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Curso de Fisioterapia Aplicada a Cardiologia MÓDULO III DOENÇAS CORONARIANAS Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 100 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO III DOENÇAS CORONARIANAS (DAC) ou CARDIOPATIA ISQUÊMICA (CI) Alterações clínicas do coração, resultante de um desequilíbrio entre a necessidade do oxigênio do miocárdio e a adequação do suprimento define a Cardiopatia Isquêmica ou Cardiopatia Coronariana. O estreitamento da luz do vaso, causado pela placa aterosclerótica e as anormalidades, da regulação do tônus vascular (espasmo vascular isolado ou superposto), secundárias a disfunção endotelial induzida pela doença aterosclerótica são os principais fatores causadores da redução do fluxo sanguíneo coronariano. Várias são as prováveis causas da cardiopatia isquêmica: oclusão trombótica, embolia coronária, aneurisma dissecante da aorta, trombose por traumatismo dos vasos coronários, arterites, anemias, crise hipotensiva e choque. Dependendo da velocidade de desenvolvimento do estreitamento arterial e da gravidade da lesão podem resultar em quatro síndromes clínico-patológicas básicas, podendo haver superposições entre elas: 1) Infarto do miocárdio. 2) Angina do peito. 3) Cardiomiopatia isquêmica crônica. 4) Morte cardíaca súbita. A cardiopatia isquêmica é patogenicamente produzida por um desequilíbrio entre o fluxo sanguíneo miocárdico e as exigências metabólicas do coração. Conjuntamente há uma redução do fluxo sanguíneo coronário, envolvendo os seguintes fatores: a) Adequação do fluxo arterial coronário. b) Nível de demanda metabólica do miocárdio. c) Teor de oxigênio disponível. FIGURA 1 Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2007/11/infarto.JPG Fluxo coronário reduzido Este dado está sempre relacionado com a aterosclerose complicada, que é progressivamente estenosante, às vezes, agravando-se pelo espasmo vascular, trombose, ou alterações circulatórias que levam a hipoperfusão. As alterações hemodinâmicas podem atrapalhar o fluxo coronário principalmente no vaso já estreitado. Em condições normais, a pressão eficaz de perfusão depende da diferença de pressão entre as aberturas vasculares e o seio coronário. Na diástole o fluxo sanguíneo é máximo, assim a perfusão coronária depende da pressão diastólica da aorta. A contração sistólica comprime os vasos miocárdicos, aumentando a resistência ao fluxo. As deficiências, da região marginal cardíaca, de perfusão podem lesar a região subendocárdica enquanto há preservação da região externa. Uma das causas da redução da perfusão coronária é a hipotensão arterial. Ela pode em certas situações precipitar uma isquemia ou um infarto agudo do miocárdio. Algumas doenças valvares podem afetar a perfusão miocárdica diretamente (insuficiência tricúspide, estenose e insuficiência aórtica). 101 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Quando ocorre um estreitamento da luz vascular, a vasodilatação compensatória que ocorre após essa lesão obstrutiva, devido à auto-regulação coronariana, consegue proporcionar um equilíbrio entre fluxo e demanda miocárdica sem alterações significativas. A partir de 70 % de obstrução, a pressão do fluxo na frente da lesão passa a ser incapacitante e a vasodilatação compensatória não impede que o fluxo seja reduzido após a obstrução, causando uma isquemia. Quando isso ocorre, o aumento da demanda, como no exercício, reduzirá a níveis baixos o fluxo sanguíneo. Com o fluxo máximo reduzido, a necessidade de oxigênio superará a oferta, surgindo, portanto a isquemia. Com obstruções superiores a 90% haverá redução de fluxo que diminui a oferta de oxigênio mesmo em condições de repouso, gerando então isquemia também. Apesar da formação de uma circulação colateral aparecer, nessas situações de estreitamento, e essa circulação diminuir o desequilíbrio da demanda em repouso, esse fluxo geralmente não é suficiente para compensar a isquemia durante o esforço. FIGURA 2 Fonte: http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/images/img_arteria_coronaria.gif 102 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 103 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Aumento da demanda miocárdica Situações como os exercícios, infecção, gravidez, hipertireoidismo, hipertrofia cardíaca e outros estados que produzem hipermetabolismo e taquicardia produzem um desequilíbrio entre a demanda e o suprimento sanguíneo vascular. A aceleração do ritmo cardíaco aumenta as demandas metabólicas do coração e diminui o tempo diastólico, no qual a perfusão é eficaz. Disponibilidade de oxigênio no sangue O suprimento e a demanda também são afetados pela falta de oxigênio. Isso acontece na anemia, na intoxicação pelo monóxido de carbono, na redução da pressão arterial de oxigênio na doença pulmonar e nas derivações anormais da direita para a esquerda como nas cardiopatias congênitas. O estreitamento aterosclerótico é a causa dominante, mas outros fatores podem piorar a situação como: a angina do peito e o infarto do miocárdio. Disfunção Endotelial Outro fator que reduz a oferta de oxigênio na doença coronariana crônica é a disfunção endotelial, que se manifesta pela vasoconstrição das artérias coronárias e pela perda das propriedades antitrombóticas naturais. Essa disfunção endotelial é um processo que ocorre precocemente na doença aterosclerótica. Normalmente a atividade física leva a vasodilatação coronariana pela ativação do sistema nervoso simpático e liberação de oxido nítrico que é um vasodilatador. Mas na aterosclerose ocorre disfunção endotelial que inibe a liberação de oxido nítrico, levando à vasoconstrição e isquemia conseqüente. Pacientes com risco coronariano elevado, como nos hipertensos, arteroscleróticos, diabéticos e fumantes ocorre uma redução da vasodilatação mediada pelo óxido nítrico mesmo na ausência de lesões visíveis endoteliais. Quando a cardiopatia coronariana é aguda, a vasoconstrição inapropriada também parece influenciar. Na 104 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores angina instável, um trombo se forma sobre uma placa aterosclerótica rota, e em indivíduos normais, os produtos da agregação plaquetária e formação de trombo, como a serotonina e o ADP, induzem a liberação de óxido nítrico, produzindo vasodilatação. No endotélio lesado as ações vaso constritoras dessas substâncias vão prevalecer, gerando diminuição da luz do vaso e maior redução do fluxo sanguíneo. A agregação plaquetáriaé interferida pela prostaciclina e pelo óxido nítrico liberados pelas células endoteliais, possuindo assim atividade antitrombótica. Na disfunção endotelial a diminuição da ação dessas substâncias gera um estado pró- trombótico, onde os produtos da agregação plaquetária induzirão a formação de mais trombo e mais vasoconstrição, piorando o aporte sanguíneo. Classificação das lesões ateroscleróticas Lesão tipo I Esta lesão inicial é invisível a olho nu, microscópica, que se caracteriza por um aumento no número de macrófagos e pelo surgimento das "foam cells", que são macrófagos cheios de gordura, no nível da íntima vascular. As "foam cells" são formadas por macrófagos que são ricos em lipídeos. A lesão inicial depende do acúmulo de LDL no espaço subendotelial. O LDL é transportado para essa região passivamente. Uma disfunção endotelial, num endotélio ainda normal, causado, por exemplo, por stress hemodinâmico, aumentaria o aprisionamento do LDL. O LDL seria então oxidado por ação de produtos oxidativos de células da parede arterial (endotélio, células musculares lisas e macrófagos). A oxidação do LDL é importante para a formação da "foam cell". Ele seria então reconhecido pelo macrófago através de receptores, englobando as moléculas de lipoproteínas, tornando-se ricos em conteúdo lipídico, formando assim a célula espumosa. 