística do mundo, que focaliza a causação material e eficiente, é apoiada por considerações teológicas. Assim, enfatizou a 
certeza dos seus princípios metafísicos, em contraposição à natureza contigente do conhecimento empírico. 
Como também, relatava eu a analogia consistente em que os princípios metafísicos acham-se relacionados a leis físicas analogamente 
ao fato de que a lei que gera uma série infinita (matemática) acha-se relacionada com os elementos desta série. Mas, ao retirar-se para 
esta posição era deixar sem resolver o problema geral da relação ente os dois domínios, assim como o problema particular do estad 
cognitivo dos princípios do extremum e dos princípios de conservação tal como são aplicados na ciência. 
O ceticismo de Hume 
Hume estendeu e tornou consistente a abordagem cética de Locke á possibilidade de uma conhecimento necessário da natureza. 
Relatava que o máximo que poderíamos esperar aprender é que certas configurações e movimentos de átomos aparecem 
constantemente associados a certos efeitos macroscópicos. A negação por Hume da possibilidade de uma conhecimento necessário da 
natureza era baseada em 3 premissas explicitamente enunciadas: 
1) Subdivisão do Conhecimento 
Todo o conhecimento pode ser subdividido nas categorias mutuamente exclusivas de “relações de ideias” e “matérias de fato”. Hume 
mantinha que as declarações sobre relações entre ideias e declarações sobre matérias de fato diferem em dois fatos. O primeiro refere-
se ao tipo de reivindicação pela verdade da declaração em tela, certas declarações sobre relações entre ideias são verdades necessárias, 
como o axioma da geometria euclidiana, a soma dos ângulos não pode ser senão 180º. A negação de um enunciado empírico não 
constitui uma auto-contradição; o estado de coisas descrito poderia ser outro. 
A segunda diferença é o método seguido para verificar a verdade ou a falsidade dos tipos respectivos de declarações. Assim, a verdade 
ou falsidade das declarações sobre matérias de fato, de outro lado, deve ser estabelecida por uma apelo à evidencia empírica (Que se 
fundamenta na observação e na experiência, seguindo métodos ou não). Dessa forma, este conceito colocou uma barreira no caminho 
de qualquer ingênuo que procura ler na natureza uma estrutura matemática necessária. 
2) O princípio do Empiricismo 
Hume afirmava que Descartes estava errado em sustentar que nós possuímos ideias inatas da mente, de Deus, do corpo e do mundo. A 
versão de Hume era de que todas as nossas ideias nada mais são do que copias das nossas impressões, ligadas o que sentimos 
anteriormente. 
3) Análise da causação 
Hume deslocou a busca do conhecimento empírico necessário a sequencias de eventos. Ele empreendeu o exame da nossa ideia de 
uma relação causal. Ele notou que se entendemos por relação causal tanto a conjunção constante como uma conexão necessária, então 
não podemos adquirir nenhum conhecimento causal, de todo. Nenhuma interpretação científica pode atingir a certeza de uma 
declaração tal como o todo é maior do que cada uma de suas partes. 
Kant sobre os princípios reguladores na ciência 
- Resposta a Hume 
Kant argumentou contra Hume que embora todo o conhecimento empírico surge de impressões dos sentidos, não é verdade que todo o 
conhecimento está contido nestas impressões. Kant distinguia entre a matéria e a forma da experiência cognitiva, ele afirmava que as 
impressões dos sentidos fornecem a matéria prima do conhecimento empírico mas é o próprio sujeito pensante o responsável pela 
organização estrutural-relacional desta matéria prima. Chamou atenção para a fertilidade das teorias cientificas, sugerindo que as 
teorias que as teorias mais aceitáveis são as queestendem o nosso conhecimento das relações ente fenômenos. 
- As analogias da Experiência e a ciência mecânica 
Na Crítica da razão Pura kant destacou 3 analogias de experiência, asso ciadas às categorias da Substância, Causalidade e Interação. 
