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Ergonomia Engenharia e Seguranca do Trabalho

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Ergonomia
Elaboração
Luiz Roberto Pires Domingues Junior
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
RISCOS ERGONÔMICOS ....................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITUAÇÃO E BREVE HISTÓRIA .......................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
O PROCESSO DE TRABALHO ................................................................................................... 13
CAPÍTULO 3
ÁREAS DE ESPECIALIZAÇÃO DA ERGONOMIA ......................................................................... 26
CAPÍTULO 4
POSTURAS DE TRABALHO ........................................................................................................ 35
PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 55
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao 
profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução 
científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
A ergonomia, em geral, está associada a mobiliários ou utensílios “ergonômicos”, e a 
sua falha, à manifestação física por meio da Lesão por Esforço Repetitivo – LER. Tal 
concepção é uma visão extremamente reducionista, que diminui a importância e função 
da ergonomia nos processos laborais e nos ferramentais utilizados pelo engenheiro de 
segurança para alcançar seus objetivos como profissional.
A ergonomia apresentada ultrapassa as amarras do desenvolvimento de produtos, 
insere-se nos processos produtivos e na organização do próprio ente econômico, 
alterando paradigmas que antes eram da alçada exclusiva de administradores de 
empresas e de economistas e, marginalmente, de psicólogos.
Trata-se de uma nova fronteira dos profissionais de segurança, que têm na ergonomia a 
ciência que possui a capacidade de integrar e interagir TODAS as variáveis e competências 
presentes na segurança do trabalho.
Objetivos
 » Apresentar os conceitos relacionados à ergonomia no ambiente de 
trabalho, como: noções de fisiologia do trabalho; idade, fadiga, vigilância 
e incidência de acidentes; aplicação de forças; aspectos antropométricos; 
limitações sensoriais; dispositivos de controle de informação; sistema 
homem-máquina e trabalhos em turnos (cronobiologia), com o objetivo 
de subsidiar o dimensionamento correto dos postos de trabalho 
(máquinas e equipamentos “ergonômicos”).
 » Entender a temática vinculada à ergonomia, a questão da acessibilidade, 
o stress e o assédio moral, tendo a ergonomia como ponto de estudo 
para o engenheiro de segurança do trabalho.
9
UNIDADE ÚNICARISCOS 
ERGONÔMICOS
CAPÍTULO 1
Conceituação e breve história
O que vem a ser ergonomia? A palavra ergonomia tem como origem filológica a junção 
dos termos ergon (trabalho) e nomos (leis e regras), assim, por princípio, a ergonomia 
possui a pretensão de ser a ciência que estuda as leis inerentes ao trabalho.
O termo ergonomia apareceu pela primeira vez na obra “Ensaios de ergonomia ou 
ciência do trabalho, baseado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”, do biólogo 
polonês Wojciech Jastrzębowski (Gierwaty, 1799 – Varsóvia, 1882) – Figura 1, e teve 
impulso como ciência própria no decorrer da Segunda Guerra, em que a Royal Air 
Force queria identificar por que seus aviões não eram utilizados em sua plenitude, com 
a eficiência e eficácia esperadas (WISNER, 1994), o que culminou com a criação da 
Ergonomics Research Society na Inglaterra, em 1949.
Figura 1 – Wojciech Jastrzębowski
A Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO (<http://www.abergo.org.br>), 
em consonância com outras associações, International Ergonomics Association – IEA(<http://www.iea.cc>) e Société d’Ergonomie de Langue Française – SELF (<http://
www.ergonomie-self.org>), apresenta a seguinte definição.
10
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
A ergonomia, ou fatores humanos, é a disciplina científica relacionada 
ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos 
de um sistema, e também é a profissão que aplica teoria, princípios, 
dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e 
o desempenho geral de um sistema.
Para fazer frente a essa definição, o ergonomista precisa considerar em seu campo de 
atuação os aspectos físicos do ambiente, a organização e os processos de trabalho e 
os aspectos cognitivos dos trabalhadores abrangidos1. Em suma, a ergonomia visa: à 
adaptação da máquina ao homem e/ou o trabalho ao homem, colocando em segundo 
plano a estruturação do trabalho conceituada por Frederick Taylor, Jules Henri Fayol 
e Henry Ford: 
o modelo de trabalhador é aquele maximizador de vantagens financeiras 
(econômico-racional), é padronizável, passível de aumentar a produção 
com aumento de salário, reage como indivíduo e a única fadiga 
considerada é a fadiga fisiológica e, por esta consideração, tornou-se 
clássico o estudo de tempos e movimentos. (MOURA, 1993).
Conheça mais sobre a importância destes três homens que moldaram a forma 
de produção no século XX acessando:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylor>;
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Taylorismo>;
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Fayol>;
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Ford>.
Estes conceitos de trabalho e a forma científica de como deveria ser o processo de 
trabalho se mostraram tão planejáveis, controláveis e observáveis que se tornou fácil 
compreender por que a linha de montagem indicava ser uma solução econômica 
universal para a produção de bens de consumo. 
Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da ergonomia se focou na 
adaptação de equipamentos e ferramentas ao homem (biometria), na melhoria das 
suas condições de trabalho (eliminação ou mitigação da insalubridade), buscando a 
melhor relação homem/insumo, ainda não considerando os aspectos cognitivos 
presentes nos processos de trabalho. Esta abordagem científica da ergonomia teve seu 
1 Tal variedade de campos de atuação em áreas clássicas da academia faz com que a localização dos centros de estudo de ergonomia 
seja ampla, sendo comum a sua vinculação aos departamentos de engenharia (quando ligados a produtos, ferramentas e projetos), 
de psicologia (quando ligados à área de cognição do trabalhador), e de economia e administração (quando ligados à área de 
organização e processo de trabalho).
11
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
auge com a ampliação dos processos de trabalho informatizados, em que se primava 
pela fragmentação das tarefas, resultando no incremento da divisão do trabalho e 
produzindo mais-valia2, “resgatando” do passado, entre outros, a doença dos escrivães 
relatada por Bernardo Ramazzini – LER/DORT.
A Norma Regulamentadora no 17 veio como a primeira tentativa de regular tal concepção 
de trabalho – por isso uma norma “Franquestein”.
Hoje se verifica que o controle de tempos e movimentos é apenas uma pequena parcela 
da estruturação e organização do processo de trabalho, tornando-se uma certeza, no 
início do século XXI, de que 
a reorganização técnica de uma empresa não é possível se não 
houver modificações importantes nas relações sociais e condições 
psicológicas do pessoal. Da mesma forma, não é possível modificar 
o clima psicossocial sem modificar as condições tecnológicas e/ou 
organizacionais da empresa. (MOURA, 1993).
Assim, sob esse prisma, a ergonomia “moderna” busca conciliar o bem-estar do 
trabalhador, sua segurança ocupacional e a segurança do processo de trabalho e/
ou produtivo, mantendo ou ampliando a produtividade do trabalho e melhorando a 
qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
Ergonomia: é a interação entre o homem e o trabalho no sistema homem-máquina-ambiente.
Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para a 
planificação, concepção e avaliação das tarefas, empregos e produtos, organizações, 
meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as necessidades, 
as capacidades e os limites das pessoas.
Objetivos da ergonomia
Conjugar; conciliar as demandas inerentes ao processo produtivo econômico, que visa 
a eficiência do processo, otimização da produtividade diante da tecnologia estabelecida; 
melhorar e ampliar a confiabilidade do sistema; melhorar os sistemas de controle, 
com qualidade e durabilidade; atender as demandas inerentes aos trabalhadores que 
buscam segurança no seu processo de trabalho, quando da realização das atividades; 
exigir que o processo não provoque dano a sua saúde, que seja confortável (ex.: que não 
exija posturas inadequadas), que os instrumentais e ferramentais de uso sejam de fácil 
2 Na doutrina marxista, a remuneração do capitalista é consequência de uma espoliação dos trabalhadores assalariados, que, em 
troca de sua força de trabalho, recebem apenas o valor das mercadorias e serviços indispensáveis à sua subsistência (a diferença 
entre o valor dos bens produzidos e os salários recebidos constitui a “mais-valia”, de que se apropriam os capitalistas).
12
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
utilização, que o trabalhador tenha satisfação em participar, em ser agente integrante 
do processo produtivo, passando a ter interesse efetivo no trabalho, e, por que não, 
prazer no processo de trabalho.
Questões a serem obtidas pela ergonomia:
Como conceber um sistema de trabalho que permita um exercício frutífero do 
pensamento?
Como conceber um sistema de trabalho que favoreça o desenvolvimento das 
competências?
13
CAPÍTULO 2
O processo de trabalho
Quando o Adão e Eva foram expulsos do paraíso, Deus estabeleceu que Adão deveria 
passar a ganhar o pão com o suor de seu rosto, isto é, deveria trabalhar para promover 
a sua sobrevivência. Desde a antiguidade, trabalhar era sinônimo de sacrifício/tortura, 
tanto o é que o termo se origina da palavra latina tripaliarem, que significa torturar 
com o tripalium.
