16 pág.

Pré-visualização | Página 1 de 4
Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-1 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue Cálculo de Funções por Séries de Potências O objetivo do cálculo de funções por séries de potências é o de se obter expressões simples para a avaliação de funções com grau de complexidade maior. Além disso, veremos que o desenvolvimento de funções por séries de Taylor forma o núcleo básico de um curso de Cálculo Numérico, de modo que o entendimento desse assunto é indispensável para o entendimento dos diversos métodos numéricos a serem abordados nos próximos capítulos. Definição Uma Série de Potências em x - x0 é uma série da forma a a x x a x x a x x a x xn n n 0 1 0 2 0 2 3 0 3 0 0 + − + − + − + = − = ∞∑( ) ( ) ( ) ( )� O problema do cálculo de uma função por meio de séries de potência consiste em se encontrar os coeficientes an de uma série infinita, tal que: f x a x xn n n ( ) ( )= − = ∞∑ 0 0 Séries de Taylor Definição: Uma função y = f(x) é analítica num ponto x0, se f(x) for a soma de uma série de potências para todo x tal que |x - x0| < r, r > 0: f x a x xn n n ( ) ( )= − = ∞∑ 0 0 (2.1) Toda a função analítica em x0, também o é na vizinhança de x0. Lembrando: uma função f(x) é analítica num ponto x0 se ela satisfizer as seguintes condições: (1) a função existe em x0 e vale f(x0); (2) a função é contínua em x0 e (3) a função é diferenciável em x0 e suas derivadas f’(x), f”(x), ..., f(n)(x) existem nesse ponto. Cálculo dos coeficientes an: Se f(x) é analítica em x0, então a função vale f(x0) nesse ponto e também as suas derivadas existem e valem f '(x0), f "(x0), ... , f (n)(x0). Deste modo, podemos calcular o valor da função e de suas derivadas fazendo: f x a x xn n n ( ) ( )= − = ∞∑ 0 0 ′ = − − = ∞∑f x na x xn n n ( ) ( )0 1 1 Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-2 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue ′′ = − − − = ∞∑f x n n a x xn n n ( ) ( ) ( )1 0 2 2 ′′′ = − − − − = ∞∑f x n n n a x xn n n ( ) ( )( _ ( )1 2 0 3 3 � f x n n n m a x xn n n m n m ( ) ( ) ( ) ( ) ( )= − − + − − = ∞∑ 1 1 0� Substituindo x = x0, obtemos: f(x0) = a0, f '(x0) = a1, f "(x0) = 2!a2, ′′′f (x0) = 3!a3, ... , f (m)(x0) = m!am, de onde vem que: a f x a f x a f x a f x a f x mm m 0 0 1 0 2 0 3 0 0 2 3 = = ′ = ′′ = ′′′ =( ), ( ), ( ) ! , ( ) ! , , ( ) ! ( ) � que, substituindo na equação (2.1), resulta em: f x f x f x x x f x x x f x x x f x n x x n n n ( ) ( ) ( )( ) ( ) ! ( ) ( ) ! ( ) ( ) ! ( ) ( ) = + ′ − + ′′ − + ′′′ − + = − = ∞∑ 0 0 0 0 0 2 0 0 3 0 0 0 2 3 � (2.2) A expressão (2.2) fornece o método para o cálculo dos coeficientes de uma série de potências denominada séries de Taylor. Exemplo 1: Expansão da função f(x) = ex em séries de Taylor em torno de x0 = 0. Cálculo da função e suas derivadas em x0 = 0: f(x) = ex, f(0) = e0 = 1 f '(x) = ex f '(0) = 1 f "(x) = ex f "(0) = 1 � � f (n)(x) = ex, f (n)(0) = 1 Substituindo na equação geral da série de Taylor, resulta: e x x x x n x n n = + + + + = = ∞∑1 2 3 2 3 0 ! ! ! � Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-3 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 -20 0 20 40 60 80 Função exponencial e x 2 termos 3 termos 4 termos 5 termos y = f(x ) x Fig. 2.1 - Gráfico comparativo entre a função ex exata e a série de Taylor aproximada com diferentes números de termos da série. Exemplo 2: Expansão em séries de Taylor para a função sen x em torno de x0 = 0. Cálculo da função e suas derivadas em x0 = 0: f(x) = sen x f(0) = sen 0 = 0 f '(x) = cos x f '(0) = cos 0 =1 f "(x) = − sen x f"(0) = 0 f '''(x) = − cos x f '''(0) = − 1 f(4) (x) = sen x f(4) (0) = 0 � � As derivadas da função sen x são cíclicas, de modo que f(4) (x) = f(x), f(5) (x) = f’(x), e assim por diante. Substituindo na expressão geral para a série