105 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Lesão Tipo II Esta lesão também inicial é conhecida como "estria gordurosa", e é a primeira fase visível a olho nu. Ela é composta por macrófagos, células musculares lisas e pequenos grãos de gordura extracelular. Classificam-se em dois subtipos distintos: As lesões do tipo II a e tipo II b. As primeiras são as menos freqüentes, mas são mais graves. Derivam de lesões tipo I com um maior número de macrófagos, possuem maior celularidade e maior quantidade de matriz extracelular. Preferem sítios hemodinâmicos específicos e por fim tendem a progredir mais rápido e para formas mais complicadas de lesão aterosclerótica. As lesões tipo II são encontradas antes dos 30 anos de idade. Lesão Tipo III Esta lesão intermediária é denominada de pré-ateroma, origina-se principalmente das lesões tipo II a e diferem destas por possuírem maior quantidade de lipídeo extracelular, ocupando parte da matriz de proteoglicanos, formando pequenos núcleos lipídicos visíveis a olho nu. É uma fase de transição para a formação da lesão tipo IV. Lesão Tipo IV Essa lesão avançada é um ateroma, seu núcleo lipídico é individualizado e formado pela fusão das ilhotas de gordura das lesões tipo III. Este núcleo é também chamado de centro necrótico porque possui, além de macrófagos e gordura livre, grande quantidade de debris celulares ou fragmentos de células. FIGURA 3 Ateroma Fonte: http://www.rbci.org.br/detalhe_artigo.asp?id=83 Lesão Tipo V Lesão também avançada caracterizada pela presença de tecido fibroso envolvendo o núcleo lipídico. Classificada em subtipos "a", "b" e "c": Lesão V a – É o fibroateroma que forma uma capa fibrosa envolvendo o núcleo lipídico. Lesão V b – É a placa calcificada causada pela presença de cálcio no componente fibroso ou mesmo no núcleo lipídico. Lesão V c - É a placa fibrosa formada por tecido fibroso com ausência de núcleo lipídico. 106 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 4 FIGURA 5 Fonte: http://publicacoes.cardiol.br/abc/2002/7801/7801012.pdf Lesão Tipo VI Quando a placa complica por trombo, fissura, rotura, hemorragia ou erosão forma-se este tipo de lesão avançada. É a principal causa dos eventos coronarianos isquêmicos agudos e geralmente são originados de placas do tipo IV ou V a. A complicação da placa pode ocorrer quando existe remodelamento positivo do vaso, presença de um núcleo lipídico maior que 40% da área total da placa, capa fibrosa fina e presença de grande quantidade de células inflamatórias. 107 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 108 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ANGINA DO PEITO A angina do peito é um complexo sintomático da cardiopatia coronariana que se caracteriza por ataques paroxísticos de dor torácica, subesternal e precordial, causada pela isquemia miocárdica, que pode induzir ao infarto. Sua lesão é reversível e passageira. A angina é dividida em três tipos: Estável, prinzmetal e instável. Elas não são totalmente distintas podendo apresentar características umas das outras. Todas são produzidas por estreitamentos coronários fixos e espasmos vasculares variáveis. Angina Estável ou Doença Arterial Coronária (DAC) crônica É a forma mais comum de angina e também chamada de ”angina típica”. Ela se caracteriza clinicamente pela angina desencadeada aos esforços, que piora de forma gradual e que melhora com o repouso e com uso de nitratos. Tem duração em média de 5 minutos. Ocorrerá obstrução fixa no sistema coronariano (troncos principais), representado por lesão aterosclerótica, causando déficit de suprimento sangüíneo e de oxigênio ao miocárdio. A angina pode ser gerada também por desequilíbrios de demanda. As lesões ateroscleróticas serão evidentes quando a alteração do fluxo sangüíneo coronariano for superior aos mecanismos de reserva miocárdica (a partir de 75% de obstrução do vaso coronariano). As anastomoses intercoronárias acontecem e evitam o infarto agudo, mas as lesões oclusivas podem causar tardiamente necroses miocárdicas. FIGURA 6 Arteriografia coronária com oclusão da artéria coronária por aterosclerose em paciente com angina instável. Fonte: WILLERSON, J T; et al. Cardiovascular Medicine. Third edition. Springer-Verlag London, 2000. O fenômeno “warm-up” acontece quando um paciente desenvolve angina num certo nível de esforço e após repetir o mesmo nível de esforço o episódio anginoso não se repete, devido a um pré-condicionamento. Este fenômeno é evidente na angina estável. 109 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Manifestações clínicas Manifesta-se com paroxismos de dor relacionados com o exercício e aliviados com o repouso. A dor induzida pelo esforço mostra que a demanda metabólica estará aumentada, e será associada à freqüência cardíaca elevada, a contratilidade miocárdica e a pressão arterial também elevada. FIGURA 7 Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/abc/v83s2/21516q2.gif 110 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 111 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Diagnóstico Deve-se, antes de tudo, fazer o diagnóstico diferencial de Refluxo gastroesofagiano, espasmo esofagiano,síndrome de tietze, radiculite cervical, dores músculo esqueléticas, cólica biliar, pericardite aguda, trombo embolismo pulmonar (TEP), Hipertensão Pulmonar, IAM e Síndrome X. Ao ECG associado ao teste ergométrico (TE), metade dos pacientes apresenta traçado normal. Pacientes de alto risco apresentaram: Depressão de ST maior ou igual a 2,0 mm no teste ergométrico; depressão maior que 1 mm no primeiro estágio do teste; depressão de ST em várias derivações; persistência por mais de 5 minutos das alterações do ST durante a recuperação. A carga máxima utilizada no TE tem que ser menor que 4 MET (Consumo de O2 Máximo obtido durante o exercício). A Cintilografia Miocárdica faz um diagnóstico superior ao teste ergométrico convencional isolado, aumentando sua sensibilidade e especificidade. Deve ser indicado nos casos que deixa dúvidas. O ecocardiograma, por ser um método não invasivo e barato para a avaliação da função ventricular global e segmentar do miocárdio é de grande utilidade. Usado também para avaliar lesões valvares associadas. A Coronariografia deve ser realizada apenas se algum dos critérios de alto risco estiver presente. Pacientes com angina estável que foram enviados para coronariografia, 25% apresentaram doença uni, bi e triarterial respectivamente. Apenas 5% possuíram lesão de tronco e quase 15% não apresentaram lesão detectável. 112 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tratamento Os objetivos principais do tratamento seriam: prevenir o infarto do miocárdio, reduzir a mortalidade, reduzir os sintomas e a ocorrência da isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida. É muito importante a orientação dietética e a atividade física. A utilização de antiagregantes plaquetários, hipolipemiantes, em especial as estatinas, bloqueadores betadrenérgicos e inibidores da enzima conversora de angiotensina, irão reduzir a incidência de infarto e aumentar a sobrevida, enquanto os nitratos, antagonistas dos canais de cálcio e trimetazidina reduzirão os sintomas e os episódios de isquemia miocárdica, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. A aspirina ou ácido acetil salicílico é o antiagregante plaquetário de preferência, com exceção dos casos de contra-indicação como a alergia ou intolerância, o sangramento ativo, a hemofilia, a úlcera péptica ativa ou alta probabilidade de sangramento gastrointestinal ou gênito-urinário. Quando ocorre contra-indicação absoluta ao uso de aspirina os derivados tienopiridínicos são indicados. São também associados à aspirina, os anticoagulantes são indicados quando houver presença de alto risco trombótico, podendo ser usado associado à aspirina e especialmente após infarto do miocárdio. Pelas modificações da atividade fibrinolítica no plasma sangüíneo em pacientes com doença coronariana crônica o incentivo à realização de estudos que incluam os anticoagulantes orais na prevenção de eventos isquêmicos agudos é bem-vindo. Pacientes de alto risco são beneficiados pela associação de aspirina com warfarina, na prevenção do infarto agudo do miocárdio e da mortalidade cardiovascular. Deve-se ter cuidado, pois a warfarina aumenta a incidência de acidente vascular cerebral hemorrágico e seu uso deve ser restrito aos pacientes com elevado risco trombótico, como quando, por exemplo, há episódios repetidos de acidente vascular cerebral ou periférico. A warfarina pode ser considerada substituta da aspirina. 