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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
LAÍS GONÇALVES BARBOSA
LAURA PEREIRA CORDEIRO
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Cidade de Goiás
2016
LAÍS GONÇALVES BARBOSA
LAURA PEREIRA CORDEIRO
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
 
 
 
 
Trabalho 	apresentado à 	disciplina 	de Direito Civil II do 	curso de Direito da Universidade Federal de Goiás; 
 Professor: Clodoaldo dos Santos Júnior
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade de Goiás - GO 
2016
DOS DEFEITOS/VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
A declaração da vontade é elemento indispensável do negócio jurídico, como salienta Maria Helena Diniz. Quando a vontade se manifesta com algum vício, o negócio se torna anulável. Os defeitos dos negócios jurídicos elencados pelo Código Civil Brasileiro são: 
Erro ou ignorância (art.138 a 144) 
Dolo (art.145 a150)
Coação (art.151 a 155)
Estado de perigo (art. 156)
Lesão (art. 157)
Fraude contra credores (art. 158 a 165)
O prazo para anulação do negócio jurídico que contém algum defeito/vício é de quatro anos, sendo este prazo decadencial. No caso de coação, o prazo de decadência começa a ser contado a partir do dia em que essa cessar. No erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, o prazo é contado do dia em que se realizou o negócio jurídico. 
ERRO OU IGNORÂNCIA
O erro se caracteriza como uma falsa noção da realidade, um engano, em relação a pessoa, negócio, objeto ou direito, por uma das partes do negócio jurídico. 
O Código Civil não diferencia “erro” de “ignorância”, porém, ambos expressam situações diferentes. O erro se caracteriza como uma falsa convicção da realidade, e na ignorância, o agente não possui sequer conhecimento sobre a realidade dos fatos ou da lei. Segundo Maria Helena Diniz, o legislador equiparou erro e ignorância nos seus efeitos jurídicos. 
Para que o erro torne o negócio jurídico anulável, ele deve ser substancial (ou essencial), escusável e real. Erro substancial, como descreve Carlos Roberto Gonçalves, é o erro sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio. O artigo 139 do Código Civil trata do assunto, especificando os casos em que o erro é substancial, sendo estes quando:
 I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
 II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
O erro escusável, é o erro justificável, que pode ser desculpado. Carlos Roberto Gonçalves salienta o padrão adotado para a aferição da escusabilidade, sendo este, o do homem médio (homo medius). Esse padrão é proclamado no artigo 138, que diz que para o negócio ser anulável, as declarações de vontade devem emanar de “erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. ”
Para anular o negócio jurídico, também é necessário que o erro seja real, ou seja, causador de real prejuízo para o interessado, como diz Carlos Roberto Gonçalves. O erro sobre o ano de fabricação de algum objeto adquirido, por exemplo, é substancial e real, pois o conhecimento do verdadeiro ano, faria com que a pessoa não adquirisse o objeto. 
Ao lado das hipóteses de erro de fato elencadas no art. 139, há o erro de direito. Maria Helena Diniz conceitua erro de fato como “aquele que recair sobre circunstância de fato, isto é, sobre qualidades essenciais da pessoa ou da coisa”, e erro de direito como “aquele relativo à existência de uma norma jurídica, supondo-se, exemplificativamente, que ela esteja em vigor quando, na verdade, foi revogada. ” 
O Código Civil, em seu artigo 140, prescreve que “falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante”, assim, passam a ser condição de elementos essenciais do negócio. 
A transmissão defeituosa da vontade, descrita no artigo 141 do Código Civil, se equipara ao erro. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, “ se o declarante não se encontra na presença do declaratário e se vale de um intermediário ou de um meio de comunicação e a transmissão da vontade, nesses casos, não se faz com fidelidade, estabelecendo-se uma divergência entre o querido e o que foi transmitido erroneamente (mensagem truncada), caracteriza-se o vício que propicia a anulação do negócio. ” 
Fábio Ulhôa Coelho define duas hipóteses em que o erro substancial e escusável pode ser suprido, a fim de garantir a validade do negócio jurídico. A primeira, seria a indicação errada de pessoa e coisa não se caracteriza como defeito se pela circunstância em que foi emitida, for possível a correção adequada (art.142, CC). 
A segunda hipótese, seria se a pessoa a quem a declaração se dirigisse, se oferecesse para executá-la na conformidade da vontade real do declarante (art. 144, CC). O erro de cálculo, mencionado no artigo 143 do Código Civil, não considera escusável o erro de cálculo, autorizando apenas a retificação da declaração de vontade. 