A interpretação do trabalho como sacrifício ou tortura ainda se mostra presente em 
nossa sociedade, apesar de, cada vez mais, existirem postos de trabalho em que essa 
concepção não mais se mostra presente. É com o objetivo de deixar de ter o trabalho um 
viés de sacrifício que se faz presente a ergonomia.
O trabalho tem como concepção social a atividade realizada por um ser humano, e o 
processo de trabalho (objeto de nosso estudo) abrange diversas variáveis que ampliam 
e, ao mesmo tempo, tornam complexos a sua adaptação ao homem.
O trabalho para o ser humano pode constituir-se em:
 » uma necessidade primária para propiciar o atendimento de suas 
necessidades básicas de habitação, alimentação, reprodução e segurança;
 » “um caminho de gratificação pessoal que possibilita a constituição da 
identidade pessoal e social dos sujeitos, por meio da valorização e do 
reconhecimento daquilo que é produzido” (MENDES; ABRAHÃO, 1996);
 » um risco para a integridade física, catalisador do processo de 
envelhecimento e de senilidade, aumento dos custos e de processos de 
estigmatizações sociais. 
Constituição federal de 1988
Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança;
[...]
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
14
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Sob esse prisma, o trabalho, segundo Dejours (1986), assume papel fundamental na 
existência humana. A atividadenão é objetivo das pessoas e, portanto, a ociosidade 
permanente é equivocada.
O processo de trabalho apresenta diversas facetas, com ambientes e abordagens 
independentes – Figura 2.
Sob o enfoque apresentado na Figura 2, podemos destacar o processo de trabalho para 
análise pela ergonomia:
 » as condições de trabalho, isto é, a disponibilidade e as características 
dos insumos disponibilizados e utilizados para a execução do trabalho, 
incluindo nesta categoria a infraestrutura e as condições ambientais para 
a execução do trabalho (nível de ruído, temperatura, entre outros);
 » as características da população de trabalhadores, incluindo seus aspectos 
biométricos, fisiológicos, culturais, psicológicos e sociais;
 » a organização do processo produtivo (produção e trabalho), incluindo a 
estrutura organizacional da empresa, a cultura empresarial, as regras e 
os procedimentos de trabalho, os critérios e as lógicas de produção.
Figura 2 – Articulação dos diversos elementos do processo de trabalho.
O trabalhador A empresa
Trabalhador CONTRATO
Objetivos, 
ferramentas
Natureza, desgaste, 
documentação, meios de 
comunicação, software.
Sexo, idade, 
características 
físicas
Características 
pessoais
Tarefas 
prescritas
Tempo Horário, cadência
Tarefas reais
Experiência, 
formação adquirida
Organização do 
trabalho
Instruções, distribuição 
de tarefas, critérios 
de qualidade, tipo de 
aprendizagem
Atividade de 
trabalho
Fadiga: ritmos 
biológicos; vida fora 
do trabalho
Estado no instante Ambiente
Espaços, tóxicos, 
características físicas
Saúde, acidentes, competência Produção, qualidade
Fonte: Abrahão (2009)
15
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Assim, na análise ergonômica do trabalho, devem-se considerar, no mínimo, os 
seguintes fatores (Figura 3), ressaltando que estes são fatores interdependentes.
Características da população
Antropometria / biometria
Fisiologia
Sexo
Idade
Formação / escolaridade
Experiência de vida / profissional
Modo de envelhecimento
Condições de trabalho
Postos de trabalho
Equipamentos disponibilizados
Layout local de trabalho / empresa
Organização do trabalho
Pressão temporal por produção
Hierarquia
Ritmo
Atribuições de funções e cargos
Natureza da tarefa
Modus operandi
Regras e normativos internos
Ambiente físico
Ruído
Índice de iluminância
Vibração
Temperatura
Exposição e gases / químicos
Figura 3 – Fatores que influenciam o processo de trabalho.
Tarefa e atividade
Para a ergonomia, existe uma diferenciação enorme entre o trabalho ideal (tarefa) e o 
trabalho real (atividade), e é na distância que existe entre esses dois pontos que se dá o 
processo real de trabalho.
Tarefa
A tarefa é entendida como conjunto de prescrições, normas e regras. Ela define e 
estabelece aquilo que o trabalhador deve fazer para produzir bens e serviços sob 
determinadas normas de qualidade/quantidade, valendo-se de equipamento e 
ferramentas específicas. Deve-se ressaltar que a tarefa em si não é o trabalho; ela é o 
constrangimento a que o trabalhador é submetido para exercer sua atividade; enfim, 
é o quadro preestabelecido para que o trabalhador faça a sua atividade; ela autoriza a 
atividade e impõe os objetivos que o trabalhador deve alcançar.
16
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Fazem parte da tarefa TODOS os materiais e instrumentos disponibilizados pela 
empresa para que o trabalhador execute seu trabalho. A organização dos horários de 
trabalho, da jornada, dos repousos também está prevista na tarefa.
O universo da tarefa compreende:
 » as características dos dispositivos técnicos;
 » as características do produto a transformar ou do serviço a prestar;
 » os elementos a considerar para atingir os objetivos.
Compondo o universo da tarefa, temos:
 » A dimensão espacial do trabalho a infraestrutura oferecida, o tipo de 
arquitetura (pé direito, distância entre corredor, disposição dos banheiros, 
tamanho das salas, espaço mínimo disponibilizado para cada trabalhador, 
número de pontos de luz, água).
Para se ter uma visão maior sobre a importância da dimensão espacial no 
processo produtivo, nos ambientes hospitalares de regulação direta pela 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, são estabelecidas medidas mínimas 
para a execução das atividades de assistência à saúde – RDC no 55/2002
Veja: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/50_02rdc.pdf>.
 » Os postos de trabalho cadeiras, mesas, balcão, “baias” etc.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT possui várias normas que 
regulam os aspectos construtivos dos mobiliários de escritório com vistas 
a atender critérios “ergonômicos”. Podemos destacar como exemplo a NBR 
13962:2006. 
A NBR 13962:2006 especifica as características físicas e dimensionais e classifica as 
cadeiras para escritório, bem como estabelece os métodos para a determinação 
da estabilidade, resistência e durabilidade de cadeiras de escritório, de qualquer 
material, excluindo-se longarina e poltronas de auditório e cinema.
Os padrões adotados pela norma baseiam-se em um uso de 8 horas ao dia, por 
pessoas com peso até 110kg e com altura entre 1,51m e 1,92m.
Cadeira giratória operacional
17
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
A norma define cadeira operacional como aquela que tem as características 
listadas a seguir:
 » regulagem de altura do assento;
 » regulagem do apoio lombar;
 » base giratória;
 » base com, pelo menos, cinco pontos de apoio, provida ou não de 
rodízios;
 » conformação da superfície do assento um pouco acentuada e borda 
frontal arredondada.
Para estar de acordo com a norma, uma cadeira operacional deve atender às seguintes 
medidas:
NORMA ABNT NBR 
13962:2006
Código Nome de Variável Valor mínimo Vamor máximo
a Altura da superfície do assento (intervalo de regulagem)1), 4), 6) 420 500
a
1
Largura do assento 400 ––
a
2
Profundidade da superfície do assento 380 ––
a
3
Profundidade do assento:
Para cadeiras sem regulagem dessa variável
Para cadeiras com regulagem dessa variável (faixa de regulagem), os valores 
devem incorporar 400 e 420, podendo ultrapassá-los
380
50 
440
–– 
a
4
Distância entre a borda do assento e o eixo de rotação 270 ––
a
Ângulo de inclinação do assento:
Para cadeiras sem regulagem dessa variável
Para cadeiras com regulagem dessa variável2)
0º
– 2º
– 7º
– 7º
b Extensão vertical do encosto 240 ––
b
1
Altura do ponto X do encosto (intervalo de regulagem)1), 3), 4) 170 220
b
2
Altura da borda superior do encosto4) 360 ––
b
3
Largura do encosto 305 ––
b
4
Raio de curvatura do encosto 400 ––
y Faixa de regulagem de inclinação do encosto 15º ––
e Altura do apoia-braço2), 4) 200 250
e
1
Distância interna entre os apoia-braço5) 460 ––
e
2
Recuo do apoia-braço 100 ––
e
3
Comprimento do apoia-braço 200 ––
18
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
e
4
Largura do apoia-braço 40 ––
l
Projeção da pata:
Para cadeira com rodízios
Para cadeiras com sapatas
––
––
415
365
n Número de pontos de apoio da base 5 ––
1) A altura da superfície do assento e a altura do ponto X do encosto devem ser reguláveis.
