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1 Elementos do Processo Penal Estudo Dirigido Elaboração: Profa. Daniele Assad Sugestões de melhoria? Utilize o link Tutoria Prezado aluno, prezada aluna, olá! É uma honra ter você conosco para mais um agradável e proveitoso estudo dirigido! Trazemos com uma abordagem diferente, e de forma resumida, alguns dos temas que consideramos mais importantes para sua revisão! A obra-base da disciplina, que você não deve deixar de ler, é: RAMIDOFF, Mário Luiz. Elementos de Processo Penal. Curitiba: InterSaberes, 2017. 1. Princípios do Direito Processual Penal Ampla Defesa O princípio da ampla defesa constitui uma das liberdades públicas mais importantes, assegurada expressamente no art. 5º, inciso LV da Constituição Federal (CF). Dessa maneira, o direito à ampla defesa é de cunho fundamental. Portanto, o réu tem sua inocência presumida, não lhe cabe prová-la. Assim, a imputação penal deve ser circunstanciada, isto é, detalhada, descrevendo cada circunstância de forma clara e explícita, para que o agente saiba precisamente do que é investigado ou acusado e, assim, de forma plena, possa se defender. Contraditório O contraditório é uma consequência constitucional da diretriz principiológica do devido processo legal. Esse princípio assegura o direito de a parte se contrapor à pretensão deduzida pela parte adversa. 2 Inevitabilidade Um dos princípios processuais penais é o da inevitabilidade da jurisdição, o qual preceitua que a resolução adequada de casos legais que importem na responsabilização criminal do agente é uma atribuição constitucional e legalmente destinada ao Estado que detém o poder de julgar e punir, e ninguém pode fugir dele. Presunção de Inocência De acordo com o inciso LVII do art. 5º da CF, é assegurado a toda pessoa a quem se atribua a prática de conduta delituosa não apenas o devido processo legal e os subsequentes direitos à ampla defesa e ao contraditório substancial, mas também, e principalmente, a presunção de inocência. Portanto, ninguém pode ser considerado culpado sem o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, é isso que diz o princípio da presunção de inocência. Não autoincriminação É muito importante observar que nem sempre “quem cala, consente”, especialmente quando se tratar de responsabilização criminal. O princípio da não autoincriminação é também conhecido como direito ao silêncio. Ele estabelece a garantia de não se ter o dever de produzir qualquer meio de prova contra si mesmo. In dubio pro reo Segundo a obra de Mário Ramidoff, diz-se sobre o princípio do in dubio pro reo: “a responsabilização penal deve ser decorrência lógica da comprovação legal e legítima da culpa — com base nos meios de prova admitidos —, não se permitindo, pois, que reste dúvida acerca da culpabilidade do agente a quem se atribui a prática de crime.” Segundo este princípio, se houver dúvida fundante sobre a existência ou a autoria do crime, não se poderá legitimamente punir o agente, e o agente deve ser absolvido se houver dúvida razoável sobre sua culpabilidade. Inadmissibilidade de provas ilícitas A legislação veda expressamente a prova ilícita, conforme o inciso LVI do art. 5º da Constituição: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. A prova ilícita deve ser desentranhada do processo e posteriormente inutilizada (ou seja, excluída do processo e destruída), segundo o art. 157 do Código de Processo Penal (CPP). 3 As provas ilegais podem ser de dois tipos, ilícitas ou ilegítimas. Definem-se como ilícitas as provas obtidas por meio da violação de normas constitucionais ou legais. (Ou seja, provas ilícitas são provas cuja obtenção derivou de violação da lei.) Já as provas ilegítimas são aquelas que derivam de ofensa a ritos e regras processuais. 2. Sistemas Processuais Penais O sistema processual penal é o conjunto de princípios e regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada Estado, que estabelece as diretrizes a serem seguidas para a aplicação do direito penal a cada caso concreto. Existem dois tipos de sistemas processuais penais, o acusatório e o inquisitório, podendo-se falar ainda em um sistema misto. São características do sistema acusatório o contraditório e a possibilidade de defesa, além da iniciativa probatória das partes. Como caraterísticas do sistema inquisitório há a gestão das provas e iniciativa probatória nas mãos do juiz e a ausência de separação das funções de acusar e julgar. Sistema Processual Penal Inquisitório O sistema processual penal de viés inquisitório é identificado como aquele