de Taylor, resulta: sen ! ! ! ( ) ( )!x x x x x x n n n n = − + − + = − + + = ∞∑3 5 7 2 1 0 3 5 7 1 2 1 � Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-4 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 Função seno sen x 2 termos 3 termos 4 termos 5 termos y = f(x ) x Fig. 2.2 - Gráfico comparativo entre a função sen x exata e a série de Taylor aproximada com diferentes números de termos da série. Exemplo 3: Expansão da função cos x em séries de Taylor em torno de x0 = 0. Cálculo da função e suas derivadas em x0 = 0: f(x) = cos x f(0) = cos 0 = 1 f '(x) = − sen x f '(0) = − sen 0 = 0 f "(x) = − cos x f"(0) = − 1 f '''(x) = sen x f '''(0) = 0 f(4) (x) = cos x f(4) (0) = 1 � � Observar que, como no caso da função sen x, as derivadas da função cos x são repetitivas a partir da 4a derivada. Substituindo na expressão geral para a série de Taylor, resulta: cos ! ! ! ( ) ( )!x x x x x n n n n = − + − + = − = ∞ ∑1 2 4 6 1 2 2 4 6 2 0 � Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-5 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 -2 -1 0 1 2 Função cosseno cos x 2 termos 3 termos 4 termos 5 termos y = f(x ) x Fig. 2.3 - Gráfico comparativo entre a função cos x exata e a série de Taylor aproximada com diferentes números de termos da série. Exemplo 4: Seja f(x) = ln x. Expandir em séries de Taylor em torno de x0 = 0. Cálculo de f(0) e suas derivadas: f(x) = ln x, ′ = ′′ = − ′′′ =f x x f x x f x x ( ) , ( ) , ( ) , ,1 1 22 3 � f x n x n n n ( ) ( ) ( ) ( )!= − −−1 11 (n = 1, 2, 3, ...), de modo que f(1) = 0, f '(1) = 1, f "(0) = -1, f '''(1) = 2, ..., f (n)(1) = (-1)n-1(n-1)!. Substituindo em (2.2), vem que: ln ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )x x x x x x n n n n = − − − + − − − + = − − − = ∞∑1 12 13 14 1 1 2 3 4 1 1 � Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-6 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 Função logaritmo ln x 2 termos 3 termos 4 termos 5 termos y = f(x ) x Fig. 2.4 - Gráfico comparativo entre a função ln x exata e a série de Taylor aproximada com diferentes números de termos da série. Teorema da convergência para séries de potências: Seja a x xn n n ( )− = ∞∑ 0 0 uma série de potências dada. Uma das seguintes condições é válida: (i) a série converge somente quando x = x0; (ii) a série é absolutamente convergente para todos os valores de x; (iii) existe um número R > 0, tal que a série seja absolutamente convergente para todos os valores de x, para os quais |x-x0| < R, e seja divergente para todos os valores de x, para os quais |x-x0| > R. A grandeza R é denominada raio de convergência da série de potências dada. Exemplo 5: Determinar o raio de convergência da série de Taylor para a função ex. Para determinarmos o raio de convergência da função ex, vamos aplicar o teste da razão: lim lim ( )! ! lim n n n n n n n a a x n x n x n→∞ + →∞ + →∞ = + = + = 1 1 1 1 0, para qualquer valor de x Como o critério da razão estabelece que a série é convergente quando o limite acima é menor do que 1, conclui-se que o raio de convergência da série de Taylor da função exponencial são todos os valores de x, tal que x ∈ℜ, ou seja, |x| < ∞. Cálculo de Funções por Séries de Potências 2-7 Cálculo Numérico e Computacional C.Y. Shigue Exemplo 6: Determinar o raio de convergência da série de Taylor para a função ln x, expandida em torno de x0 = 1. A série de Taylor da função ln x é expressa como: ln ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )x x x x x x n n n n = − − − + − − − + = − − − = ∞∑1 12 13 14 1 1 2 3 4 1 1 � Aplicando o teste da razão ao termo geral da série: lim lim ( ) ( ) lim ( ) limn n n n n n n n a a x n x n x n n x n n x →∞ + →∞ + →∞ →∞ = − + − = − + = − + = − 1 11 1 1 1 1 1 1 1 Como o critério da razão estabelece que a série é convergente quando o limite é menor do que