 Os intervalos de regulagem podem ser excedidos, desde que os valores mínimo e máximo prescritos estejam incluídos na faixa de regulagem.
2) Caso sejam adotados dispositivos de regulagem, estes devem incorporar as dimensões mínima e máxima apresentadas, podendo, no entanto, 
ultrapassá-las.
3) A regulagem de altura do ponto X do encosto pode ser obtida pelo deslocamento de todo o encosto ou apenas da porção dele que 
proporciona o apoio lombar.
4) As dimensões indicadas devem ser medidas utilizando-se o gabarito de cargasobre o assento.
5) Caso sejam adotados dispositivos de regulagem, a faixa de regulagem deve cobrir uma extensão de, pelo menos, 60mm.
6) As medidas mínima e máxima de dimensão “a” são relativas a planos de trabalho que variam entre 680mm a 780mm.
 » A jornada de trabalho, o horário de início e término da jornada de 
trabalho, os dias de trabalho na semana, o repouso semanal, as férias.
 » As regras de produção.
 › Nesse caso, temos a evolução da tarefa, pois estamos migrando, 
devagar, mas de forma constante, de uma organização científica do 
trabalho – OCT (taylorismo) para uma ação mais fluida e flexível. 
E essa evolução só está sendo possível pela alteração do modo de 
produção, inserido nos processos de trabalho, autômatos, ampliando 
a variabilidade do processo de trabalho, em função da não estabilidade 
dos sistemas de produção.
Figura 4 – Organização científica do trabalho – Taylorismo.
DIVISÃO DO TRABALHO
ANÁLISE METÓDICA
OCT
ESPECIALIAÇÃO
PRECISÃO E TÉCNICA TAREFA E PRÊMIO
CONTROLE E EXECUÇÃO
19
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Tabela 1 – Variabilidade da produção.
Variabilidade normal Variabilidade incidental
Variações sazonais no volume de produção Variações instantâneas da demanda em natureza e volume
Variações periódicas decorrentes da natureza da produção Incidentes que ocorrem em um dispositivo técnico
Diversidade dos modelos de produção Variações imprevisíveis do material sobre o qual se trabalha
Variações das matérias-primas Variações do ambiente
Atividade
O conceito de atividade é o fio condutor da avaliação ergonômica e pode ser compreendido 
sob diferentes dimensões:
 » o que o trabalhador faz e suas decisões para atingir os objetivos definidos 
na tarefa ou redefinidos de acordo com o ambiente REAL;
 » o que o trabalhador usa de si para atingir os objetivos: fala, direção 
do olhar, gestos, movimentos e deslocamentos, situando-se entre os 
aspectos conscientes e inconscientes do funcionamento mental. “A 
dimensão psíquica do trabalho, as relações de prazer e sofrimento 
funcionam como moduladores do funcionamento orgânico e como 
um dos aspectos do uso de si para as realizações” (ABRAHÃO, 2009);
 » pela lógica mental do trabalhador para cumprir as metas com as condições 
fornecidas.
Figura 5 – Atividade.
As dimensões da atividade Os condicionantes da atividade
Formas de interação entre atividades
Conhecimento do trabalho do outro
Comunicações no trabalho
Quantidade e qualidade da produção
Grau de desgaste das ferramentas
Índice de acidentes
Efeitos de curto e longo prazos
Condição de saúde do trabalhador
Evolução das competências
Experiência
Vida social
20
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Assim, para se fazer uma análise da atividade, é fundamental compreender, em 
cada processo de trabalho, as diferentes dimensões e como elas interagem, pois 
é a partir dessa análise que será possível diminuir a distância entre a tarefa e a 
atividade, sendo necessário responder às seguintes perguntas quando da análise 
da atividade:
 » Quem?
 » O quê?
 » Por quê?
 » Com quê?
 » Como?
 » Quando?
 » Em quanto tempo?
 » Onde?
 » Com quem?
A atividade não é neutra, ela engaja e transforma aquele ou aquela que executa (TEIGER, 
1992).
O desempenho da atividade na situação de trabalho acarreta 
transformações no indivíduo que podem refletir em diferentes esferas 
de sua vida, na saúde, na relação com os outros e na própria relação 
com o trabalho. Estas transformações se devem, entre outros fatores, 
ao desgaste provocado pelo trabalho, assim como às competências 
construídas a partir das experiências adquiridas (ABRAHÃO, 2009).
Devemos considerar que a dinâmica própria do indivíduo no processo de trabalho 
modifica as tarefas, mas estas também são modificadas por diversos fenômenos, tais 
como a sua competência, a sua saúde, os meios de trabalho disponíveis e o próprio 
desempenho do trabalhador em determinado espaço temporal.
A atividade não se reduz ao comportamento. O comportamento é a parte observável, manifesta, da atividade. A atividade inclui o observável 
e o inobservável: a atividade intelectual ou mental. A atividade gera o comportamento.
21
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Da tarefa à atividade
Figura 6 – Relação tarefa à atividade.
Tarefa divulgada
(explícita)
Tarefa prescrita
Tarefa compreendida
Tarefa apropriada
operador
Quem prescreve
Da tarefa à atividade
Tarefa efetiva
Tarefa esperada
(implícita)
População de trabalhadores
Ao estabelecermos o perfil sociodemográfico de uma população, é possível extrair 
as estatísticas normais de cada variável de interesse (peso, altura, idade, formação 
religiosa, indicação de valores, escolaridade, entre outros) que é fundamental para o 
planejamento de políticas públicas e de normativos de construção de equipamentos, 
mobiliários e equipamentos públicos (altura do pé direito mínimo, por exemplo). Tal 
estudo pode ser restringido ao universo de uma empresa ou de uma seção.
O grande óbice dessa abordagem é a existência do chamado “trabalhador médio”, que, 
indiretamente, promove a “seleção natural” dos aptos a determinados postos e funções 
de trabalho, quando a lógica seria o trabalho ser condizente com todos os trabalhadores, 
fazendo com que o processo de seleção abarcasse tão somente variáveis não biométricas 
(escolaridade, experiência profissional, valores pessoais e sociais). Ainda hoje é comum 
buscar o trabalhador adaptado ao posto de trabalho e não adaptar o posto ao trabalhador.
Valem aqui algumas constatações empíricas. É comum encontrar caixas de 
banco obesos? Não seria normal, pelo perfil da população brasileira, encontrar 
um ou outro caixa de banco obeso? Existe uma política de contratação dos 
bancos em que o primeiro processo de seleção é: o trabalhador cabe no posto 
de trabalho? Se sim, pode contratar; se não, é dispensável, independentemente 
22
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
de sua experiência e knowhow, pois sai mais caro adaptar o posto de trabalho do 
que localizar outro trabalhador para o posto de trabalho.
Quase não existe profissional de pele escura trabalhando em câmaras frigoríficas 
(frio). A proporção é muito inferior à da população brasileira na mesma classe 
social onde este trabalhador é recrutado. Alegam os empregadores que este 
profissional adoece muito mais, não resistindo ao posto de trabalho por muito 
tempo. Análise semelhante pode ser verificada em fornos industriais (quente), 
em que quase não se vê trabalhadores de pele clara. A proporção é muito 
inferior à da população brasileira na mesma classe social onde este trabalhador 
é recrutado. A alegação é a mesma do caso anterior.
E não basta ser selecionado para o processo/posto de trabalho, em que se avaliam 
principalmente “os requisitos físicos” no momento da admissão, existindo, ainda, 
uma seleção durante a permanência no trabalho, pois muitos não suportam os 
constrangimentos e largam o emprego, adoecem ou se acidentam, podendo, em casos 
extremos, ser objeto de assédio moral.
Novamente aqui devemos avaliar a variabilidade presente no processo de trabalho 
e no ser humano que executa as tarefas, e, mesmo que a equipe seja homogênea, há 
características que conferem variabilidade aos indivíduos, ao ambiente, aos insumos e, 
consequentemente, ao produto.
Variabilidade interindividual
Estratégias operatórias
Modos operatórios
Resoluções de problemas
Aprendizagem
Variabilidade intraindividual
Ciclo circadiano
Alterações hormonais
Fadiga
Aprendizagem
Variações devido à idade
Leis do envelhecimento biológico
Efeitos do meio
Variações no curto prazo
“Predisposição”
+
Figura 7 – Variabilidade inter e intraindividual.Planejar as tarefas e os processos de trabalho que tenham como requisito a padronização/
homogeneização dos passos, isto é, torná-los inflexíveis, em longo prazo, acarretará 
problemas à empresa e ao trabalhador, inclusive prejuízos financeiros.
Variabilidade: O objetivo do estudo da variabilidade não é suprimi-la, mas compreender como os trabalhadores enfrentam a diversidade 
e as variações das situações, quais as consequências para a saúde e para a produção (ABRAHÃO, 2009).