Nos Fundamentos Metafísicos da Ciência Natural, Kant procurou explicar como estas analogia aplicam-se a Ciência da mecânica. No 
seu entender, aplicadas à mecânica, as analogias da experiência são transformadas nos princípios da conservação da matéria, do 
movimento inercial e da igualdade da ação e da reação. 
- Organização Sistemática das Leis Empíricas 
Kant sustentava que existem princípios reguladores especificam como deveríamos julgar a fim de conseguir um conhecimento 
sistemático da natureza. Além disso, Kant defendeu o uso das idealizações nas teorias científicas. Ele reconheceu que em muitos casos 
a organização sistemática das leis empíricas é facilitada pela introdução da simplificação conceitual. 
- Explicações Teleológicas 
Kant acreditava que as explicações teleológicas tinham valor na ciência por duas razões. Em primeiro lugar, as explicações 
teleológicas tem valor heurístico na busca das leis causais; em segundo lugar, interpretações teleológicas contribuem para o ideal da 
organização sistemática do conhecimento empírico, suplementando as interpretações causais possíveis. Para kant os organismos vivos 
exibem uma dependência mútua, assim essa dependência recíproca da parte e do todo não pode ser completamente explicado por leis 
causais. Assim, há limitações quando a interpretação causal da natureza. 
I. Teorias do conhecimento científico 
John Herschel (1792-1781), dedicou sua vida a ciência, e Willian Whewell (1794-1866) efetuo longas pesquisas sobre as marés e 
Émile Meyerson (1859-1933), combinou a pesquisa de história e filosofia da ciência com a prática da química na França. 
Teoria do método científico de John Herschel 
O Discurso Preliminar sobre a Filosofia Natural (1890) de Herschel foi o trabalho mais abrangente e melhor equilibrado sobre a 
filosofia da ciência, disponível na época. Umas das importantes contribuições de Herschel à filosofia da ciência foi uma distinção 
clara entre o “contexto de descoberta” e o “contexto de justificação”. 
- Contexto de descoberta 
Ele mantinha que há duas maneiras distintas de proceder para o cientista, indo das observações às leis e teorias. Umas das abordagens 
é a aplicação de um esquema indutivo especifico. A outra é a formulação hipóteses. 
- Leis da natureza 
Os fenômenos, devidamente analisados, são a matéria prima a partir da qual o cientista procura formular as leis da natureza. Herschel 
incluía entre as leis da natureza tanto as propriedades quanto as sequencias de eventos. 
- Teorias 
As descobertas das leis da natureza constitui apenas o primeiro estágio de interpretação científica. O segundo estágio é a incorporação 
destas leis em teorias. De acordo com Herschel, as teorias surgem quer após uma generalização indutiva adicional, ou pela criação de 
hipóteses ousadas, que estabelecem uma inter-relação de leis antes desconexas. 
Dessa forma, ele exigia que o cientista assumisse a papel antagonista cona as suas próprias teorias, buscando tanto refutações diretas 
quanto exceções que limitam o domínio de aplicação destas teorias. Assim, acreditava que a o mérito de uma teoria é provado 
unicamente pela sua capacidade de resistir a tais ataques. 
Conclusões de Whewell sobre a historia da ciência 
- Morfologia do progresso científico 
Wheell, contemporâneo de Herschel, procurou basear a sua filosofia da ciência sobre uma revisão abrangente da história da ciência, 
alegando que os autores anteriores na filosofia da ciência haviam considerado a história da ciência por exemplos. Via o progresso 
cientifico como uma união bem sucedida de fatos e de idéias, e tomou a polaridade entre fato e idéia como princípio metodológico 
básico para a interpretação da história da ciência. 
- Fatos e idéias 
Whewell às vezes falava de fatos como relatos da nossa experiência perceptual de objetos individuais. Entretanto, ele insistia em que 
isto era apenas uma espécie de fato. Amplamente considerado, um fato é qualquer extensão do conhecimento que serve de matéria 
prima pra a formulação de leis e teorias. Denominou idéias aos princípios racionais que ligam os fatos entre si. As ideias exprimem os 
aspectos relacionais da experiência que são uma condição necessária para a compreensão. 