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS AO ERRO OU IGNORÂNCIA:
APELAÇÃO CIVIL. EFEITO TRANSLATIVO DA APELAÇÃO. ART. 515, §§ 1º e 3º, DO CPC. OBRIGAÇÃO CONTRATUAL ACESSÓRIA AO CONTRATO DE ARRENDAMENTO. EQUILÍBRIO CONTRATUAL PREJUDICADO. INTENÇÃO DAS PARTES. PREDOMINÂNCIA SOBRE A LITERALIDADE DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. ART. 112 DO CC. ERRO OU IGNORÂNCIA. ARTS. 138 E 139, AMBOS DO CÓDIGO CIVIL. NEGÓCIO JURÍDICO ANULÁVEL. EFICÁCIA EX NUNC. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO APENS PARA DECLARAR A ANULAÇÃO DO CONTRATO CELEBRADO ENTRE AS PARTES LITIGANTES. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. ART. 21 DO CPC. SENTENÇA MANTIDA NOS DEMAIS TERMOS. 1. Trata-se de recurso de apelação interposto contra sentença de mérito proferida pelo Juízo da 34ª Vara Cível da Comarca da Capital/PE - SEÇÃO B, que, nos autos da Ação Declaratória de Extinção Contratual, tombada sob o nº 0040163-54.2012.8.17.0001 e proposta pela ora apelante, julgou improcedentes os pleitos autorais, consoante o art. 269, I, do CPC. 2. Segundo o art. 112 do Código Civil, temos que o contrato deve ser interpretado com prevalência da intenção dos contraentes à literalidade das cláusulas, evitando-se a oneração excessiva de uma das partes, prejudicial ao equilíbrio contratual, ou obrigações eternas. 3. Dessa forma, ao analisar o negócio jurídico objeto da ação, que se presume seja vantajoso para ambas as partes contratantes, resta evidente o erro cometido pela Bioenergy - Geradora de Energia S/A, ora apelante, ao assumir as obrigações nos termos contratuais celebrados, por não prever a onerosidade excessiva e o desequilíbrio contratual. 4. Diante do exposto, por se enquadrar a hipótese dos autos no art. 138 do Código Civil - "Do erro ou ignorância", impende reconhecer o erro substancial da autora/recorrente, e declarar a anulação do negócio jurídico celebrado entre as partes litigantes, cuja cópia segue às fls. 99/101, denominado "Instrumento Particular de Garantia e outras avenças", com eficácia ex nunc, mantendo a sentença apelada em todos os demais termos, que são aqui confirmados. 5. Por fim, diante da sucumbência recíproca, determino a compensação, nesta ação, dos honorários sucumbenciais e das custas processuais, nos termos do art. 21 do CPC. 6. Recurso de apelação a que se dá parcial provimento.
(TJ-PE - APL: 3938310 PE, Relator: Roberto da Silva Maia, Data de Julgamento: 22/12/2015, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: 25/01/2016)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO RESCISÓRIA - ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO LITERAL A DISPOSITIVO DE LEI E INVALIDAÇÃO DA TRANSAÇÃO HOMOLOGADA EM JUÍZO - VÍCIO NA MANIFESTAÇÃO DA VONTADE - ERRO OU IGNORÂNCIA - DESCONHECIMENTO DA PARTE DA OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO - DESCONSTITUIÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DE DIREITO MATERIAL - AÇÃO RESCISÓRIA INCABÍVEL - CARÊNCIA DE AÇÃO- EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO - INTELIGÊNCIA DO ART. 138 DO CÓDIGO CIVIL E DOS ARTS. 485, VIII E 486 AMBOS DO CPC. A Ação Rescisória não é cabível para a desconstituição de transação homologada por sentença, que visa atingir o negócio jurídico de direito material, notadamente, vício na manifestação de vontade, eis que o ""decisum"" hostilizado não examinou o mérito daquele negócio, que somente pode ser desconstituído através de Ação Anulatória.
(TJ-MG 100000441610570001 MG 1.0000.04.416105-7/000(1), Relator: DORIVAL GUIMARÃES PEREIRA, Data de Julgamento: 18/07/2007, Data de Publicação: 15/08/2007)
APELAÇÃO CÍVEL. ANULABILIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO. EXISTÊNCIA DE VÍCIO DE VONTADE. ERRO. EFEITO EX NUNC. IMPOSSIBILIDADE DE REVERSÃO AO STATUS QUO ANTE. PERDAS E DANOS. INDENIZAÇÃO. ART. 182 CC. EXISTÊNCIA DE PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO. ART. 439 CC. PERDAS E DANOS. 1. Nos termos do art. 171, II, do Código Civil, além dos casos expressamente previstos em Lei, é anulável o negócio jurídico por vício de vontade decorrente de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 2. Adeclaração de anulabilidade é medida excepcional só admitida quando comprovado defeito na manifestação de vontade. Assim, comprovada a existência de vício de vontade por erro, a declaração de sua anulabilidade é medida que se impõe. 3.No entanto, asentença que decreta a anulação do negócio jurídico tem eficácia ex nunc, não podendo infirmar os efeitos materiais do negócio, já produzidos em relação a terceiros. Assim, não havendo a possibilidade de restituição das partes ao estado em que se encontravam anteriormente à avença, sobretudo porque o produto da venda anulada foi entregue a terceiros, a alternativa é a resolução do direito de reembolso na via das perdas e dano (CC, art. 182). 4.Aquele que assumir responsabilidade por fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar (CC, art. 439). 5. Recurso conhecido e provido.
(TJ-DF - APC: 20100310038007, Relator: CARLOS RODRIGUES, Data de Julgamento: 02/09/2015, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 18/09/2015 . Pág.: 200)
DOLO
Fábio Ulhôa Coelho define dolo como “a indução em erro de uma parte do negócio jurídico. Verifica-se esse tipo de defeito de consentimento quando o sujeito declarante é enganado, isto é, passa a ter falsa representação da realidade, em razão de expedientes astuciosos usados pela outra parte, ou por agente constrangedor estranho à relação negocial”. A parte autora do dolo tira proveito do prejuízo de outra parte. 
O dolo se divide em principal e acidental. No dolo principal, o negócio jurídico só é realizado porque a parte foi enganada. O artigo 145 do Código Civil dispõe que os negócios jurídicos são anuláveis por dolo, se caso este for a sua causa, ou seja, o dolo anula o negócio jurídico. 
O dolo acidental, como define o artigo 146 do CC, “só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. Portanto, o dolo acidental não anula o negócio jurídico. O direito romano traz o termo dolus bônus, que é aceitável como técnica de publicidade e propaganda. A legislação brasileira proíbe a propaganda enganosa, como as mensagens subliminares, que Pablo Stolze define como “aquela que atua inconscientemente em face do consumidor, induzindo-o a determinado comportamento” podendo ser um “ comportamento doloso e prática comercial abusiva, situações juridicamente reprováveis”. 
