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Aula 7 – A Produção Historiográfica no Brasil República a Partir de 1930: A Influência dos Annales na Historiografia Brasileira
A escola dos Annales desenvolveu e amplificou as possibilidades oferecidas para o campo das pesquisas históricas ao permitir romper com a tradicional compartimentação das Ciências Sociais privilegiando os métodos pluridisciplinares, sem, no entanto, cair em aventuras puramente transdisciplinares. Ela permitiu que as linhas de demarcação entre as ciências sociais, antes, rígidas se tornassem porosas, com uma área específica mantendo diálogo com a outra sem que cada uma perdesse por isso sua identidade própria. Por isso a importância da interdisciplinaridade, que ademais pode ser considerada como uma das mais importantes contribuições dos Annales para o pensamento historiográfico, inclusive o pensamento historiográfico brasileiro.
A produção historiográfica brasileira não ficou imune ao rol de contribuições oferecido pelas fases do desenvolvimento da escola dos Annales e que foram aqui apresentadas e nem mesmo os desdobramentos que se seguiram quando o conceito de mentalidade foi esmiuçado e subdividido em história cultural, micro-história e outras tendências sempre recepcionadas no fazer histórico dos historiadores brasileiros.
A História Social e a Antropologia Social tornaram-se mais permeáveis, uma a outra, fomentando a constante busca pela interdisciplinaridade entre os historiadores que formulam as perspectivas de uma antropologia histórica. Desse intercâmbio com a antropologia, a história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador, e que de fato, pode-se perceber a existência de inúmeras histórias e inúmeras temporalidades ao se analisar o mesmo presente cronológico.
A meta dessa aula é esclarecer e identificar como se deu a contribuição da temática histórica da École des Annales no pensamento historiográfico brasileiro. Para a construção da identidade desta matriz historiográfica é de fundamental importância que sejam consideradas as formas de recepção do pensamento historiográfico proposto pelas teorias formuladas pela escola francesa no pensamento historiográfico brasileiro. Porém, também será necessária uma breve apresentação das maiores conquistas dessa corrente historiográfica que transformou o fazer da História enquanto disciplina científica.
Influência da Histografia Francesa no Brasil
A revista francesa foi fundada em 1929, para o Brasil sua fundação é relevante, pois ainda hoje a historiografia francesa é a que mais exerce influência teórico-metodológica sobre os historiadores brasileiros. Suas elaborações conceituais, técnicas e temáticas provocam os historiadores brasileiros e fomentam no Brasil o saber histórico. A escola dos Annales é uma corrente historiográfica que se constituiu em torno do periódico acadêmico francês Annales d'histoire économique et sociale, tendo como uma de suas características essenciais a incorporação dos métodos das Ciências Sociais à História. Propuseram desde 1929 ultrapassar a visão positivista da história como mera crônica de acontecimentos, substituindo o tempo breve da história dos fatos e dos acontecimentos pela análise dos processos de longa duração, com o propósito de tornar compreensível as dimensões das civilizações por meio do estudo das mentalidades.
Benefícios para o Campo das Pesquisas Históricas
A escola des Annales desenvolveu e amplificou as possibilidades oferecidas para o campo das pesquisas históricas ao permitir romper com a tradicional compartimentação das Ciências Sociais privilegiando os métodos pluridisciplinares, sem, no entanto, cair em aventuras puramente transdisciplinares. Ela permitiu que as linhas de demarcação entre as ciências sociais, antes, rígidas se tornassem porosas, com uma área específica mantendo diálogo com a outra sem que cada uma perdesse por isso sua identidade própria.
A Elaboração da Pesquisa Historiográfica
A elaboração da pesquisa historiográfica demonstra dois aspectos essenciais da história que é afinal o propósito da reflexão sobre a historiografia. As transformações teóricas e metodológicas que movimentam o conhecimento histórico alteram também as temáticas, os problemas, as abordagens, os objetos. Com a contribuição dos Annales, a reflexão sobre o que seja fazer um discurso sobre a história e próprio conhecimento histórico se tornou dinâmico, as mudanças e os relacionamentos existentes entre os paradigmas de cada ciência social se fragmentaram, com um paradigma alterando reciprocamente o outro.