Além disso, admitiu que não pode existir fato puro, divorciado de toda a idéia. Qualquer fato sobre um objeto ou processo 
necessariamente envolve as ideias de espaço, tempo ou número. Conseqüentemente, mesmos os fatos mais simples envolvem algo da 
natureza da teoria. 
- Padrão da descoberta Científica 
Padrão da descoberta Científica que Whewell alegava ver na história das ciências era uma progressão em 3 tempos, compreendendo 
um prelúdio, uma época indutiva, e uma seqüela. O prelúdio consiste de uma coleção e a decomposição de fatos, e uma classificação 
de conceitos. Uma época indutiva surge quando um padrão conceitual particular pe sobreinduzido aos fatos. E a sua seqüela é a 
consolidação e extensão da integração assim conseguida. Embora, Whewell alegasse que este padrão se repete na história das ciências, 
ele tinha o cuidado de apontar que os estágios deste padrão freqüentemente de superpõem. 
- Decomposição dos fatos e explicação das Concepções 
Whewell era de opinião que a decomposição dos fatos e a explicação das concepções constituem estágios necessários da construção 
das teorias. E achava que o significado de uma idéia fundamental pode ser expresso por um conjunto de axiomas que estipulam 
verdades básicas sobre esta idéia. Assim, mantinha que além de serem fatos, os conceitos científicos úteis são apropriados aos fatos a 
que aplicam. 
- Coligação de fatos 
Whewell era de opinião que leis e teorias soa uma coligação na qual o investigador superinduz um conceito a um conjunto de fatos. 
Mantinha que a indução é um processo de descoberta e não um esquema para demonstrar proposições. A indução em si é o processo 
de generalização a partir dos fatos, de modo a conseguir uma coligação, em que a indução é um processo de invenção e tentativas. A 
principal tese de Whewell sobre a indução é que o processo da descoberta cientifica não pode ser reduzido a regras. 
- Analogia tributário-Rio 
Whewell concluiu dos seus estudos históricos que uma ciência envolve através da incorporação progressiva de resultados do passado 
em teorias presentes. Ele estava ciente que as interpretações sucessivas de fenômenos particulares nem sempre são consistentes. 
Apesar disso, ele concluiu que a ciência era uma progressão contínua e não uma série de revoluções. 
- Consiliência das Induções 
Whewell concluiu que, sendo o progresso cientifico uma incorporação sucessiva de leis em teorias, um conjunto aceitável de 
generalizações dentro de uma ciência particular deveria exibir um certo padrão estrutural. Este padrão é uma “Tábua Indutiva” com a 
forma de uma relação tributário-rio. A tábua indutiva consiste em uma pirâmide invertida, com os fatos específicos no topo e as 
generalizações do mais amplo escopo na base. A transição do topo ao fundo da tábua reflete a generalização indutiva progressiva. Na 
opinião de Whewell a incorporação de duas ou mais generalizações em uma teoria mais abrangente é em si um critério de 
aceitabilidade das teorias científicas. 
- Historicização da verdade necessária 
Whewell concordava com Hume que nenhum acúmulo de evidencia empírica pode provar que uma relação possa ser diferente do que 
é. E, no entanto, acreditava que certas leis científicas adquiriram o status de necessárias. Na opinião de Whewell, o status de 
necessário das leis fundamentais da natureza deriva da sua relação àquelas ideias que são condições necessária a priori do 
conhecimento empírico objetivo. 