Somente o dolus malus vicia o negócio jurídico e é passível de anulação. Maria Helena Diniz ressalta que não existem normas absolutas que possibilitem diferenciar dolus malus e dolus bônus, cabendo ao órgão judicial fazer a distinção em cada caso concreto, levando em conta a inexperiência e o nível de formação da vítima. 
Carlos Roberto Gonçalves define que o dolo pode ser praticado tanto por ação (dolo positivo), como por omissão (dolo negativo, reticência ou omissão dolosa). O artigo 147 dispõe que “nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”. 
O dolo de terceiro tratado no artigo 148, prevê a anulação do negócio jurídico caso “a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento”. O negócio jurídico pode continuar existindo caso o declaratário desconheça a má-fé do terceiro que impetrou constrangimento ao declarante, e nesse caso, o Código Civil dispõe que “o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou”. 
O dolo do representante, disposto no artigo 149, faz a distinção do representante legal do convencional. Fábio Ulhôa Coelho define que, em casos de representação legal, “o representado não poderá ser responsabilizado civilmente além do proveito que tiver aferido”. Segundo o artigo 149, se “o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos”. 
O artigo 150 trata do dolo bilateral, ou seja, de ambas as partes. Nesse caso, nenhuma das partes pode requerer a anulação do negócio jurídico ou indenização por perdas e danos. Assim, o ato negocial será válido, ficando o dolo de um compensado pelo dolo do outro, segundo Maria Helena Diniz. Ninguém pode valer-se da própria torpeza. 
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS AO DOLO:
APELAÇÃO CÍVEL - NEGÓCIO JURÍDICO - DEFEITO - DOLO - MÁ-FÉ DOS CONTRATANTES - MOTIVO DETERMINANTE PARA REALIZAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE PROVA - ÔNUS QUE COMPETE A QUEM ALEGA - RECURSO IMPROVIDO. O dolo civil para nulificar o negócio jurídico, além de ser verificável no momento da contratação, deve ser o motivo determinante que levou a parte a realizar o negócio jurídico questionado. Ausente a prova de que houve má-fé dos contratantes pela parte que levanta a ocorrência do dolo, a improcedência de seu pedido é medida que se impõe.
(TJ-MS - AC: 10794 MS 2005.010794-5, Relator: Desª. Tânia Garcia de Freitas Borges, Data de Julgamento: 20/06/2006, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: 07/07/2006)
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. EXISTÊNCIA DE USUCAPIÃO EM FAVOR DO ADQUIRENTE. OCORRÊNCIA DE ERRO ESSENCIAL. INDUZIMENTO MALICIOSO. DOLO CONFIGURADO. ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. 1. O erro é vício do consentimento no qual há uma falsa percepção da realidade pelo agente, seja no tocante à pessoa, ao objeto ou ao próprio negócio jurídico, sendo que para render ensejo à desconstituição de um ato haverá de ser substancial e real. 2. É essencial o erro que, dada sua magnitude, tem o condão de impedir a celebração da avença, se dele tivesse conhecimento um dos contratantes, desde que relacionado à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração de vontade, a qualidades essenciais do objeto ou pessoa. 3. A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade em razão da posse prolongada da coisa, preenchidos os demais requisitos legais, sendo que aqui, como visto, não se discute mais sobre o preenchimento desses requisitos para fins de prescrição aquisitiva, sendo matéria preclusa. De fato, preenchidos os requisitos da usucapião, há, de forma automática, o direito à transferência do domínio, não sendo a sentença requisito formal à aquisição da propriedade. 4. No caso dos autos, não parece crível que uma pessoa faria negócio jurídico para fins de adquirir a propriedade de coisa que já é de seu domínio, porquanto o comprador já preenchia os requisitos da usucapião quando, induzido por corretores da imobiliária, ora recorrente e também proprietária, assinou contrato de promessa de compra e venda do imóvel que estava em sua posse ad usucapionem. Portanto, incide o brocardo nemo plus iuris, isto é, ninguém pode dispor de mais direitos do que possui. 5. Ademais, verifica-se do cotejo dos autos uma linha tênue entre o dolo e o erro. Isso porque parece terhavido, também, um induzimento malicioso à prática de ato prejudicial ao autor com o propósito de obter uma declaração de vontade que não seria emitida se o declarante não tivesse sido ludibriado - dolo (CC/1916, art. 92). 6. Portanto, ao que se depreende, seja pelo dolo comissivo de efetuar manobras para fins de obtenção de uma declaração de vontade, seja pelo dolo omissivo na ocultação de fato relevante - ocorrência da usucapião -, também por esse motivo, há de se anular o negócio jurídico em comento. 7. Rercuso especial não provido.
(STJ - REsp: 1163118 RS 2009/0210626-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 20/05/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/06/2014)
COAÇÃO
A coação pode ser entendida como uma imposição da vontade do coator, sobre a vontade do coagido. Ou seja, ocorre quando um indivíduo pressiona outro a cumprir uma obrigação ou contemplar um negócio, mesmo contra a sua vontade.
Gonçalves (2012, p. 405) descreve que “A coação é o vício mais grave e profundo que pode afetar o negócio jurídico, mais até do que o dolo, pois impede a livre manifestação da vontade, enquanto este incide sobre a inteligência da vítima. ”, desta forma é possível entender que a coação provoca um medo e desta forma inibe a vontade do indivíduo que é coagido.