23
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Outra variável que deve ser considerada na análise ergonômica é a denominada 
confiabilidade humana, entendida como o produto de diferentes processos cognitivos 
que são constrangidos pelo meio, válidos em determinado contexto, e apoiados por 
um sistema de produção e tarefas. Não há relação entre aumentar a confiabilidade do 
sistema com evitar a ocorrência de erros dos trabalhadores, uma vez que, não se pode 
presumir um modo certo de agir sobre determinada tarefa ou sistema complexo, uma vez 
que como vimos, os trabalhadores trazem em seu arcabouço as variáveis que interferem 
neste processo – atividade. Abrahão (2009) indica que o erro deve ser considerado 
como o insucesso de uma ação que é influenciada diretamente pelo ambiente.
O erro, de forma geral, pode ocorrer em tarefas controladas, denominando-se engano, 
ou em tarefas automatizadas (não quer dizer que sejam realizadas por autômatos), 
denominando-se lapso.
Engano ocorre falha quando realizamos um processamento controlado. Ex.: 
vemos uma diretriz para virar à direita e viramos à esquerda; vemos um endereço e 
escolhemos a direção errada.
Lapso ocorre falha no processamento automatizado. Ex.: clicar em tecla diferente 
do comando solicitado; errar a marcha quando dirigimos um carro.
Um conceito clássico, mas de aplicação falha e imprecisa ainda muito utilizado na 
ergonomia, é o conceito de carga de trabalho, que aparece na literatura e em textos 
técnicos como carga física, carga mental ou carga psíquica. Assim, a sua abordagem 
moderna se dá apenas no campo simbólico e não como atributo de medida, pois como, 
em função do já colocado neste estudo, poderíamos definir carga de trabalho leve ou 
pesada? Ao se falar de carga de trabalho, temos a ideia de excesso de carga/sobrecarga 
no processo de trabalho, seja de ordem fisiológica/física, seja de ordem mental.
Organização do trabalho
Ao falarmos de organização do trabalho, não estamos falando de ordem, limpeza ou de 
colocar as coisas em seus devidos lugares, e sim em que estrutura espacial da atividade 
é realizada, em que base se deu a estruturação da tarefa.
Consideramos a organização do trabalho como a adição da hierarquia, a divisão das 
tarefas, as “rotas da comunicação interna”, o horário de funcionamento, os ritmos e 
cadências exigidas, combinados com a lógica da organização na sua “linha de produção” 
ou “células de produção” em um determinado arranjo físico, os critérios de qualidade e 
de produtividade exigidos pela empresa na realização das tarefas.
24
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
A escola mais difundida ainda hoje de organização do trabalho é a OCT (taylorismo) 
(Tabela 2), em que se pressupõe a linearidade, o controle absoluto de todas as variáveis, 
o estabelecimento de regras rígidas, e o estabelecimento de ordenamento como variáveis 
estanques. O nível de constrangimentos pode ser tão restritivo que os trabalhadores 
chegam a ser impedidos de fazer, de se movimentar, até de serem eles mesmos.
Mas tal abordagem está ultrapassada, pois os processos não são plenamente lineares 
(deve-se pensar nas contingências e na forma de evitar a interrupção do processo 
de produção); não compensa, economicamente, controlar e monitorar todas as 
variáveis (lógica da curva ABC em engenharia); deve-se priorizar em que nível e em 
quais aspectos da administração da empresa as regras devem ser rígidas e em quais 
se permitirá flexibilização do processo decisório, e o ordenamento deverá atender a 
certos requisitos em função das características do produto ou serviço a ser efetivado.
Em uma de minhas inspeções, identifiquei uma grande empresa, com grande 
credibilidade no mercado em que atua, e, apesar da liberdade de atuação que 
dava a seus funcionários fim, mantinha um serviço próprio de telemarketing/
teleatendimento, em que as trabalhadoras (não existiam homens) tinham, 
em cada “baia”, um balão de determinada cor. Eram aproximadamente 24. 
E na mesa do supervisor existiam mais três conjuntos de balões com cores 
diferentes, com dois conjuntos com número bem inferior ao número de “baias” 
existentes. Ao fazermos a investigação, descobrimos que cada cor tinha uma 
lógica: balão vermelho era destinado à autorização para ir ao banheiro. Havia 3 
balões e somente este número estava autorizado a se valer do uso do banheiro, 
e, quando a trabalhadora voltava, o balão não poderia ser retirado por outra 
trabalhadora por determinado período de tempo (havia carência). Havia 6 balões 
para liberar para o lanche e pausa de descanso na mesma lógica do vermelho, 
e 24 balões da cor branca que indicavam quem estava gastando mais tempo 
que o recomendado para o atendimento aos clientes (constrangimento moral). 
Esta empresa possuía CIPA, SESMT completo e se permitia uma organização de 
trabalho absurda, em que se podava o direito de ser da própria trabalhadora.
Ademais, deve-se considerar que sempre houve uma organização do trabalho prescrita 
(estabelecida) e a outra real. Na real, além das variabilidades intraindividuais, 
devem-se considerar as regras não escritas entre os trabalhadores presentes na 
organização de trabalho e a sua hierarquia efetiva.
Neste início de século XXI, está-se exigindo cada vez mais do trabalhador, tornando-o 
polivalente, compromissado com a organização empresarial, com qualificação técnica 
atualizada em sua área de atuação, que favoreça a sua capacidade de diagnóstico, de 
25
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
antecipação de riscos e decisão. Exige-se ainda a aquisição de competências no modo 
de “saber ser”, “saber fazer” e “saber pensar”.
Tabela 2 – OCT X ergonomia da atividade.
OCT ERGONOMIA DA ATIVIDADE
Padrões rigorosos de execução e pressão temporal.
Sistema de controle das tarefas inflexível.
Dores e tensões.
Alienação do processo produtivo.
Padrões rigorosos de qualidade e produtividade, mas 
que permitem adequações pelo trabalhador.
Sistema de controle das tarefas flexível com 
indicadores.
Tarefa adaptada às condições fisiológicas e 
biométricas do trabalhador.
Trabalhador interage com o processo produtivo.
Lembramos, por oportuno, que uma organização do trabalho pode provocar nos 
trabalhadores nela inseridos incapacidade de superar obstáculos do cotidiano, 
“concretizados” por meio de doenças relacionadas ao trabalho, insatisfação e frustração.
Tabela 3 – Tipos de organização do trabalho.
Trabalhador médio.
Produtos constantes.
Tarefas descritas por meio de ações decompostas 
em gestos.
Variabilidade inter e intraindividual.
Variabilidade do trabalho.
Dependência entre tarefas e processos de regulação 
desenvolvidos por trabalhadores..
Fonte: Abrahão 2009.
26
CAPÍTULO 3
Áreas de especialização da ergonomia
Com base nas definições e abordagens anteriores, verifica-se a complexidade do campo 
de atuação da ergonomia, podendo, de forma efetiva, ser dividida em várias áreas de 
atuação e pesquisa.
 » Organizacional: 
 › atua nos sistemas e processos de comunicação dentro da organização; 
 › na gestão dos coletivos, na concepção do trabalho;
 › na concepção dos horários de trabalho;
 › no trabalho em equipe;
 › na concepção da participação dos trabalhadores no processo produtivo;
 › na ergonomia comunitária;
 › no trabalho cooperativo;› na estruturação das novas formas de trabalho;
 › no entendimento e no estudo da cultura organizacional das empresas 
e organizações;
 › nas organizações virtuais;
 › no teletrabalho e
 › na gestão pela qualidade.
 » Ergonomia física:
 › atua nas posturas de trabalho;
 › na manipulação de objetos;
 › nos movimentos repetitivos;
 › nos problemas osteomusculares;
27
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
 › no arranjo físico dos postos de trabalho;
 › na segurança e na saúde dos trabalhadores.
 » Ergonomia cognitiva:
 › atua no estabelecimento do processo mental do trabalhor na relação 
prazer/sofrimento do trabalho;
 › nos processos intraindividuais de decisão;
 › no desempenho especializado do trabalhador;
 › na interação homem-máquina;
 › na formatação da confiabilidade humana;
 › no estresse profissional;
 › na formação profissional e pessoal, na sua relação com a concepção 
pessoas sistema.
A ergonomia pode ainda ser dividida:
1. Quanto à abrangência:
 » Ergonomia do posto de trabalho:
 › apresenta uma abordagem microergonômica.
 » Ergonomia de sistemas de produção: 
 › apresenta uma abordagem macroergonômica.
2. Quanto à contribuição:
 » Ergonomia de concepção: 
 › atua nas normas e especificações de projeto.
 » Ergonomia de correção:
 › atua nas modificações de situações existentes.
 » Ergonomia de arranjo físico:
 › atua na melhoria de sequências e fluxos de produção.
28
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
 » Ergonomia de conscientização: 
 › atua na capacitação/formação em ergonomia.
