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Aula 6

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Aula 6 – O Reino Egípcio, Um Pouco da História Política
O diálogo entre magia, os mitos e a organização política não é um caminho fácil, mas é algo absolutamente necessário.
Um dos modelos recorrentes na busca de uma organização dos espaços sociais é a co-regência como forma de sucessão. A escolha do faraó é uma questão política e que envolve uma série de poderes egípcios, tanto os nomarcas, mas principalmente os sacerdotes. Devemos sinalizar que a morte de um faraó não é necessariamente a busca imediata de um sucessor, existem disputas recorrentes que são delineadas nos textos dos sarcófagos e nas sucessões dinásticas. Esta prática apresenta dois fatores importantes de serem observados, uma vez que pode significar a sucessão familiar garantida, mas também de maneira constante encontramos a divisão do trono do faraó como um acordo, uma aliança entre diferentes casas evitando disputas internas. Esta prática era bem vista, porque a função do faraó, em especial no antigo e no médio Império, era o equilíbrio da sociedade.  Aquele que conseguisse passar uma sociedade de forma pacífica é considerado um sucessor legítimo de Hórus e teria seu nome marcado para a posteridade.
Os nomos, as regiões de domínio ao longo do Nilo, não desaparecem em momento nenhum, nem tampouco estabelecem um exército em que deixe suas fronteiras claramente definidas, tanto que o Egito fica suscetível a constantes invasões. As disputas pela sucessão, muitas vezes, revelam a disputa constante destas forças. Quando falamos em burocracia no Egito antigo, fala-se no faraó, mas para além da liderança algumas figuras são fundamentais:
Vizir ( O termo quer dizer arquiteto. Ele é aquele que toma as decisões administrativas. É ele que cuida do comércio, que controla os escravos, que garante a corveia e estrutura as grandes construções.
Sacerdotes ( não há só um templo ou um deus no Egito, como já vimos na última aula, a representação dos sacerdotes de Amon tende a ter a hegemonia na escolha do faraó, no entanto, todos os demais templos são figuras importantes. Um momento emblemático da força desta figura ocorre durante o Novo Império, para ser mais específico, no momento em que o faraó abandona o templo de Amón e busca apoio em Aton como deus principal, alguns defendem que único, dos egípcios.
Devemos sublinhar que a escolha de Amon como o principal Deus egípcio é um indicativo político importante, uma vez que o culto a Amon e seus principais templos estão localizados na parte norte do Egito, e é esta estrutura aristocrática a principal base de apoio da unificação das duas coroas, da existência de um Egito faraônico. Ciro Flamarion Cardoso em um artigo sobre os núbios no livro Impérios na História sublinha que a dominação destes grupos em muitas posições do sul do Egito é um indicativo importante de uma resistência da região ao domínio faraônico. Neste prisma, devemos ter em conta que as sucessões dinásticas que observamos nas cronologias egípcias são mais do que a organização política, mas sim o entendimento que grupos entram em disputas em que estarão em jogo forças políticas e militares e o novo grupo que assume o poder muda os elementos, transforma a aristocracia local.
Os poderes subsequentes, chamados de tardios, na prática são de um novo Egito. De um Egito que estará cada vez mais ligado ao Mediterrâneo, as dominações gregas e em especial romanas, uma vez que este será uma das áreas de celeiro de Roma, pelo potencial da agricultura já implementada anteriormente. Entre o fim do Novo Império e o século XX, o Egito jamais conseguiu se constituir novamente como um governo autônomo, foi dominado por Romanos, Bizantinos, Muçulmanos, Turcos, Ingleses, sendo autônomo somente no último século. Culpa do passado, não mesmo, pois cada momento histórico é singular, tem continuidades e rupturas, relações que datam de períodos muito longos, mas também elementos presentes no cotidiano destas sociedades. O desafio de estudar o Egito é fazê-lo sem se apaixonar.