É necessário salientar que a coação se divide em dois tipos:
- Coação absoluta ou física: Muitos doutrinadores insistem em considerar que se ocorreu coação física, o negócio jurídico nem ao menos ocorreu. O primeiro requisito necessário para ser celebrado um negócio jurídico é a vontade do indivíduo, e de fato a vontade do indivíduo não existe nesse tipo de coação. A coação absoluta, compreende numa violência física à vítima que o impossibilita de expressar sua própria vontade. Por medidas de força física o coator consegue roubar um idoso no banco utilizando sua impressão digital. Esta coação resulta em nulidade absoluta do negócio. Flavio Taturce ainda complementa: “A nulidade absoluta está justificada, pois a situação de coação física faz com que a pessoa se enquadre na previsão do art. 3.º, III, do CC, como uma pessoa que por causa transitória não puder exprimir sua vontade.”. (TATURCE, 2014, p. 191)
- Coação moral ou psicológica: Diferente da coação absoluta, nesse caso o indivíduo coator utiliza-se da pressão psicológica com a vítima, ameaçando a ele, a sua família, seus amigos e até mesmo seus bens caso ele não cumpra o que o coator deseja. No caso exemplificado na coação absoluta foi utilizado agressão física, mas, nesse caso, o indivíduo apontando uma arma ao idoso, ameaçando disparar a arma, faz com que a vítima cumpra o que é obrigado pelo assaltante.
Sobre a coação dispõe os artigos 151 a 155 do Código Civil Brasileiro: 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
 Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Art. 154.  Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Observando os artigos é possível concluir que nem toda pressão exercida sobre um indivíduo pode ser entendida como coação. Entendendo a norma em todo o seu aspecto entende-se que alguns requisitos são importantes para o entendimento da real coação. 
De acordo com o artigo 151, a coação ocorre mediante grave ameaça e desta forma, grande temor da vítima por sua vida própria e de seus familiares (ou amigos próximos, caso o juiz assim entenda), temor por seu patrimônio, seus próprios bens. O temor deve ser a causa que determina, que causa a ação da vítima.
O artigo 152 dispõe a avaliação que deve ser feita pelo juiz em cada caso particular. Analisar sexo, idade, saúde e desta forma entender como a ameaça o afetou e o influenciou em seu ato, contra a sua vontade.
Desta forma podemos entender os requisitos para o entendimento da coação como: grave ameaça, a causa do ato praticado pela vítima é por conta da ameaça, temor pela própria vida e por seus entes queridos e a ameaça deve ser injusta, fora dos direitos do ameaçador.
Os artigos 154 e 155 do Código Civil de 2002 tratam da coação exercida por terceiro. O artigo 154 dispõe sobre a anulabilidade do negócio caso o negociante beneficiado tivesse conhecimento da coação que ocorre, desta forma o coator e o negociante que se beneficiou disso responderão juntos pelo ato. Já no artigo 155, ocorre quando o negociante está agindo de boa-fé, sem saber da coação. Desta forma o negócio não será anulado. 
Diferente dos artigos anteriores, o 153 expõe uma forma que não ocorre a coação. Para ocorrer a coação o constrangimento deve ser injusto. Se um credor ameaça o devedor a levar seu nome para o SPC, ele está em seu direito de fazer isso, desta forma, não ocorreu uma coação. Outra forma em que também não ocorre coação é pelo fato de temor reverencial, de um filho que tem medo do pai, ou de um funcionário com medo do patrão. A menos que exista violência física ou psicologia contra eles, não é entendido como coação os atos praticados por eles. 
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS À COAÇÃO:
DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ALTERAÇÃO DE CONTRATO SOCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DAS TRATATIVAS. AUSÊNCIA DE AFFECTIO SOCIETATIS. COAÇÃO. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMISSÃO DE POSSE. IMÓVEL OBJETO DE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. IMPOSSIBILIDADE. NEGÓCIO JURÍDICO NULO. 1. Considerando-se que um dos requisitos para a affectio societatis é justamente a declaração expressa e manifestada livremente de permanecer em sociedade, restando comprovada a existência de coação, deve ser declarada nula a alteração contratual que permitiu o ingresso do coator na sociedade empresária. 2. Tratando-se de imóvel objeto de contrato de concessão decorrente de programa de desenvolvimento econômico, a cessão do imóvel para terceiros mostra-se indevida, devendo a transação ser declarada nula, com o retorno das partes ao status quo ante. 3. Apelações conhecidas e não providas.
(TJ-DF - APC: 20130110233425, Relator: ANA CANTARINO, Data de Julgamento: 02/12/2015, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 11/12/2015 . Pág.: 151)
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. COAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. AUTOR DA AÇÃO NÃO LOGROU ÊXITO EM PROVAR OS FATOS CONSTITUTIVOS DO SEU DIREITO NA FORMA DO ART. 333, I DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. 1.Tratam os autos de Recurso de Apelação interposto da sentença que julgou improcedente a Ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico ajuizada em razão de suposta coação quando da celebração de contrato. 2. Nas razões recursais, afirma-se que "ficou regiamente comprovado que a apelante foi coagida pelo apelado, através de ameaças contra a sua vida e de seus familiares" . 3. As provas produzidas consistem em depoimentos pessoais das partes e de testemunhas, além do contrato de compra e venda, recibo, documentação do imóvel. 4.Não se entremostra suficientemente comprovada conduta ilícita do recorrido apta a ensejar o reconhecimento de anulação do negócio jurídico. 5. Assim, não tendo a autora/apelante comprovado os fatos constitutivos do direito alegado, na forma preconizada no artigo 333, I doCódigo de Processo Civil, não há como acolher seu pleito. 6. Recurso conhecido e desprovido. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, em, unanimemente, conhecer do recurso para negar-lhe provimento, de acordo com o voto do Relator. Fortaleza, 29 de fevereiro de 2016. Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR PAULO FRANCISCO BANHOS PONTE Relator
