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para a medida da concentração celular X, a saber: turbidimetria ou espectro~oto metria, biomassa seca, número total de células, número de células viáveis ou uni- dades formadoras de colônias, volume do sedimento obtido por centrifugação, teor de um componente celular etc., representam uma informação muito simples do que ocorre em um fenômeno biológico. O microrganismo ou agente ativo promove a transformação dos componen- tes do meio em produtos, graças às atividades de milhares de enzimas que, por sua vez, são sintetizadas pelo próprio microrganismo. Sendo essas sínteses contro- ladas pelo meio externo (fenômenos de indução e repressão), torna-se.assim muito difícil, senão impossível, identificar qual medida ou medidas são realmente repre- sentativas da transformação em estudo. Parâmetros de transformação 9 5 Essa dificuldade ocorre mesmo nos sistemas mais homogêneos, quando o meio de fermentação for límpido, com as células isoladas umas das outras e quan- do só uma dada espécie de microrganismo estiver suspensa no meio aquoso. A questão se complica ainda mais quando o sistema for constituído por uma cultura mista e, além disto, contiver sólidos em suspensão (alêm do microrganis- mo), como nos processos biológicos de tratamento de resíduos domésticos e in- dustriais. Nesse caso, medÍdas de sólidos suspensos voláteis, durante tal processo, são adotadas como uma avaliação indireta da biomassa presente. Os substratos a serem decompostos são simplesmente avaliados pelas determinações conhecidas como demandas química e biológica de oxigênio (DQO e DBO, respectivamente). Outros sistemas de fermentação, onde as medidas de biomassa são proble- máticas, compreendem: células suspensas em meio aquoso, porém sob forma de flocos ou células filamentosas; células imobilizadas na superfície de materiais inertes ou biodegradáveis contidas no biorreator; células na presença de meio, co- nhecido como semi-sólido, onde a matéria-prima é constituída por .m,aterial amilá- ceo, por exemplo. Neste último caso, a presença do microrganismo, traduzida pela concentração de algum componente do mesmo (como proteína total), não pode ser interpretada como se a célula estivesse suspensa no meio aquoso. Finalmente, se o material a ser transformado pelo microrganismo (substrato) for parcialmente insolúvel no meio aquoso, como hidrocarbonetos líquidos ou só- lidos, polímeros, minérios, etc., a concentração do substrato não possui significa- do. Juntamente com essa variável será necessário avaliar a área de interface do material insolúvel com o meio aquoso, bem como a sua variação, à medida que o microrganismo promove a degradação do mesmo. Trata-se de um aspecto até ago- ra não resolvido satisfatoriamente, a despeito de alguns método's propostos.1 6.2 -:- Pa~âmetros de transformação 6.2.1 - As velocidades instantâneas de transformação A Figura 6.1 ilustra as definições das velocidades instantâneas de crescimen- to ou reprodução do microrganismo, consumo de substrato e formação de produ- to, traduzidas respectivamente pelas seguintes expressões, para um tempo t: dX rx=- dt (6.1) (6.2) \ ' · dP fp =- dt (6.3) 96 Cinética de processos fermentativos Tais velocidades, traduzidas pelos valores das inclinações das tangentes às respectivas curvas (Fig. 6.1) são também conhecidas como velocidades volumétri- cas de transformação, cujas unidades correspondem a (massa) x (comprimentor3 x (tempor1• No item 6.3 é apresentado um exemplo de cálculo dessas velocidades. Uma definição especial de velocidade, cujo interesse prático está na avalia- ção do desempenho de um processo fermentativo, é a produtividade em biomas- sa, definida por: P - Xm -Xo x- tf (6.4) Os termos dessa equação, definidos na Figura 6.1, mostram que a produtivi- dade representa a velocidade média de