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Aula 8 – Governo de Pombal
O Iluminismo surgiu na França no século XVIII e se espalhou pela Europa e pelas Américas, chegando ao Brasil. Foi um movimento intelectual que agregou diversas áreas do conhecimento, como a filosofia, a política, a cultura, a economia, entre outras.  Além da valorização do conhecimento, o Iluminismo foi um movimento de reação ao absolutismo europeu, sistema que possuía características semelhantes às estruturas feudais, influenciado pela Igreja Católica, o monopólio comercial e a censura do pensamento racional quando este ameaçava o domínio da igreja.
O Iluminismo, como corrente de ideias, utilizava a razão acima de qualquer outro elemento para alcançar a liberdade, autonomia e a emancipação. Estimulou diversos intelectuais do ocidente, que passaram a expor suas ideias em livros, artigos, panfletos. As ideias iluministas circulavam em torno da Razão. Para eles, a sociedade era injusta e possuía tantos problemas devido à ignorância, assim, pensavam na criação de escolas e produção de conhecimento baseados na razão e não em conhecimentos religiosos, como acontecia na época. O objetivo da educação seria, desde o início da vida do indivíduo, conectá-lo às luzes da razão. Não é à-toa que o século XVIII ficou conhecido como o “Século das Luzes”. Através da razão os homens atingiriam também o progresso, porém não apenas o material, mas também o progresso institucional, pelo qual os homens se tornariam mais livres. E além da liberdade havia também o ideal de igualdade. O regime político só seria justo quando declarasse e criasse condições de igualdade para os homens, sob a premissa de que nascemos e somos iguais perante a natureza.
Os iluministas acreditavam que a ciência era o resultado lógico do uso da razão, por isso a matemática, a física, a química, entre outras, eram valorizadas e a ciência deveria explicar as leis do funcionamento do Universo e da vida. O pensamento religioso não era mais suficiente para explicar, por exemplo, desastres naturais, então utilizavam a ciência, o pensamento racional, para descobrir suas causas.
A Enciclopédia também surgiu nesse momento como uma forma de divulgar o conhecimento. Foi dirigida pelo matemático D’Alambert e pelo filósofo Diderot. Era composta por 35 volumes, recebeu a colaboração de mais de 300 pessoas e tinha a pretensão de conter todo o conhecimento existente até então. No mesmo contexto, as ideais iluministas chegaram ao Brasil, principalmente as de origem francesa. Jovens da elite brasileira iam estudar em universidades europeias e assim estabeleciam contato com as novas correntes de pensamento desenvolvidas por lá, e ao retornarem divulgavam essas ideias no País. Pelo caráter contestador do Iluminismo, no Brasil, ele influenciou processos de revolta como a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). Alguns dos membros conheciam propostas e ideias iluministas e as utilizaram como base para fundamentar as revoltas.
O Governo Pombalino
A influência iluminista chegou a Portugal na segunda metade do século XVIII através de Sebastião José de Carvalho e Melo, também conhecido como Marquês de Pombal, nomeado ministro pelo rei Dom José I. Durante esse período Portugal passava pelo despotismo esclarecido, ou seja, seu monarca governante implantava políticas baseadas no pensamento iluminista. Marquês de Pombal modernizou a administração pública de seu país e ampliou os lucros provenientes da exploração colonial. Durante os 27 anos em que esteve no cargo, protegeu os grandes empresários, criando as companhias monopolistas de comércio, combateu tanto os nobres quanto o clero e reprimiu igualmente as manifestações populares. Seu período como ministro foi tão marcante que ficou conhecido como Período Pombalino. No campo econômico ele ampliou o mercantilismo e propôs medidas com inspiração nos ideais iluministas. A administração foi modificada também e Pombal instalou a Real Fazenda que centralizava a cobrança de impostos. De fato, Pombal, que estava antenado na ilustração, reformou o sistema político português para manter o sistema colonial. Em outras palavras, podemos dizer que Pombal reformou para não revolucionar.