em que o órgão julgador concentra os atos de gestão da instrução criminal. Por isso mesmo, pode-se dizer que o sistema inquisitório, regido pelo princípio inquisitivo, tem como principal característica a extrema concentração de poder nas mãos do órgão julgador, o qual detém a gestão da prova. No sistema inquisitório, há “violação do princípio ne procedat iudex ex officio, pois o juiz pode atuar de ofício”, sem prévia invocação ou provocação. Sistema Processual Penal Acusatório O sistema de processo penal acusatório confere ao cidadão um processo mais condizente com o Estado democrático de direito, como garantia contra os arbítrios estatais. São características do sistema acusatório: Tratamento igualitário das partes. Publicidade do procedimento. Possibilidade de impugnar as decisões (por recurso). 4 Sistema Processual Penal Misto O sistema de processo penal misto contempla as características de ambos os sistemas supracitados e tem origem no Código Napoleônico (1808). A primeira fase é a de instrução penal, realizada por um juiz de instrução, o que difere da prática brasileira, na qual a fase pré-processual é realizada em forma de inquérito pela autoridade policial, não sendo, portanto, considerado parte do processo. É por essa diferença que se afirma que nosso sistema não é misto, pois não dispomos de juizado de instrução em nossa regulamentação penal. 3. Ação Penal Para Aury Lopes Júnior, referenciado na obra da disciplina, há quatro condições essenciais para a existência de uma ação penal, que podem ser deduzidas a partir do art. 395 do CPP. As condições de existência da ação penal, segundo Lopes Júnior, são: Prática de fato aparentemente criminoso (fumus comissi delicti). Punibilidade concreta. Legitimidade de parte. Justa causa. A ação penal de iniciativa pública pode ser classificada como condicionada ou incondicionada, ou seja, quando depender ou não, segundo determinação expressamente prevista em lei, de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. O Ministério Público é o único órgão competente para propor ação penal de iniciativa pública. Denomina-se ação penal de iniciativa pública incondicionada a promoção ministerial da acusação por meio de denúncia que não depende de requisição ou de representação. A ação penal de iniciativa privada é a ação penal na qual a legitimidade ativa para a causa será exclusivamente do ofendido ou de quem seja seu representante. Os crimes cujo processo dependem de queixa-crime (ação penal de iniciativa privada) têm prazo para instauração da ação, portanto o direito de exercer a ação penal de iniciativa privada decai em 6 meses. O art. 48 do CPP prevê a indivisibilidade da ação penal de iniciativa privada, dessa maneira, a indivisibilidade significa que a queixa (ou ação) contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos. Ressalto que não pode ser processado 5 apenas um dos autores do crime, se há maisde um. Caberá ao Ministério Público velar por sua indivisibilidade. 4. Inquérito Policial Pode-se entender o inquérito policial como o conjunto de diligências realizadas pela autoridade policial que visa à apuração das circunstâncias e das condições em que se deu a prática de uma conduta considerada delituosa, buscando, assim, evidenciar a autoria e a materialidade delituosas. Porém, não é obrigatória a instauração de inquérito policial; o Ministério Público pode dispensá-lo se não for necessário para obter informações acerca da materialidade e da autoria da conduta considerada delituosa, por exemplo, se já tiver informações e documentos obtidos por outras fontes. A restituição de coisas apreendidas tanto no curso das investigações policiais quanto ao longo da instrução criminal, que interessem à investigação, à instrução e a à resolução judicial do caso, antes de transitar em julgado a sentença final, não poderão ser restituídas, conforme disposto no art. 188 do CPP. O Ministério Público não pode desistir da ação penal. A ação penal pública é indisponível (art. 42 do CPP). 5. Competência Jurisdicional Todos os juízes exercem jurisdição, que é o poder-dever de realização de Justiça Estatal por órgãos especializados do Estado. A competência é uma fração do que cada juiz pode exercer do poder jurisdicional, portanto, um juiz não tem competência para julgar todos os crimes. Para se definir competência há alguns critérios, são eles: 1. Lugar da infração penal 2. Domicílio ou residência do réu. 3. Natureza da infração penal (por exemplo: o fato de ser delito econômico, patrimonial, contra a vida etc.). 4. Distribuição. 5. Conexão. 6. Continência. 