113 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores De acordo com estudos, a redução dos níveis séricos de colesterol diminui a incidência de doença arterial coronariana. Em estudos de prevenção secundária, a redução da LDL-c com agentes hipolipemiantes diminuiu o risco de eventos coronarianos em pacientes com doença arterial coronariana. Por isso a importância do uso de agentes hipolipemiantes. As estatinas constituem a melhor opção terapêutica para o controle dos níveis séricos da LDL-c, sendo o medicamento de escolha para se reduzir o LDL-c em adultos. O tratamento deverá ser seguido por tempo indeterminado. O ezetimibe age inibindo a absorção do colesterol nas vilosidades intestinais, inibindo a enzima A-CAT (acetil-coenzima-A, acilcolesterol-transferase). Ele reduz em até 20% o LDL-c e o colesterol total, possuindo ação intensamente sinérgica, (quando usado associadamente às estatinas em suas doses menores), levando a redução de até 50 a 60% no LDL-C. Existem situações nas quais o ezetimibe pode ser alternativa interessante, como, por exemplo, quando há intolerância à estatina e essa tem que ser reduzida, situação na qual a estatina pode ser associada com ezetimibe, ou nos casos em que as estatinas, fibratos e o ácido nicotínico não são tolerados pelo paciente. Os bloqueadores betadrenérgicos são os fármacos de primeira escolha no tratamento da DAC, pois reduzem a isquemia e a angina do peito. Seu uso precoce, após o infarto do miocárdio, reduz a mortalidade cardíaca, e esses benefícios se estendem quando a terapêutica é mantida após a alta hospitalar. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) melhoram o perfil hemodinâmico, a perfusão subendocárdica e a estabilização de placas ateroscleróticas. O benefício dos IECAs é demonstrado mesmo em população com DAC considerada de risco menor. São geralmente indicados quando há disfunção ventricular e/ou insuficiência cardíaca e/ou diabetes mellitus. Os antagonistas dos canais de cálcio estão indicados na angina estável vasoespástica. 114 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Os nitratos sublinguais de ação rápida têm efeitos farmacológicos imediatos (1 a 3 minutos após a sua dissolução) e os efeitos vasodilatadores duram durante 30 a 45 minutos. Seu uso também é de primeira opção pelo efeito imediato. Ele causa venodilatação, redução da pós-carga e dilatação coronariana. Nitratos de ação prolongada orais devem ser utilizados para o tratamento dos pacientes que continuam sintomáticos mesmo com o uso de bloqueadores betadrenérgicos e/ou antagonistas dos canais de cálcio. Nitratos de ação prolongada transdérmicos devem ser usados em situações agudas como no perioperatório de cirurgia não cardíaca. Angina de Prinzmetal Em 1959 Prinzmetal e colaboradores descreveram uma forma de angina que ocorre em repouso, nas primeiras horas matinais. Denominada também de angina variante. Eles sugeriram que ela era produzida por espasmos reversíveis superpostos a lesões ateroscleróticas que diminuem o lumem vascular. Com estudos angiográficos posteriores comprovaram que os indivíduos com este tipo de angina possuem achados coronários que variam de artérias normais a artérias com estenoses intensas. É causada então por um vaso-espasmo localizado e intenso, podendo estar ou não associada com lesão aterosclerótica coronariana. Diversos mecanismos podem ser levados em consideração como a hiper-reatividade por perda do equilíbrio entre substâncias vasoconstritoras e a produção de ON (fator relaxante derivado do endotélio), a hipercontratilidade vascular relacionada à lesão aterosclerótica e alterações regionais da inervação simpática. FIGURA 8 Fonte: WILLERSON, J T; et al. Cardiovascular Medicine. Third edition. Springer-Verlag London, 2000.Um fator de risco importante para a angina de Prinzmetal é o tabagismo. Os pacientes nesta patologia são mais jovens que os portadores de DAC crônica, e muitos não apresentam os fatores de risco clássicos para doença coronariana, exceto pelo tabagismo. A dor, na maioria das vezes é severa e ocorre durante a madrugada, por vezes em surtos repetidos 2 ou 3, num período de até 1 hora. 115 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 9 Fonte: http://ip-72-167-32-149.ip.secureserver.net/~myhhwco/images/spasm.gif Diagnóstico O ECG caracteriza-se por uma crise anginosa acompanhada de um supradesnivelamento do segmento ST, sem relação com esforço, que melhora com administração de vasodilatadores. Tratamento Os nitratos e bloqueadores de cálcio são as drogas de escolha, um se soma ao outro no tratamento. O nitrato atua como vasodilatador, inibindo o vaso espasmo e reduzindo o consumo de oxigênio. O Prazosin possui ação benéfica. Os betabloqueadores irão responder de forma variável, havendo melhora nos casos onde existe lesão fixa associada e angina de esforço que fica diminuída. O AAS 116 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores pode ocasionar crises de Angina de Prinzmetal pela inibição das prostaciclinas vasodilatadoras. FIGURA 10 ECG na angina prinzmetal. Fonte: http://www.monografias.com/trabajos43/angina-prinzmetal/an1.gif Síndrome X (coronárias normais) A síndrome X é uma síndrome anginosa, com artérias coronárias normais, que deve ser diferenciada da doença coronariana clássica. O prognóstico normalmente é bom. Cerca de 10 a 20% dos pacientes que são encaminhados para coronariografia por suspeita de DAC, possuem esta síndrome. Sua causa não é completamente entendida, mas alguns pacientes têm isquemia miocárdica diagnosticada com produção aumentada de lactato durante testes de esforço. 117 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 118 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O quadro patológico nesta síndrome varia de uma disfunção microvascular com isquemia a uma sensibilidade anormal a dor (quando não há isquemia diagnosticada) ou uma combinação de ambos. Manifestações clínicas Prevalece em mulheres na fase pré-menopausa. Poucos pacientes têm sintomas de angina típica, no entanto esta dor pode ser incômoda, mesmo que benigna no ponto de vista de mortalidade. A dor torácica associada a coronárias normais causam distúrbios psiquiátricos em dois terços dos pacientes. O paciente apresenta exame clínico e normal, na maioria dos casos. Diagnóstico O ECG basal pode estar normal, podendo haver alterações inespecíficas do segmento ST. O teste ergométrico estará anormal em 20% dos pacientes. Muitos não conseguem atingir um teste eficiente, devido fadiga ou dor atípica. Alguns pacientes demonstram aumento de produção de lactato e infradesnível de ST significativo, caracterizando isquemia. Tratamento Quando em exames não invasivos é demonstrado isquemia, o uso de betabloqueadores e nitratos, não será eficaz. O uso de bloqueadores de cálcio tem excelente resultado, com melhora dos sintomas e da tolerância ao exercício. Isquemia Silenciosa É uma síndrome coronariana em que não há manifestação clínica anginosa, durante o episódio isquêmico. Divide-se em três tipos: 119 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tipo I: Tipo menos comum que ocorre nos pacientes com lesões obstrutivas e que nunca apresentaram nenhum episódio anginoso. Tipo II: Tipo que é diagnosticado após o infarto agudo. Tipo III: Tipo mais comum, em que há alternância entre episódios isquêmicos sintomáticos, seja do tipo angina estável, instável ou Prinzmetal, e episódios silenciosos. Durante o teste ergométrico poderão ocorrer alterações isquêmicas sem o aparecimento de sintomas anginosos. É estimado que metade dos pacientes com angina sofra episódios isquêmicos silenciosos, sendo que nos diabéticos essa prevalência deva ser maior. Os mecanismos que estariam envolvidos na ausência de sintomas durante a isquemia não estão bem claros ainda, algumas propostas seriam: a) Neuropatia autonômica nos diabéticos. b) Maior resistência à dor de uma forma geral. c) Aumento da produção de endorfinas nos hipertensos (por possuírem uma maior incidência de isquemia silenciosa que os normotensos). d) Episódios silenciosos seriam menos graves que os anginosos (os receptores de dor não seriam estimulados por agressões menores). e) Pesquisas recentes sugerem a hipótese de não ser a nível periférico a alteração da sensação dolorosa, mas a nível cerebral (córtex frontal). Quanto ao tratamento alguns autores utilizam as mesmas drogas usadas na doença coronariana em sua forma sintomática, para prevenir os episódios de isquemia silenciosa. A terapia mais eficaz para tratar a isquemia silenciosa não é ainda claramente definida; as experimentações em curso fornecerão a orientação para a gerência futura. Angina Instável É o tipo de angina mais ameaçadora e já foi chamada de “pré-infarto”, “insuficiência coronária aguda” e “angina acelerada”. É desencadeada em repouso ou aos mínimos esforços. Seu início é recente (menor que 30 dias) ou pode ter um padrão fora do normal em pacientes com angina estável prévia, com duração não superior a 30 minutos. Caracteriza-se pela presença de uma obstrução aguda não totalmente oclusiva no sistema coronariano, de fisiopatologia semelhante a que ocorre no infarto, porem não há os sinais eletrocardiográficos e enzimáticos do IAM, nem a oclusão total do vaso coronariano. A obstrução coronariana causará déficit de suprimento sangüíneo e de oxigênio ao miocárdio