E, para atuar de forma plena, a ergonomia faz-se presente na interface com diversas 
áreas do conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade:
 » Engenharia: 
 › no projeto e produção ergonomicamente seguros.
 » Design: 
 › na metodologia de projeto e design do produto.
 » Psicologia: 
 › no treinamento e na motivação do pessoal.
 » Medicina e enfermagem: 
 › na prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
 » Administração: 
 › nos projetos organizacionais e na gestão de recursos humanos.
A ergonomia se constituiu a partir do projeto de construir conhecimentos sobre o ser humano em atividade. Cabe à ergonomia, identificar 
os conhecimentos sobre o homem e sobre a ação, dando a ambos um estatuto igual.
Antropometria, biometria e biomecânica
As medidas que compõem o corpo humano, assim como os seus movimentos são 
abordados pela antropometria, biometria e biomecânica. 
A antropometria é o estudo das medidas do corpo humano e das diversas proporções de 
suas partes e o registro das particularidades físicas dos indivíduos da espécie humana 
(medidas, impressões digitais etc.). 
A biometria, por sua vez, é a tecnologia, ou o conjunto de tecnologias, que permite 
verificar e autenticar automaticamente a identidade de uma pessoa baseando-se em 
características físicas e comportamentais que são únicas de cada indivíduo, como a 
impressão digital, a face, a íris, a geometria das mãos, a voz, a assinatura (biometria 
facial). Pode ser caracterizada como o ramo da biologia que estuda fenômenos biológicos 
por meio de análises estatísticas.
29
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
A biometria é usada com frequência para aumentar a segurança de redes de computadores, proteger transações financeiras, controlar o 
acesso a instalações de segurança etc.
A antropometria e a biometria têm grande importância para as atividades econômicas 
e no estabelecimento de políticas sociais, pois medições erradas promovem gasto 
com insumos desnecessários. Como exemplo, podemos citar a indústria espacial, em 
que as peças são otimizadas para cada tripulante para que sejam criadas condições 
melhores de espaço e peso de transporte orbital. Na indústria automobilística, temos 
como exemplo a distância entre o banco e o volante, que é determinada pela estatística 
média da população.
Assim, para tratar de forma adequada a antropometria/biometria, é necessário:
 » definir a natureza das dimensões antropométricas exigidas em cada 
situação;
 » realizar medições para gerar dados confiáveis;
 » aplicar adequadamente esses dados.
Tabela 4 – Algumas diferenças entre gêneros.
Características
Altura Homem maior 0,6cm em média que a mulher
Peso Homem maior 0,2kg em média que a mulher
Idade de crescimento Cresce dos 13 aos 15 anos Cresce dos 11 aos 13 anos
Composição do corpo Homem possui mais músculo e menos gordura em média que a mulher
Gordura Principalmente Barriga Localização diferenciada
Tabela 5 – Modificação das proporções corporais conforme a idade.
Idade Estatura/Cabeça Tronco/Braço
Recém-nascido 3,8 1,00
2 anos 4,8 1,14
7 anos 6,0 1,25
Adulto 7,8 1,50
30
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Figura 8 – Evolução da estatura com a idade (em % da estatura máxima).
Uma máquina projetada para 90% dos americanos serve para 90% dos alemães; 
80% dos franceses; 65% dos italianos; 45% dos japoneses; 25% dos tailandeses e 
10% dos vietnamitas (BRIGDER, 2003).
Figura 9 – Comparação entre medidas dos pés dos brasileiros e dos europeus.
De 1870 a 1970, os holandeses aumentaram a sua estatura média em 14cm.
De 1903 a 2003, os dinamarqueses aumentaram a sua estatura média em 13cm.
A menarca adiantou 2,3 anos e a menopausa atrasou 3 anos.
31
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Princípios de produção de objetos
A produção de qualquer item que vai ser manipulado pelo ser humano exige dimensão 
pela média da população ou por seus extremos e, em caso de maior demanda do produto, 
é possivel a divisão por faixa etária da população, podendo o produto apresentar 
dimensões reguláveis, implicando maior custo. Quanto maior a padronização, menor o 
custo de produção.
Uma abordagem interessante sobre a evolução dos objetos e sua adequação ao 
modo de uso é o livro: A evolução das coisas úteis, de Henry Petroski, 306p, 
Editora Zahar, 2007.
Tabela 6 – Distribuição do peso do corpo.
Parte do Corpo % do peso total
Cabeça 6 a 8
Tronco 40 a 46
Membros superiores 11 a 14
Membros inferiores 33 a 40
Biomecânica
A biomecânica apresenta-se como um dos subsídios da ergonomia e visa conhecer as 
bases fisiológicas do trabalho e explicar os mecanismos do trabalho muscular.
O corpo humano trabalha como um sistema de alavancas, movido por contração 
muscular, mas com limitações e fragilidades. Esse sistema transforma a energia 
química, fornecida pelos alimentos, em energia mecânica, para oferecer um trabalho 
dinâmico ou estático. E, nesse movimento, o músculo consome oxigênio. O consumo 
varia segundo o grau de contração dos músculos. 
O movimento estático dos músculos não acarreta um aumento muito grande no 
consumo de energia, mas impõe restrições a circulação sanguínea, o que limita a sua 
duração e intensidade. O sistema circulatório depende de regulares movimentos de 
distensão e de contração para que o sangue circule de forma adequada por todo o 
organismo. 
32
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Gasto energético: metabolismo basal
Equação de Harris-Benedict (1919):
HOMENS: TMB = 66,47 + (13,75 X P*) + ( 5,00 X A*) - (6,76 X I*)
MULHERES: TMB = 655,1 + (9,56 X P*) + ( 1,85 X A*) - (4,68 X I*)
* P = peso em kg/ *I = idade em anos/ *A = altura em cm
O movimento dinâmico (alterações entre contrações e relaxamentos)3 pode ser dividido 
em:
 » trabalho físico local: que provoca o movimento dinâmico de apenas alguns 
grupos musculares – menos de 1/3 da massa muscular do organismo, que 
não provoca um consumo elevado de oxigênio em relação à capacidade 
máxima.
 » trabalho físico geral: que provoca o movimento dinâmico de mais de 2/3 
da massa muscular.
A FADIGA se manifesta por dores, tremores, dificuldades no ajuste dos movimentos ou da força exercida no âmbitodos grupos musculares 
em atividade intensa e por sintomas de sobrecarga no sistema cardiorrespiratório.
Um adulto jovem, com a mão, desenvolve uma força de tração que varia de 29 a 54kg, 
segundo o grau de extensão de seu antebraço em relação ao braço. O braço esquerdo é 
10% mais fraco que o braço direito se a pessoa é destra, e a força média das mulheres 
é de aproximadamente três quintos da dos homens. A força máxima reduz 10% entre 
os 25 e os 50 anos.” A força de uma pessoa com 70 anos é metade de uma de 30 anos4.
A avaliação do consumo de oxigênio durante o trabalho permite individualizar a carga de 
trabalho. O equivalente energético do oxigênio possui um valor médio de 4,825Kcal/l.
Em uma atividade física, quando se passa do estado de repouso 
para o estado de trabalho, a adaptação cardiorrespiratória às novas 
necessidades realiza-se progressivamente, fazendo com que o 
organismo contraia um deficit de oxigênio correspondente à diferença 
entre as necessidades imediatas das massas musculares ativas e o 
fornecimento de oxigênio. Tal deficit é tanto mais importante quanto 
as alterações dos níveis de atividade que foram súbitas e importantes. 
Após a atividade, ele se encontra em seu nível máximo, e, quando o 
trabalho cessa, o consumo de oxigênio vai descendo progressivamente 
3 Bomba hidráulica.
4 LAVILLE, Antonie, 1977.
33
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
até o nível de repouso [...]. Desse modo, a avaliação do consumo de 
oxigênio permite acompanhar a evolução do dispêndio durante um 
trabalho, analisar esses dispêndios em relação a um nível de repouso 
(dispêndio específico do trabalho) ou a capacidade máxima de desgaste 
de um indivíduo e prever o aparecimento de um esgotamento. Também 
se tornou possível a avaliação dos dispêndios médios das atividades 
profissionais e a avaliação do rendimento dessas atividades5.
Figura 10 – Efeito da repartição das pausas sobre a capacidade de trabalho (segundo KARRASCH, K., apud 
LEHMAN, G. Physiologie pratique du travail. Paris: Leis Editions d’Organisation. 1955.
Figura 11 – Variações da capacidade mental máxima em função da duração do trabalho (KALSBECK, J. W. H.).
5 LAVILLE, Antonie, 1977.
34
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Figura 12 – Esquema de evolução do desempenho e das variáveis fisiológicas em função da quantidade de 
informações a interpretar (WISNER, 1977).
