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sistemas para a determinação da· con- centração de microrganismos suspensos no ar, mas já se pode afirmar que, apesar das possíveis variações em urna mesma localidade, ao se efetuar estas deterrnina- .ções por longos períodos (um ano por exemplo), obtêm-se valores médios relativa- · mente próximos. Assim, AIBA et al. 1 indicam, para a atmosfera de Tóquio, urna concentração média de microrganismos de 12x103 partículas/rn3, enquanto que GADEN;HUMPHREY 2 indicam, para Londres, um valor de 3 a 9x103 partículas/rn3• PARIS et al.3 chegaram a urna concentração média de 1 a 3x103 partículas/rn3, no que se refere à atmosfera da capital de São Paulo, após realizarem amostragens durante o período-de um ano e em diversas localidades. ' Deve-se salientar que as diferenças observadas entre esses diversos dados disponíveis na literatura são devidas às próprias características do fenômeno, con- forme discutido anteriormente, mas também em virtude do emprego de diferentes rnetodologias na quantificação. Quanto às dimensões dos microrganismos suspensos no ar, pode-se conside- rar corno representativos valores da ordem de 0,5 a 1,0 !JID, ou seja, dimensões de bactérias ou seus esporos. Por outro lado, as partículas de poeira, que freqüente- mente transportam os microrganismOs, apresentam diâmetros freqüentemente su- periores a 4 IJID, sendo que os esporos normalmente não estão associados a estas partículas de poeira.4 5.3 - Amestradores A determinação da concentração de microrganismos suspensos no ar atmos- férico é realizada através do uso de dispositivos designados genericamente por arnostnidores. Esses instrumentos não são apenas importantes por realizarem essa 66 Esterilização de ar tarefa, como também são empregados para a · verificação da efetiva esterilização do ar destinado ao processo, ou na quantificação de eventuais contaminantes e.m áreas ditas estéreis (salas de cirurgia). Essas são as razões pelas quais reveste-se de importância o conhecimento de alguns detalhes sobre.os tipos de amestradores que podem ser empregados, assim como sua forma de operação e limitações. De uma forma geral, todos os amestradores operam de maneira semelhante, pois o princípio básico deles consiste em reter, de alguma forma, os microrganis- mos suspensos em um determinado volume de ar, dando-se, a seguir, condições para que estas células proliferem, de maneira a tornar possível a contagem de co- lônias, para a quantificação dos contaminantes no volume de ar amostrado. Tendo em vista essa descrição geral, pode-se concluir que: a) dependendo da forma empregada para reter os microrganismos, não se pode assegurar que esta retenção seja total, podendo-se inclusive imaginar que haja distintas eficiências de coleta para diferentes amestradores; b) ainda na dependência da forma de reter os microrganismos, pode-se tam- bém imaginar a possibilidade da ocorrência de destruição de certas espécies; c) lembrando que células microbianas suspensas no ar podem estar associa- das a partículas de poeira, podendo ocorrer a existência de mais que uma célula por partícula, por mais que se busque desagregar estes conjuntos, é sempre difícil afirmar que uma colônia tenha tido, obrigatoriamente, origem em uma única célu- la. Essa é, inclusive, a razão pela qual os resultados são freqüentemente expressos em número de partículas, ou de número de colônias por unidade de volume de ar amostrado; d) conforme indicado, a etapa final da determinàção consiste em contar co- lônias que se desenvolveram em um dado meio de cultura e, tendo em vista a grande variedade de microrganismos suspensos no ar, torna-se difícil eleger um meio no qual se possa afirmar que todas as espécies se desenvolvam em um dado intervalo de tempo. · Uma primeira conseqüência dos fatos acima apontados/ reside n<J'dificulda- de em comparar resultados obtidos pelo uso de