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Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Estudo das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico As contribuições de intervenção no domínio econômico, também chamadas de contribuições interventivas ou, simplificadamente, de CIDEs, sendo de competência exclusiva da União, apresentam- se, sempre, ipso facto, como tributos federais. O Brasil é um Estado intervencionista, propenso a adotar medidas voltados ao comando da vida econômica por meio de sua atuação estatal. Nesse particular, justifica-se a existência das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE. De fato, há atividades econômicas que devem sofrer intervenção do Estado Federal, a fim de que sobre elas se promova ora um controle fiscalizatório, regulando seu fluxo produtivo, ora uma atividade de fomento, tendente à melhoria do setor beneficiado escolhido com pontualidade. Assim, a União, em seu propósito desenvolvimentista realiza atividades de efetiva intervenção no controle do mercado, exigindo- se CIDEs, no contexto da referibilidade, para financiar custos e encargos correspondentes. Foi considerada CORRETA a seguinte assertiva apresentada em Concurso Público: “É CERTO AFIRMAR QUE A CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMINIO ECONOMICO (CIDE) A QUE SE REFERE O ART. 149, CF, SOMENTE PODE SER UTILIZADA, EM REGRA, COMO INSTRUMENTO REGULATÓRIO DA ECONOMICA, COBRÁVEL, QUASE SEMPRE DOS INTEGRANTES DO SETOR AO QUAL SEJA DIRIGIDA A ATUAÇÃO DA INTERVENÇÃO DA UNIÃO” A intervenção é feita, geralmente, por pessoas jurídicas de direito privado, que se responsabilizam, como entes para fiscais, pela regulação das atividades econômicas às quais se atrelam, Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II geralmente relativas às disposições constitucionais da ordem econômica e financeira (art. 170, IX, CF). Segundo o art. 149, § 2º, I, II e III e CF aplicam-se às CIDEs e igualmente às contribuições sociais as seguintes regras. 1. Não incidirão sobre receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2º, I, CF – EC 33/2001) 2. Incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros e serviços (EC 42/2003) 3. Poderão ter alíquotas: I) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro, ou II) específica, tendo por base a unidade de medida adotada (EC 33/2001) 4. Obedecerão a todos princípios constitucionais tributários, ressalvados os princípios da legalidade e da anterioridade no caso da CIDE-combustível (art. 177, §4º, I, b, CF) 5. Poderão incidir uma única vez, conforme estipulação prevista em lei. CIDE – Combustíveis Instituída pela Lei nº 10.336/2001, a CIDE-Combustíveis incide sobre a importação e comercialização de petróleo e gás natural – e seus derivados – e álcool etílico e combustível. Com a EC 42/2003 permitiu-se a possibilidade de criação de CIDE- Combustíveis, alcançando a importação de produtos estrangeiros e serviços, em razão do alargamento do campo de incidência – e das contribuições sociais – que até então se atrelavam apenas à importação de petróleo, gás natural e seus derivados, bem como ao álcool combustível. Quanto à destinação do produto da arrecadação da CIDE- Combustível, impede observar o art. 1º, §1º, I a III, da Lei nº 10.336/2000, em total conformidade com o art. 177, §4º, II, “a”, “b”, “c”, da CF. Art. 1º. ...§1º... Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II I- pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo. II – financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás. Destarte, trata-se de tributo que foi concebido para destinar recursos arrecadados ao financiamento de projetos ambientais, programa de infraestrutura de transportes e pagamento de subsídios a preços ou transporte de combustíveis. Desse modo, “uma das destinações do produto de arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (CIDE) é o financiamento de programas de infraestrutura e transportes. O texto constitucional não traz especificidades sobre as hipóteses de incidências das CIDEs, porém exterioriza detalhes afetos ao alcance da exação, consoante os arts. 149, §2º, II e 177, §4º, CF, dispondo que: I. o tributo será exceção aos princípios da legalidade e anterioridade tributárias, quanto ao reestabelecimento de alíquotas, que tenham sido reduzidas por ato do Poder Executiva. II. o tributo poderá ter sua alíquota diferenciada em razão da natureza do produto. São contribuintes da CIDE-Combustíveis o produtor, formulador e o importador, pessoa física ou jurídica, que realizarem operações de importação e de comercialização, no mercado interno de vários combustíveis, quais sejam: gasolinas e suas correntes, diesel e suas correntes; querosene de aviação e outros querosenes; óleos combustíveis (fuel-oil), gás liquefeito de petróleo, incluindo o derivado de gás natural e nafta, e o álcool etílico combustível. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II A base de cálculo da CIDE é a unidade de medida legal para produtos importados e comercializados no mercado interno, enquanto as alíquotas do tributo – que podem ser diferenciadas em razão da natureza do produto – são específicas (art. 5º, Lei nº 10.336/2001) Vale lembrar que o contribuinte pode deduzir o valor da exação dos montantes de PIS e COFINS, devidos na comercialização no mercado interno (art. 8º, da Lei nº 10.336/2001). Frise-se, em tempo, que a CIDE-Combustíveis cabe à administração da SRFB. Vale frisar quanto à repartição tributária da CIDE combustíveis: * Da União para estados e Distrito Federal, devem ser repassados 29% * Dos estados para municípios, devem ser repassados 25%. CIDE- Royalties Foi instituída pela Lei nº 10.168/2000, que tem por fim atender o Programa de Estímulo à Integração Universidade-Empresa para Apoio à Inovação, com fito de fomentar o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante o incentivo da pesquisa (art. 1º), em total ratificação ao art. 214, IV, CF: “A lei brasileira prevê a cobrança de contribuição de intervenção no domínio econômico, devida por pessoa jurídica adquirente de conhecimento tecnológicos”. A alíquota da contribuição é de 10%, e os sujeitos passivos serão conforme disposto no art. 2º, da Lei nº 10.168/2000, as seguintes pessoas jurídicas: I. A detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimento tecnológicos; II. A signatária de contratos; Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II a) Que impliquem em transferência de tecnologia firmados com residentes ou domiciliados no exterior. b) Que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa, a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, e, por fim, c) A que pagar, creditar, entregar, empregar ou remeter royalties, a qualquer título a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, pelos contratos de transferência mencionados. A administração da CIDE-Royalties cabe à SRFB. Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM (Lei nº 10.893/2004) É uma contribuição parafiscal, conforme Súmula 553, STF. É cobrado mediante incidência de alíquotas diferenciadas sobre o frete, dependendo do tipo de navegação (internacional,de cabotagem, fluvial ou lacruste), por ocasião da entrada da embarcação no porto de descarga. À guisa de curiosidade, o AFRMM é um antigo tributo, tendente a fomentar, no Brasil, a atividade comercial da Marinha Mercante e a indústria de construção e reparação naval, crucial para o controle da balança comercial e, fundamentalmente, para atendimento das necessidades de qualquer nação comercial expansionista. A propósito, em nosso país, tal indústria apresenta-se desgraçadamente claudicante. Em rápida digressão histórica, nota- se que AFRMM despontou a partir do governo de Kubitschek, em que foram previstos vários estímulos à indústria naval, destacando- se a criação do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e do indigitado Adicional de Frete. Logo após, foram lançados sucessivos planos nacionais de construção naval. Com tais medidas, o Brasil alcançou, nos anos 70, notável condição de segundo parque mundial de construção naval. Todavia, com o envolver dos anos, o país não conseguiu acompanhar as robustas indústrias exportadoras da Ásia (Japão, Coréia e mais recentemente da Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II China). O resultado era previsível: os estaleiros e armadores brasileiros sucumbiram, mesmo com os subsídios do AFRMM, à força avassaladora da industrial naval asiática. Adicional de Tarifa Portuária – ATP (Lei nº 7.700/88) É uma contribuição parafiscal, na subespécie contribuição no domínio econômico. O fato gerador da contribuição adstringe-se “às operações realizadas com mercadorias importadas ou exportadas, objeto do comércio na navegação de longo curso”. (art. 1º, §1º, Lei nº 7.700/88). Por sua vez, o produto da arrecadação sempre esteve vinculado “à aplicação em investimentos para melhoramento, reaparelhamento, reforma e expansão de instalações portuárias”. (art. 2º, Lei 7.700/88). Estudo das Contribuições Sociais No presente estudo, voltado às contribuições em geral, as contribuições sociais destacam-se como as mais importantes, tanto do ponto de vista do volume de arrecadação como também do ponto de vista acadêmico. “Elas são as relevantes, as que pesam nos bolsos e recheiam os cofres dos Estados”. “A contribuição social é espécie tributária vinculada à atuação indireta do Estado. Tem como fato gerador uma atuação indireta do Poder Público mediatamente referida ao sujeito passivo da obrigação tributária”. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Nesta trilha, o autor Luciano Amaro, define que: “a Constituição caracteriza as contribuições sociais pela sua destinação, vale dizer, são ingressos necessariamente direcionados a instrumentar a atuação da União no setor da ordem social”. Importante destacar que a Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007 unificou as duas Receitas – Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Receita Previdenciária – em único órgão, ou seja, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) ou Super-Receita. Esta novo órgão passou a acumular as atribuições quanto à fiscalização e arrecadação das contribuições sociais. O art. 16 da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007 dispões que compete privativamente à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a representação judicial e extrajudicial e apuração da liquidez e certeza da dívida ativa da União, referentes às contribuições sociais. O art. 149, CF dá guarida às chamadas contribuições sociais, sendo que esta terminologia enseja discussões entre juristas. Segundo o STF, entende-se que as contribuições sociais poderão ser divididas em: **CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ** CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAIS Contribuição salário- educação e contribuições para o sistema S. CONTRIBUIÇÕES PARA SEGURIDADE SOCIAL Contribuições nominadas previstas no art. 195, I ao IV, CF OUTRAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS “contribuições residuais, constantes no art. 195, §4º, CF”. Essa classificação foi estabelecida no voto do Ministro do STF Carlos Velloso, postado em 1, de julho de 1992, Recurso Extraordinário 138.284-8/CE. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Para estudo, vamos desmembrar esta classificação da seguinte forma: 1) Contribuições Sociais Gerais a) Contribuição Salário-Educação – art. 212, §5º, CF b) Contribuição do Sistema S – art. 240, CF 2) Contribuições da Seguridade Social a) 1ª Fonte de Custeio: Importador (art. 195, IV, CF) b) 2ª Fonte de Custeio: Loterias (art. 195, III, CF) c) 3ª Fonte de Custeio: trabalhadores (art. 195, II, CF) d) 4ª Fonte de Custeio: empregador e empresa (art. 195, I, CF) d.1) Contribuição Social Patronal sobre Folha de Pagamento d.2) Contribuição PIS/PASEP d.3) Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSLL) d.4) Contribuição social sobre o financiamento da seguridade social (COFINS) 3) As outras contribuições 4) Estudo complementar sobre contribuições. a) Análise da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) b) Análise da Contribuição para Serviço de Iluminação Pública (COSIP) 1) As contribuições sociais gerais Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Em julgado proferido pelo STF, em julho de 1992, cuja questão envolvia a constitucionalidade da lei instituidora da CSLL, definiu-se alguns aspectos que caracterizam as especificidades das contribuições parafiscais. Nesse sentido, entendeu-se que as contribuições parafiscais são tributos classificados de acordo com a afetação respectiva, que é traçada pela Constituição Federal (pelo legislador constituinte). Desse modo, a afetação alfa legitimaria a contribuição alfa, bem como a afetação beta sinaliza a contribuição beta. Ocorre que em outubro de 2002, no julgamento de outra ação (no caso, tratava-se de uma Medida Cautelar, Adin nº 2.556-2/DF) por maioria de votos o STF reconheceu a natureza tributária para “certas” contribuições denominadas “contribuições sociais gerais”. Tratava-se de contribuições criadas pela Lei Complementar nº 101/2001, cuja finalidade era obter recursos para o pagamento do acordo firmado com os correntistas do FGTS, que não tiveram as suas contas corrigidas em conformidade com os expurgos inflacionários referentes aos planos econômicos Collor, Bresser e Verão. O Ministro do STF Moreira Alves chegou a mencionar, neste julgamento, que diante da necessidade de buscar o exato enquadramento classificatório das contribuições previstas na LC 101/2001, ou como contribuições sociais (art. 149, CF) ou como contribuições para seguridade social (art. 195, CF), preferia atrelá- las à primeira terminologia, ou seja uma subespécie de contribuição social intitulada de contribuição social geral, afastando a aplicação do art. 195, CF. Assim, o STF entendeu que as contribuições sociais gerais não se restringiam aquelas delimitadas constitucionalmente, o que dava legitimidade às atípicas contribuições sociais gerais, àquelas instituídas sem uma finalidade estipulada pelo legislador constituinte. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Sabe-se que até o advento da Lei Complementar 101/2001 inexistiam contribuições despidas de afetação delimitada constitucionalmente, e tal posicionamento veio inaugurar uma nova perspectiva terminológica para as contribuições. Aliás, não há na Constituição dispositivo que autoriza a criação de “novas contribuições sociais gerais”, pois o art. 195, §4º, CF é aplicável a outras – e exclusivamente novas – contribuições sociais previdenciárias.Resumidamente, as contribuições sociais gerais apresentam as seguintes características: I. São de competência da União. II. São regidas pelo mesmo regime jurídico das demais contribuições instituídas no art. 149, CF. III. Sujeitam-se de forma integral ao regime constitucional tributário, sem comportar exceções. IV. São instituídas por lei ordinária e obedecem ao principio da anterioridade comum. V. Custeiam a atuação do Estado em outros campos sociais, diversos daqueles previstos no art. 195, CF, quais sejam, saúde, previdência e assistência social, pertencentes à Seguridade Social e financiados pelas contribuições à Seguridade Social. VI. só podem incidir sobre uma única base econômica, por contribuinte, para cada objetivo determinado. Feitas as observações, vamos passar para o estudo das contribuições sociais gerais, ou seja: a) Salário-educação (art. 212, §5º, CRFB) b) Contribuições do sistema S (art. 240, CRFB) a) Salário- Educação: a contribuição ao salário-educação foi concebida para financiar, como adicional, o ensino fundamental público, como prestação subsidiária da empresa ao dever Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II constitucional do Estado de manter o ensino primário gratuito de seus empregados e filhos