Buscar

Aula 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Aula 6 – A Influência do Marxismo: A Obra de Caio Prado Junior
Nesta aula, vamos estudar a obra de CAIO PRADO JÚNIOR (1907-1990): Em 1933, Caio Prado Jr. lançou a obra a "Evolução Política do Brasil". Iniciava-se uma produção historiográfica significativa que o conferiria o posto de maior historiador marxista brasileiro. Foi um intelectual que refletiu sobre o movimento operário, marxista e um comunista que travou lutas para que a liberdade avançasse muito além dos limites do liberalismo. Questionou os motivos que não conduziram o Brasil para uma revolução burguesa, nem para uma revolução comunista. Foi o disseminador da necessidade de uma aliança entre a classe dos trabalhadores e a classe burguesa nacional contra o que chamava de imperialismo internacional. Assinalou que a dominação de Portugal, EUA e Inglaterra sobre o Brasil, através da história, foi uma escolha das elites da aristocracia rural e que por esse motivo essas elites não poderiam ocupar o papel de sujeitos da história. Somente as classes sociais, que foram as protagonistas das conquistas sociais, poderiam dar o devido valor às forças produtivas e fortalecer o desenvolvimento nacional.
Foi um pensador metódico e acadêmico, capaz de identificar e fornecer explicações sobre a produção das desigualdades em meio às diversidades e contradições sociais do processo histórico brasileiro. Contextualizou os conceitos marxistas, adaptando à realidade histórica nacional, além de ter sido também o primeiro a estimar os obstáculos ocasionados em utilizar conceitos elaborados em outras realidades históricas para entender o processo histórico brasileiro. Ensaísta, político e nascido em São Paulo, ele participou desde jovem da vida política do Brasil. Pioneiro na aplicação do marxismo à interpretação da história brasileira deixou vasta obra, em que se destacam: Evolução Política do Brasil (1933); Formação do Brasil Contemporâneo (1942); História Econômica do Brasil (1943); A Revolução Brasileira (1966).
História Econômica
Caio Prado construiu uma história econômica de inspiração marxista, questionando quais os conceitos apropriados deveriam ser criados para analisar o processo histórico brasileiro. Não cedeu à tentação fácil da aplicação ou da adaptação das teorias europeias ao contexto nacional. Elaborou uma síntese econômica, histórica e política, sem permitir o isolamento de nenhum dos três fatores, para construir a interpretação da história do Brasil. Assinalou a importância e a necessidade de uma política de industrialização, urbanização e desenvolvimento tecnológico para o desenvolvimento econômico do Brasil. Apesar de privilegiar a história econômica, não negligenciou da análise da evolução do conceito de cultura brasileira, o relacionando com o conceito de evolução e transformação da história econômica brasileira. Esse enlace entre o desenvolvimento econômico e as transformações culturais foi localizado por ele ainda em plena transição entre a colônia e a nação. Essa transição, iniciada com a vinda da família real portuguesa, deflagraria um longo processo histórico que se estende até os dias de hoje e que não está terminado. Seu principal livro tem como objeto os primeiros anos do século XIX, momento detonador de uma transformação econômica com impacto cultural em todo processo histórico brasileiro.
Início da História Contemporânea do Brasil
Caio Prado Júnior, ao identificar o início do século XIX como o período no qual se inaugura a história contemporânea do Brasil, não deixa de assinalar que na formação social brasileira o tempo demoraria a passar de forma bastante singular, pois jamais ocorreu uma ruptura significativa com o passado. Primeiro, a colonização do Brasil é um episódio direto da expansão ultramarina europeia, porém localizado e insignificante dentro daquele contexto maior. No entanto, é somente partindo da análise e da compreensão desse fenômeno maior que se poderia realmente entender no que consistiu a experiência singular que foi a história colonial brasileira. Caio Prado dividiu sua obra sobre o Brasil contemporâneo em três partes básicas, partindo da prioridade da infraestrutura como instância determinante na análise histórica. Primeiro veio o povoamento, que se embaraçou em uma vida material e consolidou uma vida social.