35
CAPÍTULO 4
Posturas de trabalho
Segundo Paillard, a postura é a organização dos segmentos corporais no espaço: 
A atividade postural se expressa na imobilização de partes do esqueleto 
em posições determinadas, solidárias umas às outras, e que conferem 
ao corpo uma atitude de conjunto. Essa atitude indica o modo pelo qual 
o organismo enfrenta os estímulos do mundo exterior e se prepara para 
reagir. Seja no início, no decorrer ou no fim de um movimento dirigido 
no espaço, a atitude constitui um aspecto fundamental da atividade 
motriz.
Existem três situações principais em que a má postura pode produzir consequências 
danosas:
 » trabalhos estáticos que envolvem postura parada por longos períodos;
 » trabalhos que exigem muita força; e
 » trabalhos que exigem posturas desfavoráveis, como o tronco inclinado e 
torcido.
Uma postura inadequada pode trazer, além de fadiga muscular, efeitos de longo prazo, 
sobrecarga imposta ao aparelho respiratório, formação de edemas, varizes e afecções 
nas articulações, principalmente na coluna vertebral (provocando artrose, bursite, 
sinovite, hérnias de disco – lesão por esforço repetitivo ou doenças osteomuscular 
relacionadas ao trabalho).
Critérios de avaliação postural (Antonie Laville)
Não há critério único para caracterizar má postura e que permita avaliar seu custo para 
o operador. Alguns são significativamente determinativos:
 » dispêndio energético: dispêndio de energia suplementar exigido pela 
persistência numa postura desequilibrada permanece mínimo, não 
traduzindo a dificuldade desta;
 » frequência cardíaca: a frequência cardíaca já é um critério mais fiel. Com 
efeito, ela indica não só o dispêndio energético exigido como também 
a resistência circulatória gerada pela contração estática dos grupos 
36
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
musculares e as consequências hidrodinâmicas que a irrigação sanguínea 
impõe a todas as partes do corpo situadas a uma altura diferente da do 
coração. Entretanto, boas condições hidrodinâmicas não se relacionam, 
obrigatoriamente, com uma postura correta. Desse modo, a postura 
em pé e curvada atenua as limitações, mas provoca alongamento dos 
ligamentos invertebrados e grandes pressões sobre a parte anterior às 
vértebras;
 » eletromiografia e ecomiografia permitem avaliar o grau de contração 
dos músculos para monitorar as mudanças na morfologia, espessura, 
contração-relaxamento cinética e perfusão elétrica, colocando em 
evidência sinais objetivos de fadiga muscular, mas não pode ser aplicada 
ao conjunto dos músculos ativos na manutenção de uma postura;
 » os critérios subjetivos são importantes e não devem ser negligenciados 
mesmo que só permitam a organização de uma escala de dificuldades 
entre as diferentes posturas.
Figura 13 – Custo energético e aumento da frequência cardíaca de repouso para posturas classificadas 
subjetivamente (SCHIMIDT, 1969).
37
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Um dos métodos de avaliação de postura é o denominado método OWAS (Ovako 
Working Posture Analysing System). É um método que divide a postura em 4 classes 
distintas:
 » Classe 1 – postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos 
excepcionais;
 » Classe 2 – postura que deve ser verificada durante a próxima revisão 
rotineira dos métodos de trabalho;
 » Classe 3 – postura que merece atenção em curto prazo;
 » Classe 4 – postura que deve ter atenção imediata.
38
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
Figura 14 – Classificação das posturas de acordo com a duração das posturas – OWAS.
Figura 15 – Classificação das posturas pela combinação de variáveis – OWAS.
Tabela 7 – Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas.
Postura inadequada Risco de dores
Em pé Pés e pernas – varizes
Sentado sem encosto Músculos extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo Dorso e pescoço
Braços esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas de ferramentas Antebraço
Punhos em posição não neutras Punhos
Rotações do corpo Coluna vertebral
Ângulo inadequado assento/encosto Músculos dorsais
Superficiais de trabalho muito baixas ou muito altas Coluna vertebral, cintura escapular
39
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Identificação e controle dos fatores de risco 
na perspectiva da ergonomia6 
Os princípios básicos de controle dos fatores de risco na perspectiva da ergonomia 
podem ser estabelecidos assim:
 » evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico para a saúde seja 
utilizado, formado ou liberado no ambiente;
 » se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se propague para 
o ambiente;
 » se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no ambiente de 
trabalho e, em último caso;
 » bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, boca e 
ouvidos, para impedir que um agente nocivo atinja órgão crítico, causando 
lesão.
Isto é, a ação passa pela não utilização do produto ou insumo, pela proteção coletiva 
e, em último caso, pela proteção individual, com uso de equipamentos de proteção 
ambiental.
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais precocemente possível. 
Assim, a hierarquia dos controles deve buscar, sequencialmente, o controle do risco 
na fonte, por meio da concepção da organização do trabalho inseridanos projetos de 
engenharia e de design para se valer deste produto, nos projetos de embalagem e de 
composição do produto; o controle na trajetória (entre a fonte e o receptor) e, no caso 
de falharem os anteriores, o controle da exposição ao risco do trabalhador, por meio 
de EPIs, equipamentos de proteção individual, nos equipamentos, instrumentais e 
ferramental disponibilizados para a sua manipulação. Quando isso não é possível, o 
que frequentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do 
agente agressor, de modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.
A informação e o treinamento dos trabalhadores são componentes importantes das 
medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente se o modo 
de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde 
ou influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a interação em relação à 
tarefa/máquina, homem/atividade, a possibilidade de absorção por meio da pele ou 
ingestão, o maior dispêndio de energia, entre outros.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, à prevenção, por 
meio de medidas ergonômicas de processo que introduzam alterações permanentes 
6 Adaptado do livro Doenças relacionadas ao trabalho – Ministério da Saúde.
40
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
nos ambientes e nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos 
automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qualquer outra pessoa 
potencialmente exposta. Dessa forma, a eficácia das medidas não dependerá do grau de 
cooperação das pessoas, como no caso da utilização de EPI.
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de 
risco, por meio de projetos adequados e de técnicas de engenharia e/ou ergonômicas 
que:
 » eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais 
para a saúde, como, por exemplo, a substituição de materiais ou 
equipamentos e a modificação de processos e de formas de gestão do 
trabalho;
 » previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como, 
por exemplo, sistemas fechados, enclausuramento, ventilação local 
exaustora, ventilação geral diluidora, armazenamento adequado de 
produtos químicos, entre outros;
 » reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como, por 
exemplo, a ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.
Todas as possibilidades de controle das condições de risco presentes nos ambientes de 
trabalho por meio de equipamentos de proteção coletiva (EPC) devem ser esgotadas 
antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção 
respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os procedimentos de 
vigilância ambiental e da saúde do trabalhador. A vigilância em saúde deve contribuir 
para a identificação de trabalhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas 
nos sistemas de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores são 
componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, 
particularmente se o modo de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de 
agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de exposição.
Sumariando, as etapas para definição de uma estratégia de controle incluem:
 » Reconhecimento e avaliação dos agentes e fatores que podem 
oferecer risco para a saúde e para o meio ambiente, incluindo 
a definição de seu impacto: 
 › devem ser determinadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias 
possíveis de propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os 
pontos de ação ou de entrada no organismo; o número de trabalhadores 
41
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
expostos e a existência de problemas de saúde entre os trabalhadores 
expostos ao agente. A interpretação dos resultados vai possibilitar 
conhecer o risco real para saúde e a definição de prioridades para a ação.
 » Tomada de decisão: 
 › resulta do reconhecimento de que há necessidade de prevenção, com 
base nas informações obtidas na etapa anterior. A seleção das opções 
de controle deve ser adequada e realista, levando em consideração 
a viabilidade técnica e econômica de sua implementação, operação 
e manutenção, bem como a disponibilidade de recursos humanos e 
financeiros e a infraestrutura existente.
 » Planejamento:
 › uma vez identificado o problema, tomada a decisão de controlá-lo, 
estabelecidas as prioridades de ação e disponibilizados os recursos, 
deve ser elaborado um projeto detalhado quanto às medidas e os 
procedimentos preventivos a serem adotados.
 » Avaliação:
 › sobre as medidas organizacionais e gerenciais a serem adotadas 
visando à melhoria das condições de trabalho e qualidade de vida dos 
trabalhadores, particularmente para a prevenção dos transtornos mentais 
e do sofrimento mental relacionado ao trabalho e de LER/DORT. 
No que se refere às condições de trabalho nocivas para a saúde, que decorrem da 
organização e gestão do trabalho, as medidas recomendadas podem ser resumidas em:
 » aumento do controle real das tarefas e do trabalho por parte daqueles que 
as realizam;
 » aumento da participação real dos trabalhadores nos processos decisórios 
da empresa e facilidades para sua organização;
 » enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monótonas e 
repetitivas e as horas extras;
 » estímulo a situações que permitam ao trabalhador o sentimento de que 
pertencem e/ou de que faz parte de um grupo;
 » desenvolvimento de uma relação de confiança entre trabalhadores e 
demais integrantes do grupo, inclusive superiores hierárquicos;
 » estímulo às condições que ensejem a substituição da competição pela 
cooperação.