de forma aguda. Quando houver insuficiência cardíaca associada à angina instável é fator de mau prognóstico. O achado de lesão de tronco e de lesão multivascular no cateterismo cardíaco também é indicativo de prognóstico grave. Manifestações clínicas A análise da dor, é de fundamental importância, principalmente se aconteceu ao repouso nas últimas 48 horas, se existiu ou não alterações eletrocardiográficas agudas, mesmo que não haja sintomas e por fim se existiram sinais de instabilização do quadro durante a observação inicial apesar da medicação. Estes dados serão úteis na identificação de pacientes de maior risco, onde a conduta deve ser mais agressiva. FIGURA 11 Fonte: http://www.fac.org.ar/scvc/llave/epi/moretti/moref1.jpg 120 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 121 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Diagnóstico A cinecoronariografia é indicada o mais precocemente possível para os pacientes de alto risco, de preferência não mais que 3 dias após a internação, e independentemente dotratamento medicamentoso adotado. É importante considerar as situações nas quais as vantagens desse exame possam ser anuladas por doenças associadas graves, que causam limitação do tempo de vida do paciente, e por pessoas idosas, e grandes riscos de complicações, especialmente hemorrágicas e alérgicas, com a cinecoronariografia. Tratamento Os fármacos mais utilizados são: Nitratos, o AAS, a heparina e os beta- bloqueadores. Os bloqueadores dos canais de cálcio são segunda opção. A aspirina é indicada para todos os pacientes tão logo quanto possível e deve-se mantê-la em longo prazo, desde que não existam contra-indicações. Também a heparina endovenosa deve ser iniciada o mais breve possível na angina de repouso, mantendo-se o TTPa (tempo de tromboplastina parcial ativada) na faixa de 1,5 a 2,5 vezes o normal e mantida por um período de até 48 horas após o último episódio de dor ou até a realização da revascularização miocárdica, quando indicada. A angina de rebote pode ocorrer após a suspensão da heparina nos pacientes tratados clinicamente, mas esse fenômeno é diminuído com o uso concomitante de aspirina. Os nitratos irão diminuir a isquemia miocárdica, mas não diminuíram o óbito ou o infarto do miocárdio. Já os betabloqueadores são úteis na prevenção e no controle da angina recorrente. Os antagonistas do cálcio também controlam a dor na angina instável, mas não mostraram benefício na redução do infarto do miocárdio ou óbito. Os efeitos antianginosos dos nitratos, betabloqueadores e bloqueadores do cálcio são aditivos e a associação desses agentes é geralmente recomendada no controle agudo da isquemia. 122 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Inibidores da GP IIb/IIIa Este texto complementar sobre os inibidores foi retirado e adaptado dos seguintes artigos: 1-http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302000000300011 2- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X1998001100015&script=sci_arttext As plaquetas influenciam nos processos arteroscleróticos, na trombose e nas síndromes coronarianas. Os agentes antiplaquetários atuais, tanto endovenosos como orais, apesar de comprovada eficácia clínica, provocam inibição plaquetária relativamente fraca e podem causar efeitos colaterais sistêmicos. A descoberta do receptor GP IIb/IIIa veio a calhar, visando efeitos mais específicos e minimizando as reações adversas. Conhecemos bem a cascata de coagulação e a ativação plaquetária. Não sabemos ainda é que a interação entre plaquetas e superfícies lesadas é mediada por moléculas de adesão localizadas na superfície da membrana plasmática e estas moléculas (geralmente glicoproteínas) são responsáveis pela ligação entre células e entre uma célula e a matriz extracelular. Dentre as famílias destas moléculas (integrinas, mucinas, proteoglicanas), sabe-se que as integrinas participam na fisiologia plaquetária e na patogenia de diversas lesões isquêmicas. Mais especificamente, as integrinas citoadesinas são as que incluem o complexo glicoprotéico IIb/IIIa e o receptor da vitronectina. O complexo GP IIb/IIIa é um heterodímero cálcio-dependente, presente nas plaquetas e nos megacariócitos. Os receptores GP IIb/IIIa são os receptores mais abundantes na superfície plaquetária. Eles pertencem a uma grande família de receptores, comumente denominados, "integrinas", que são responsáveis pelas interações célula-célula e célula-proteína em diversos processos biológicos. Todas as glicoproteínas ligantes do receptor IIb/IIIa possuem uma seqüência de aminoácidos em comum: a seqüência RGD (arginina, glicina e aspartato). Apesar de o fibrinogênio, principal ligante do complexo IIb/IIIa, apresentar até três 123 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores seqüências específicas para este receptor, a região RGD possui um papel centra. A glicoproteína IIb/IIIa está presente em grande número na membrana plaquetária. Podemos entender esta informação como um retrato da importância da ligação fibrinogênio-receptor IIb/IIIa, mediadora da via final de agregação plaquetária. Dentre os inibidores da GPIIb/IIIa atualmente disponíveis para uso endovenoso, temos um anticorpo monoclonal contra o receptor, o abciximab, e inibidores competitivos peptídicos, eptifibatide, e não-peptídicos, tirofiban e lamifibam. Os inibidores da GPIIb/IIIa têm mostrado serem úteis tanto como terapêutica adjunta às intervenções percutâneas como terapêutica farmacológica primária. Os antagonistas da GPIIb/IIIa por via oral, como o xemilofiban, o orbofiban e o sibrafiban, estão sendo avaliados para uso crônico em portadores de síndrome coronária aguda. Os resultados dos últimos trabalhos em angina instável, vistos em conjunto, demonstram benefício na redução de óbito ou infarto do miocárdio com a combinação de inibidores da GPIIb/IIIa e aspirina comparado ao placebo mais aspirina. A consistência em direção ao benefício é clara, embora a magnitude tenha variado, com a maior redução constatada com o uso do abciximab. De maneira geral, o uso dos inibidores da GPIIb/IIIa acrescenta ao esquema terapêutico tradicional uma redução de 20% na incidência de óbito ou infarto do miocárdio, similar à obtida pela aspirina "versus" placebo em trabalhos realizados há mais de uma década. FIGURA 12 Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302000000300011 Outras drogas - Inibidores da trombina A hirudina e o hirulog (drogas anticoagulantes), não precisam da antitrombina III como co-fator e são efetivos contra a trombina livre, proporcionando um nível mais estável e previsível de anticoagulação. A hirudina, em dose baixa, se mostra mais eficaz do que em doses moderadas, as quais levam a hemorragias diversas. Pesquisas com número menor de pacientes utilizando o hirulog não demonstraram benefício no tratamento da angina instável. 124 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Resumo das orientações das Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para tratamento da Angina Instável e IAM não ST Fonte: http://www.arquivosonline.com.br/2007/8904/pdf/8904016.pdf 1) Internação em terapia intensiva (UTI)/unidade coronariana (UC) Indicação: paciente com síndrome isquêmica miocárdica instável de risco intermediário e alto. FIGURA 13 Fonte: http://ventilacaomecanica.blogspot.com/search?updated-max=2007-08-20T05%3A31%3A00- 07%3A00&max-results=7 2) Oxigenioterapia Deve-se de rotina administrar O2 a 3 l/min por cateter nasal é em um episódio de dor torácica. Geralmente mantém-se por até quatro horas após o desaparecimento da dor. Quando houver hipoxemia persistente, esta será mantida conforme a necessidade clínica. Deve-se ter cuidado com a administração de oxigênio por tempo prolongado por poder causar vasoconstrição sistêmica e ser prejudicial, quando desnecessária. 125 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 14 Fonte: https://www.oxivida.com.br/ssl/catalogo/images/produtos/nacional.jpg 3) Analgesia e sedação— Sulfato de morfina: analgésico de escolha. — Benzodiazepínicos 4) Nitratos Inicia-se o tratamento na sala de emergência por via sublingual (nitroglicerina, mononitrato de isossorbida ou dinitrato de isossorbida); na falta de melhora da dor, usar a forma intravenosa (nitroglicerina ou mononitrato de isossorbida). Os nitratos estão contra-indicados na presença de hipotensão arterial (pressão arterial sistólica menor que 100 mmHg) ou uso de sildenafil nas últimas 24 horas. 