A realidade histórica passou a ser abordada não como um objeto repleto de propriedades que deveriam ser encontradas, pois já existiriam nos fatos, mas agora passa a ser encarada como um conjunto de relações que devem ser monitoradas em seu próprio movimento e duração que se dão nos interstícios de configurações teórico-metodológicas de diversas ciências em permanente movimentação, tanto delas como dos objetos, problemáticas, abordagens e certezas se esvanecem revelando recônditos abandonados, mas extremamente significativos para a construção de uma eficaz compreensão da História.
A Contribuição dos Annales pela Historiografia Brasileira
A recepção da contribuição dos Annales pela historiografia brasileira se baseou em uma nova correlação com as nuanças, tendências e rumos que tomaram os acontecimentos na sociedade brasileira a partir dos anos 30. Até então o que se pretendia era justificar a ação do Estado e das atitudes das oligarquias, com as exceções que vimos nas aulas anteriores. O fazer história como ciência desafiou a constituição de produzir um entendimento sobre as novas e antigas práticas sociais dos novos e antigos sujeitos históricos em suas diversas manifestações. Ao se depararem com a emergência de novos atores sociais e com uma nova articulação desses sujeitos foi indispensável se lançar na procura dos modelos teóricos que possibilitassem captar a realidade histórica que se anunciava e que trazia à tona o que estava soterrado, até então, no processo de desenvolvimento da sociedade brasileira.
A Mudança de Concepção l do Fato Histórico
Ao distender o campo da História, estabelecendo relações teóricas e metodológicas com as demais ciências sociais foi revelado o conceito da longa duração. Após Segunda Guerra Mundial, Fernand Braudel continuou a editar a revista. Segue a mudança de concepção l do fato histórico, ele ainda permanece no ponto central do ofício historiador, mas a partir de então já não é o objeto que esgota o conteúdo científico da disciplina, mas também as abordagens, as teorias, as metodologias, enfim tudo que possa se revelar útil para a construção do pensamento sobre a história, e que doravante poderá em qualquer domínio do conhecimento.
Ao longo das décadas que se seguem a escola dos Annales faz com que as fontes e os documentos históricos não importem mais somente pelo que dizem, mas também por aquilo que não dizem, e aí está uma contribuição, por exemplo, da ciência da psicologia. A denominada nova história estabeleceu os fundamentos para a história das mentalidades, ou seja, a história das representações coletivas e das estruturas mentais das sociedades.
Das fronteiras com filosofia, surge a história dos temas da vida quotidiana, como a morte, o medo e a sexualidade. O compromisso da história com a realidade atinge domínios nunca antes pensados e as amarras se desprendem, passando a poder se lançar a reflexão histórica sobre todos os temas no intuito de fornecer ou pelo menos tentar fornecer a todas as perguntas sobre a história e a realidade histórica que sejam formuladas.
Reflexos do Desenvolvimento da Escola dos Annales na Historiografia Brasileira
A produção historiográfica brasileira não ficou imune ao rol de contribuições oferecido pelas fases do desenvolvimento da escola dos Annales e que foram aqui apresentadas e nem mesmo os desdobramentos que se seguiram quando o conceito de mentalidade foi esmiuçado e subdividido em história cultural, micro-história e outras tendências semprerecepcionadas no fazer histórico dos historiadores brasileiros. A História Social e a Antropologia Social tornaram-se mais permeáveis, uma a outra, fomentando a constante busca pela interdisciplinaridade entre os historiadores que formula as perspectivas de uma antropologia histórica. Desse intercâmbio com a antropologia, a história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador, e que de fato, pode-se perceber a existência de inúmeras histórias e inúmeras temporalidades ao se analisar o mesmo presente cronológico.
Não existe uma metodologia mais correta e nem um privilégio de uma área do conhecimento sobre a outra, o que se apresenta são recortes e preocupações distintas, conforme as pretensões do historiador. Por isso a importância da interdisciplinaridade, que ademais pode ser considerada como uma das mais importantes contribuições dos Annales para o pensamento historiográfico, inclusive o pensamento historiográfico brasileiro. O fazer história foi, dos Annales adiante, uma constante abertura para propostas de diálogo da história com todas as outras áreas do conhecimento.
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