(TJ-CE - APL: 00115484520108060158 CE 0011548-45.2010.8.06.0158, Relator: PAULO FRANCISCO BANHOS PONTE, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: 01/03/2016)
DIREITO CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA E AÇÃO ANULATÓRIA - RECONHECIMENTO DE DÍVIDA EM DOCUMENTO PARTICULAR - ALEGAÇÃO DE COAÇÃO - ANULABILIDADE DO DOCUMENTO - ARTIGO 151 DO CÓDIGO CIVIL - CONCEITO TÉCNICO DE COAÇÃO - ABUSO DO DIREITO - INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS - HIGIDEZ DO DOCUMENTO - SENTENÇA MANTIDA. 1. O VÍCIO DE CONSENTIMENTO DECORRENTE DA COAÇÃO DEPENDE DA EXISTÊNCIA DE PRESSÃO MORAL RELEVANTE, FUNDADA EM TEMOR DE PREJUÍZO IMINENTE E SIGNIFICANTE SOBRE A PESSOA COAGIDA OU SOBRE SUA FAMÍLIA OU BENS, O QUE, SE CONFIGURADO, PODERÁ LEVAR À ANULABILIDADE DO ATO VICIADO, NOS TERMOS DO ARTIGO 151 DO CÓDIGO CIVIL. 2. A EXIGÊNCIA POR PARTE DE COPROPRIETÁRIO DE QUE O OUTRO PROPRIETÁRIO DECLARE FORMALMENTE QUE DEVERÁ PARTE DO QUE RECEBERÁ EM CESSÃO DE DIREITOS SOBRE O BEM COMUM NÃO CONSTITUI COAÇÃO OU ABUSO DO DIREITO, POIS CONSTITUI EXERCÍCIO NORMAL DE UM DIREITO (ARTIGO 153 DO CÓDIGO CIVIL). 3. FUNDADA A DEFESA EM EMBARGOS À MONITÓRIA E O PEDIDO DE ANULAÇÃO DE DECLARAÇÃO NA SUPOSTA COAÇÃO NO MOMENTO DE FORMALIZAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR DE DECLARAÇÃO DE DÍVIDA, URGE MANTER A CONDENAÇÃO NA AÇÃO MONITÓRIA E O AFASTAMENTO DA PRETENSÃO ANULATÓRIA. 4. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E IMPROVIDA.
(TJ-DF - APC: 20100111178358 DF 0041901-27.2010.8.07.0001, Relator: SIMONE LUCINDO, Data de Julgamento: 17/07/2013, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 25/07/2013 . Pág.: 77)
ESTADO DE PERIGO
De acordo com o Novo Código Civil de 2002 consta também como defeito do negócio jurídico o Estado de Perigo. O artigo 156 diz: “configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa”. Completando no Parágrafo Único “Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. ”
Desta forma, “no estado de perigo, o negociante temeroso de grave dano ou prejuízo acaba celebrando o negócio, mediante uma prestação exorbitante, presente a onerosidade excessiva (elemento objetivo). Para que tal vício esteja presente, é necessário que a outra parte tenha conhecimento da situação de risco que atinge o primeiro, elemento subjetivo que diferencia o estado de perigo da coação propriamente dita e da lesão. ” (TATURCE, 2014, p. 193). Ou seja, quando o indivíduo que teme por dano a ele, sua família ou amigos (depende do entendimento do juiz), é levado a celebrar um negócio jurídico em que ele próprio sairá em desvantagem. O próprio indivíduo entende sua desvantagem, mas por razão de perigo de saúde e de vida prefere assumir a obrigação excessivamente onerosa.
É possível exemplificá-lo com os casos recorrentes, em que o hospital, conveniado com o SUS omite essa informação ao atender um paciente em grave estado e negocia com seu familiar que está atordoado com o risco, o atendimento particular. Ou até mesmo hospitais que cobram a realização de depósitos para atendimentos de urgência. Pais que tem seu filho sequestrado e vendem grande parte do patrimônio familiar a preço inferior ao preço real (para um indivíduo que saiba do sequestro), na tentativa de garantir a quantia necessária com urgência. 
Assim, interpretando minuciosamente o artigo 156, é possível entender todos os elementos realmente necessários para ser determinado que o negócio jurídico ocorreu em estado de perigo. Primeiramente, todo o fato deve ocorrer num momento de extrema necessidade, em que o indivíduo pretende salvar-se ou salvar algum familiar. A ameaça deve ser eminente e em caso de não cumprimento algo fatalmente pode ocorrer com extrema gravidade com ele, com algum familiar, ou algum ente muito querido (dependendo da análise do juiz).
 A outra parte, que visa o estabelecimento do negócio tem conhecimento sobre o momento difícil que o indivíduo está vivendo e quer apenas obter vantagem no negócio. E por último, a obrigação assumida deve ser excessivamente onerosa. Se for ao menos razoavelmente onerosa, não será considerada um defeito do negócio jurídico e nada será feito. (GONÇALVES, 2012).
Nesses casos, a sanção aplicada é a anulação do negócio jurídico no prazo de quatro anos, contados a partir da celebração do negócio, baseado nos artigos 171, II e 178, II. Além disso, o juiz pode basear sua justificativa nos diversos dispositivos do Novo Código Civil que consagram os princípios da boa fé, da probidade e que condicionem o exercício da liberdade de contratar.
No artigo 178, inciso II do Código Civil Brasileiro consta “no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; ” desta forma, é possível entender que a norma é extremamente rigorosa e por isso, nesse ponto, ela é bastante criticada por doutrinadores por se mostrar inflexível diante do fato de que, comprovando o estado de perigo o negócio já é anulado, sem possibilidade de conservação do contrato. E desta forma, o indivíduo que presta o serviço com má-fé se vê sozinho no prejuízo, pois o serviço foi prestado, mas não haverá pagamento. Entende-se que a lei se mostra com essa rigidez pelo fato de que o indivíduo agiu de má-fé, com a intenção de tirar vantagem da vítima.