Meyerson sobre a busca das leis de conservaçãoMeyerson procurou entender a análise de Whewell subdividindo as leis científicas em leis empíricas e leis causais. De acordo com ele, 
uma lei empírica especifica como é alterado um sistema quando condições dadas são modificadas. Uma lei causal, por contraste, é 
uma aplicação da lei da identidade à existência dos objetos no tempo. Ela estipula que existe algo que permanece o mesmo através da 
variação. Meyerson acreditava que enquanto o conhecimento das leis empíricas satisfaz a nossa busca da previsão, apenas o 
conhecimento das leis causais satisfaz o nosso desejo de compreensão. 
II. A estrutura das teorias Científicas 
Pierre Duhem (1861-1916), deu contribuições originais á termodinâmica, mecânica dos fluidos e à história e filosofia da ciência. 
Normam R. Campbell (1880-1949), foi um físico. Carl Hempel (1905- ) foi filósofo. Mary B. Hesse (1924- ), estudou matemática, 
física e história e filosofia da ciência. R. Harré (1927- )estudou matemática, física e filosofia, sendo um vigoroso crítico das 
filosofias dedutivas e positivista da ciência. 
Geometria pura e Geometria física 
O reconhecimento de vários fatos, como a soma dos ângulos internos de um triângulo, levou muitos pensadores a contrastar o status a 
priori dos axiomas e teoremas de geometria pura com as asserções empiricamente significativas da geometria física. De acordo com 
Helmholtzs é necessário especificar como irão ser medidas as entidades tais como ponto, reta e ângulo, antes que se possa aplicar os 
teoremas geométricos à experiência. 
Duhem sobre a reunião das leis 
Duhem procurou formular uma filosofia da ciência consistente com o patrimônio histórico. De acordo com ele, o modelo associado 
com uma teoria pode ter valor heurístico na busca de leis experimentais adicionais, mas o próprio modelo não constitui uma premissa 
para as explicações dadas pela teoria. E salientou que o cientista invariavelmente interpreta ao achados experimentais com auxilio de 
alguma teoria. Observando que o procedimento cientifico acha-se todo impregnado de considerações teóricas. 
Campbell sobre “hipóteses” e “dicionários” 
De acordo com Campbell, uma teoria física compreende enunciados de duas espécies. Um conjunto de enunciados seria a hipótese da 
teoria, e o segundo conjunto de enunciados dentro de uma teoria como o dicionário da hipótese. Os enunciados do dicionário 
relacionam os termos da hipótese a enunciados cuja verdade empírica pode ser determinada. 
- Teorias matemáticas e teorias mecânicas 
Campbell subdividi as teoria físicas em teorias matemáticas e teorias mecânicas, buscando a subdivisão em uma diferença da estrutura 
formal. As hipótese de uma teoria matemática é correlacionada com grandezas como ponto e linha e a teoria mecânica com 
velocidades moleculares individuais na teoria cinética. 
- Analogias (Analogia é a semelhança entre coisas diferentes) 
Uma teoria aceitável exibe uma analogia com um sistema governado por leis previamente estabelecidas. Para Campbell afirmar uma 
teoria é afirmar uma analogia positiva-mais-neutra. Assim, para ele somente em termos de analogia é que pode dizer que uma teoria 
explica um conjunto de leis. Assim, somente quando se estabelecer uma analogia com outras leis conhecidas é que uma teoria explica 
as leis dela dedutíveis. 
Campbell era de opinião que a meta da ciência é a descoberta e a explicação das eis, e que leis podem ser explicadas apenas pela sua 
incorporação em teorias. 
Crítica de Hempel à posição de Campbell sobre as analogias 
Hempel contestou a opinião de Campbell de que uma teoria cientifica só explica as leis delas dedutíveis em virtude de uma analogia. 
Hempel fez ver que a sua teoria, ao contrário da de Campbell exibe uma analogia a uma lei previamente estabelecida. A existência da 
analogia porém, não acrescenta poder explicativo a teoria, mas admitia que analogias muitas vezes são valiosas como guias de 
pesquisa posterior. 