5) Betabloqueadores Quando não houver contra-indicações, a terapêutica betabloqueadora deve ser iniciada imediatamente, por via intravenosa seguida pela via oral nos pacientes de alto risco, e só por via oral nos pacientes de risco intermediário ou baixo. Durante o procedimento intravenoso, deve-se monitorar a freqüência cardíaca, a pressão arterial, o eletrocardiograma e a ausculta pulmonar. As contra-indicações estão na 126 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 127 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores presença de distúrbio importante da condução atrioventricular, antecedentes de asma brônquica ou insuficiência ventricular esquerda aguda. 6) Antagonistas dos canais de cálcio a) Pacientes de risco intermediário, devem utilizar antagonistas do tipo não diidropiridínicos de ação prolongada, quando houver contra-indicação do uso de betabloqueadores, e diidropiridínicos de início de ação rápida, sem uso de betabloqueadores em dose adequada. b) Pacientes de alto risco, devem utilizar antagonistas do tipo não diidropiridínicos de ação prolongada, na contra-indicação do uso de betabloqueadores e na Angina de Prinzmetal. Os Diidropiridínicos de ação rápida são usados em pacientes em uso adequado de betabloqueadores ou não. Não se recomenda o emprego rotineiro de antagonistas dos canais de cálcio, sendo contra-indicado, em particular, o uso isolado da nifedipina. Os demais têm seu uso reservado para situações especiais. Em pacientes com comprometimento importante da função ventricular esquerda ou com alterações da condução atrioventricular, os antagonistas dos canais de cálcio devem ser evitados, mesmo quando usados sozinhos. Em portadores de disfunção ventricular esquerda, deve ser evitada sua associação a um agente betabloqueador por sua ação comum e sinérgica na redução da contratilidade miocárdica. 7) Agentes antiplaquetários a) Aspirina. b) Ticlopidina e clopidogrel, quando há contra-indicação à aspirina. c) Antagonistas dos receptores de glicoproteína IIb/IIIa. Pacientes de Risco intermediário: Não estão indicados. Pacientes de alto risco: — Tirofiban e eptifibatide — Abciximab apenas como pré-tratamento de intervenção percutânea. 128 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 8) Inibidores da enzima conversora de angiotensina IECA Não são empregados rotineiramente na Angina Instável, mas têm sua indicação no controle da Hipertensão Arterial Sistêmica e da disfunção ventricular esquerda. 9) Antitrombínicos Utiliza-se a Heparina não-fracionada, associada ou não a antagonistas da glicoproteína IIb/IIIa plaquetária e a Heparina de baixo peso molecular. São utilizados também os Antitrombínicos diretos (hirudina), como substituto das heparinas quando ocorrer síndrome de trombocitopenia induzida. Importante salientar que o paciente submetido a tratamento com bloqueadores IIb/IIIa, deve se dar preferência à utilização da heparina não fracionada. 10) Estudo hemodinâmico e cineangiocardiográfico de contraste radiológico Recomendado quando ocorre instabilidade hemodinâmica e/ou elétrica, refratariedade ao tratamento medicamentoso otimizado, e recorrência espontânea ou provocada (testes não-invasivos de estresse) de isquemia miocárdica, subjetiva ou objetivamente detectada. Não há um consenso, quanto ao momento da indicação, podendo ser realizada desde 24 horas após a internação até antes da alta hospitalar. Não se deve indicar a angiografia coronariana de rotina em pacientes com intensa ou extensa co-morbidade, com reduzida expectativa de vida (insuficiências respiratória, renal e hepática, câncer de prognóstico fechado) e em pacientes que, a princípio, recusem perspectivas de tratamento por revascularização miocárdica. 129 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Infarto do Miocárdio (IM) O infarto do miocárdio é a forma mais importante de cardiopatia isquêmica. Ele ocorre quando há redução do fluxo sanguíneo coronário e do suprimento de oxigênio por mais de 20 minutos. Já com um tempo de 30 minutos a 2 horas ele atinge a parte interna ou subendocárdio. O IM responde por 20 a 30% de todos os casos graves nas sociedades propensas a aterosclerose. Na grande maioria dos casos, a intensa aterosclerose coronária disseminada constitui a base do IM. A mortalidade hospitalar por infarto situava-se ao redor de 30% na década de 50. Com o advento, na década seguinte, das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e, em seguida, das Unidades Coronarianas (UC), essa mortalidade caiu quase que pela metade, principalmente por conta do melhor controle das arritmias. Na década de 80, houve uma drástica redução da mortalidade durante a fase aguda, pelo uso dos fibrinolíticos e em seguida dos novos processos de intervenção percutânea. Assim, a incidência de óbitos em pacientes com IM atinge hoje de 6% a 10%. Mesmo com tudo isso, o IM continua sendo causa líder de mortalidade no Mundo Ocidental, pela alta prevalência e pela mortalidade pré-hospitalar. O exercício excessivo e as demandas aumentadas do miocárdio podem ser documentados em menos de 15% dos casos. O suprimento do miocárdio pode ser subitamente reduzido por uma trombose oclusiva superposta ou por um espasmo vascular de freqüência duvidosa. Mas de qualquer forma, os desequilíbrios entre as necessidades e o suprimento do miocárdio induzirão episódios de isquemia miocárdica aguda com uma das quatro conseqüências possíveis: 1) Ataque de angina. 2) Necrose do miocárdio ou infarto subendocárdico. 3) A necrose atravessando a espessura ventricular cria um infarto transmural. 4) Morte cardíaca súbita. Os pacientes com IM são classificados em dois tipos: 1) Com supradesnível do segmento ST ao eletrocardiograma. 2) Sem supradesnível do segmento ST ao eletrocardiograma. Esta classificação faz o diferencial no tratamento, sendo que nos casos sem “supra ST” o tratamento é o mesmo da angina instável. FIGURA 15 Fonte: http://euquerooriomba.blogspot.com/2007/05/oriomba-quer-ganhar-o-nobel-de-medicina.html O infarto subendocárdico é conseqüência da hipoperfusão miocárdica global secundária à acentuada aterosclerose estenosante de troncos coronários principais, alterando o fluxo sanguíneo marginal cronicamente. Nova redução no fluxo sanguíneo, como a que ocorre na insuficiência cardíaca congestiva, na hipotensão, na arritmia cardíaca ou qualquer aumento na demanda do miocárdio por exercícios ou por taquicardia induzida pela doença, pode desfazer um equilíbrio preexistente para causar uma lesão irreversível. 130 Este material deve ser utilizadoapenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 16 Cicatriz do IM, circunferencial. Por fora da cicatriz, infarto circunferencial em cicatrização (aparentemente hemorrágico). Por dentro da cicatriz, infarto subendocárdico recente hemorrágico. Fonte: http://escuela.med.puc.cl/paginas/cursos/tercero/anatomiapatologica/imagenes_ap/Fotos106- 119/109.jpg No IM transmural há trombose em 90% dos infartos que se superpõem a uma placa ateromatosa complicada estenosante. 131 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 132 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A epidemiologia do IM é a mesma da aterosclerose. A incidência de IM fatal eleva-se com a idade até um máximo de 64 anos no sexo masculino e 80 anos no feminino. Indivíduos muito jovens podem apresentar o IM quando há predisposições como hipertensão, diabetes mellitus, hipercolesterolemia familiar e outras causas de hiperlipoproteinemia. As mulheres estão protegidas durante a vida reprodutora, mas o uso de anticoncepcionais reduz este índice. Manifestações clínicas Quando a dor inicia, o quadro final pode depender do tempo de reconhecimento do IM e a procura de um hospital mais próximo. A educação comunitária para o reconhecimento da dor é de vital importância e à procura imediata pelos serviços de emergência também. O prolongado tempo, por parte do paciente, em procurar ajuda, pode agravar o quadro. Apenas 20% dos pacientes com dor torácica aguda chegam ao setor de emergências antes de 2h do início dos sintomas. Quando houver assistência domiciliar, esta deve ser acessível e rápida e com recursos tecnológicos e humanos treinados para ressuscitação cardiorrespiratória, diagnóstico e tratamento do IM. Desde a década de 60, a maioria das mortes ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40% a 65% na primeira hora do início dos sintomas e aproximadamente 80% nas primeiras 24 horas. Deste modo, a maioria das mortes por IM acontece fora do hospital. A principal causa de parada cardiorrespiratória nas primeiras horas de IM é a fibrilação ventricular, que só pode ser revertida pela desfibrilação elétrica; se realizada no primeiro minuto após o colapso, a desfibrilação elétrica reverte