Por esse motivo, a III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal e o Supremo Tribunal de Justiça, propôs o Enunciado 148 que diz: “Ao ‘estado de perigo’ (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.”. O §2º do artigo 157 do Código Civil dispõe: “Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. ”, assim, existe a possibilidade de não anulação do negócio jurídico mediante o estado de perigo.
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS AO ESTADO DE PERIGO:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO-ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA. DESPESAS MÉDICO-HOSPITALARES. ESTADO DE PERIGO.
Atendimento particular em hospital que oferece internação pelo SUS. Contrato de prestação de serviços que não esclarece a modalidade particular. Exigência de marcação da opção pelo SUS e de que a parte se dirija a outro guichê que, diante da ausência de esclarecimentos pelo hospital, caracteriza o estado de perigo a amparar o vício na contratação do leito particular. Cobrança improcedente. APELAÇÁO PROVIDA. 
(Apelação Cível Nº 70064544323, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Beatriz Iser, Julgado em 27/05/2015).
APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. DESPESAS HOSPITALARES. ESTADO DE PERIGO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. OCORRÊNCIA.
Hipótese em que a vítima foi encaminhada por terceiros a nosocômio privado, sem que estivesse presente algum familiar. Peculiaridades no caso que impossibilitaram a remoção do paciente para instituição conveniada com o SUS. Não há como se exigir que uma mãe, frente ao concreto risco de óbito de seu filho, se ativesse a pensar friamente acerca das conseqüências da assinatura de um documento. A autora é entidade filantrópica, devendo observar o que dispõe o Decreto 2.536/98. APELO DESPROVIDO.
 (Apelação Cível Nº 70040929135, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 18/07/2013)
LESÃO
A lesão é configurada pelo Código Civil quando alguém se aproveita da inexperiência ou da situação de necessidade de outra pessoa para obter um lucro exagerado, desproporcional. Segundo o artigo 157,ocorre a lesão “quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. Tal desproporção, como cita Maria Helena Diniz, deverá ser apreciada segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico (CC, art. 157, §1º). 
Dois elementos compõem a lesão: o objetivo, que segundo Carlos Roberto Gonçalves, “consiste na manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, geradora de lucro exagerado” e o subjetivo, “caracterizado pela inexperiência ou premente necessidade do lesado”. Fábio Ulhôa Coelho dispõe que para que se caracterize a lesão, o elemento objetivo deve ser mensurado no momento da constituição do negócio jurídico.
Carlos Roberto Gonçalves diferencia lesão do dolo. No dolo, o contratante induz o outro à prática do ato lesivo e na lesão, apenas tira proveito da situação alheia. Não se confunde a lesão também com o estado de perigo. A lesão só acontece quando não houver estado de perigo, decorrente de necessidade real de se salvar. Na lesão, não é obrigatório que a outra parte saiba da necessidade ou da inexperiência do lesado. Já no estado de perigo, tal ciência é fundamental para a configuração do mesmo. 
O Código Civil prevê duas soluções para o lesado: a anulação ou a revisão do contrato. O §2º do art. 157 admite que as partes reequilibrem o negócio para evitar sua anulação: “Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. 
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS À LESÃO: 
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. MEDIDA CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO. PROCESSO DE EXECUÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E NULIDADE DE ATO JURÍDICO. INCIDENTE DE IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. JULGAMENTO ÚNICO. ACÓRDÃO ÚNICO. CONTRADO DE LOCAÇÃO. DESPROPORCIONALIDADE ENTRE O VALOR DO OBJETO LOCADO E O VALOR COBRADO PELA LOCAÇÃO. LESÃO CARACTERIZADA. NEGÓCIO JURÍDICO ANULADO. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. EVIDÊNCIA NÃO CARACTERIZADA. RECURSO DE APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO ADESIVO PREJUDICADO. Não é ilícita a locação livremente pactuada, mesmo que o objeto locado não tenha qualquer valor comercial, contudo, anula-se o negócio jurídico se evidenciada a lesão pela desproporcionalidade entre o preço da locação e o valor da coisa locada nos termos do art. 157 do CCB/02. "O dano moral da pessoa jurídica é construção doutrinária e jurisprudencial, consolidada na Súmula 227 do STJ:"A pessoa jurídica pode sofrer dano moral". Porém, a possibilidade de pessoa jurídica experimentar dano moral está calçada na violação de sua honra objetiva intimamente relacionada à publicidade de informações potencialmente lesivas à sua reputação. Dessarte, à mingua de publicidade, não se vislumbra direito à compensação por dano moral em razão do mero apontamento do título a protesto se a intimação do Tabelionato não foi feita por edital, mas realizada via portador ou carta entregue no endereço oferecido pelo credor" (Apelação Cível n. , de Caçador, rela. Desa. Janice Goulart Garcia Ubialli, j. 6-6-2013).
(TJ-SC - AC: 20090710524 SC 2009.071052-4 (Acórdão), Relator: Stanley da Silva Braga, Data de Julgamento: 21/08/2013, Sexta Câmara de Direito Civil Julgado, )
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO ORDINÁRIA DE IMISSÃO NA POSSE. ARGUÍDAS AS TESES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DOS APELANTES, E DE NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO, CERCEAMENTO DE DEFESA E INDEFERIMENTO DO PLEITO DE DENUNCIAÇÃO À LIDE AO MANDATÁRIO DOS APELANTES. PEDIDO DE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, MEDIANTE O RECONHECIMENTO DE SIMULAÇÃO OU LESÃO NO NEGÓCIO JURÍDICO, ATRAVÉS DO QUAL O APELADO OBTEVE A PROPRIEDADE DO BEM IMÓVEL. RECONHECIDA A ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DOS APELANTES. PREJUDICADA A ANÁLISE DAS DEMAIS TESES. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. UNANIMIDADE. 1. Em se tratando de ação de imissão na posse, instrumento utilizado pelo proprietário que possui o domínio, mas nunca teve a posse do bem, o legitimado a figurar no polo passivo da demanda é aquele que possuir, a qualquer título, o bem reivindicado, sob pena de ofensa aos princípios do contraditório, da ampla de defesa e do devido processo legal. 2. Incontroverso, nos autos, que a posse direta do bem se encontra com terceira pessoa. 3. Necessidade de extinção do processo, sem resolução do mérito, na forma do artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido, por unanimidade.