Hesse e o uso científico de analogias 
Mary Hesse sugeriu que usar uma analogia em ciência muitas vezes significa distinguir dois tipos de relações entre um análogo e o 
sistema a ser explicado. O primeiro compreende as relações de semelhança entre as propriedades do análogo e as propriedades do 
sistema a ser explicado, o segundo compreende as relações causais ou funcionais que se aplicam tanto ao análogo quanto ao sistema a 
ser explicado. 
Hesse referiu-se a analogias desse tipo como analogias formais, a fim de distingui-las das analogias materiais como semelhança 
horizontal independente das ralações verbais, em que a aceitabilidade das analogias formais depende inteiramente da adequação das 
relações formais citadas. 
Harré sobre a importância dos mecanismos subjacentes 
Harré distinguiu 3 componentes de uma teoria científica: declarações sobre o modelo, leis empíricas e regras de transformação. As 
declarações sobre um modelo tipicamente incluem tanto hipóteses que afirmam a existência de entidade teóricas quanto hipóteses 
sobre o comportamento destas entidades. As regras de transformação podem compreender tanto hipóteses causais quanto 
transformadas modais. 
Harré enfatizou as hipóteses existenciais sugeridas pelo modelo, de preferência à estrutura dedutiva que pode ser desenvolvida a partir 
das hipóteses descritivas. De acordo com ele, um critério de adequação dos vínculos analógicos engastados numa teoria é a geração de 
hipóteses existenciais a partir da teoria. Se nenhuma hipótese existencial é sugerida por uma teoria, ela não faz progredir a nossa 
compreensão dos mecanismos subjacentes dos processos naturais. 
 
Livro: Resumo Capítulo I e II do livro A lógica da pesquisa científica 
Autor: Karl Popper 
Capítulo 1- colocação de alguns problemas fundamentais. 
Popper diz que a ciência formula enunciados verificáveis. A lógica da pesquisa científica tem como tarefa a análise lógica dos 
métodos das ciências empiristas. Essas ciências empregam o método indutivo. Popper critica esse método, dizendo não haver lógica 
na inferência de enunciados singulares. A indução é um método de raciocínio que vai do particular ao geral. Como seus resultados são 
de origem empírica e de ordem probabilística, Popper afirma que seus resultados não são necessariamente verdadeiros. 
O problema da indução indaga a validade da mesma. Toda afirmação com base na experiência é singular, e não universal. Kant 
chamou a atenção para isso dizendo serem os juízos a priori os fundamentos da ciência, por serem universais e necessários. 
Para justificar as inferências indutivas, deve-se estabelecer o princípio da indução, que busca ordenar as inferências de modo lógico. 
Popper diz que o princípio da indução não é analítico, mas sintético. Kant havia postulado que no analítico o predicado está contido no 
sujeito e no sintético, apesar de predicado e sujeito estarem conectados. Só o sintético acrescenta algo ao conhecimento. 
Popper sustenta que "o princípio da indução é supérfluo e conduz a incoerências lógicas". Diz que essa incoerência já devia ter fica 
clara desde Hume. Hume, como seu ceticismo, modificou a lei da causalidade, dizendo que a relação causa e efeito é como uma 
adequação do intelecto com a coisa, e não existe na natureza. 
Popper diz que Kant não alcançou êxito na justificação dos juízos sintéticos a priori. Kant havia falado que tais juízos são a base de 
ciências como a matemática e a física. Popper cita Reichenbach, que fala favoravelmente do método indutivo. O apriorismo tem 
origem na probabilidade da indução. É uma redução, por exemplo, o juízo: "a casa rosa é casa", pois comete uma redundância, apesar 
de ser verdadeiro e necessário, mesmo que não haja nenhuma casa no mundo. Popper defende contra esse, o método dedutivo de 
prova, em que a "hipótese só admite prova empírica". 
A lógica do conhecimento científico analisa a justificação de validade, e não as questões de fato. Popper diz que discutirá o caminho 
entre uma ideia nova e a metodologiaem que ela deve ser posta a prova sobre o ponto de vista lógico. É uma tarefa epistemológica. 
