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Aula 9 – Rebeliões Coloniais
O estabelecimento da empresa colonial portuguesa no Brasil não foi um processo sem conflitos. Desde o início da colonização, os problemas administrativos eram comuns na relação colônia/metrópole. A prática da Coroa em legar a uma pequena elite, grandes faixas de terra, desde a iniciativa das capitanias hereditárias, provocavam, entre os colonos, disputas pela propriedade. Além disso, os cargos burocráticos, que ficavam nas mãos dos portugueses, também eram motivo de insatisfação colonial. À medida que a colonização se consolidava, essas questões se tornavam cada vez mais evidentes e incontornáveis, o que fez do período colonial um terreno fértil para diversas revoltas.
A partir do século XVII, sobretudo, eclodem em diversas regiões brasileiras uma série de revoltas. Essas rebeliões colocavam em xeque o sistema colonial e expunham sua fragilidade. A Coroa reprimia essas manifestações com violência e as duras punições, como morte e desterro, tinham como objetivo servir de exemplo e desestimular outros levantes. Ainda assim, a repressão metropolitana não foi suficiente para impedir que a população se rebelasse e provocasse uma enorme crise nas estruturas político administrativas do Brasil colonial. De modo geral, dividimos as revoltas coloniais em dois tipos:
Nativistas ( São aquelas nas quais se opõem colonos e portugueses.
Separatistas ( São aquelas que reivindicam a separação do Brasil de Portugal.
A exceção é a Insurreição pernambucana, de 1645, que opôs colonos e holandeses, pois eram os holandeses que, neste período, dominavam Pernambuco.
O Nordeste foi palco de diversos desses conflitos. Temos que lembrar que os portugueses chegaram ao Brasil aportando na Bahia e, portanto, o Nordeste brasileiro foi uma das primeiras regiões a ser colonizada. O clima tornava propício a cultura da cana de açúcar e Portugal já detinha uma vasta experiência na montagem da empresa açucareira, pois já tinha estabelecido uma economia baseada nesse produto em outros territórios. Dessa forma, baseado na chamada economia de plantation, formou-se no Nordeste uma próspera economia açucareira, que definiu, de diversas formas, tanto a política quanto a composição social regionais. Vamos ver no que constitui a economia de plantation. 
Isso quer dizer que uma pequena elite dominava a maior parte das terras, os latifundiários. Como mão de obra, um enorme número de escravos foi trazido da África para o Brasil, fazendo do tráfico negreiro um negócio que movimentava enormes quantidades de dinheiro.
As plantações eram constituídas de um único produto – a cana de açúcar - cujo objetivo era a venda no mercado externo. Quem lucrava com esse tipo de negócio era a Coroa Portuguesa, já que pelo pacto colonial Portugal tinha o monopólio de comércio com o Brasil. Além da Coroa, somente os latifundiários obtinham lucros com o comércio de açúcar. Isso significa que havia, na colônia, um enorme abismo social. Os homens livres não tinham acesso à terra, a maior parte da população se encontrava no campo e boa parte dela era constituída por escravos. As condições de vida eram duras e o acesso a alimentos era difícil, já que a maior parte do que era produzido nas terras brasileiras tinha como destino o mercado exterior e não a alimentação da população. A riqueza das terras nordestinas já havia sido alvo da cobiça de outros países europeus que, desafiando os tratados de posse portugueses, invadiram o Brasil. Esse foi o caso dos holandeses, que invadiram o Nordeste e estabelecem uma colônia em Pernambuco, no século XVII. A colonização holandesa foi feita através de uma companhia de comércio, a Companhia das Índias Ocidentais.
O administrador da colônia holandesa no Brasil era o príncipe Maurício de Nassau. Nassau era um hábil administrador e, sob sua gestão, as cidades de Recife e Olinda conheceram um enorme desenvolvimento cultural e econômico. Enquanto Nassau esteve no poder, Portugal foi incapaz de retomar seu território, já que o príncipe tinha o apoio da elite local. Foi somente com o fim de seu governo e seu retorno para a Europa que a população se revoltou com a presença holandesa, expulsando-os do Brasil. Para consolidar e desenvolver a economia açucareira em Pernambuco, a Holanda, através de Nassau, havia concedido empréstimos aos latifundiários. Entretanto, com o fim de seu governo, a Companhia das Índias decide cobrar os empréstimos, ameaçando os latifundiários de tomarem suas terras caso não honrassem suas dívidas. Foi o estopim do conflito, que teve entre seus principais líderes o senhor de engenho português João Fernandes Vieira, o militar André Vidal de Negreiros e o índio Felipe Camarão. O conflito foi decidido na batalha dos Guararapes, ocorrida em Recife em 1848, que culminou com a vitória dos colonos. Em 1654 os holandeses deixam definitivamente o Brasil e Portugal retoma a região.