O governo pombalino também ficou bastante conhecido, pois em 1775 houve um terremoto em Portugal, mais conhecido como Terremoto de Lisboa, que praticamente acabou com a cidade. Após o terremoto, Pombal mandou reconstruir imediatamente a cidade de Lisboa, transformando-a em uma das capitais mais modernas da Europa. Mesmo tendo tido destacada atuação, Pombal desagradou muito aqueles que viviam das regalias da coroa portuguesa e por isso foi acusado de trair os interesses portugueses e de autoritarismo. Por esses motivos não conseguiu manter-se no cargo após a morte de Dom José, em 1777.
Após a morte de Dom José, Maria I assumiu o trono e Pombal não conseguiu mante-se no cargo. O governo de Maria I ficou conhecido como “viradeira”, pois muita coisa mudou das medidas implementadas por Pombal. As companhias de comércio foram extintas e a colônia foi proibida de manter fábricas ou manufaturas, além do governo de Maria I ter reagido com rigor à Inconfidência Mineira. Essas medidas fizeram com que o período posterior ao de Pombal fosse visto de maneira negativa pela historiografia brasileira. De qualquer forma, o governo português, entre 1777 e 1808, continuou realizando reformas para salvar o colonialismo mercantilista e se adaptar aos novos tempos.
A Ações de Pombal para o Brasil
A economia portuguesa não ia bem e as reformas administrativas de Pombal visavam fortalecer o erário e o terremoto de 1755 contribuiu para piorar a situação. Na tentativa de aumentar os lucros retirados da colônia, o governo pombalino instituiu uma série de medidas que afetavam diretamente a colônia e seus habitantes. Dentre as medidas, aquelas que geraram mais impactos foram: criação de aulas régias, criação das companhias do Grão-Pará e Maranhão (1755) e de Pernambuco e Paraíba (1759), extinção das capitanias hereditárias (1759), transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), abolição da escravidão indígena, fortalecimento das defesas militares no sul do Brasil, a cobrança anual de 1500 quilos de ouro e a expulsão dos jesuítas.
Vamos analisar então o que significou cada uma das questões: as aulas régias surgiram a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil. Compreendiam o estudo das ciências humanas e pode-se dizer que foi a primeira reforma do ensino público no Brasil. Embora tenham sido instituídas por Pombal, as primeiras aulas só foram implantadas após a sua saída, em 1774 - aulas de Moral e Filosofia Racional. Conforme o historiador Boris Fausto, a criação das companhias do Grão-Pará e Maranhão (1755) tinha por objetivo: “Desenvolver a região norte, oferecendo preços atraentes para mercadorias aí produzidas e consumidas na Europa, como o cacau, o cravo, a canela, o algodão e o arroz, transportadas com exclusividade nos navios da companhia. Introduziu também escravos negros que, dada a pobreza regional, foram na sua maior parte reexportados para as minas do Mato Grosso.”
A criação da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba buscou reativar a economia nordestina, tendo como base de ação os princípios da anterior. É comum acharmos que o sistema das capitanias hereditárias acabou com a chegada do governador geral, mas de fato as duas formas administrativas conviveram juntas por mais de dois séculos. No entanto, nesses dois séculos o sistema de capitanias foi enfraquecendo e foi extinto no momento em que Pombal fazia uma completa transformação administrativa no intuito de fortalecer o estado português.
A transferência da capital do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro, ainda provoca debates. Uma das motivações pensadas para a transferência foi o fato de Pombal tentar coibir o contrabando de ouro e diamante da região das minas gerais. O Rio de Janeiro teria então uma importância secular na conquista do centro-sul da colônia e, por isso, a transferência da capital seguiria a lógica de umaracionalização da administração colonial, implementada por Pombal. Como o Rio de Janeiro fica mais próximo de Minas, o governo português teria transferido a capital para encurtar o caminho do ouro e com isso diminuir o contrabando. No entanto, estudos mais recentes pensam em questões mais complexas. Segundo Fernanda Bicalho, a importância da cidade do Rio de Janeiro para a sustentação da monarquia e do império português era incontestável, pois: “[...] viria corroborar a posição conquistada, desde o início do século XVIII, de cabeça e lócus articulador do território centro-sul da América e do espaço territorial do Atlântico, em decorrência do tráfico negreiro, dos incessantes conflitos de delimitação das fronteiras luso-espanholas e da importância assumida pela região mineradora.”