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Tabela 8. Medidas de proteção à saúde e prevenção de doenças e agravos relacionados ao trabalho aplicáveis 
aos processos e ambientes de trabalho e ao trabalhador.
Tipo e Nível de Aplicação Medida Exemplos
Eliminação e controle das condições 
de risco para a saúde.
Substituição do agente ou substância tóxica por 
outra menos lesiva ou tóxica.
Sempre que houver a substituição ou introdução 
de um material ou substância nova, é importante 
considerar a possibilidade de impactos sobre a 
saúde do trabalhador e o ambiente, para que não 
haja uma simples troca da situação de risco.
Substituição de matérias-primas, produtos intermediários ou reformulação 
dos produtos finais. Ex.: substituição do benzeno, substância cancerígena, 
nas misturas de solventes, pelo xileno ou tolueno, de menor toxicidade.
Substituição de partes ou processos inteiros, maquinaria e equipamentos 
por outros que ofereçam menos risco para a saúde e segurança dos 
trabalhadores. Ex.: a substituição do emprego de jateamento de areia 
para limpeza de peças por limalha de ferro.
Instalação de dispositivos e controles de 
engenharia.
São mais factíveis do que a substituição de 
materiais.
Instalação de dispositivos destinados a melhorar as condições gerais físicas 
dos ambientes. Ex.: sistemas de exaustão e ventilação do ar, redesenho de 
máquinas e equipamentos, enclausuramento ou segregação de máquinas ou 
equipamentos que produzem ruído excessivo, ou radiação, ou de processos 
e de atividades que apresentem risco potencial para a saúde e a segurança 
dos trabalhadores, como a eliminação de poeiras ou substâncias tóxicas.
Manutenção preventiva e corretiva de equipamentos e processos também 
são recursos de controle de engenharia.
Redesenho da tarefa ou do trabalho, mudanças 
na organização do trabalho e práticas alternativas 
de trabalho.
Em geral, combinam medidas de engenharia e 
medidas administrativas, buscando a proteção da 
saúde do trabalhador.
Enriquecimento do conteúdo das tarefas nos trabalhosmonótonos e 
repetitivos.
Mecanização de tarefas de modo a tornar o trabalho físico mais leve e 
confortável.
Incremento da participação dos trabalhadores nos processos de decisão, 
garantindo-lhes a autonomia para organizar o trabalho, diminuindo as 
pressões de tempo e de produtividade, entre outras.
Medidas de proteção individual e de 
vigilância em saúde ou de controle 
médico aplicáveis aos trabalhadores.
Apesar de necessárias, são menos efetivas, 
pois, potencialmente, reduzem o dano que 
pode resultar da exposição a um fator de 
risco, mas não removem a causa ou fonte do 
problema.
Educação e informação do trabalhador.
É direito inalienável do trabalhador a informação 
correta acerca dos riscos à saúde decorrentes ou 
presentes no trabalho, bem como das medidas 
que visam à redução desses riscos.
Educação e informação sobre as condições de risco presentes 
nos processos e ambientes de trabalho, implicando mudanças de 
comportamento dos trabalhadores e dos empregadores, chefes e 
encarregados, às vezes, culturalmente arraigados.
A experiência mostra que o investimento em treinamentos e outras 
atividades educativas são insuficientes se não forem acompanhadas de 
investimentos na melhoria geral das condições coletivas de trabalho e de 
uma gestão participativa do trabalho.
Medidas de proteção individual e de 
vigilância em saúde ou de controle 
médico aplicadas aos trabalhadores.
Apesar de necessárias, são menos efetivas, 
pois, potencialmente, reduzem o dano que 
pode resultar da exposição a um fator de 
risco, mas não removem a causa ou fonte do 
problema.
EPI
Os equipamentos de proteção individual 
podem ser úteis e necessários e malgumas 
circunstâncias, porém não devem ser a única 
nem a mais importante medida de proteção.
Luvas, máscaras, protetores auriculares, roupas especiais, entre outros, devem 
ser adequados às situações reais de trabalho e às especificações e diferenças 
individuais dos trabalhadores. Além da garantia de qualidade, é importante 
que o EPI utilizado tenha sua efetividade avaliada em seu uso cotidiano, uma 
vez que as especificações do fabricante e testes de qualidade são feitos 
em condições diferentes do uso real. Os programas de utilização de EPI 
devem contemplar o treinamento adequado para uso, o acompanhamento e 
manutenção e/ou reposição periódica e higienização adequada.
Medidas organizacionais 
As medidas organizacionais implicam diminuição 
do tempo de exposição, podendo ser aplicadas a 
um ou poucos trabalhadores ou envolver todos os 
trabalhadores de um setor ou da empresa.
Escalas de trabalho que contemplem tempos menores em locais com 
maior exposição a condições de risco para a saúde e rotatividade de 
tarefas ou setores devem ser cuidadosamente planejadas para evitar a 
diversidade de exposições atingindo maior número de trabalhadores.
Controle médico.
Exames pré-admissionais para identificação de características ou fatores 
de risco individuais que possam potencializar as exposições ocupacionais 
não devem ser realizados com o objetivo de exclusão e de seleção de 
super-homens e supermulheres. O mesmo raciocínio se aplica à realização 
dos exames periódicos de saúde. A legislação trabalhista vigente NR no 7) 
disciplina o PCMSO, estabelecendo os parâmetros para um programa de 
saúde e não simplesmente a emissão de atestado médico de saúde.
Rastreamento, monitoramento e vigilância.
A vigilância em saúde do trabalhador visando à detecção precoce de 
alterações ou agravos decorrentes da exposição a condições de risco 
presentes no trabalho é importante para a identificação de medidas de 
controle ainda não detectadas ou de falhas nas medidas adotadas.
Em geral, no âmbito das empresas, esse monitoramento é feito por exames 
periódicos de saúde, que devem ser programados considerando as condições 
de risco a que estão expostos os trabalhadores.
A investigação de efeitos precoces em grupos de trabalhadores sob 
condições específicas de risco deve ser realizada por meio de estudos 
epidemiológicos. 
Fonte: Doenças relacionadas ao trabalho – Ministério da Saúde.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Análise ergonômica do trabalho
Em ergonomia não há um modelo predeterminado de ação. A análise ergonômica do 
trabalho – AET é um método desenvolvido e validado por diversos pesquisadores e 
profissionais (Pacaud, Ombredane, Faverge, Wisner, Guerin, Laville, Daniellou, 
Duraffourg, Kerguelin) e que se aplica muito bem ao universo de estudo da atividade 
humana.
Trata-se de uma metodologia aberta, podendo suas ferramentas, usadas para a coleta 
de dados, podem variar, dependendo da natureza da abordagem necessária. A AET 
“se compõe de um conjunto de etapas e ações que mantém uma coerência interna, 
principalmente quanto à possibilidade de se questionarem os resultados obtidos 
durante a coleta de dados, validando-os ao longo do processo e aproximando-os mais 
da realidade pesquisada” (ABRAHÃO, 2009).
Este método não se restringe a uma série de descrições de gestos, posturas e ações, 
também considera os aspectos da interação das ações das pessoas sobre a atividade, 
tanto em sua variável de saúde ocupacional como na qualidade e nível de produtividade.
A análise ergonômica do trabalho (AET) comporta as seguintes fases:
1. análise da demanda;
2. coleta de informações sobre a empresa;
3. levantamento das características da população;
4. escolha das situações de análise;
5. análise do processo técnico e da tarefa;
6. observações globais e abertas da atividade;
7. elaboração de um pré-diagnóstico – hipóteses explicativas de nível 2;
8. observações sistemáticas – análise de dados;
9. validação;
10. diagnóstico;
11. recomendações e transformações.
44
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
E essas fases são baseadas nos seguintes pressupostos:
1. estudo baseado na atividade real do trabalho;
2. avaliação do universo global da situação de trabalho;
3. variabilidade decorrente do uso da tecnologia e da produção quanto aos 
trabalhadores;
4. não linearidade no método, podendo, ao se concluir uma etapa, retornar 
à etapa anterior para complementar/buscar novos dados.
Figura 16 – Análise da demanda.
ANÁLISE DA DEMANDA
Levantamento de Informações Gerais – Hipótese de nível 1
Análise da tarefa
Interação com os 
operadores;
registro de contatos e 
de verbalizações
Observações globais da atividade
Pré-diagnóstico
Hipótese de Nível 2
+
Definição do plano 
de observação + Coleta e tratamento dos dados.
Diagnóstico Global e Específico
Fonte: GUÉRIN; DANIELLOU, LAVILLE, DURAFFOURG, KERGUELEN, 2001.