Ele afirma que toda descoberta tem uma intuição criadora de um elemento racional. 
A partir de uma ideia nova podemos tirar deduções lógicas, que são comparadas com outras conclusões, de onde se tira relações 
lógicas. Popper identifica quatro maneiras de submeter uma teoria à prova. São elas: Comparação de conclusões; Investigação da 
lógica da teoria; Comparação com outras teorias; Confirmação pelas experiências. 
A última visa o resultado pragmático da teoria. Outros resultados são deduzíveis da teoria. Poderíamos dizer que esse resultado 
deduzível também põe a teoria à prova, necessitando serem lógicos. Esse processo foge a lógica indutiva. Popper a refuta porque não 
proporciona "critério de demarcação" adequado. Esse critério distingue as ciências empíricas das apriorísticas (exemplo: a geometria e 
a física). Para os epistemologistas, o empirismo tende a ir para a indução. Isso se plica ao positivismo. 
Os positivistas, diz Popper, se empenharam em demonstrar que a metafísica, por não ser empírica, é vazia de significado, ou “puro 
sofismas e ilusões” - Investigação Sobre o entendimento humano, Hume. Assim, os positivistas "reiteram o critério de demarcação de 
sua lógica indutiva". 
Wittgenstein, diz Popper, também fez isso, pois para ele as proposições significativas podem ser reduzidas em proposições 
elementares. O critério de significatividade de Wittgenstein leva a crer serem desprovidas de sentido as leis naturais, tão importantes 
para Einstein. Popper gostava de Física, e chegou a ser professor dessa doutrina. Wittgenstein desenvolveu a teoria da significação e 
da linguagem. Sua filosofia é essencialmente da linguagem, que é o limite do homem, a maneira de como ele pode significar sua 
percepção através da linguagem. 
Popper fala que os positivistas falharam em seu critério de demarcação, pois chegaram à conclusão de que ambos são sem 
significados. 
O critério de demarcação de Popper busca uma convenção. Ele não pretende matar a metafísica, mas fala que uma tarefa da lógica do 
conhecimento é elaborar um conceito de ciência empírica. A ciência empírica trata do mundo da experiência, o mundo real para 
Popper. O sistema teórico de Popper para esse assunto busca ser sintético, não contraditório, busca “satisfazer o critério de 
demarcação" e busca ser diferentes de sistemas semelhantes, submetendo-o a provas e ao método dedutivo. 
Como rejeita a dedução, Popper coloca que as teorias nunca são empiricamente verificáveis. Mas apesar disso, Popper só considera 
um sistema se ele for confirmado pela experiência. O critério de marcação não deve usar a verificabilidade, mas a falseabilidade para 
analisar um sistema. Popper não admite como empíricos só os juízos considerados inegáveis, mas também os válidos em apenas um 
sentido e os tautológicos. 
Os problemas de base empírica não pertencem à lógica do conhecimento. Ele enfatiza que enunciados só podem ser justificados 
logicamente por outros enunciados. Mas Popper recusa a psicologia empírica e a separa da metodologia e lógica. Devem-se distinguir 
nossas experiências subjetivas das relações lógicas objetivas. Popper adota a definição de Kant para sujeito e objeto, mas recria a 
noção de objetividade dos enunciados científicos (que não são verificáveis, mas devem ser postos à prova) ao dizer que eles são 
válidos se podem "ser intersubjetivamente submetidos a um teste". 
Kant falava que o subjetivo é relativo aos nossos sentimentos de convicção. Só com a repetição de fenômenos podemos pô-los à 
prova. O subjetivo não pode nunca anunciar um enunciado como lei, por mais forte que seja o sentimento de convicção. Kant falava 
que a relação sujeito-objeto é deturpada pelo entendimento. A disposição da percepção do sujeito molda o modo como ele percebe o 
objeto. Esse argumento, que está próximo do idealismo é considerado a revolução copernicana realizada por Kant na filosofia. Kant 
dizia também que como a relação é afetada pelo entendimento do sujeito, ele nunca chega a conhecer a realidade tomada nela mesma, 
a "coisa em si". Quando tomo contato com uma coisa, eu “penso” ela, pela representação e reflexão, imediata e posterior (memória 
consciente e inconsciente). 