diferentes amestradores, ou com um mesmo amestrador~ porém operado de formas distintas. Outra conseqüência clara é a impossibilidade de se obter a concentração, to- tal ou absoluta, de microrganismos suspensos no ar atmosférico. Uma forma de minorar esses problemas, especialmente quando se deseja efetuar testes de efetividade de esterilização de um dado sistema, por exemplo de um dado filtro, consiste em preparar uma suspensão de um dado microrganismo em ar, previamente submetido à esterilização. Esse ar, artificialmente contamina- do com o microrganismo usado como marcador, é passado através do filtro, deter- minando-se a concentração (ou o número) de microrganismos no ar antes e após o elemento filtrante, desde que também se conheça o volume de ar amostrado, me- dindo-se a vazão de ar e o tempo do ensaio. Pode-se assim quantificar a eficiência de retenção (TJ) do filtro em teste: N ~N . TJ = l z X 100 Nl . (5.1) --· ----C---------- -···---- ...... ... ~ Amestradores 6 7 · onde: N1 =concentração de microrganismos no ar antes da passagem pelo filtro .(partículas ou colônias por unidade de volume) e N2 = concentração de microrganismos no ar após a passagem pelo filtro,_ (partículas ou colônias por unidade de volume). . O fato de se conhecer o microrganismo empregado para esse tipo de deter- minação, significa que se conhece perfeitamente o aspecto dÇl.s colônias que se quer contar (formato, apar&ncia, cor), além de se conhecer o meio de cultura e as condições mais adequadas para a sua proliferação. Vários microrganismos têm sido empregados para a realização desses testes, tais como Serratia marcescens,S Pseudomonas diminuta6'7 e esporos de Bacillus subtilis var. niger.4 Obviamente esses microrganismos são de pequenas dimensões, como é o caso do Pseudomonas diminuta, que apresenta diâmetros de 0,3 por 0,8 J.Lm. 7 Pretende-se, a §eguir, apresentar algumas características de alguns amostra- dôres mais freqüentemente empregados. Convém salientar que na literatura há a descrição de um número elevado de amostradores, sendo freqüente que um pes- quisador, ao trabalhar sobre. o tema, acabe por desenvolver o seu próprio sistema, ou propondo variações sobre os existentes. Isso resulta na geração de dados que são de difícil comparação, a não ser que se empregue sistema idêntico. 5.3.1 - I!Tlpinger O impinger é um dos amostradores mais conhecidos e sobre o qual há inui- tas referências. Existem, inclusive, inúmeras versões desse amostrador, sendo um exemplo típico o indicado na Figura 5.1, extr_aída do trabalho de TYLER; SHIPE,8 sendo conhecido como "all-glass impinger" (AGI). 2 13cm Figura 5.1 - "AII-glass impinger" (AGI). (I) Entrada do ar; (2) Saída do ar (bomba de vácuo). 8 ' i I ti 68 Esterilização de ar Esse amostrador consta de um recipiente de vidro que contém 10 mL·do lí- quido coletor, que pode ser água destilada, ou determinadas soluções como a so- lução gelatina-fosfato, constituída de gelatina (2 g/L) e Na2HPQ4 (4 g/L), à qual se adiciona 0,01 mL de óleo de oliva esterilizado, a fim de evitar a formação de espu- ma. Antes do início da amostragem, todo o conjunto deve ser esterilizado. Ao se iniciar a amostragem do ar, liga-se a abertura 2, indicada na Figura 5.1, a uma bomba de vácuo, de forina a reduzir a pressão no interior do recipiente. Dessa forma, o ar entrará no amostrador através da abertura 1, borbulhando no lí- quido coletor através do tubo de vidro, o qual é capilar em sua parte final para gerar bolhas de pequeno diâmetro. Espera-se, portanto, que os microrganismos existentes no ar fiquem retidos no líquido. Terminada a tomada de amostra, o frasco é agitado, a fim de promover a de- sagregação dos eventuais aglomerados de células, determinando-se, então, a con- centração de microrganismos no líquido coletor, através dos métodos usuais de diluições e contagem de colônias em placas. Conhecendo-se a vazão de ar e o tempo de