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dos sintomas e maior mortalidade. A morte acontece por paralisia respiratória. Diagnóstico O diagnóstico é feito pelo isolamento do bacilo em cultura de fezes e de alimentos ou pela detecção da toxina no soro. Prevenção e Terapêutica A prevenção é essencialmente feita a nível alimentar: manutenção dos alimentos refrigerados ou em pH ácido (evita a germinação dos esporos) e/ou aquecimento a 60- 100°C para destruir as toxinas. Para evitar o botulismo infantil, deve-se evitar o consumo de alimentos contaminados (particularmente o mel, que não deve ser dado a crianças com menos de 1 ano de idade). O tratamento envolve a administração de penicilina ou metronidazol, antitoxina botulínica trivalente (A, B e E) e suporte ventilatório. Clostridium difficile Trata-se de uma bactéria comensal do tracto gastrointestinal de menos de 5% da população saudável, formadora de esporos e anaeróbia estrita. A exposição de antibióticos está associada com o crescimento do Clostridium difficile e subsequente doença (infecção endógena). Os esporos podem ser detectados em quartos hospitalares de pacientes infectados; eles podem assim ser uma fonte exógena de infecção. Tem como factores de virulência a enterotoxina (A), a citotoxina (B), a hialuronidase e o factor de adesão. 28 Patologias Esta bactéria pode originar: Diarreia associada a antibióticos: desenvolve-se após 5 a 10 dias do início do tratamento antibiótico; Colite pseudomembranosa: forma mais severa, também associada a antibióticos como a ampicilina e a clindamicina. Diagnóstico O diagnóstico é feito pela detecção da enterotoxina ou da citotoxina nas fezes ou no soro do paciente. Prevenção e Terapêutica Suspensão imediata do antibiótico causador. A terapêutica é feita com metronidazol ou vancomicina. O quarto do paciente deve ser limpo cuidadosamente após a alta do doente. 29 Cocos Gram-Negativo Família Neisseriaceae Da família Neisseriaceae há três géneros com interesse clínico: Kingella e Eikenella, ambos constituídos por bactérias comensais da orofaringe humana e possíveis agentes patogénicos oportunistas, e, por fim, Neisseria (com maior importância clínica). Género Neisseria O género Neisseria consiste em dez espécies encontradas no Homem, sendo duas delas, a N. meningitidis e a N. gonorrhoeae, agentes patogénicos estritos em humanos. Embora as doenças causadas por estas duas espécies sejam bem conhecidas, as outras espécies de Neisseria têm uma virulência limitada e geralmente só causam doença em pacientes com o sistema imunitário comprometido. Estas costumam estar presentes nas mucosas da naso e orofaringe e ocasionalmente na mucosa ano-genital. As neisserias apresentam-se como diplococos imóveis e são reniformes37. O seu crescimento em cultura dá-se preferencialmente em meios ricos como a gelose chocolate com atmosfera com 2-8% em CO2. Apresentam as seguintes características: São aeróbios estritos; São oxidase positivos; São catalase positivos; São parasitas intracelulares facultativos. Estruturalmente possuem: o Lipooligossacarídeo (LOS) com actividade de endotoxina; o Pili; o Proteínas Rmp (membrana externa), que bloqueiam a actividade bactericida; o Genes codificadores de proteínas PorA e PorB (membrana externa – formam poros): N. meningitidis: possui PorA e PorB; N. gonorrhoea: apenas possui PorB. Neisseria meningitidis A Neisseria meningitidis é uma bactéria comensal da nasofaringe (graças aos seus pili) cujo Homem é o seu único reservatório natural. Forma cápsula. Como já discutido, possui na sua membrana externa as proteínas PorA e PorB e a endotoxina. Está subdividida em 13 serogrupos, dos quais o A, B, C, X, Y e W135 são causadores de meningite. Metabolicamente, esta bactéria é capaz de oxidar glucose e maltose produzindo ácido. A sua transmissão dá-se pela inalação de partículas de aerossóis contaminados, sendo a segunda causa mais comum de meningite adquirida na comunidade. A doença endémica é mais comum em crianças com idade inferior a 5 anos (principalmente entre os 6 meses e os 2 anos). A doença também se costuma manifestar em indivíduos em instituições ou com doença do Complemento. Em casos de epidemia afecta adultos, especialmente em ambientes fechados. 37 Reniforme - que apresenta a forma de um rim. 30 Patologias Esta bactéria pode originar: Meningite (serogrupos B e C): caracterizada por febres altas, vómitos (em crianças), cefaleias, sinais meníngeos e petéquias38 (por lesão vascular difusa – lesão endotelial, trombose, C.I.D.); Meningococcémia: com envolvimento multi-orgânico e choque séptico; mortalidade de 25%; Pneumonia (serogrupos Y e W135); Artrite; Uretrite. Diagnóstico O diagnóstico pode ser feito pela clínica da doença (para além das manifestações clínicas há leucocitose39). A coloração de Gram em líquido cefalorraquidiano (punção lombar) é muito sensível e específico, mas tem valor limitado em especímenes de sangue (muito poucos microrganismos costumam está lá presentes, em excepção de um caso de sépsis generalizada). É possível também efectuar hemocultura. Outros meios de identificação e diagnóstico podem ser usados, como a PCR e a TAC- CE, se possível. Prevenção e Terapêutica A prevenção pode ser efectuada de dois modos diferentes: por quimioprofilaxia, com administração de sulfonamidas e rifampicina (útil para indivíduos em contacto com doentes), e por imunoprofilaxia, com administração de vacina (para os serogrupos A, C, Y e W135) para maiores de 2 anos (o serogrupo B é pouco imunogénico). O tratamento é feito com penicilina. Em caso de estripes resistentes (com β- lactamases) pode-se utilizar cloranfenicol e cefalosporinas. Neisseria gonorrhoeae A Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria patogénica estrita para o ser humano cujo principal reservatório é o indivíduo infectado assintomático (20% de infecção no homem e 50% de infecção na mulher). A transmissão dá-se por contacto sexual. Os factores de virulência desta bactéria são os pili, a cápsula, a endotoxina (LOS), as proteínas PorB, Opa e Rmp, a protease que digere a IgA e a β-lactamase. Patologias Esta bactéria pode originar: No homem: uretrite purulenta com disúria (gota matinal); complicações como a epididimite, prostatite e abcessos periuretrais podem ocorrer. 95% de todos os homens infectados apresentam sintomas. Na mulher: corrimento vaginal, disúria, cervicite e dor abdominal; em 10 a 20% das mulheres infectadas observa-se salpingite, abcessos tubo- ováricos e doença inflamatória pélvica. No recém-nascido: conjuntivite – oftalmia neonatal. 38 Petéquia - pequeno ponto vermelho no corpo (na pele ou mucosas), causado por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos. 39 Leucocitose - aumento no número de leucócitos no sangue. 31 Gonococcémia: infecção disseminada com septicémia e infecção na pele e articulações; ocorre em 1-3% das mulheres infectadas e em muito menor percentagem no homem. Faringite; Gonorreia ano-rectal: normalmente em homens homossexuais. Diagnóstico Efectuado pelo estudo do exsudato uretral/do cervix. Também se podem efectuar culturas e PCR. Prevenção e Terapêutica Para os recém-nascidos a profilaxia é feita com nitrato de prata a 1%. A oftalmia neonatal é tratada com ceftriaxona. Não existem vacinas disponíveis, a prevenção deve ser feita pelo uso de preservativo. O tratamento passa pelo uso de penicilina e, em caso de resistências, quinolona e cefalosporina. 32