Organização Social
Caio Prado Júnior, em sua obra ‘Formação do Brasil Contemporâneo’, apresentou a organização social que o colono importou de Portugal, mas que não poderia ser reproduzida integralmente na colônia - essa organização social estava assentada na instituição familiar. Ocorre que, no seu entender, o português que veio para o Brasil vinha, de forma geral, sozinho, não trazia a família portuguesa ou ela viria aos poucos. Nessa situação, se relativizavam na vida social os valores e as regras familiares e, com a ausência de mulheres brancas na colônia, esse colonizador se enreda para sua satisfação sexual com as escravas e as índias. Até mesmo nos casos em que a família vinha, o colono português continua mantendo essa atividade sexual com escravas e índias. Caio Prado então demonstra que até no aspecto sexual se delineia o sentido elementar da colonização brasileira, é uma colônia de exploração.
O colono português é o senhor, todos os demais trabalhariam para o seu lucro. Os outros são os índios, mas principalmente os negros africanos, que para cá vieram como escravos, única e exclusivamente para propiciar lucro, seja pela atividade do tráfico, seja pela exploração de sua força de trabalho. O escravo negro foi o motor da produção da economia do açúcar durante todo o período colonial. É desse fato econômico que se oriunda a rigidez das suas relações com o senhor. Quando não trabalha o bastante, a produção diminui e, por conta disso, diminui também o lucro de seu senhor. Advém, então, os castigos em nome de seu suposto pouco afinco ao trabalho, entendido e interpretado pelo senhor como falta de respeito.
O entendimento do processo histórico colonial brasileiro estaria na base para a compreensão do início do século XIX. Ambos seriam os elementos para se elaborar o ponto de partida, que tornaria possível a análise da formação do Brasil contemporâneo, construído sobre os fundamentos do seu passado colonial.
Capitalismo no Brasil
Caio Prado demonstrou que, ao contrário do que se poderia supor a partir do exemplo europeu no Brasil, a passagem do feudalismo para o capitalismo não existiu, pois, a situação colonial já estava ligada ao capitalismo desde seus princípios. A história brasileira se inicia já no contexto do capitalismo. Em sua concepção, acerca do processo histórico brasileiro, toda a montagem do sistema colonial nos séculos XVI e XVII está inserida no contexto da acumulação de capital decorrente da expansão comercial, que teve início na Europa nos séculos anteriores.
Predomínio do Absolutismo
Na história europeia, o feudalismo foi superado e a centralização política dos estados modernos foi patrocinada pela burguesia e desenvolveu um caráter inevitável no processo histórico europeu. Durante esse processo, a despeito das variações de país para país, houve o predomínio do absolutismo, tanto como forma política como patrocinador do desenvolvimento econômico, sendo a sociedade de classes a forma social predominante. Foi a partir desse contexto que a colonização na América, e em particular no Brasil, foi sendo orientada, impregnando as relações sociais e políticas na colônia.
A Colônia como Extensão da Metrópole
A metrópole portuguesa procedeu na colonização do Brasil dentro de um processo de transição do feudalismo para o capitalismo. Desse modo, a colônia se integrava naquela ordem como possuindo uma identidade essencialmente estabelecida pelo seu valor comercial de exploração e obtenção de lucros. Nesse período do capitalismo mercantil, a colônia é representada e entendida como mera extensão da metrópole, como um dos pólos para que o processo de circulação de mercadorias fosse bem-sucedido e gerasse lucros para a metrópole.
Caio Prado analisou a essência da formaçãodo Brasil, cujo objetivo era voltado para fora, e desse para fora se constituiu toda a sociedade brasileira, assim como todas as suas atividades, fornecendo um sentido para a evolução econômica e social brasileira. Para Caio Prado, o corte com esse destino colonial surge durante o fim do século XVIII, e início do século XIX, e assinala uma nova etapa na evolução do Brasil, que terá consequências em todos os outros campos da experiência histórica brasileira, seja no social, no político e no econômico. Com a chegada da corte portuguesa para a colônia brasileira, acontece a culminância de um processo preparatório que desembocaria na emancipação política do país.
�PAGE \* MERGEFORMAT�1�

Outros materiais