Pensando no Antigo Império, notamos que a constante mudança de cidades como cede do poder central, demonstram o fenômeno que tratamos a pouco, com a figura do Faraó sendo fruto das disputas dos poderes locais, e ao mesmo tempo símbolo de uma união que garantia a existência do Egito como um reino. ( O I Período Intermediário: Período em que as disputas políticas se sobrepõem a uma centralização e os nomos marcam o domínio da região. ( O Médio Império é considerado frágil politicamente, tão frágil que ele sobre uma série de invasão no território egípcio, a mais crítica foi a dos hicsos, que assumiram a posição de faraós. A História contada pelos registros egípcios não reconhecem nenhum faraó sobre esse período. ( O II Período Intermediário é considerado obscuro pela história, uma vez que muitos dos seus registros foram destruídos pelos egípcios do Novo Império. Os relatos do Novo Império, sucessor deste momento, constroem a ideia de um momento de barbárie. ( O Novo Império é um período em que de certa forma o Faraó é reinventado. Frentes locais obtém uma vitória político-militar que estabelece a figura de um faraó guerreiro.
Enfim, os hicsos entram no Egito, justamente, pela dificuldade de associação militar egípcio tomam o poder e, ao se nomearem, governadores do Egito, mais que isso os egípcios adotam a leitura do faraó. O novo Império é o momento que grupos egípcios conseguem por uma série de revoltas reorganizar a ideia de um governo egípcio, em especial através da liderança militar de Amhoses. Esta formação transforma definitivamente a figura do faraó, que passa a ser um comandante militar, sem perder seus aspectos de equilíbrio e de divindade. Há uma reação militar liderada por amhore, consolidada por Tutmés, onde tem-se uma clara revolta contra o poder estrangeiro e uma união de grupos de origem nomarca. Essa união dos grupos vai representar, a partir do momento em que se toma o poder, a certeza de que é necessário marcar o poder em todos os lados. É um triunfalismo a vitória militar que vai buscar a tradição egípcia, é a história servindo com afirmação da identidade egípcia contra as populações locais. Daí notarmos como aumentam as quantidades de documentos no Novo Império. Muitos defendem a ideia de que a presença hebraica no Egito se deu durante a ocupação dos hicsos.
Pela tradição egípcia, a história representa o próprio conhecimento do ser egípcio, a história representa o poder. Com isso, entendemos porque todo o período Hicso desaparece da história, ele foi claramente apagado, destruído como uma negação da dominação "estrangeira”. O Novo Império vem com toda uma necessidade de afirmar, de forma forte, o poder. A figura do faraó é mítica e equivale ao poder, mas não vale se não for consolidada. Tutmés III foi um consolidador, mas para garantir o apoio dos nomos, utiliza o prestígio da "rainha" Hatshepsut. Ela é um traço da aliança entre dos nomos, em torno do casamento e, uma vez morto o marido, ela permanece "colada" ao poder. Desta forma, Tutmés continua à frente do poder e faz com que a rainha morra. O túmulo dela que, no início, garantia aquela aliança, foi raspado, apagando-se todas as inscrições sobre ela.  Isso ocorre quando Tutmés tem uma vitória militar e não precisa mais daquela aliança.
O faraó, apesar do poder consolidando, não se torna o elemento único no poder, é um líder militar e representa uma união recente. Uma das grandes marcas dessa dificuldade está no governo de Amenhotep IV. Amenhotep IV, ao assumir o poder, inicia uma reforma religiosa. O panteão egípcio é um conjunto de vários deuses representantes dos nomos. É uma associação entre muitos elementos religiosos em que não se quer, necessariamente, criar uma unidade. A ideia é fazer com que o faraó conviva, de maneira constante, com esses diversos grupos. Pode-se ter um deus com várias representações ou um símbolo com várias leituras.
Esse envolvimento nos faz entender porque no Novo Reino ou Novo Império, quando se precisa de uma consolidação, precisa-se afirmar o poder, tem-se um faraó quevai negar a necessidade do conflito que representava o Panteão, expulsando todos os deuses, por decreto, honrando apenas um deus Athon. Ele se denomina o sacerdote de Athon, ele junta assim dois poderes, o do sacerdote e o do faraó. No primeiro momento, Amenhotep IV assume o nome de Akhenaton. Seu movimento, ao que os documentos indicam, é vitorioso, tanto que seu filho será seu sucessor. Tutankaton torna-se faraó ainda jovem, após a morte do pai, mesmo com a contestação torno do faraó. Este sistema, no entanto, é complexo para ser mantido, e após uma série de disputas, uma nova aliança é firmada: Tuatankaton torna-se Tutancamon, e retoma a valorização de Amon. A volta de Amon e, ele associa a figura do Rá a Amon, Amon-rá. Essa representação está buscando uma ampliação da base política, além do aspecto religioso.