crescimento referente ao tempo _total ou fi- nal de fermentação, tf. A mesma definição pode ser aplicada à concentração do produto, denomina- da produtividade do produto: · (6.5) onde tfp não é necessariamente igual a tf. A concentração inicial do produto é ge- ralmente desprezível frente ao valor final ou máximo, P m· 6.2.2 - As velocidades específicas de transformação Devido ao fato de que a concentração microbiana X aumenta durante um cultivo descontínuo, aumentando conseqüentemente a concentração do complexo enzimático responsável pela transformação do substrato S no produto P, é mais lógico analisar os valores das velocidades instantâneas (eqs. 6.6, 6.7 e 6.8) com re- lação à referida concentração microbiana, ou seja, especificando-as COwJll respeito aovalor de X em um dado instante, conforme indicam as expressões: (6.6) (6.7) 0 __ ,.)=. 1 dP Jlp -·- --- X dt (6.8) Essas são denominadas velocidades específicas de crescimento,_ consumo de substrato e formação de produto respectivamente, tendo sido GADEN2 o autor destas definições. Parâmetros de transformação 97 6.2.3 - Os fatores de conversão e os coeficientes específicos de manutenção Com referência à Figura 6.1, considerando um determinado tempo t de fer- mentação, os correspondentes valores de X, Se P podem ser relacionados entre si, através dos fatores de conversão definidos por: .· ~ ~~~ ~ -X -Xo (6.9) ,J ~..~ .. "'::is -s "'-.._ o . / X-X Yft~ = o ._.,'))!_ p- p o P-P Y~'rs =--o t'.t~;>_ 5 0 -S (6.10) (6.11) Se tais fatores permanecerem constantes durante ó cultivo, o que não ocorre com freqüência, as três expressões ~nteriores podem ser aplicadas também no tempo final de fermentação, ondà ~-X~, ·~~ S dó, resultando: · (6.12) y - Xm -Xo X/P- p -P m o (6.13) Yp;s = pm -.Po (6.14) so Eliminando-se a grandeza X0 , pela combinaÇão das eqs. (6.9) e (6.12), ob- tém-se: ~ i x ~x · · Y:J<"'•= m .· · f';) s (6.15) como uma forma alternativa para a definição deste fator. A'·eq; (6.15) poderá ser ~mais conveniente para a avaliação de Y X I S' tendo em vista que as medidas de X0 apresentam, na maioria dos casos, erros experimentais mais elevados do que.Xm:; Entretanto, nem sempre o substrato se esgota completamente quando a con- centração celular apresentar seu valor máximo, podendo ainda existir uma . 1 ...___ -- ---·· --- · .. ·· ··------~------- ---------·---,.·------- ---·---- .. ·----·--·- ·----·----·---·-· --·.··· · ··-- ·-- - - ·· ·-· ---··--- ---·· -- ··---- ,. ; ,. 98 . Cinética de processos fennentativos concentração residual daquela súbstância no meio de cultura, ao término da fer- mentação. Isso ocorre porque à medida que o microrganismo se reproduz, são formados produtos do metabolismo que inibem o crescimento celular, sem men- cionar o próprio substrato, que pode dificultar a atividade microbiana (item 6.6). O fator de conversão Y XIS foi originalmente definido por MON00,3 tendo sido útil na análise de alguns processos. como, por exemplo, na produção de pro- teínas unicelulares a partir de carboidratos ou hidrocarbonetos. Desde que seu valor seja conhecido, é possível calcular o valor de X, a partir de um valor conhe- cido de S e vice-versa. Igualmente útíl é o emprego do referido fator na definição do substrato, de- nominado limitante. Como o próprio nome indica, é o valor da sua concentração inicial S0 que definirá a concentração máxima Xm da população microbiana. Em outras palavras, em uma outra experiência de um cultivo descontínuo, onde a concentração S0 seja inferior à precedente, porém com concentrações idênticas dos demais componen- tes (incluindo a concentração inicial da biomassa, X0 ), resultará um valor de Xm proporcionalmente menor, no final do cultivo. ' Isso equivale a colocar a expressão (6.12) sob a forma: r- --..... -....,. ~ \. . ---~ \~)= Yx;s ·Só' + X 0 (6.16) No decurso de um cultivo descontínuo,