(TJ-AL - APL: 00848386120088020001 AL 0084838-61.2008.8.02.0001, Relator: Des. Fábio José Bittencourt Araújo, Data de Julgamento: 05/02/2014, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: 10/02/2014)
FRAUDE CONTRA CREDORES
Diferente dos defeitos jurídicos já citados nos tópicos acima, a fraude contra credores não é entendida como um vício de consentimento, mas como um vício social. A diferença entre os dois tipos de vícios está no fato de que no vicio de consentimento, o contratante tem uma notável diferença entre o que ele quer fazer e o que ele faz, afinal de contas, sua vontade é inibida, desta forma, é ele próprio que sai prejudicado. Já no vício social ocorrem atos contrários à lei e a boa-fé, onde o fato decorre da vontade real do devedor de prejudicar o credor. 
A fraude contra credores é muito confundida com a simulação por esta também ser um vício social, porém a simulação acontece quando algo diferente do que está no papel acontece, quando ambas as partes simulam, mentem (conluio das partes). No caso da fraude não. Apenas o devedor é fraudulento (em alguns casos uma terceira pessoa também). Outra diferença compreende que no caso da fraude o negócio jurídico é anulável (com prazo de decadência), dependendo do chamado do credor, já na simulação, a nulidade é absoluta (art.167, CC) e o juiz mesmo sem a invocação das partes reconhece o vício.
Na fraude contra credores, o devedor que tem seu patrimônio como garantia de pagamento da dívida, desfalca-o intencionalmente, fazendo com que se torne impossível a quitação de suas dívidas, causando um verdadeiro prejuízo ao credor. 
Carlos Roberto Gonçalves nos traz uma melhor elucidação sobre o tema, explicando que a “Fraude contra credores é, portanto, todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou por ele reduzido à insolvência. ” (GONÇALVES, 2012, p. 428)
É necessário lembrar que se o devedor coloca como garantia de suas dívidas o seu patrimônio, e este, respondendo por suas inúmeras dívidas com credores, ao gastar sem cessar, diminuindo substancialmente o seu patrimônio, ele não está gastando mais seu próprio dinheiro, mas o dinheiro que quitariam seus débitos, logo, o credor pode acionar o Código Civil e em caso de uso fraudulento, de colusão, pode ocorrer a anulação desse último negócio, para que o credor consiga se livrar do prejuízo.
Para ser considerado fraude contra credor são necessários dois elementos: O elemento objetivo (eventus damni) é o ato real de prejudicar o credor, ou seja, o dano consiste na insuficiência de bens para satisfazer credores e o elemento subjetivo (consilium fraudis), que pode ser entendida como a intenção de prejudicar o credor (previsão do dano que irá causar).
De acordo com o artigo 158 do Novo Código Civil:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Desta forma é possível entender que há outras maneiras de ocorrer fraude. A transmissão gratuita geralmente ocorre quando um pai doa os seusbens aos seus filhos ou parentes próximos, ou que ele renuncie qualquer direito que já tenha adquirido, dessa forma dificultando o acesso do credor ao seu patrimônio. 
O Código Civil ainda cita a remissão de dívida, ou o perdão de dívidas, que ocorre quando o devedor perdoa dividas existentes. Porém essas seriam benéficas ao credor. Por este motivo, neste caso, o legislador protege os interesses do credor, visto que, a própria lei presume a existência de fraude e ampara o credor para que não haja prejuízo. No artigo 159 do Código Civil fica exposto:
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Assim, havendo um terceiro no caso, o que compra os bens do devedor, cabe ao legislador decidir a quem proteger: o credor ou o terceiro de boa-fé. O protegido será o terceiro, que agiu de boa-fé, sem saber da insolvência do que lhe vendeu os bens, pois a proteção a ele significa um estímulo à economia que estimula a circulação de mercadorias. 
Desta forma, mesmo que o credor tente anular o negócio entre o devedor e o terceiro, não será possível, salvo quando ocorrer consilium fraudis ou conluio fraudulento. O conluio fraudulento pode ser exemplificado pela compra do bem do devedor por um indivíduo próximo a ele, ou até mesmo, simplesmente pelo terceiro saber da insolvência do indivíduo. Se for provado a má fé do terceiro ao adquirir o bem, a alienação será anulada. Ou como procede no artigo 161: 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
É importante salientar que somente no caso de transmissão onerosa é necessário ocorrer consilium fraudis, ou seja, é necessário a prova da ocorrência de conluio fraudulento. Nos outros casos, somente a presunção é suficiente.
Para afastar a suspeita de má fé do adquirente dos bens do devedor e consequentemente a anulação do negócio jurídico pode ser levada em conta o artigo 160 do Código Civil:
“Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real”.
Este artigo deixa explícito que o comprador dos bens do devedor deve depositar em juízo valor próximo pago a bem para afastar qualquer suposição de má fé, tornando inviável ao credor a chamada “Ação Pauliana”. 
Os artigos 162 e 163 do Código Civil tratam do direito de igualdade que deve ser mantida entre os credores:
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
O art. 163 dispõe que é fraude o devedor manter garantias especiais com um dos credores e o art. 162 diz que o credor que receber antes do vencimento deve repor. Ambos se colocam desta forma pela razão de que se apenas um ou alguns credores tiverem mais garantias de recebimento ou receberem antes, isto sairá do patrimônio do devedor, desta forma, os outros credores receberão menos do que lhes é de direito.