Amon: Rei dos deuses, ele é o senhor dos templos de Luxor e Carnac. Tem por esposa Mut e por filho Khonsu. Sua personalidade formou-se por volta de 2000 a.C. e traz algumas funções de Rá: sob o nome de Amon-Rá, ele é o sol que dá vida ao país. À época de Ramsés III, Amon tornou-se um monárquico, mesmo título que Ptah e Rá. Frequentemente representado como um homem vestido com a túnica real e usando na cabeça duas altas plumas do lado direito, ele se manifesta, igualmente, sob a forma de um carneiro e, mais raramente, de um ganso.
O nome do faraó é uma escolha política, o faraó muda de nome ao assumir o poder. O nome mais famoso do Novo Império é sem dúvida Ramsés, os sucessores buscarão o seu prestígio e a recorrência será perceptível. Ramsés II é aquele que vai disputar mais batalhas em torno do governo egípcio. Ramsés II é famoso por ter comandado os egípcios na batalha de Kadesh e ser provavelmente um dos protagonistas do Êxodo.
Ainda sobre o Novo Império, devemos falar um pouco do terceiro faraó da Décima Nona dinastia, Ramsés II. Ele era filho do faraó Seti I e da rainha Touya. Sua família era de origem nobre, seu avô já tinha sido general das dinastias que fundam o Novo Império. Filho de Ramsés I, forma uma dinastia de conteúdo fortemente militar, delimitando as fronteiras do Egito. Seguindo a cronologia de Christian Jacq, o último faraó egípcio foi Nectanebo II. Passaram-se cerca de oitocentos anos entre o final do reinado de Ramsés III e o início do de Nectanebo II. O Egito atravessou a decadência ramessida. De 1153 a 1070 a.C., oito reis usarão o ilustre nome de Ramsés, mas nenhum deles conseguirá devolver o poder dinástico do momento da formação do Novo Império. De 1070 a 715 a.C. decorre o Terceiro Período Intermediário. Em 715 a.C., tem início a Baixa Época, que terminará em 332 a.C. com a conquista de Alexandre. Apesar de alguns sobressaltos, o Egito não voltará a conhecer seu antigo poder. O poder dos egípcios some completamente? Não. As disputas entre norte e sul, base do governo faraônico permanecerá existindo.
Chama atenção que a economia passa por períodos difíceis. A religião transforma-se, pois, as linhas populares diferenciam-se cada vez mais dos círculos iniciáticos, e isto gera uma dispersão de seus elementos, fora uma constante influência de práticas estrangeiras. Estas invasões acabarão por fazer daquela região um espaço mítico importante, mas constantemente conquistado. Até mesmo os soberanos estrangeiros que reinam nas Duas Terras terão de ser coroados faraós e passar pelos rituais ancestrais. O faraó é a alma do Egito. Construir esta história deste período conturbado é difícil. Atualmente, inúmeros egiptólogos interessam-se por ela e todos os anos há progressos no conhecimento das dinastias do final do Egito.