destes. De acordo com o STF, esta contribuição é uma contribuição social geral, que foi concebida no art. 178 da EC 1/69 e recepcionada pela Constituição de 1988, em função do disposto no art. 212, §5º, CF. (Súmula 732, STF) A contribuição do Salário-educação é recolhida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB). Antes da criação do órgão, o recolhimento era feito pela extinta Secretaria da Receita Previdenciária do Brasil então vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social. b) Contribuições destinadas aos Serviços Sociais Autônomos (Sistema S): tais contribuições, também denominadas contribuições de terceiros, são destinadas, conforme se estudou em tópico precedente às entidades privadas de serviços sociais autônomos e de formação profissional, vinculadas ao sistema sindical. Tais organismos SENAI, SESC, SESI, SEST, SENAT, SEBRAE, SENAC e etc, pertencentes ao chamado Sistema “S” dedicam-se ao ensino fundamental profissionalizante e à prestação de serviços no âmbito social e econômico. Exige-se as contribuições de terceiros dos empregados, destinando-se o recurso às entidades privadas mencionadas, uma vez que o importe arrecadado não é adequado para financiar a seguridade social, conforme exclusão prevista no art. 240, CF. A base de cálculo da exação atrela-se às remunerações pagas, devidas ou creditadas aos empregados e avulsos, ou seja, à folha de pagamento desses segurados. Por sua vez, a alíquota, de modo geral, pode chegar a 5,8% dependendo do ramo de atuação da empresa. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Quanto à arrecadação e fiscalização do tributo (sujeição ativa), frise-se que as contribuições do sistema S passaram a ser recolhidas pela Secretaria Federal do Brasil (SRFB). Antes da criação do novo órgão, o recolhimento era feito pela extinta Secretaria da Receita Previdenciária, então vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social. Existem discussões quanto ao enquadramento das contribuições ao sistema S, ou seja, há quem entenda que essas contribuições são, na verdade, profissionais e coorporativas, porém, o STF e o STJ atribuem-lhes o tratamento de contribuição social geral. 2) As contribuições da seguridade social A CONTRIBUIÇÃO À SEGURIDADE SOCIAL CONSTITUI MODALIDADE DE TRIBUTO VINCULADO, JÁ QUE OBJETIVA CUSTEAR A PREVIDENCIA SOCIAL. O orçamento da seguridade social é composto de receitas oriundas de Recursos de Entes Públicos (financiamento indireto) – por meio dos próprios impostos – e de receitas hauridas das contribuições específicas (financiamento direto). Estas últimas são instituídas por lei, com fundamento (respaldo) constitucional, para o custeio da seguridade social (art. 195, CD, c/c art. 11, da Lei nº 8.212/93) Neste diapasão, toda sociedade, de forma direta ou indireta, financia a seguridade social, o que revela a concretização do princípio da solidariedade do gravame. As contribuições da seguridade social estão baseadas no Principio da Solidariedade. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II O Principio da Solidariedade possui fundamento no art. 195, I ao IV da Constituição e traduz que toda sociedade, todos, poderão ser chamados a contribuir, independente de pertencerem a determinado grupo. Isso marca de modo indelével as contribuições da seguridade social, estabelecendo o dever de solidariedade de todos os integrantes da sociedade em seu financiamento. A aplicação do Principio da Anterioridade Nonagesimal às contribuições para seguridade social se encontra expresso no art. 195, §6º, da Constituição, o qual excepciona a observação ao Principio da Anterioridade Anual (“aguardar o ano fiscal seguinte”). Portanto, as contribuições para seguridade social, incluindo as residuais (“novas”) obedecerão a um período de anterioridade especial de 90 dias, independentemente do ano civil (1º de janeiro a 30 de dezembro), afeto à anterioridade anual (ou de exercício), aplicável aos tributos em geral. Observe as seguintes assertivas (questões de provas) que foram consideradas corretas: a) Considere que determinado Município institua contribuição para custeio do regime próprio de previdência e assistência social de seus servidores públicos. Neste caso, a referida contribuição poderá ser exigida no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada lei instituidora, desde que haja observância do interregno de 90 dias entre a instituição e a cobrança. b) As contribuições previstas pelo art. 195, da Constituição da República só podem ser exigidas após o prazo de 90 dias contados da data da publicação da lei que as tiver instituído ou modificado. Observe as alternativas que foram consideradas INCORRETAS nas provas de concursos para Auditor Fiscal (concursos que requerem conhecimentos de administração de empresas e contabilidade) Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II a) Às contribuições sociais aplicam-se os princípios constitucionais da anterioridade (ano-calendário) e da anterioridade nonagensimal (noventena), cumulativamente. b) A contribuição social criada por lei publicada em 20 de dezembro de determinado ano somente poderá ser exigida em 1º de janeiro do ano seguinte. c) As contribuições parafiscais destinadas à seguridade social podem ser exigidas no mesmo exercício fiscal em que forem