mais de 90% dos casos. Alguns fatores estão relacionados na demora da procura por auxílio: o desconhecimento da dor do IM, idade avançada, baixo nível socioeconômico, sexo feminino e automedicação. A redução do tempo de retardo pré-hospitalar diminui não só o número de casos de morte súbita pré-hospitalar, como também a mortalidade hospitalar. O 133 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores tempo entre o início da dor e a estabilização coronária, química ou mecânica, é o principal fator para o benefício do tratamento, tanto imediato quanto tardio. É necessário o desenvolvimento de programas que permitam: a) educar a população sobre os sinais/sintomas do IM, inclusive com a possibilidade de acesso a um telefone de emergência à menor suspeita; e b) treinar pessoal especializado, disponibilizando material adequado para tratamento das emergências médicas ainda dentro das ambulâncias. Hoje o programa Advanced Cardiac Life Support (ACLS) tem feito sucesso. Os sinais e sintomas se iniciam de forma súbita e devastadora. Os pacientes apresentam dor subesternal e precordial intensa, do tipo constritivo, com sensação de esmagamento ou queimação, que freqüentemente se irradia para ombro ou braço esquerdo e mandíbula. Pode haver falta de ar, em um terço dos pacientes o quadro é assintomático. Diagnóstico Eletrocardiograma O diagnóstico geralmente é feito na sala de emergência e segue o Protocolo para IM do setor de Emergência. Faz-se um exame clínico direcionado e um ECG de 12 derivações num prazo de 10 minutos e um tempo da chegada do paciente ao tratamento tem que ser menor que 30 minutos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o diagnóstico do IM se baseia na presença de pelo menos dois de três critérios a seguir relacionados: (1) História clínica de desconforto precordial tipo isquêmico. (2) Alterações em traçados de ECG seriados. (3) Um aumento e queda dos marcadores séricos cardíacos. Cerca de 70% a 80% dos pacientes com IM mostram quadro de desconforto torácico tipo isquêmico. Ao ECG, a elevação do segmento ST e/ou ondas Q são fortes indicativos de IM, mas cerca de 50% dos pacientes com IM não exibem elevação do ST, porém 134 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores demonstram outras alterações ou alterações não diagnósticas. Por isso, para a maioria dos pacientes, os testes laboratoriais são imprescindíveis para o diagnóstico. O ECG de 12 derivações no atendimento de emergência é muito importante para o tratamento devido à forte evidência de que a elevação do segmento ST identifica os pacientes que vão se beneficiar da terapia de reperfusão. Em pacientes com dor torácica isquêmica, a elevação do segmento ST gera especificidade de 91% e sensibilidade de 46% para o diagnóstico de IM. O exame eletrocardiográfico deve ser repetido após a terapêutica inicial, 12h após a internação e diariamente até alta da Unidade Coronariana. À medida que o infarto evolui, o segmento ST normaliza-se e as ondas T invertem-se. Pode estar presentes também uma variedade de arritmias (bloqueios, bradicardia sinusal, taquicardias, batimentos ventriculares prematuros e a fibrilação). Hemograma: Enzimas séricas As alterações das enzimas séricas constituem indicadores seguros. Os níveis da transaminase glutâmico-oxalacética do soro (SGOT), desidrogenase láctica (LDH), e creatinina cinase (CK) estão geralmente elevados após o infarto. Todas elas são enzimas citoplasmáticas solúveis que escapam das células do miocárdio lesado. O indicador mais específico da necrose miocárdica é a elevação da isoenzima MB da CK, pois ela é encontrada em concentrações significativas apenas no músculo cardíaco. Tratamento Antes de qualquer procedimento o oxigênio, o acesso venoso, e a monitorização eletrocardiográfica contínua devem ser instalados em TODOS os pacientes com desconforto precordial. A oxigenioterapia na fase aguda do IM com supradesnível do segmento ST ou a qualquer paciente com dor torácica suspeita de origem isquêmica é uma prática generalizada. Estudos experimentais indicam que a inalação de oxigênio pode bloquear a evolução da lesão isquêmica imposta ao 135 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores miocárdio e ainda reduzir o supradesnível do segmento ST em pacientes com IM. Mas na verdade os pacientes apresentam-se cianóticos provavelmente em razão de acúmulo de líquido nos pulmões e de desequilíbrio entre ventilação e perfusão pulmonar. Quando a saturação de oxigênio no sangue for menor que 90%, a oferta de oxigênio por período indeterminado é obrigatória. Recomenda-se então a monitorização da saturação do nível de oxigênio no sangue nos portadores de IM. Porém pacientes com doençaspulmonares devem ter a atenção redobrada com relação à oxigenação. Nessas condições, preconiza-se a utilização de pressão positiva ou intubação orotraqueal com ventilação mecânica. O suporte ventilatório precoce é essencial nessas condições. Ao contrário, em portadores de IM não- complicado, não há necessidade da administração de oxigênio por mais de 2 às 3h. Além do gasto desnecessário com o oxigênio, sua administração excessiva pode produzir atelectasia, vasoconstrição sistêmica, além de efeitos deletérios em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Outro ponto essencial da terapêutica precoce do IM é o alívio da dor. A analgesia, no entanto, é muitas vezes menosprezada por não ter grande impacto sobre o prognóstico dos pacientes. Procedimentos que visem o restabelecimento do fluxo miocárdico ou medidas antiisquêmicas, como o uso de nitratos e betabloqueadores, são bastante eficientes no controle do fenômeno doloroso. O alívio da dor por medicações analgésicas não podem ser adiados sob a alegação de que isso poderia diminuir a eficácia do tratamento de reperfusão e/ou antiisquêmicos. A morfina é o analgésico de escolha. O uso de ansiolíticos não é recomendado. A administração de diazepam não produz efeitos sobre a ansiedade, a pressão arterial, a freqüência cardíaca ou a dor torácica em pacientes com IM. Quanto ao uso da aspirina, existem poucas contra-indicações à utilização do ácido acetilsalicílico no cenário do IM, não sendo recomendado seu uso apenas na presença das seguintes condições: hipersensibilidade conhecida, úlcera péptica ativa, discrasia sanguínea ou hepatopatia grave. A administração é feita a todos os pacientes com IM tão rápido quanto possível após o diagnóstico ser considerado provável, na dose de 160 a 325 mg/dia, devendo a 1º dose preferencialmente ser 136 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores mastigada para facilitar sua absorção. No Brasil, o uso da dose de 200 mg, é a mais encontrada pela formulação existente no país. Outros fármacos antiplaquetários como o Clopidogrel ou a ticlopidina podem substituir a aspirina se houver presença de contra-indicação. Os nitratos são indicados no caso de isquemia persistente, falência de bomba, IM extenso e/ou hipertensão arterial sistêmica. Sua aplicação geralmente ocorre após as primeiras 24-48h. Seu uso endovenoso está contra-indicado em IM com comprometimento clínico e/ou eletrocardiográfico de ventrículo direito, hipotensão e bradicardia. Já os betabloqueadores devem ser empregados em todos os pacientes com IM. Indica-se também no caso de persistência ou recorrência dos sintomas isquêmicos após terapia antianginosa, e presença de taquiarritmias como fibrilação atrial com alta resposta ventricular. Antes da era dos fibrinolíticos e da angioplastia primária, os betabloqueadores intravenosos eram bem utilizados na fase aguda do infarto do miocárdio, pelo seu potencial em limitar a área de infarto, reduzir a incidência de arritmias fatais, e aliviar os sintomas. O betabloqueador venoso mais utilizado em nosso meio é o metoprolol e o propranolol. Os fibrinolíticos são indicados nas seguintes situações e os pacientes divididos em classes: Classe I O tratamento beneficiará pacientes de qualquer sexo, com diabetes mellitus, hipertensão arterial, freqüência cardíaca elevada, ou história prévia de IM. Quanto mais cedo (nas primeiras 3 horas) o início da terapia, melhor o prognóstico. Indicações: Elevação do segmento ST (maior que 0.1 mV em duas ou mais derivações na mesma parede), com idade menor que 75 anos; e Bloqueio de ramo e história sugestiva de IM. 137 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Classe II a Pacientes idosos estão nesta classe. Em pacientes com idade acima de 75 anos o risco de mortalidade pós IM é alto com ou sem a terapia. O benefício relativo proporcionado pela terapia é menor. Indicações: Elevação do segmento