6 Lemos na obra-base que a competência jurisdicional, em regra, é determinada pelo lugar em que se consumou o crime, ou então, no caso em que o crime for tentado, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Por exemplo, Tércio, com intenção de matar, atirou em Mévio na fronteira entre a cidade A e a cidade B. Mévio acelerou seu carro, mas só conseguiu ir até a cidade C, que foi onde o homicídio se consumou, visto que morreu ali. Nesse caso, O juízo competente para julgar o caso é o da cidade C, pois foi onde se consumou o crime. Se o último ato de execução do crime for praticado fora do território nacional, considerar-se-á competente o órgão julgador do lugar em que o crime, ainda que em parte, tenha produzido ou deveria ter produzido o seu resultado. A prevenção constitui-se como um dos critérios objetivamente descritos na lei processual penal para a determinação da competência jurisdicional de certo juízo de direito, em relação ao julgamento de determinado caso concreto. O critério da prevenção, quando aplicável, afirma que é competente o juízo que primeiro tomou conhecimento do crime. Sobre a competência para o julgamento de um crime, a regra é o juiz do lugar em que se consumou o crime. Há, no entanto, diversas exceções, como no caso de crimes continuados ou permanentes praticados em localidades de competências diversas. Nas hipóteses de crimes continuados ou permanentes praticados em território de duas ou mais jurisdições, de igual maneira, a lei processual penal determina a adoção do critério da prevenção para a fixação da competência jurisdicional. Afora outras regras e critérios para decidir o juízo competente para julgar, a competência jurisdicional, em matéria penal, poderá ser definida em razão da natureza jurídica da infração. Por exemplo, o Tribunal do Júri é competente para julgar crimes dolosos contra a vida segundo a natureza jurídico-legal da infração. A competência jurisdicional poderá ser determinada pelo critério denominado “conexão”, que, na verdade, enseja a mudança de jurisdição em razão da vinculação de um crime com outro e, por consequência jurídica, impõe a reunião dos feitos, os quais, por isso mesmo, devem ser julgados em conjunto, haja vista estarem vinculados pelas causas envolvidas e pelas circunstâncias subjetivas, objetivas e elementares. O CPP, em seu art. 69, estabelece que um dos determinantes para a competência jurisdicional é a prerrogativa de função (inciso VII). Isso quer dizer que a competência jurisdicional também pode ser determinada – firmada, fixada ou alterada 7 – em razão do reconhecimento de prerrogativa de função (ratione personae), isto é, em virtude da atribuição que é legalmente estabelecida para o regular e válido desenvolvimento das atividades vinculadas a um cargo público. Dessa maneira, são pessoas que têm foro diferenciado em razão de prerrogativa de função: Presidente da República, Deputados Estaduais, Ministros do Supremo Tribunal Federal. Em linha com a regulamentação da aplicação da lei penal no espaço (direito penal interespacial), o CPP também leva em consideração os critérios orientativos da territorialidade e da extraterritorialidade para aplicação das normas processuais e procedimentais pertinentes à fixação da competência jurisdicional, em razão de crimes praticados fora do território nacional. Se ocorrer um crime praticado em embarcação que se encontra nas águas territoriais brasileiras o juízo competente é o do porto brasileiro em que a embarcação tocar por primeiro após a ocorrência do crime (ou, quando se afastar do país, pela justiça do último porto nacional em que a embarcação esteve). 6. Meios de Prova Os meios de prova são um dos temas mais interessantes do direito processual penal. Os meios de prova não são tarifados na processualística penal brasileira, isto é, não apresentam previamente valoração definida como preponderante sobre qualquer outra modalidade de prova. Nesse sentido, o órgão julgador tem a prerrogativa funcional de formar sua convicção do que foi alegado pela parte de forma livre, isto é, pela livre apreciação da prova. (Art. 155 do CPP). Podemos fazer uma síntese conceitual sobre prova e meio de prova, onde: Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo. Indício: O art. 239 do CPP dispõe que indício é a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. Dessa maneira, pode haver uma investigação ou uma linha de argumentação sobre circunstâncias razoavelmente demonstradas para, assim, relacionar ao fato punível outras circunstâncias que são intuídas daquela primeira circunstância que funciona como indício. 