No universo de análise, devem-se aprofundar os seguintes lócus:
 » a empresa;
 » a população;
 » os postos de trabalho;
 » o tecido industrial ou de serviço;
 » os procedimentos prescritos, as exigências de qualidade e produtividade;
 » as relações hierárquicas e as relações entre os pares;
 » as condições de manutenção e suas influências sobre a tarefa; e
 » as exigências de interação do sistema como condição para a execução de 
uma tarefa.
45
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
Análise da demanda
O processo de análise ergonômica começa a partir de uma demanda e, inicialmente, 
essa demanda apresenta os vieses dos demandantes, podendo trazer em seu arcabouço 
posicionamento ideológico distinto da realidade, objetivos ambíguos, contraditórios 
e, porque não, escondidos. Ao se aprofundar na demanda, os contornos e as formas 
apresentadas vão transformando-se no contato com a realidade de trabalho, que 
determinará a evolução das etapas, as fases do processo de trabalho, trazendo à tona os 
conflitos sociais entre os atores.
Assim, cabe ao ergonomista a reformulação dos problemas incialmente colocados, 
considerando que todos os integrantes do ambiente laboral estão potencialmenteenvolvidos e a pertinência vai depender de como se articula a análise em relação às 
variáveis apresentadas. Com isso, é possível formalizar as diferentes informações, 
compreender melhor a natureza das questões e os problemas concretos dos trabalhadores 
e estabelecer o ponto de partida para as fases subsequentes da ação, sendo possível 
avaliar a amplitude do problema levantado, identificando as diferentes lógicas sobre o 
mesmo problema.
Na análise da demanda, normalmente, mas não obrigatoriamente, em função do objeto 
de estudo, se buscam as seguintes informações:
 » População:
 › idade;
 › gênero;
 › formação, experiência;
 › tempo de trabalho;
 › jornada de trabalho;
 › treinamento.
 » Dimensão institucional:
 › produtos, serviços;
 › evolução dos serviços;
 › exigências de qualidade;
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
 › exigências legais;
 › políticas de gestão.
 » Perfil epidemiológico:
 › estado de saúde;
 › queixas;
 › problemas de saúde;
 › acidentes.
 » Outros dados:
 › localização (transporte);
 › sazonalidade;
 › clima;
 › alimentação.
Informações sobre a empresa
A empresa fornece o contexto em que se dará a ação do ergonomista e indicará as 
suas implicações, os óbices e a definição da abordagem a ser adotada em função das 
especificidades da empresa.
Uma boa avaliação depende de acesso livre e sem constrangimentos (desnecessários) à 
situação de trabalho, à documentação e aos trabalhadores, da permissão em acompanhar 
o processo laboral, e deve ter conhecimento das exigências legais a que está submetida 
a empresa, as tarefas explicitadas, as características da população da empresa e, se 
possível, seu perfil clínico-epidemiológico. De posse desses dados, é possível identificar 
as limitações que serão impostas ao trabalho, ou ao processo de trabalho, e os potenciais 
colaboradores, assim como identificar variáveis que afetam o ambiente de trabalho que 
não são controladas pela empresa.
Características da população
Dentre os indicadores importantes a serem coletados, devem ser estabelecidos: 
distribuição etária, tempo de serviço na empresa, turn over (rotatividade), escolaridade, 
47
RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
qualificação profissional, gênero, taxa de absenteísmo, treinamento recebido, 
indicadores de saúde e segurança. Nesse caso, conforme já abordado, não se tem 
interesse, pelos valores médios identificados (o trabalhador médio não existe), e sim 
uma distribuição por faixas de pequenos intervalos ou intervalos de interesse.
Podemos observar que um ambiente que sai da normal estatística na sua composição 
da formatação da sociedade em que se encontra a empresa, numa característica mais 
homogênea de seu conjunto de trabalhadores, pode indicar que o processo de trabalho 
é excludente, em que poucos são selecionados para a realização das atividades ou 
suportem o trabalho executado.
Escolha da situação para análise
A análise da situação de trabalho apresenta diversas variáveis, tornando complexa a 
análise global, holística, e englobando todas as tarefas presentes na empresa. Assim, 
devem-se estabelecer os critérios de análise considerando as consequências e as 
possibilidades de transformação na ação do ergonomista. Normalmente, consideram-se 
os seguintes critérios para se determinar o lócus de ação7:
 » frequência de queixas;
 » objeto de mudanças;
 » número de problemas;
 » função estratégica;
 » imagem institucional;
 » gravidade das consequências.
Análise da tarefa
Para analisar a tarefa e, por conseguinte, o trabalho, é necessário identificar a sua 
inserção no processo de produção, pois é o conjunto de tarefas que determina o produto 
ou serviço final, oferecido pela empresa, e estas tarefas podem estar sendo realizadas 
em espaços distintos, mas todos cooperam com o resultado final esperado.
Um dos instrumentos interessantes a ser utilizado é o fluxograma de operações dentro 
de um layout estabelecido, pois é possível a verificação de cruzamentos de processos de 
trabalho e dos riscos laborais e de produção existentes. É comum nos setores regulados 
7 ABRAHÃO, 2009.
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UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
pelo Estado brasileiro a exigência de apresentação de fluxos operacionais para a 
concessão da licença/autorização de funcionamento (ex.: fábrica de medicamentos, 
indústria de alimentos etc.).
Devemos lembrar que a concepção da tarefa está ligada à necessidade de estabelecer 
métodos de gestão em que se possa mensurar e definir a produção, e a forma como uma 
tarefa se interliga com outra pode indicar óbices no processo produtivo.
A análise das tarefas tem o objetivo de: assegurar o domínio suficiente sobre os dados 
técnicos referentes à situação de trabalho, servindo de base para a construção de hipóteses 
e elaboração do pré-diagnóstico; construir/constituir ferramentas de referência para a 
descrição e a interpretação dos dados produzidos pela análise da demanda e prover-se de 
apoio para a demonstração e a comunicação com diferentes interlocutores8. É importante 
analisar como a organização do trabalho influencia o conteúdo das tarefas, moduladas, 
por sua vez, pelos trabalhadores. 
Alguns aspectos devem ser destacados:
 » Como é concebida a tarefa no processo de produção?
 » O processo de produção é dividido em pequenas etapas e cada tarefa é 
restrita?
 » Está prevista a cooperação entre os colegas ou a ação deve ser desenvolvida 
de maneira individual? 
 » A tarefa exige também o preenchimento de relatórios, o controle de 
estoques, a programação no computador? 
 » Os modos operatórios estão predefinidos e devem ser seguidos à risca ou 
podem ser alterados pelos próprios atores? 
 » As normas e os procedimentos são restritivos, há margem para mudanças? 
 » Trata-se de controlar um processo automático ou de uma tarefa em que 
há grande manipulação de peças, produtos e ferramentas?
 » Como é feito o controle da produção sob supervisão direta? 
 » Por meios eletrônicos? 
 » O controle é exercido pelos próprios trabalhadores? 
 » Faz parte da tarefa controlar os estoques, a qualidade? 
8 ABRAHÃO, 2009.
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RISCOS ERGONÔMICOS │ UNIDADE ÚNICA
 » O tempo previsto é suficiente para a execução das tarefas? 
 » O trabalhador necessita fazer horas extras para atingir as metas de 
produtividade? 
 » Os horários e turnos são organizados de maneira a permitir repouso e 
vida familiar e social condignos? 
 » Há tempo suficiente para se recuperar do cansaço ou de algum tipo de 
agressão? 
 » Está prevista margem para que se adotem comportamentos prudentes 
em situações de risco? 
 » Há tempo para recuperar incidentes, ou alguma operação malsucedida, 
para mudar o modo operatório, pois o insumo não é de qualidade 
adequada?
 » O ritmo de produção pode ser alterado por necessidade/vontade do 
trabalhador ou para dar conta de um evento (quantidade de produtos/
unidade de tempo)? 
 » Há tempo previsto para passagem de turno/plantões?
 » Qual é a situação daqueles trabalhadores em relação aos outros na 
hierarquia? 
 » Pode-se conversar? 
 » Com quem se pode conversar, trocar opiniões, emitir pareceres? 
 » Como são previstas as relações de supervisão e controle? 
 » Há meios eletrônicos de controle do trabalho? 
 » Eles têm papel de coordenação? 
 » Quais atuações conjuntas são previstas entre pares? 
 » Há trabalho em equipe? 
 » Qual é a margem da manobra para decidir?
 » Até que ponto os superiores têm poder sobre eles, por exemplo, para 
decidir sobre mudanças de horário? 
 » Quais são as responsabilidades atreladas ao cargo? 
50
UNIDADE ÚNICA │ RISCOS ERGONÔMICOS
 » Como é feita a avaliação dos trabalhadores? 
 » Quais são as exigências de qualidade do trabalho?

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