No século XIX, o pintor Victor Meirelles retratou essa batalha, que entrou para a história como exemplo da resistência nacional aos invasores estrangeiros. Mas a expulsão dos holandeses não significou o fim da crise no nordeste brasileiro. Em 1684, eclode no Maranhão a Revolta de Beckman, que pôs em xeque a presença jesuíta na região. Além do açúcar, o maranhão produzia outros produtos, como o tabaco, além de se dedicar à pecuária. Contudo, grande parte da população vivia na pobreza, se dedicando à pesca e agricultura de subsistência. A mão de obra predominante na lavoura era escrava, mas quanto mais a colônia necessitava de escravos, mais caro estes se tornavam, assim, os latifundiários maranhenses não conseguiam arcar com os custos, o que foi um dos fatores da crise da lavoura que se abateu sobre a região.
Toda a economia colonial era baseada na agricultura. Dessa maneira, ao dizermos que há uma crise na lavoura, significa que essa crise se estende ao sistema econômico como um todo. Daí as revoltas da população e o aumento da miséria.  Nos nossos dias, a agricultura responde por uma parte da economia brasileira e, assim, quando esta entra em crise, o estado consegue superar investindo em outros setores. Mas na colônia isso ainda não era possível, o que explica o papel fundamental da agricultura e a importância da posse de terra. Soma-se a isso a intensa presença jesuítica na região. Os jesuítas abrigavam os índios nas missões com o objetivo de catequizá-los. Sob sua influência, a Coroa proibiu a escravização dos indígenas que, por sua vez, estavam sob a proteção da igreja e não poderiam ser utilizados como mão de obra pelos latifundiários. 
Desobedecendo as ordens de Portugal, os senhores de engenho lideravam ataques às missões jesuítas, apresavam índios e os escravizavam no trabalho da lavoura. Diante das queixas da ordem jesuítica, a coroa instituiu, em 1682, a Companhia de Comércio do Maranhão. O objetivo da Companhia era facilitar o acesso aos escravos, além de fornecer gêneros alimentícios a preços tabelados aos colonos. Essa companhia teria o monopólio do comércio e os senhores deveriam vender a ela suas mercadorias, também a preços tabelados. De modo geral, a intenção da Companhia era dinamizar e regular o comércio maranhense, fornecendo produtos necessários e comprando os produtos locais, que seriam levados para Portugal. Mas a iniciativa foi um fracasso. Queixas de corrupção se multiplicavam. Os colonos reclamavam do alto preço dos alimentos vendidos pela companhia, o número de escravos que havia sido prometido não foi cumprido, os senhores de engenho achavam o preço pago por seus produtos muito baixo e, no lugar de solucionar a crise, a criação da Companhia de Comércio acabou por agravá-la.
Em 1684, o governador Francisco de Sá de Menezes foi a Belém do Pará, em visita oficial. Aproveitando a ausência do governador, ocorreu a revolta, tendo como líderes os senhores de engenho Jorge de Sampaio de Carvalho e os irmãos Manuel e Tomas Beckman. Em 25 de fevereiro  de 1684 os revoltosos tomaram o poder e estabeleceram uma junta provisória. A junta enviou representantes para Belém, a fim detentar negociar com o governador que ali ficara. Francisco Sá prometeu a anistia aos revoltosos e a extinção da Companhia de Comércio, mas suas propostas foram recusadas porque, mais do que a extinção da Companhia, os rebeldes reivindicavam, dentre outras propostas, a expulsão dos jesuítas. Além das tentativas de acordo com o governador, Tomas Beckman foi enviado a Portugal para negociar diretamente com a Coroa. Após sua chegada, foi preso e a Coroa Portuguesa nomeou um novo governador, Gomes Freire de Andrade, que desembarcou no Brasil em 1685, levando consigo várias tropas portuguesas. Os revoltosos não ofereceram resistência e Gomes Freire de Andrade estabeleceu duras punições. Manuel Beckman e Jorge de Sampaio foram condenados à forca e os demais revoltosos, à prisão perpétua. Essas punições se tornaram uma prática comum da Coroa ao reprimir as revoltas ocorridas na colônia a partir de então.
A descoberta de ouro na região das Minas Gerais, no século XVIII, deu origem a novas disputas e conflitos. As áreas de mineração eram alvo da cobiça da Coroa, que taxava rigorosamente todo o metal precioso encontrado, e dos colonos, que constantemente buscavam burlar essa fiscalização. Nesse contexto eclode, em 1707, a Guerra dos emboabas, uma disputa entre os bandeirantes paulistas e os demais colonos, tanto nacionais quanto portugueses, pela posse das minas. Emboabas era o nome pelo qual os paulistas designavam aqueles que vinham de fora para as terras em litígio.