instituídas, independentemente de qualquer prazo. d) As contribuições previstas no art. 195 da Constituição estão sujeitas ao principio da anterioridade, nos termo do art. 150, III, b, da Constituição. e) As contribuições sociais observam o principio da anterioridade anual, mas não observam o principio da anterioridade nonagesimal. f) As contribuições do sistema estadual de previdência social não poderão ser cobradas no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada lei que as instituiu ou aumentou. g) As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, previstas no art. 149, da Constituição, estão submetidas ao principio da anterioridade mitigada ou nonagesimal. A lei que institui a contribuição para seguridade social deve observar90 dias para tornar exigível a obrigação do contribuinte, porém, se outra lei posterior à lei que instituiu a dita contribuição alterar, por exemplo, o prazo para pagamento, não haverá necessidade de aguardar 90 dias, desde que a lei que criou a contribuição tenha respeitado o referido prazo. (entendimento que prevalece no STF. Súmula 660: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao principio da anterioridade). Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II O art. 149, §1º, CF prevê as contribuições previdenciárias estaduais e municipais, de competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a serem exigidas dos servidores públicos estatutários para custeio de regime próprio de previdência social (RPPS). Frise-se que o tributo aqui versado é uma contribuição social-previdenciária, e não uma CIDE ou uma contribuição coorporativa. A alíquota, nesses casos, não será inferior à alíquota cobrada pela União de seus servidores públicos federais – hoje, no percentual de 11%. Se a alíquota “não será inferior” significa que “poderá ser superior”, o que embora óbvio, pode tornar-se confundível no momento da resolução de testes de provas objetivas. Observe a assertiva abaixo, considerada INCORRETA: Os Municípios, os Estados e o Distrito Federal têm competência para instituir contribuição cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário próprio, cuja alíquota deverá ser inferior à da contribuição exigida pela União Federal dos servidores públicos federais ocupantes de cargos efetivos. O presente dispositivo é deveras relevante. Observe adiante as assertivas CORRETAS que foram colhidas de provas de concursos públicos, demonstrando que o tema é iterativamente solicitado: a) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuições sociais, cobradas de seus servidores, para o custeio de sistema de saúde, previdência e assistência social estruturados em benefício dos referidos sujeitos passivos. b) Os Estados podem instituir contribuição social para custeio do plano de benefícios dos servidores públicos, porém não podem instituir empréstimos compulsórios. c) Considere que determinado Município institua contribuição para custeio do regime próprio de previdência e assistência social de seus servidores públicos. Nesse caso, a referida contribuição poderá ser exigida no mesmo exercício financeiro em que tenha Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II sido publicada a lei instituidora, desde que haja observância do interregno de 90 dias entre a instituição e a cobrança. Ademais, não se trata de tributo exclusivo da competência federal. Nesse sentido: “ a União não tem competência privativa para instituir contribuição previdenciária dos servidores dos estados, distrito federal e dos municípios, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União”. Por sua vez, temos que ressaltar no campo das imunidades, que existem dois casos que são aplicados às contribuições da seguridade social: I) Imunidade da seguridade social para entidades beneficentes de assistência social (art. 195, §7º,CF). II) Imunidade de todas as contribuições sociais para as receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2º, I CF – EC 33/2001) Daí se afirmar que “as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, previstas no art. 149, CF, não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação, mas poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível”. Vale a pena destacar, ainda, que haverá incidência normal das contribuições da seguridade social (COFINS e PIS) sobre o faturamento das empresas que realizam as operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis minerais (art. 155, §3º,CF), uma vez o dispositivo trata de não incidência de certos impostos (II, IE, ICMS). Sumula 659, STF: é legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País”. Como se pode notar, com o advento da EC 42/2003, passamos a ter quatro fontes de custeio da seguridade social, previstas art. 195, I a IV, CRFB. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II a) 1ª Fonte de Custeio: Importador (art. 195, IV, CF) b) 2ª Fonte de Custeio: Loterias (art. 195, III, CF) c) 3ª Fonte de Custeio: trabalhadores (art. 195, II, CF) d) 4ª Fonte de Custeio: empregador e empresa (art. 195, I, CF) d.1) Contribuição Social Patronal sobre Folha de Pagamento d.2) Contribuição PIS/PASEP d.3) Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSLL) d.4) Contribuição social sobre o financiamento da seguridade social (COFINS) Todas elas estão previstas no art. 195 e podem ser instituídas por lei ordinária ou, até mesmo por medidas provisórias. Qualquer contribuição previdenciária, que venha ser criada além das fontes acima enumeradas, configurará o exercício da competência residual, cuja previsão subsiste no art. 195, §4º, CF. Estas, de outra banda, dependem de lei complementar, e não podem ser criadas via Medida Provisória (art. 62, §1º, III,CF) 1ª Fonte de Custeio da seguridade social: o importador Com a EC 42/2003, que inseriu o inciso IV ao art. 195, CF, evidenciou-se a possibilidade de criação da contribuição para seguridade social, alcançando a importação de produtos e serviços estrangeiros, em razão do alargamento da incidência das contribuições sociais e de intervenção do domínio econômico (CIDEs), conforme art. 149, §2º, CF. Nessa esteira, em 29 de janeiro de 2004, com o advento da Medida Provisória 164 (Lei nº10.685/2004) foram instituídas as contribuições para: I) Programa de Integração Social e Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS) e II) Financiamento da Seguridade Social (COFINS), incidentes sobre a importação de bens e serviços. Assim, surgiram as contribuições para seguridade social intituladas: PIS/PASEP-importação e COFINS-importação. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Contribuição para Seguridade Social PIS-importação e COFINS-importação Previsão Art. 195, IV e Lei nº 10.865/2004 (MP 164/2004) Fato Gerador A entrada de bens estrangeiros no território nacional ou o pagamento de crédito, a entrega ou remessa de valores a residentes e domiciliados no exterior, como contraprestação de serviços prestados (art. 3º, Lei nº 10.865/2004) Base de Cálculo I) o valor aduaneiro que servir de base para cálculo do II, acrescido do valor do ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, quando o fato gerador for a entrada de bens estrangeiros no território nacional. II) o valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido para o exterior, antes da retenção do IR, acrescido do ISS e do valor das próprias contribuições incidentes na importação do serviço. Sujeito Passivo I) o importador, pessoa física ou jurídica, que promova a entrada de bens estrangeiros no território nacional ou contrate serviços de residentes ou domiciliados no exterior. II) o beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante também seja residente ou domiciliado no exterior (art. 1º e §1º, da Lei nº 10.865/2004) Sujeito Ativo Receita Federal do Brasil (SRFB) 2ª Fonte de Custeio: Receita concurso de prognósticos (loterias) Trata-se de fonte de custeio da seguridade social, oriunda decontribuições incidentes sobre a receita de concurso de prognósticos, isto é, de todo e qualquer concurso de sorteios de números ou de outros símbolos, loterias e apostas, no âmbito federal, estadual, distrital ou municipal, promovidos por órgãos do Poder Público ou por sociedades comerciais ou civis, ressalvados os jogos de azar. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Observe o quadro: Contribuição para Seguridade Social Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos Previsão Art. 195, III c/c art. 212 do Decreto nº 3.048/99 Fato Gerador Auferir receita de concursos de prognósticos. Base de Cálculo Receita Líquida (total da arrecadação) ou Receita Bruta (movimento global de aposta) do concurso de prognósticos. Sujeito Passivo Entidade que realiza o concurso de prognóstico (órgãos do Poder Público ou organismos privados) Sujeito Ativo Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) 3ª Fonte de custeio: trabalhador A contribuição social-previdenciária recolhida pelo trabalhador apresenta-se como mais uma fonte de custeio da seguridade social. Houve por bem o legislador constituinte em incluir a contribuição do trabalhador no rol das fontes de financiamento da Seguridade Social, uma vez que este mesmo trabalhador, quando em necessidade, usufrui diretamente os benefícios previdenciários. Aqui se somam as contribuições previdenciárias do trabalhador avulso e dos segurado empregado, incluindo o doméstico, calculada mediante aplicação de certa alíquota sobre o salário-de-contribuição mensal. Este salário, consoante os ditames da legislação vigente, define-se em faixas de valor, sujeitas a limites máximo e mínimo, sobre as quais, destacadamente, recaem, de modo, correspondente, alíquotas variadas do tributo. Frise-se que o art. 30 da Lei nº 8.212/91 determina que a empresa, sob os efeitos da responsabilidade tributária, esta obrigada a reter a contribuição, descontando-a da respectiva remuneração dispendida, e a repassá-la ao Fisco, sob pena de configuração do crime de Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II apropriação indébita. Tal sistemática não se estende, por razões óbvias, ao empregado doméstico. Vamos observar o quadro abaixo: Contribuição para Seguridade Social Contribuição Social do Trabalhador Previsão Art. 195, II, CRFB Fato Gerador Remuneração paga ou creditada pelos serviços prestados pelo segurado, independente do título que lhe seja dado (art. 201, I, do Decreto 3.048/99) Base de Cálculo Salário-de contribuição (art. 214, I e II do Decreto nº 3.048/99) As alíquotas variam de 8% a 11%. (as bases são fixadas em portaria do Ministério da Previdência Social) Sujeito Passivo Trabalhador (segurado