Sobre isso, Flávio Taturce salienta que:
No caso de eventual insolvência do devedor não empresário (ou sociedade empresária, para a qual se aplica a Lei 11.101/2005 – nova Lei de Falências), deverá ser aberto concurso de credores, entrando todos os sujeitos ativos obrigacionais em rateio, na proporção de suas dívidas. (TATURCE, 2014, p.205)
E assim, demonstra realmente inviável a utilização dessas garantias com privilégios. 
O artigo 165 que dispõe também sobre o assunto: 
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Desta forma, segundo este artigo as garantias especiais dadas ao credor serão anuladas e ele se tornará apenas um credor quirografário. Desta forma se mantem todos os credores de forma igualitária.
Outro fato fundamental para o entendimento desse vício consta no artigo 164 do Código Civil:
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Apesar de parecer que todo e qualquer gasto do devedor é considerada fraude ou tentativa de finalizar seu patrimônio, ao devedor é permitido até mesmo contrair novos débitos quando for para manter a subsistência de sua família ou para manter os estabelecimentos mercantis, rurais ou industriais que possui. Desta forma, não é vista como má fé por ser uma tentativa até mesmo de beneficiar o credor, visto que, se o indivíduo conseguir se reerguer ele pode conseguir quitar suas dívidas.
Por fim, nos casos em que que ocorrem realmente a fraude, são movidas por credores quirografários (que não possuem garantia) ações revocatórias ou Paulianas, que tem o objetivo de impugnar os atos fraudulentos dos devedores com o seu patrimônio, fazendo os bens vendidos por má fé voltarem a ele, na tentativa de prevenir ou diminuir o prejuízo causado aos credores.
Porém, muito ainda se é debatido sobre essa posição do Código Civil sobre a ação Pauliana. Carlos Roberto Gonçalves dá uma verdadeira esplanada no assunto, com base no entendimento de diversos doutrinadores:
O novo Código não adotou, assim, a tese de que se trataria de hipótese de ineficácia relativa do negócio, defendida por ponderável parcela da doutrina, segundo a qual, demonstrada a fraude ao credor, a sentença não anulará a alienação, mas simplesmente, como nos casos de fraude à execução, declarará a ineficácia do ato fraudatório perante o credor, permanecendo o negócio válido entre os contratantes: o executado-alienante e o terceiro adquirente. (...) Se o devedor, depois de proferida a sentença, por exemplo, conseguir levantar numerário suficiente e pagar todos eles, o ato de alienação subsistirá, visto não existirem mais credores. (GONÇALVES, 2012, p.433-434)
Apesar do debate, a Comissão Revisória ainda entende que ambos os entendimentos chegam ao mesmo fim e por isso não veem necessidade de mudança na norma. Além disso, o Supremo Tribunal de Justiça, que uniformiza as jurisprudências brasileiras, também defende a tese da anulabilidade do negócio.
JURISPRUDÊNCIAS RELATIVAS À FRAUDE CONTRA CREDORES
 Ação pauliana – Venda de imóvel de propriedade do Apelado para a sua filha – Alienação ocorrida anteriormente ao ajuizamento de medida cautelar de protesto contra alienação de bens imóveis interposta pela empresa Apelante – Alienação deste bem e de diversos outros que levou o devedor à insolvência – "Eventus damni" caracterizado – Existência do conluio fraudulento – Alienação que ocorreu entre pais e filha, por valor bem abaixo do praticado no mercado - Procedência da ação pauliana que, no entanto, leva à ineficácia e não à anulabilidade do negócio jurídico –
 Honorários advocatícios sucumbenciais – Valor fixado em 10% do valor da causa – Inteligência do art. art. 20, § 3º doCPC – Recurso provido.
	Processo:
	APL 01823226220128260100 SP 0182322-62.2012.8.26.0100
	Relator(a):
	Rui Cascaldi
	Julgamento:
	03/11/2015
	Órgão Julgador:
	1ª Câmara de Direito Privado
	Publicação:
	04/11/2015
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FRAUDE CONTRA CREDORES.EMBARGOS DE TERCEIRO. DOAÇÃO A FILHOS. INEFICÁCIA PERANTE A EXECUÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 7/STJ. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO.
1.- A doação de bem imóvel da executada insolvente aos filhos, caracteriza má-fé por fraude contra credores, nos termos da Súmula 375 do Superior Tribunal de Justiça. As razões do Recurso Especial, na parte relativa à prova da má-fé, não vem amparadas em alegação de ofensa a lei federal nem em dissídio pretoriano, merecendo aplicação a Súmula 284/STF. Nessa medida restaria hígido o fundamento do Acórdão relativo à comprovação de má-fé, o que seria suficiente para manutenção do julgado.
2.- A convicção a que chegou o Acórdão decorreu da análise do conjunto fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame do mencionado suporte, obstando a admissibilidade do Especial o enunciado 7 da Súmula desta Corte Superior.
3.- Agravo Regimental improvido.
	Processo:
	AgRg no AREsp 413948 RS 2013/0351698-3
	Relator(a):
	Ministro SIDNEI BENETI
	Julgamento:
	26/11/2013
	Órgão Julgador:
	T3 - TERCEIRA TURMA
	Publicação:
	DJe 03/12/2013
Referências
Código Civil Brasileiro, 2002.
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Civil, volume 1. – São Paulo: Saraiva, 2003. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. 1. Teoria Geral do Direito Civil. 29ª edição. Editora Saraiva, 2012.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Vol. 1- Parte geral - 10. ed. — São Paulo : Saraiva, 2012.
TATURCE, Flávio. Manual de Direito Civil, volume único. 4 ª ed. 2014.

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