Durante décadas, os bandeirantes paulistas foram responsáveis pela exploração do território brasileiro e suas descobertas ampliaram sobremaneira os dominios portugueses na América. Isso acontecia porque os bandeirantes, em busca de metais preciosos e apresando indígenas, não respeitaram as linhas originais do Tratado de Tordesilhas, invadindo constantemente terras, que a principio pertenceriam à Espanha. Mais tarde, de acordo com o principio Uti Possidetis, que pregava que aquele que de fato ocupava a terra tinha direito a ela, os portugueses reclamaram e obtiveram os territorios que, originalmente, haviam sido desbravados pelos bandeirantes. Cabe lembrar que ainda não existia a capitania de São Paulo e os paulistas eram, na verdade, pertecentes à capitania de São Vicente, na qual se encontravam as terras das Minas Gerais. Por essa razão e por terem sido os pioneiros a chegar às minas, os paulistas as reivindicavam para si.
As notícias da descoberta do ouro se espalharam rapidamente por toda a colônia e, além dos portugueses, diversos imigrantes de outras regiões tomaram o rumo das minas, buscando o enriquecimento. Paulistas e emboabas formavam verdadeiros exércitos e se enfrentavam abertamente pelo controle das minas. Os paulistas eram liderados por Borba Gato; os emboabas, pelo português Manuel Nunes Viana. Os emboabas desejavam expulsar os paulistas e, contando com o apoio dos demais colonos, tiveram sucessivas vitórias. Manuel Nunes Viana foi nomeado governador da região das Minas Gerais. O principal evento dessa guerra ficou conhecido como Capão da Traição.
É interessante perceber que os conflitos coloniais não são, necessariamente, contra a Coroa portuguesa. No caso da Guerra dos Emboabas, ele é fruto de uma disputa interna por territórios. Entretanto, é a incapacidade da Coroa de contornar esses problemas que fazem com que revoltas como essa sejam uma mostra da fragilidade do poder metropolitano. As revoltas nativistas, que opõem colonos e reinóis, como eram chamados os portugueses, são também fruto dos privilégios que estes tinham, em detrimento dos colonos. Na visão dos nascidos no Brasil, os colonizadores eram favorecidos pela administração portuguesa. Uma das últimas revoltas nativistas ocorreu em Pernambuco, em 1710. Depois da expulsão dos holandeses, a produção açucareira da região ficou comprometida. O açúcar brasileiro enfrentava a concorrência do açúcar antilhano e os senhores de engenho haviam contraído diversas dívidas para manter seus engenhos funcionando. À crise econômica somou-se uma crise política. Olinda foi a principal cidade pernambucana durante todo o século XVII. Recife não era uma cidade autônoma, mas fazia parte de Olinda. Com o fim do governo holandês, Recife e Olinda foram progressivamente se separando até aquela ser elevada oficialmente à vila, em 1709, separando-se definitivamente desta.
A separação política era o reflexo de uma separação econômica. Recife dedicava-se ao comércio, que estava concentrado nas mãos dos reinóis. Olinda estava sob o poder dos senhores de engenho, cujos interesses os levavam a defender os monopólios agrícolas. Por se dedicarem ao comércio, os comerciantes de Recife eram chamados pejorativamente de mascates, daí a denominação do conflito. Insatisfeitos com a elevação de Recife à Vila, os olindenses invadiram a cidade. Ao se separar de Olinda, Recife levou consigo um grande poder econômico, oriundo do capital mercantil, portanto, não pagaria mais impostos à Olinda, que necessitava sobremaneira dessa renda para se recuperar, após a expulsão holandesa. Quando Recife recebeu sua autonomia, isso foi um golpe nos interesses de Olinda, daí o conflito que se seguiu. Os recifenses resistiram à invasão de Olinda e foi estabelecida uma guerra entre as duas cidades. O conflito só chegou ao fim com a nomeação, pela Coroa,  de um novo governador, Félix José de Mendonça. O governador apoiou Recife, em uma clara defesa dos interesses dos portugueses no Brasil. Os líderes olindenses da revolta foram presos e a crise chegou ao fim com a afirmação da autonomia de Recife.