empregado incluindo o doméstico e o trabalhador avulso) Sujeito Ativo Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) Observações à tabela: Quanto ao salário-de-contribuição, acima destacado, é importante memorizar as parcelas dele integrantes ou não. Veja: a) Parcelas integrantes do salário-de-contribuição: salário maternidade, gratificação natalina ou 13º salário, gratificações em geral (prêmios, gorjetas ...), férias, diárias para viagens excedentes a 50% da remuneração mensal, planos de saúde (quando não disponibilizados à totalidade dos empregados) ... b) Parcelas não integrantes do salário-de-contribuição: benefícios previdenciários, indenizações em geral (terço constitucional de férias, férias indenizadas, indenização do FGTS, aviso prévio indenizado, licença premio indenizada, abono do PIS/PASEP, etc Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II 4ª Fonte de Custeio: o empregador e a empresa O art. 195, I faz menção: “empregador, da empresa, da entidade a ela equiparada”, o que deve ser traduzido por todos os empregadores e também todas e quaisquer empresas, sejam ou não empregadoras (equiparadas). Assim, o vocabulário “empregador” pode abranger a pessoa jurídica empregadora em potencial. A proposito, os conceitos de empregador e de equiparado podem ser extraídos do art. 2º, §1º, CLT. Além disso, vamos lembrar que estão nesse grupo: 4ª Fonte de Custeio: empregador e empresa (art. 195, I, CF) 1) Contribuição Social Patronal sobre Folha de Pagamento 2) Contribuição PIS/PASEP 3) Contribuição social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 4) Contribuição social sobre o financiamento da seguridade social (COFINS) Esta fonte de custeio atrela-se às contribuições do empregador e das pessoas jurídicas em geral incidentes sobre: Folha de pagamento e rendimentos do trabalho, pagos ou creditados a pessoa física que lhe preste serviços. A receita ou faturamento Lucro Essas contribuições que estão previstas no art. 195, I, da CF poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, avocando-se-lhes, portanto, a aplicação do princípio da capacidade contributiva (ver art. 195, §9º, CRFB c/c art. 145, §1º, CF). Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Ademais, não se admitem remissões e anistias de contribuições previstas no art. 195, I, a e II1, cujo produto esta atrelado ao custeio dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), conforme se depreende do §11, do art. 195, CF, inserido pela EC 20/98. Frise-se que o art. 195, § 12, CF prevê que a lei deve estabelecer os setores de atividade econômica para os quais haverá a não cumulatividade das contribuições previstas no art. 195, I, “b” (sobre receita ou faturamento). Assim, não é considerado inconstitucional regimes tributários distintos (incidência ou não da cumulatividade) para tais contribuições. Aliás há previsão de não cumulatividade para Pis/Pasep (Lei nº 10.637/2002), para COFINS (Lei nº 10.833/2003) e para Pis- Importação e Cofins-Importação (Lei nº 10.865/2004). 1) Contribuição Social Patronal sobre a folha de pagamentos Tal contribuição é comumente chamada de contribuição social patronal e visa custear o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) (arts. 1 a 193 do Decreto 3.048/99) O quadro abaixo remete a detalhes referentes a esta contribuição. Contribuição para Seguridade Social Contribuição Social Patronal sobre a Folha de Pagamentos Previsão Art. 195, I, a, CF c/c Decreto nº 3.048/99 Fato Gerador Folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados a qualquer título a pessoa física. Base de Total das remunerações pagas, devidas ou 1 Art. 195. I. do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei incidentes sobre: a) folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço mesmo sem vínculo empregatício. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Cálculo creditadas ao segurado empregado, ao trabalhador avulso ao contribuinte individual (20%) Sujeito Passivo Empregador, empresa ou equiparado Sujeito Ativo Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) 2) Contribuição Pis/Pasep As contribuições Pis e Pasep são destinadas I) à promoção da integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas e II) à formação do patrimônio do servidor público, respectivamente. Concebidas originariamente em leis complementares distintas (LC 7/70, para PIS e LC 8/70 para o PASEP), tais contribuições,destinadas ao financiamento da seguridade social, foram unificadas e, a partir de 1 de julho de 1976, passaram a ser denominadas, simplificadamente, por PIS/PASEP. Com o advento da Constituição de 1988 (art. 239,CF) ficou estipulado que os recursos do PIS/PASEP iriam financiam o programa de seguro-desemprego e o abono salarial, sendo este consistente no pagamento de um mínimo anual aos empregados que recebem até dois salários mínimos de remuneração mensal, desde que seus empregadores contribuam para o PIS/PASEP (art. 239, §3º, CF). Observe o quadro mnemônico com as principais informações sobre o PIS/PASEP: Tipos de Contribuições Para o PIS/PASEP Tipos Sujeito Passivo Fato Gerador Base de Cálculo PIS/PASEP (1) Pessoas Jurídicas de Direito Privado e as que lhes são equiparadas Obter faturamento mensal* Faturamento Mensal* (art. 1, §2, Lei n° 