8 Nesse contexto, está o exame de corpo de delito, que são os vestígios deixados pela infração que podem ser detectados por perícia. Também pode envolver o exame do corpo da vítima, mas não é apenas isso e nem sempre envolve isso. Por exemplo, para a constatação das circunstâncias de determinado homicídio, normalmente são realizados os seguintes procedimentos: – Exumação do cadáver, para constatação das causas da morte. – Análise do local do crime, para verificar a presença ou não de armas, sangue e outros elementos. – Avaliação de bens destruídos, para aferição do prejuízo material causado com o crime. Todos esses procedimentos se enquadram em uma única modalidade de prova, denominada de exame de corpo delito. Interrogatório O interrogatório do acusado é um dos meios de prova admitidos e um dos mais importantes momentos processuais para o exercício da ampla defesa. Portanto, o interrogatório é o comparecimento do acusado perante a autoridadejudiciária (no curso do processo que tem por finalidade a apuração de sua responsabilidade penal) para esclarecer os fatos que lhe são imputados. O interrogado pode preferir guardar silêncio, sem qualquer prejuízo. Testemunha A lei não estabelece condição, requisito ou pressuposto normativo que possa identificar ou estabelecer qualidade especial para uma pessoa ser considerada como testemunha; logo, toda pessoa poderá ser testemunha, conforme dispõe o art. 202 do CPP. Lembrando que o depoimento testemunhal deve ser prestado oralmente, sendo vedado à testemunha trazer seu depoimento por escrito. No entanto, é possível fazer consulta a breves anotações. Embora os doentes e deficientes mentais possam ser testemunhas, eles não prestam o compromisso legal de dizer a verdade. Para que possa se defender, conhecendo todas as imputações que lhe são feitas, a regra é que o réu pode estar presente em todos os atos da audiência, exceto quando sua presença possa causar humilhação, temor ou sério constrangimento à testemunha (ou à vítima). Porém, a retirada do acusado da sala de audiência é a última opção. Antes disso, se houver a questão do temor e da humilhação da testemunha, deve-se optar por tomar o depoimento dela via videoconferência. 9 Os depoimentos prestados em audiência, tanto das testemunhas quanto do réu, podem ser registrados por meio audiovisual ou por qualquer outra técnica que permita que sejam acessíveis pelas partes. 7. Modalidades de Prisão Prisão Preventiva A regra é que qualquer restrição de liberdade seja feita somente após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Na prática, porém, as medidas cautelares são muito utilizadas, tais como recolhimento domiciliar, comparecimento periódico em juízo. O acusado que descumpre essas medidas reiterada e injustificadamente, pode ter decretada pelo juiz sua prisão preventiva. Prisão Domiciliar A prisão domiciliar é normativamente descrita como o recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, da qual apenas poderá se ausentar mediante expressa e específica autorização judicial. Essa modalidade de prisão poderá ser judicialmente determinada em substituição à prisão preventiva quando o agente for maior de 80 anos, estiver extremamente debilitado por motivo de doença grave etc. 8. Liberdade Provisória A liberdade provisória pode ser judicialmente concedida mediante a prestação ou não de fiança. Há regras legais que justificam a denegação da fiança; tais como a quebra injustificada da fiança, descumprimento injustificado das obrigações impostas, prisão civil ou militar, bem como por ocorrência dos motivos autorizadores da prisão preventiva. 9. Audiência de Custódia Um projeto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem por objetivo a imediata apresentação de pessoa detida em flagrante delito ao órgão julgador competente. Esse projeto está sendo implementado em todo o país e tem entre seus objetivos a garantia das liberdades públicas e evitar o encarceramento em massa. A apresentação imediata 10 do agente detido em flagrante delito, pelo projeto do CNJ, denomina-se audiência de custódia. Portanto, a audiência de custódia é o direito do indivíduo preso, autuado em flagrante delito, de ser conduzido à presença de uma autoridade judiciária para que esta tome conhecimento de possíveis atos de maus-tratos ou de tortura, promovendo um espaço de dialética entre as partes acerca da legalidade ou ilegalidade da prisão cautelar. 