ST. Classe II b Pacientes de atendimento tardio estão nesta classe (de12 a 24 horas). Após 12 horas dos sintomas, a terapia já não é tão benéfica. Pacientes selecionados com grande elevação do segmento ST e dor isquêmica prolongada podem ser candidatos à terapia tardia. Indicações: Elevação do segmento ST; Hipertensão na admissão maior que 180 mmHg de PA sistólica e/ou maior que 110 mmHg de PA diastólica, associado a alto risco. Classe III Pacientes com ausência da elevação do segmento ST. Com esta classe não há evidência de benefício com o tratamento trombolítico. Indicações: Tempo de início do tratamento maior que 24 horas, ausência de dor isquêmica; e exclusivamente depressão do segmento ST. Terapia de Reperfusão Como a principal causa do infarto é a obstrução do vaso por um trombo, a recanalização precoce da artéria responsável pelo infarto é necessária, pois limita a necrose miocárdica e reduz a mortalidade nos pacientes com IM. Este método pode ser realizado com a utilização de medicamentos (agentes fibrinolíticos) ou com intervenções mecânicas (angioplastia primária com balão ou implante de stents). Cada método tem suas vantagens e desvantagens. Seja qual for à técnica de reperfusão, ela constitui-se na mais importante terapia a ser empregada no tratamento do IM. Sua indicação depende do quadro clínico e das alterações eletrocardiográficas. FIGURA 17 Houve aumento da terapia de reperfusão miocárdica de 1994 para 2002 (p=0,000, para tendência linear) Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005000500012 Intervenção coronariana percutânea Este procedimento será mais bem-detalhado no módulo VI, falaremos aqui de sua importância específica no IM. Há dois tipos de intervenção coronariana percutânea na fase aguda do IM: primária (sem o uso prévio de fibrinolíticos) e de salvamento ou resgate (decorrente do insucesso da fibrinólise). 138 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 18 Fonte: http://www.rbci.org.br/imagens/11-04-04-figura1.jpg Intervenção coronariana percutânea primária Esta se utiliza do cateter-balão ou do implante de stent coronariano, sem o uso prévio de fibrinolítico, com o objetivo de melhorar o fluxo coronário anterógrado de maneira mecânica. É uma das melhores indicações para a obtenção da reperfusão coronariana, quando iniciada até 90 min após o diagnóstico do IM. Em pacientes com contra-indicação para fibrinólise ou com choque circulatório, a intervenção coronária percutânea primária é a opção preferencial. A cinecoronariografia é que determinará os critérios de exclusão e deve ser feita antes do procedimento. A impossibilidade de identificar o vaso coronário responsável pelo infarto é o primeiro critério de exclusão. Os outros são: infarto relacionado à oclusão de ramos secundários responsáveis pela irrigação de pequenas áreas do miocárdio; estenose severa no tronco da coronária esquerda (obstrução maior que 60%) não protegido por anastomose cirúrgica prévia, associada à oclusão da artéria descendente anterior ou circunflexa; presença de doença coronariana multiarterial grave, em paciente assintomático, com o vaso-alvo com fluxo coronariano TIMI grau 3 (vide anexo 1), evidenciandoindicação para 139 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores revascularização cirúrgica do miocárdio; constatação de fluxo coronariano normal (TIMI grau 3), associado à estenose coronariana menor que 70%, no vaso-alvo. FIGURA 19 Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/abc/v87n6/21f1.gif A intervenção coronariana percutânea primária tem vantagem sobre os fibrinolíticos com reduzidas taxas de isquemia recorrente e reinfarto, sem o risco da ocorrência de complicações hemorrágicas graves, como acidente vascular cerebral e menor mortalidade. 140 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 141 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Pacientes em hospitais sem condições adequadas para a realização de intervenção coronariana percutânea primária devem ser imediatamente tratados com fibrinolítico ou transferidos para um centro que realize intervenção coronariana percutânea primária. As recomendações atuais para transferência são: contra- indicação para fibrinólise; início dos sintomas do IM com mais de 3h até menos de 12h; expectativa da transferência, do diagnóstico até o início da intervenção coronária percutânea primária, inferior a 180 min; transporte rodoviário ou aéreo com esquema de terapia intensiva com monitoramento médico treinado. Intervenção coronária percutânea de salvamento A intervenção coronariana percutânea de salvamento ou resgate é a estratégia de recanalização mecânica realizada precocemente, indicada quando a terapia fibrinolítica falha em atingir a reperfusão miocárdica. Como os sinais clínicos de reperfusão não são completamente seguros, a cinecoronariografia deve ser realizada urgentemente, com tempo ideal de 90 min após a terapia fibrinolítica nos pacientes com IM com dor precordial que não cede instabilidade hemodinâmica ou elevação persistente do segmento ST. Cirurgia de Revascularização Miocárdica de Urgência Este procedimento será mais bem-detalhado no módulo VII, falaremos aqui de sua importância específica no IM. As indicações de revascularização cirúrgica do miocárdio têm sido cada vez menos freqüentes no tratamento do IM: revascularização primária na vigência de episódio de infarto; revascularização após angioplastia coronariana sem sucesso; revascularização por angina recorrente; e revascularização associada à correção das complicações mecânicas do infarto. Unidade Coronariana Pacientes com IM devem permanecer sob monitorização cardíaca contínua por pelo menos 36 horas pós-episódio de dor, e isso se faz na unidade coronariana (UC). Já pacientes com complicações, a permanência na UC será determinada pela necessidade de cuidados intensivos. Alguns fatores que levam a mortalidade intra-hospitalar são: presença de insuficiência cardíaca congestiva, evidenciada pela presença de taquicardia persistente por mais de dois dias; na ausculta pulmonar haverá presença de estertores crepitantes nas bases pulmonares indicando congestão vascular pulmonar; Arritmia ventricular (taquicardia ventricular) recorrente e fibrilação ventricular; fibrilação atrial ou flutter durante a permanência na UC; Bloqueios AV ou de condução intraventricular; IM anterior e angina recorrente. FIGURA 20 Fonte: http://www.materdei.com.br/jornal_abril_maio_2007/img/09.jpg Complicações A disfunção ventricular esquerda é uma complicação importante do IM que varia desde uma incapacidade contrátil até a falência grave de bomba (quando mais que 40% do ventrículo é comprometido), ou seja, o choque cardiogênico. Mas o mais comum é apenas a insuficiência ventricular esquerda acompanhada de congestão 142 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 143 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores pulmonar e transudação de edema para o espaço intersticial pulmonar, podendo levar à insuficiência respiratória. Outro risco grave é a ruptura do miocárdio e a trombose mural com embolização periférica. A ruptura acarreta o hemopericárdio, tamponamento cardíaco e morte súbita. Miocárdio Atordoado O miocárdio atordoado acontece após um episódio súbito e breve de isquemia grave, gerando mudanças ultra-estruturais e bioquímicas com conseqüente disfunção ventricular. Neste caso há depressão persistente da contração cardíaca, apesar do fluxo coronário voltar ao normal, após pequeno período de isquemia miocárdica. A patologia do miocárdio atordoado foi inicialmente descrita por Heyndrickx e colaboradores. Eles observaram, em cães acordados, que a função mecânica regional permanecia deprimida por um longo período quando da realização de oclusões coronárias de apenas poucos minutos e quanto mais longo o período de oclusão maior era o período de disfunção mecânica. A disfunção miocárdica que ocorre após um episódio isquêmico tem sua causa baseada em fatores como: a) A inadequada produção e utilização de fosfatos de alta energia; b) a insuficiente perfusão subendocárdica; c) uma lesão mediada por radicais livres de oxigênio; d) alterações no metabolismo e homeostase do cálcio. Outra causa desta patologia possa ser devido à inervação simpática funcional, ou uma reperfusão heterogênea, ou anormalidades no processo excitação-contração, ou ainda perda da atividade da creatino-quinase miofibrilar, e dano à matriz do colágeno extracelular. O que se vê nestes pacientes, apesar de reperfusão miocárdica satisfatória, após oclusão coronária aguda, não há imediata recuperação da função contrátil. 