Outra medida pombalina que teve importância para a colônia foi o aperto na fiscalização da exploração do ouro. Havia duas formas de exploração do ouro, a lavra e a faiscação. As lavras eram exploradas em grandes jazidas que utilizavam fundamentalmente a mão de obra escrava negra. A faiscação era a pequena exploração, que caracterizava pelo trabalho de um homem livre que poderia ter alguns ajudantes ou escravos. Desde as pequenas descobertas de ouro na capitania de São Vicente no século XVI, promulgou-se um regulamento na metrópole no qual se estabelecia a livre exploração de metais preciosos e no qual a coroa reservava-se o direito ao quinto, ou seja, à quinta parte de todo o ouro extraído. A descoberta de ouro na região das minas gerais fez com que fosse feito o Regimento dos Superintendentes, Guardas-mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, datada de 1702 e que foi válido até o fim do período colonial.
Em 1690 foram criadas as Casas de Fundição, que recebiam o ouro extraído e o transformava em barras e nas quais o imposto do quinto era retido. Embora o contrabando de ouro fosse rigorosamente punido, o fato de pequenas quantidades terem um alto valor agregado contribuía para a infração. A expressão "santo do pau oco", usada para designar pessoas falsas, surgiu provavelmente em Minas Gerais, entre o final do século XVII e o início do século XVIII. Era o Período Colonial, o auge da mineração no País. Para driblar a cobrança do "quinto", o imposto de 20% que a Coroa Portuguesa cobrava de todos os metais preciosos garimpados no Brasil, santos em madeira oca eram esculpidos e, posteriormente, recheados de ouro em pó.
Em 1750 foi instituída a finta, ou seja, a fixação de uma cota fixa de 100 arrobas sobre a produção aurífera. Com a tecnologia que havia na época, em meados do século XVIII já não se conseguia mais a extração de grande quantidade de ouro, como havia sido no passado, assim, a mineração na região das minas gerais entrou em decadência. Como a cota de produção não conseguia ser alcançada, foi instituída em 1765 a derrama, que era uma forma do governo cobrar o imposto, ou seja, toda a população deveria pagar, inclusive com bens pessoais. Embora nunca chegasse às 100 arrobas de ouro, a administração colonial conseguiu durante anos adiar a derrama. Os anos de 1787-1788 foram tensos para os habitantes das minas gerais, pois surgiram boatos de que a derrama seria impreterivelmente implementada e, com isso, surgiram vozes contrárias que acabaram terminando na Inconfidência Mineira, como será visto na aula 9.
Dentre todas as medidas de Pombal, a mais controvertida foi a expulsão dos jesuítas de Portugal e de seus domínios, com o confisco dos bens deles em 1759. A medida tomada por Pombal seguia a ideia de centralização administrativa. O decreto de expulsão dos jesuítas de 1759 dizia: “Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios.” Além dos jesuítas, a ordem religiosa dos mercedários - fundada pelo religioso francês São Pedro Nolasco e que tinha grande importância na Amazônia – foi expulsa em 1760 dos domínios portugueses. Após serem expulsos de Portugal, os jesuítas foram expulsos da França e suas colônias em 1764. Na Espanha, Carlos III expulsou os religiosos em 1767, pela Pragmática Sanção*. O papa Clemente XVI, por acreditar que a ordem estava trazendo mais problemas que soluções, através da bula Dominus ac Redemptor, suprimiu toda a ordem religiosa, que só foi restaurada em 1814 por Pio VII. O foco principal da política pombalina foram os jesuítas, que além da imensa quantidade de terras e de bens, eram também detentores do monopólio da educação, e isso favorecia o fortalecimento da igreja. A expulsão dos jesuítas garantiu ao Estado português a riqueza que antes pertencia à ordem, além de conseguir um afastamento entre igreja e Estado.
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