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se calcular valessem ao tempo da liberalidade. 19 § 2o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem. Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação. Parágrafo único. Presume-‐se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário. Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título de liberalidade. Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que o doador poderia dispor, no momento da liberalidade. § 1o O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade. § 2o A redução da liberalidade far-‐se-‐á pela restituição ao monte do excesso assim apurado; a restituição será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do donatário, em dinheiro, segundo o seu valor ao tempo da abertura da sucessão, observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a redução das disposições testamentárias. § 3o Sujeita-‐se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da doação feita a herdeiros necessários que exceder a legítima e mais a quota disponível. § 4o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serão elas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso. 20 Art. 2.008. Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluído, deve, não obstante, conferir as doações recebidas, para o fim de repor o que exceder o disponível. Art. 2.009. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir. Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em processo-‐crime. Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão sujeitas a colação. Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada um se conferirá por metade. 10. Outras situações 10.1. Doação ao nascituro Embora a personalidade civil da pessoa comece com o nascimento com vida, o ordenamento jurídico brasileiro, seguindo outras legislações, como a francesa e a italiana, permite a doação a quem ainda não nasceu. Exige-‐se, apenas, como pressuposto, a concepção e a aceitação. Anota-‐se a aceitação é feita pelo representante legal do nascituro, que não necessariamente devem ser os pais. Em sendo a gestante solteira e menor absolutamente incapaz, o representante legal do nascituro será o mesmo da sua mãe, provavelmente o pai dela, avô do nascituro (Sanseverino). 21 A doação ao nascituro caracteriza uma hipótese legal de obrigação condicional suspensiva, porquanto o nascimento com vida – evento futuro e incerto – é pressuposto para que a doação se torne eficaz. Art. 2.º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. 10.2. Doação ao incapaz (Sanseverino) O incapaz pode receber doação. Tratando-‐se de absolutamente incapaz, como já referido, fica dispensada a aceitação, mas a doação deve ser pura. Se for com encargo, exige-‐ se a aceitação de seu representante, diz Sanseverino. Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-‐se a aceitação, desde que se trate de doação pura. 10.3. Doação entre cônjuges. É possível a doação feita por um cônjuge ao outro, mas depende do regime de casamento. No caso de comunhão universal, a doação não se realiza, porque, dada a comunicação automática, inexiste transferência