144 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tratamento A recuperação da função contrátil implicará na necessidade de drogas inotrópicas, suporte mecânico em alguns casos e internação prolongada sob terapia intensiva. A melhora da função contrátil é principalmente dependente da duração da isquemia. Pacientes submetidos à isquemia mais prolongada terão o tempo necessário para recuperação da função incerto. O uso de drogas inotrópicas poderá recrutar a reserva inotrópica presente no miocárdio atordoado, melhorando, assim, a função sistólica do coração, mas não alteram no tempo da disfunção contrátil. Experimentos com o uso dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), os bloqueadores AT1 e alguns bloqueadores do Cálcio têm sido feitos na tentativa de melhora do tempo do miocárdio atordoado. Os IECA são os que possuem melhores efeitos, quando há oclusão súbita da artéria coronária, haverá ativação do sistema renina-angiotensina, seja por ação reflexa direta no miocárdio isquêmico ou por queda na pressão arterial. Essa ativação levará a maior formação de angiotensina II e aumento da degradação da bradicinina. Com menos bradicinina haverá menor produção de prostaglandina, que, tem atividade protetora no miocárdio isquêmico, reduzindo o efeito de miocárdio atordoado. Deste modo, a ativação do sistema renina-angiotensina piora a isquemia como também potencializa o miocárdioatordoado. Mas isso tudo ainda está em estudo, não havendo nada estatisticamente provado ainda. Miocárdio hibernado O miocárdio hibernado é produzido pelo resultado da resposta do coração à diminuição do fluxo sanguíneo coronário, associado à redução, de sua capacidade de contração; isso ocorrerá na ausência de necrose celular, e tipicamente é revertido pela restauração do fluxo sanguíneo coronário. A alteração do fluxo sanguíneo coronário guarda relação com a função de contração miocárdica, a alteração de um sempre vem acompanhada da alteração de outro. O melhor parâmetro a ser 145 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores avaliado nesta patologia é o fluxo coronário epicárdico. Reduções do fluxo coronário epicárdico de aproximadamente 70% são capazes de produzir alterações mecânicas na função cardíaca global. Resumindo, o miocárdio hibernado resulta de uma isquemia crônica e persistente que diminui o consumo de oxigênio acarretando disfunção ventricular. Estudos mostraram que no miocárdio hibernado, a capacidade de geração de energia se encontra parcialmente preservados: a redução progressiva do fluxo coronário causa depleção de trifosfato de adenosina, fosfocreatina, da carga total de nucleotídeos, acúmulo de lactato tecidual, queda do pH e do oxigênio local. A produção de lactato pelo miocárdio isquêmico normaliza após 60 minutos da indução da isquemia, sugerindo que a demanda de oxigênio miocárdico diminuiu e que as fontes de glicose anaeróbica foram esgotadas ou que as fontes de fosfatos de alta energia foram restauradas. Porém, com o aumento da freqüência cardíaca, a produz-se lactato novamente, mostrando que as reservas de glicólise não estavam esgotadas. E que a concentração de fosfocreatina tecidual se recompôs depois de aproximadamente 60 minutos de isquemia miocárdica. Deste modo a fosfocreatina estaria sendo originada de estoques de trifosfato de adenosina mitocondrial. A depressão mecânica é considerada conseqüência direta da diminuição da oferta de oxigênio miocárdico; ou seria ainda causada por um processo ativo, com a finalidade de se ajustar a restrição energética e, de fato, proteger o músculo miocárdico, que, de outro modo, evoluiria fatalmente para necrose. Estudos recentes demonstram que as células endocárdicas e células endoteliais vasculares em meio hipóxico podem produzir diminuição reversível da contratilidade de miócitos cardíacos, sugerindo que o endotélio em hipóxia provoca inibição transitória da contratilidade, provavelmente um mecanismo implicado na fisiopatologia do miocárdio hibernante. Tratamento Ao diagnosticá-lo deve-se avaliar o uso da cirurgia de revascularização miocárdica e dos demais procedimentos, visando a reperfusão do miocárdio isquêmico. Antigamente acreditava-se que a revascularização miocárdica era contra- indicada devido à presença de severa disfunção ventricular esquerda em repouso. Entretanto, estudos recentes demonstraram que a disfunção ventricular não é necessariamente contra-indicação à cirurgia e que a função mecânica do miocárdio hibernado melhora após a adequada reperfusão miocárdica. O "Coronary Artery Surgery Study" (CASS) já demonstrou, claramente, que os pacientes com importante disfunção ventricular e submetidos à revascularização miocárdica foram os que apresentaram melhor sobrevida. Identificação do miocárdio viável O termo miocárdio viável refere-se ao miocárdio disfuncional, mas perfundido, ou seja, com o tecido com função deprimida, mas que poderá ser recuperada após o restabelecimento do fluxo sangüíneo. FIGURA 21 Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/abc/v85s3/a01tab24.gif Diferenciar miocárdio isquêmico viável e não-viável pode ser extremamente difícil. Clinicamente, a presença de angina é considerada como sinal de músculo viável, mas a prova definitiva de viabilidade miocárdica é a restauração da contração cardíaca após a volta do fluxo coronário, seja por angioplastia ou revascularização cirúrgica. Os métodos diagnósticos são divididos entre aqueles que avaliam a reserva inotrópica e os que avaliam a perfusão por meio de marcadores radioativos. 146 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 147 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A injeção de agentes inotrópicos positivos identifica o miocárdio viável com base na restauração da contração segmentar analisada por sensores colocados diretamente sobre o epicárdio em condições experimentais, ou pela análise da mobilidade da parede ventricular em ventriculografia contrastada convencional. Recentemente, ventriculografias radioisotópicas vêm sendo utilizadas com a mesma função. Porém, seu caráter invasivo (ventriculografia contrastada) e a falta de definição precisa de sua sensibilidade e especificidade (ventriculografia radioisotópica) restringem o uso rotineiro. A ecocardiografia de estresse apresenta crescente aplicação na prática clínica para avaliar a reserva inotrópica. A ecocardiografia sob estresse é utilizada para diagnóstico, classificação de risco, prognóstico e avaliação da viabilidade miocárdica na doença arterial coronariana. Neste exame o coração é submetido a várias formas de estresse para o estudo ecocardiográfico. Em indivíduos sem limitação da capacidade física, utiliza-se o teste com esteira ou bicicleta e para aqueles sem condições de se exercitar, são usados os testes farmacológicos. Os segmentos hibernados respondem com melhora da contração à estimulação por catecolaminas. Essa resposta é um processo instável e temporário, devido ao comprometimento da reserva coronária. Deste modo, o miocárdio hibernado mostra resposta bifásica à infusão de inotrópicos. Quando há infusão de baixa dose de dobutamina, uma região hipocontrátil, mas viável, apresentará melhora de sua função. Com o aumento da dose, essa região tornar-se-á isquêmica pela incapacidade da coronária aumentar o fluxo sanguíneo (ausência de reserva) e apresentará hipocontratilidade mais acentuada. O uso do estresse físico ou do dipiridamol em pacientes que apresentem contra-indicação ao estresse seja químico ou físico, também são usados na avaliação. A tomografia por emissão de pósitrons é o exame padrão para a avaliação da viabilidade miocárdica. Esse método avalia não só o fluxo como também o metabolismo no músculo cardíaco. O marcador utilizado é a amônia marcada (13NH3). A captação de glicose pela célula cardíaca é feita pelo F-18-deoxiglicose (FDG-PET). Áreas infartadas são mostradas por imagens com amônia e glicose, porque não há perfusão e não há metabolismo na região. Com redução do fluxo há 148 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores aumento da captação da glicose pelo músculo. Isso acontece porque nessas regiões, o metabolismo deixa de ser realizado de preferência pelos ácidos graxos para ser realizado com a glicose. Essa discordância metabolismo-fluxo no estudo com tomografia por emissão de pósitrons é ótimo fator com valor prognóstico de recuperação da função sistólica após revascularização. A cintilografia com tomografia por emissão de fóton único (SPECT) utilizando tálio 201 representa a maneira mais comum usada para
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