Quando Nectanebo II sobe ao trono em 360 a.C, ele tem de confrontar-se com uma situação difícil, quando o rei anterior, Teos, fugira do Egito após uma pesada derrota infligida pelos persas, Nectanebo era soldado da Síria. Regressou precipitadamente a seu país, onde a guerra civil ameaçava eclodir. Jacq sublinha que Teos tornara-se muito impopular devido aos impostos suplementares lançados para equipar as tropas. Nactaneo conteve a revolta, fez-se reconhecer como chefe pelos notáveis locais e tornou-se faraó. Há anos que o Egito se apoiava na sua aliança com os gregos para salvaguardar um mínimo de independência, a ocupação persa (525 - 404 a.C) deixou vestígios em todas as memórias. A trigésima e última dinastia, iniciada em 380 AC, assistiu a mudança de faraós em relação aos gregos. Conhece, porém, um clima de paz e possui uma economia relativamente estável, que lhe permite pôr em prática um grande programa de construções. A figura do Reino vivo vai ser recuperada, muitas vezes, mesmo após estar inteiramente perdida. Os persas, no século VI, dominam o Egito, e o rei se autodenomina faraó. Quando Alexandre conquista o Egito, Ptolomeu assume o comando político-militar. Estabelece uma grandiosa cerimônia para ele Ptolomeu ser eleito faraó, com uma pequena alteração, une as três coroas. Por fim, marca o casamento com a principal representante do mundo local. Como síntese sobre o Egito, podemos compreender que para muito além de um espaço especial, marcado pelo ponto mais alto alcançado pelo homem, buscamos entender a sua organização. Notamos que de conjuntos de "tribos" estabelecidas ao longo do curso do Nilo, vemos a constituição de uma sofisticação política que permite, a cerca de 3.000 a.C., a formação de um sistema político complexo, que representava na prática uma associação sociopolítica de diversos grupos e a imposição de um grupo (baixo Nilo) sobre o outro (alto Nilo), sem retirar a ideia de uma aceitação política, uma coroa que se unifica.
Notamos que temos um longo período histórico e, apesar de Cleópatra se afirmar a portadora da coroa de Menés, de Djoser do Escorpião rei, na prática é uma estrutura impensável. Cleópatra é uma das personalidades mais célebres da Antiguidade. No século I a.C., as duas Terras subsistem num mundo mediterrânico dominado por Roma. Desde a vitória de Alexandre, o Delta do Nilo passa por um intenso processo de helenização, ao passo que o Sul mergulha de forma cada vez mais intensa nas relações de poder africanas. O duplo país definitivamente deixa de existir. Segundo Jacq no seu Egito dos Grandes Faraós, quando Cleópatra nasce, no ano de 69 a.C., o império dos ptolomeus já pertence ao passado. O governo de seu país é uma representação local do governo romano. Cleópatra divide o trono com seu irmão, de nome Ptolomeu XIV, de treze anos de idade. Seu nome estará envolvido nas maiores batalhas do principado romano, e por muitos ela é considerada o último faraó do Egito. Repensando esta figura, precisamos entender que o Faraó se tornou um símbolo de poder poderoso, tanto que vai ser recuperado continuamente ao longo da história egípcia, mesmo por grupos que têm uma certa distância cultural da região, vide o caos citado de Cambises entre os persas e Ptolomeu entre os Macedônios.
A perpetuação, a eternidade era o que marcava as grandes figuras. Não temos dados arqueológicos claros sobre a vida cotidiana egípcia, mas ninguém neste planeta que se pergunte sobre o Egito deixará de reconhecer os monumentos para posteridade construídos por seus faraós e vizires. O corpo passou a receber esta marca, não era uma questão somente de alma, era uma questão viva, densa e intensa. O faraó era tão especial que seu corpo viveria para sempre, essa era a busca da mumificação. Para além do símbolo, as disputas políticas não deixam de afetá-los. Por mais que os calendários egípcios pulem o que a historiografia chama de período intermediário, marcando a continuidade do governo do último faraó, na prática, o que encontramos é uma constante busca em indicar que o poderio mítico não era tão poderoso quanto o político. Os faraós eram assassinados, substituídos. Durante todo o médio Império, perderam força, tornaram-se símbolos escondidos, longe dos traços que conseguimos notar da organização política. O Antigo Império é o nascedouro desta fusão, seus representantes buscaram marcar essa grandiosidade estruturando em torno do panteãoegípcio uma relação poderosa entre vida, morte, história e religião. E aí vem uma questão interessante, depois de uma série de invasões estrangeiras, os primeiros faraós são reabilitados pelos faraós do Novo Império. É de lá que são reescritas as listas de reis, são os faraós militares que buscam marcar suas fronteiras, impor sua cultura, seu poderio militar que de forma mais clara nos contam sobre o passado. A criação do Vale dos Reis é uma prova desta questão, a busca era de mostrar o quão grandiosos eram por descenderem, sem o sentido moderno de descendência.
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