A última revolta nativista ocorreu em Minas Gerais, em 1720. As razões da revolta estão na cobrança de impostos pela Coroa portuguesa sobre o ouro extraído nas minas. As ideias de liberdade não eram estranhas à América Colonial. Em 1776, as Treze Colônias americanas que dariam origem aos Estados Unidos da América se sublevaram contra a sua metrópole, a Inglaterra, e após um período de guerra, obtiveram sua independência. O processo de independência das colônias inglesas fomentou as demais regiões coloniais americanas, que viam, pela primeira vez, a possibilidade de, efetivamente, libertar-se do domínio metropolitano. Em 1785, buscando proteger a economia portuguesa e reforçar o monopólio, foi editado um alvará pela então rainha, Dona Maria I, proibindo as manufaturas na colônia. As ainda incipientes manufaturas coloniais foram proibidas e todas as iniciativas no sentido de estabelecer um comércio manufatureiro, reprimidas pela metrópole. O alvará tem também um sólido alcance político, pois indica claramente o poder português sobre as terras brasileiras. Medidas como essa geraram insatisfação, no caso de Minas Gerais, em especial por parte de uma elite que tinha fortes interesses comerciais.
Além do quinto, havia um outro imposto instituído sobre o ouro mineiro, a derrama. Apesar de existir no papel, esse imposto jamais havia sido cobrado até então. Anualmente, o Brasil devia enviar a Portugal algo equivalente a 1500 quilos de ouro. Caso o montante não fosse completado, a coroa se permitia invadir as casas dos colonos e recolher todo o metal precioso nelas existentes até completar o total. Mesmo jamais tendo sido efetivamente cobrada, a derrama pairava como uma ameaça sobre as cabeças dos mineiros. Com a decadência das minas e a diminuição na extração do ouro, a Coroa ameaçou realizar essa cobrança. Foi a gota d’água para o início do levante. Os líderes do movimento reivindicavam o fim do domínio português sobre o Brasil. Eram oriundos de uma elite econômica, como o dono de minas Inácio de Alvarenga, e intelectual, como os poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Dentre os poucos líderes que não pertenciam a essa elite, estava Joaquim José da silva Xavier, alferes, conhecido pelo apelido de Tiradentes. 
No dia marcado para a cobrança da derrama, começou a revolta, que foi rápida e duramente reprimida pela Coroa. Em troca do perdão de suas dívidas, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis entregou oscompanheiros, que foram presos e julgados. A rainha Dona Maria I queria uma punição exemplar, mas como a maior parte dos revoltosos eram influentes e homens de posses, tiveram como pena a prisão ou o degredo na África. Somente Tiradentes foi condenado à morte na forca e ao esquartejamento. A punição exemplar de Tiradentes objetivava evitar novos levantes. Durante décadas, sua trajetória foi deixada de lado. Somente com a proclamação da República, em 1889, a figura de Tiradentes foi resgatada como a de herói nacional. A república recém-proclamada precisava opor-se à monarquia que acabava de destronar e o mito de Tiradentes prestava-se ao papel de mártir do nacionalismo, que o movimento republicano tanto exaltava. Embora a construção do mito nacionalista de Tiradentes tenha servido aos propósitos republicanos, não podemos afirmar que a Inconfidência Mineira teve um caráter marcadamente popular. Como seus líderes eram membros da elite, questões fundamentais como a abolição da escravidão foram deixadas de lado e as reivindicações dos inconfidentes tinham um viés mais voltado para os setores políticos e econômicos. 
O mesmo não se pode dizer de uma das últimas revoltas ocorridas no período colonial, a Conjuração Baiana. Embora também tivesse como objetivo a separação do Brasil de Portugal e o fim do pacto colonial, os revoltosos baianos aprofundaram as reivindicações sociais e esta foi uma revolta que envolveu uma parte das camadas populares. Crises de abastecimento e a alta do preço dos alimentos provocavam constantes motins e saques a armazéns, empreendidos por uma população faminta e sem expectativa de melhoria das condições de vida. Inicialmente, assim como ocorrera com os inconfidentes mineiros, a revolução começou pela elite latifundiária. Os senhores de engenho e a elite intelectual local, insatisfeitos com o monopólio comercial imposto por Portugal, fundaram uma sociedade secreta, os Cavaleiros da Luz, com o objetivo de discutir e difundir as ideias de liberdade que assolavam a Europa. A exemplo de Pernambuco, a economia açucareira de plantation também constituía um dos pilares econômicos da Bahia. À medida que os canaviais iam avançando, o pequeno proprietário, que praticava a agricultura de subsistência, tinha suas terras tomadas, engolidas pelo latifúndio dos senhores de engenho. Nas cidades, a situação não era melhor. Entretanto, membros dessa sociedade, como o médico Cipriano Barata, expandiram a discussão, levando-a até as camadas mais pobres da população. Ao movimento, que começara pela elite, se juntaram negros livres, pardos, mulatos, escravos e, sobretudo, alfaiates, o que fez com que esse movimento também ficasse conhecido como Revolta dos Alfaiates. Além de Cipriano Barata, o movimento teve outros líderes, como os alfaiates mulatos João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos.
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