10.637/2007) Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II PIS/PASEP (2) Entidades sem fins lucrativos (empregadoras) Pagamento de salários Folha de pagamentos PIS/PASEP (3) Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno Arrecadação de receitas ou transferências correntes e de recitas de capital Valor das receitas ou das transferências correntes e de receitas de capital recebidas. * O faturamento mensal corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para essas receitas, observadas, as exclusões admitidas em lei específica. Para Kyoshi Harada: “faturamento é o ato de faturar, podendo significar, também o somatório de diversas faturas, conforme ficou consagrado na prática comercial, quando se diz que o faturamento mensal de determinada empresa é de tantos reais, expressando o volume de vendas realizadas”. A partir de 1º de janeiro de 2003, com redação pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, foi instituída, com ressalvas previstas, a não cumulatividade na cobrança das contribuições PIS/Pasep sobre o faturamento cuja alíquota é de 1,65%. 3) Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL) A CSLL, instituída pela Lei nº 7.689/88 é gravame que incide sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas. Aplicam-se à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ. Observe o quadro mnemônico: Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Contribuição para Seguridade Social Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Previsão Art. 195, I, c, c/c art. 28, da Lei nº 9.430/96 Fato Gerador Auferimento de lucro Base de Cálculo Lucro, após certos ajustes (alíquota 9%) Sujeito Passivo Pessoas Jurídicas ou equiparadas Sujeito Ativo Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) 4) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) Instituída pela Lei nº 70/91, a COFINS veio substituir o FINSOCIAL. Observe o quadro mnemônico: Contribuição para Seguridade Social Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Previsão Art. 195, I, b, CF c/c Lei nº 10.833/2003 Fato Gerador Auferimento de faturamento mensal* Base de Cálculo Faturamento mensal ou receita bruta mensal, após dedução das parcelas do faturamento (art. 1º, §2º, Lei nº 10.833/2003). A alíquota será de 7,6%. Sujeito Passivo Pessoas Jurídicas de Direito Privado e as que lhes são equiparadas nos termos da legislação (nos termos da legislação do IR) Sujeito Ativo Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) * O faturamento mensal corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para essas receitas, observadas, as exclusões admitidas em lei específica. Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II Com a Emenda Constitucional 42/2003 (art. 195, IV, CF) evidenciou-se a possibilidade de criação de contribuição previdenciária ou social, alcançando a importação de produtos e serviços estrangeiros, em razão do alargamento da incidência das contribuições sociais de intervenção no domínio econômico (CIDEs), conforme art. 149, §2º, CF. Nesta esteira, em 29 de janeiro de 2004, com o advento da Medida Provisória 164 (convertida na Lei nº 10.865/04) foram instituídas as contribuições para: I) Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e II) Programas de Integração Social e Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS), incidentes sobre importação de bens e serviços. Assim, surgiram as contribuições “COFINS- IMPORTAÇÃO” e “PIS-PASEP-IMPORTAÇÃO”. 3) As “outras” contribuições sociais O STF intitula “outras contribuições” aquelas que podem ser instituídas no plano da competência residual da União, conforme disposto no art. 195, §4º, da CRFB. As contribuições residuais para seguridade social da União devem respeitar os seguintes parâmetros: a) instituição por lei complementar , vedando-se a utilização de medidas provisórias (art. 62, §1º,III, CF) b) instituição pela União c) respeito ao principio da NÃO CUMULATIVIDADE. d) proibição de coincidência entre o seu fato gerador ou da sua base de cálculo com o fato gerador ou base de cálculo de outras contribuições (e não com o fato gerador/base de cálculo de impostos!!!!). Esta adaptação derivou do STF: “não se aplica às contribuições sociais novas a segunda parte do inciso I, do artigo 154, da Constituição, ou seja, que elas não devam ter fatos geradores ou Aula 05 - Direito Tributário – Espécies de Tributos – Parte II bases de cálculo próprios de impostos discriminados na Constituição”. Trata-se, portanto, da necessidade de uma inovação estrutural quanto às demais contribuições, e não quanto aos impostos propriamente ditos. Em outras palavras, nada obsta a que uma contribuição para seguridade social surja com fato gerador ou base de cálculo de um imposto listado na Constituição. Isso não lhe é defeso. O que lhe é proibido é a coincidência com a base de cálculo de outras contribuições. Lembre-se que a competência residual ou remanescente pode estar associada a impostos ou a contribuições para seguridade social sempre no bojo de lei complementar, o que repudia sua instituição por Medida Provisória (art. 62, §1º, III, CRFB) *** PROXIMO TEMA... CONTINUAÇÃO CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: Estudo Complementar das contribuições: CPMF, COSIP e SIMPLES Nacional.
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