10. Princípios envolvidos nos recursos A existência dos recursos é aplicada desde sua base na Constituição Federal de 1988, que estabelece os recursos como possibilidade à disposição das partes envolvidas no processo. Os recursos são impugnações contra decisão judicial (sentença penal) que as partes, no processo penal, podem interpor quando forem sucumbentes e não concordarem com a resolução final prolatada pelo órgão julgador. Como pressupostos do recurso, há o cabimento e a adequação; o recurso deve ser cabível e adequado, o que significa dizer, que o cabimento implica que o recurso seja previsto em lei e a adequação implica que o recurso deve ser o previsto para a decisão contra a qual é interposto. Pelo princípio da instrumentalidade das formas e da fungibilidade dos recursos (ou teoria do recurso indiferente), pode ser aceito um recurso processual penal diferente do recurso que seria o correto. Por esses princípios, admite-se a interposição de uma modalidade recursal por outra, desde que não haja má-fé e seja oferecido no prazo correto. 11. Espécies de Recursos Apelação O recurso de apelação deve ser interposto no prazo legal de 5 dias a partir da intimação da decisão judicial prolatada pelo órgão julgador. Esse recurso é cabível às sentenças definitivas de condenação ou de absolvição. O conhecimento de recurso de apelação pelo Tribunal independe da prisão do réu, mesmo que tenha prisão preventiva decretada contra ele. Ou seja, o fato de estar foragido não prejudica seu direito à ampla defesa. 11 Embargos de Declaração A decisão judicial que discrepar da racionalidade jurídica, das circunstâncias fáticas, dos argumentos e fundamentos legal e legitimamente aduzidos, dos meios de prova, enfim, de toda uma lógica democraticamente construída para a resolução de um determinado caso concreto, certamente pode ser havida como contraditória. O recurso específico adequado com vistas a sanar uma decisão judicial contraditória são os embargos de declaração, que servem para sanar ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão. Recurso Extraordinário Acerca do recurso extraordinário, lê-se na obra-base: “O recurso extraordinário também foi contemplado pela regulamentação do CPP, contudo, as hipóteses legais em que pode ser interposto estão expressamente descritas nas alíneas ‘a’, ‘b’, ‘c’ e ‘d’ do inciso III do art. 102 da Constituição Federal.” O recurso extraordinário deve ser interposto apenas após o esgotamento das demais vias recursais e quando tratar de assunto constitucional. É julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Recurso Especial O art. 105 da CF estabelece que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui competência jurisdicional para o julgamento de recursos especiais. Esse tipo de recurso é cabível em relação às decisões judiciais adotadas em única ou última instância, pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça estaduais e do Distrito Federal e dos Territórios, especificamente quando a sentença recorrida contrariar ou negar vigência a Tratado ou lei federal. 12. Ações autônomas de impugnação: Habeas corpus, revisão criminal e mandado de segurança Habeas corpus No processo penal brasileiro, além dos recursos, há vias impugnativas autônomas, isto é, ações próprias que visam a atacar algum ato, mas que não são recursos, como o habeas corpus, que é um instituto jurídico-processual penal que se destina a assegurar o direito de ir e vir, estar ou permanecer, sendo então cabível 12 sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violação ou coação ilegal na sua liberdade. Revisão Criminal A revisão criminal está regulamentada nos arts. 621 a 631 do CPP, destinado à rescisão de processos encerrados por decisão judicial condenatória transitada em julgado. Ela é uma ação própria, cujo regime determina sua natureza jurídica distinta, impondo-lhe atendimento de requisitos legais. Dessa maneira, a revisão criminal é admitida nas hipóteses elencadas no art. 621 do CPP. Portanto, a revisão criminal é um meio extraordinário de impugnação, não submetido a prazos, que se destinaa rescindir uma sentença transitada em julgado. Para exemplificar: João Marcos foi condenado a 10 anos de prisão por um crime que não cometeu. Preso há um ano, foram descobertas novas provas de sua inocência. Mesmo após já ter se concluído o processo no qual foi preso, ele agora quer, com essas novas provas, provar que é inocente, e por isso contratou um advogado. Nesse caso, cabe a revisão criminal. Mandado de Segurança O mandado de segurança é cabível “para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” (art. 5º, inc. LXIX, da Constituição.) Até breve!
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