Se se concorda com o fato de serem válidos apenas os enunciados objetivos, ou passíveis de teste intersubjetivos, não existem 
enunciados definitivos da ciência, conforme Popper. E os empiristas, como poderão ser objetivos, se a experiência é pessoal? Como 
conclusão, Popper fala que "sistemas de teorias são submetidos a testes se deduzindo enunciados de menor universalidade", que 
devem ser passíveis de testes intersubjetivos, que por sua vez devem ser suscetíveis de teste, assim ao infinito. Diz Popper: “desejo 
assinalar que o fato de os testes não poderem prolongar-se indefinidamente não conflita com a exigência por mim feita de que todo 
enunciado científico seja suscetível de teste. (...) Quero apenas que todo enunciado científico se mostre capaz de ser submetido a 
teste.” (Pág. 50). 
Capítulo II – O Problema da Teoria do Método Científico 
A metodologia científica transcende a análise lógica das relações dos enunciados científicos e, assim, tem como preocupação a escolha 
de métodos. A decisão da adoção de regras apropriadas para a proposta de Popper deve respeitar as exigências do “método empírico”, 
conforme o critério de demarcação. Dessa maneira, Popper adota regras que possibilitem a falseabilidade dos enunciados científicos. 
Tomando como referência as questões: “o que são as regras do método científico e por que delas precisamos? e, pode existir uma 
teoria dessas regras, em metodologia?” (p. 281), Popper inicia um debate conceitual com os positivistas lógicos do Círculo de Viena. 
Preocupa-se, a fim de procurar responder as indagações anteriores, diferenciar sua intenção com a daqueles. Para os positivistas 
lógicos os enunciados devem apenas satisfazer certos critérios lógicos de significabilidade e verificabilidade. Entretanto, para Popper, 
os enunciados devem sofrer revisões – deve-se criticá-los e se for possível substituí-los por outros melhores. A diferença em destaque, 
então, é a inviabilidade dos positivistas lógicos em reformular os enunciados científicos e a proposta popperiana de avaliação crítica 
desses enunciados com a possibilidade de modificá-los a fim de corrigi-los. 
Popper admite necessária uma análise puramente lógica dos enunciados de uma teoria, mas salienta que os enunciados devem ser 
revisitados e criticados. “Jamais se pode produzir uma refutação conclusiva de uma teoria, pois sempre é possível dizer que os 
resultados experimentais não são dignos de crédito”. A posição dogmática dos positivistas lógicos em relação à experiência e com 
relação à rejeição de modificação dos enunciados lógicos é o alvo do ataque de Popper. 
A defesa dos positivistas lógicos consiste em dizer que os problemas significativos fora do campo da ciência empírica, ou seja, os 
problemas filosóficos são como pseudoproblemas. Eles têm sentido (correção lógica), mas não possuem significados (não têm 
natureza empírica). O contra argumento de Popper é simples. Ora, ao longo da história da própria filosofia ela se demonstra, em certo 
sentido, como o meio de “analise crítica do apelo à autoridade da ‘experiência”. Tão somente a filosofia, portanto, para analisar a 
ciência significativa, positiva e empírica. 
Para os positivistas lógicos existem apenas dois tipos de enunciados: as tautologias lógicas e os enunciados empíricos e a metodologia 
é exclusivamente a lógica. Nesse sentido, os positivistas lógicos herdaram dos positivistas clássicos a ideia de que os enunciados 
devem ser suficientemente rigorosos e ter validade por si mesmos. A essa concepção somou-se a ideia de que aqueles enunciados 
rigorosos só têm validade quando refletem fatos ocorridos na experiência. 
O problema de Popper

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