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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gestão dos Estoques Inventário Físico dos Estoques Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. José Joaquim do Nascimento Revisão Técnica: Prof. Dr. Antonio Carlos da F. Bragança Pinheiro Prof. Me. Maick Roberto Lopes Revisão Textual: Profa. Esp.Vera Lídia de Sá Cicarone 5 • Introdução • Classificação dos Inventários • Formas de Inventariar Mercadorias em Estoques e Tipos de Inventários Você está próximo do encerramento desta discussão sobre gestão de estoque para empresas. Entender a sistemática dos inventários e por que eles são tão necessários é conhecer uma ferramenta importante da logística empresarial. O seu aprendizado depende da sua continuidade e espontaneidade para a leitura do texto e a realização dos exercícios. Isso é fundamental para a fixação e a aprendizagem da unidade. Além disso, sua participação nas atividades e nos fóruns é muito importante. · Apresentar metodologia para planejamento e organização de inventários gerais e rotativos. · Identificar o importante papel dos inventários no contexto do gerenciamento dos estoques. · Mostrar os meios e a importância de se fazer análises precisas sobre as causas das divergências de estoques, objetivando minimizá-las permanentemente e acertar os saldos de estoques na empresa. Inventário Físico dos Estoques • A Acuracidade de Estoque e o Método de Cálculo • Um Método para Manutenção da Acuracidade dos Estoques 6 Unidade: Inventário Físico dos Estoques Contextualização Em gerenciamento da cadeia de suprimentos, “a gestão de inventário” é a atividade que capacita gestores para a função de controlar a movimentação de materiais nos ambientes interno e externo da empresa, desde a chegada da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Independente do setor em que a empresa atua ou da sazonalidade que ela enfrenta, a qualidade da informação proveniente da gestão de inventário é parte fundamental para todo o resultado estratégico financeiro que esta almeja alcançar. A acuracidade na gestão de inventário é, sem dúvida, um tema atual, importante e que deve ser colocado como prioridade nas agendas de supervisores, gerentes e diretores de qualquer empresa que busque atingir o patamar de eficiência operacional desejado. 7 Com muita tranquilidade, vamos iniciar nossa leitura sobre Inventário. Comece pelo vídeo que consta no link a seguir e vá pensando nesta imagem da figura 1. Link para o vídeo: • https://youtu.be/IyShXMfWk2Y A eficiência de uma atividade produtiva ou comercial depende da produtividade de diversos recursos e, portanto, do uso adequado dos seus recursos. Deste modo, todas as atividades devem ter uma performance coerente com as estratégias de lucratividade da empresa. Para Tadeu (2011), uma das atividades operacionais importante diz respeito ao controle de inventários. Este pode indicar um equilíbrio ou desequilíbrio na gestão de recursos que empatam algum investimento que poderia ser alocado para outras atividades (TADEU, 2011). Introdução O termo inventário é uma palavra derivada do latim inventarium e significa uma relação de bens deixados por alguém em algum ambiente, ou também dá nome ao documento que relaciona esses bens com informações de localização detalhadas. Ou seja, os inventários apresentam uma descrição dos produtos, as quantidades existentes e os locais onde eles se encontram (WANKE, 2011). Atenção Atenção Nosso conteúdo refere-se ao inventário físico do estoque que é uma contagem periódica dos materiais ou produtos que estão de posse da empresa. É necessário para que esta faça comparação com as informações de estoques registrados e contabilizados em controle documental da empresa. O propósito maior é comprovar sua existência e exatidão. Conforme Viana (2002), o controle dos produtos ou mercadorias assim como de ativos pertencentes a uma pessoa jurídica é realizado a partir de inventários e esse é um procedimento realizado em qualquer lugar do mundo. A autora salienta, ainda, que é uma atividade vinculada à área da contabilidade, inclusive originada da perspectiva de gerenciamento dos ativos das empresas. Nosso propósito, nesta unidade, não é nos concentrar na teoria econômica e nas regras financeiras e contábeis do Brasil para tratar do inventário de estoque, mas sim enfatizar a questão como uma atividade de contagem física importante no conjunto de atividades que envolvem a administração de materiais e a gestão de estoques. Vamos trabalhar o inventário físico, que serve para ser confrontado com os relatórios contábeis, tendo em vista que este curso trata da gestão logística. Figura 2 – Conferência de Estoques Fonte: Thinkstock/Getty Images 8 Unidade: Inventário Físico dos Estoques A avaliação das mercadorias em estoque pressupõe algum levantamento, o qual é feito por inventário. O levantamento em questão busca saber quais os níveis de estoques. O tema inventário, relacionado aos estoques nas empresas, é explorado por muitos teóricos, como Viana (2002); Martins e Alt (2002) e Novaes (2007), que estudam a administração de materiais e mais especificamente a logística. Essa prática é antiga nas empresas. A figura 2 é sugestiva. Figura 2 – O inventário físico no século passado Explore Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o assunto, você pode buscar a leitura da obra do autor citado no parágrafo abaixo. Existem, há muito tempo, estudos sistematizados sobre como inventariar os ativos em uma empresa. Autores como Marion (2009) definem inventário como: [...] um levantamento ordenado dos elementos do patrimônio de uma da empresa, em dado momento para finalidades diversas. A determinação plena dos componentes de um patrimônio particular em um dado instante ou de uma parte de tais componentes, ou de um agregado qualquer de bens econômicos que devem por uma razão qualquer considerar-se reunidos em um todo. Marion (2009), um dos autores mais estudados da contabilidade, descreve inventário da seguinte forma: “refere-se ao processo de verificação das existências dos estoques; portanto faz parte do controle de estoque. Dessa forma, a verificação, a contagem física do bem [...] caracterizam inventário.” Então, caro aluno, como as unidades anteriores, esta vai tratar do inventário físico, que também compõe a atividade de gestão de materiais. Autores como Wanke (2011) definem o inventário físico como a contagem de materiais de um determinado grupo ou também de todos os outros itens em estoque para confronto com a contabilidade. Ele tem dois objetivos específicos: • o levantamento preciso e coerente da situação do estoque para ser levado à contabilidade da empresa; • uma auditoria da situação do estoque e procedimentos desenvolvidos no armazém. Nesta unidade pretendo fazer você compreender que há o inventário de mercadorias que a empresa comercializa ou produz e também inventário de outras coisas (ativos, como móveis, equipamentos, suprimentos) que a empresa não pretende vender, ou seja, que pertencem ao seu imobilizado. Nas empresas industriais, materiais ou produtos que são inventariados, ou seja, que passam pela contagem física, geralmente, encontram-se reunidos em depósitos ou almoxarifados, enquanto as empresas comerciais costumam manter o inventário em um depósito ou em lojas acessíveis ao consumidor (RITZMAN & KRAJEWSKI, 2004). Fonte: Thinkstock/Getty Images 9 Veja esta possibilidade: o inventário nas empresas deve ser controlado, pois, se não for assim, pode encorajar funcionários ao roubo, por exemplo. O inventário é um informe dos “valores econômicos” guardados na empresa, ou seja, um recurso financeiro “disfarçado” na forma de um produto ou outro ativo qualquer (Figura 3). Se esse recurso (ativo)não for controlado, não se saberá o real nível de estoque e fica impossível controlá- lo economicamente (POZO, 2007). Figura 3 – Inventário físico permanente Veja um Exemplo: Uma empresa comercial, como uma loja de departamentos, por exemplo, segundo Paolesch (2012), deve ter um controle permanente do estoque e, necessariamente, por sistemas de computadores, ou seja, por softwares especializados. De acordo com Ching (2010), a contagem física pode ser realizada manualmente ou por meio da leitura por códigos de barra tanto nas saídas das mercadorias quanto no recebimento nas docas. A exatidão das quantidades em almoxarifado é importante, pois as decisões de vendas dependem de informações em tempo real. As conferências, do ponto de vista administrativo, são motivadas pelas necessidades primárias de controle e cuidados devido a roubos e erros manuais. Daí as lojas precisarem conhecer, com exatidão, o total das quantidades físicas (CHING, 2010). Pense nesta situação! Para Ching (2010), de nada adianta uma empresa ter informações sobre o seu estoque se elas não forem atualizadas. É a conferência física e o confronto com dados contidos em relatórios contábeis que vão confirmar as informações sobre cada produto, sua quantidade, entre outras questões. Quando se recebe produtos em uma empresa, as informações de ressuprimento devem ser repassadas para outras áreas, para que estas possam dar sequência às suas atividades e não sejam prejudicadas. Tadeu (2011) sugere que as empresas precisam de sistemas que continuem informando permanentemente os fluxos de recursos internos, como os níveis de estoques e os níveis de serviços correlatos existentes. Ainda para Tadeu (2011), a precisão e o cuidado com as informações sobre os estoques são fundamentais, isto é, os saldos de produtos ou mercadorias demonstrados nos sistemas informatizados devem manter perfeita sintonia com os saldos físicos existentes nos depósitos. As informações devem ser confiáveis e existem indicadores técnicos que permitem medir tal precisão; é a acuracidade de estoque. Quando as informações de relatórios não são coerentes com os números verificados in loco nos almoxarifados ou armazéns, os problemas vão além do que muitos imaginam. Pode acontecer de a empresa comprar produtos desnecessários, empatando seus recursos naquilo que não é necessário (TADEU, 2011). No que se refere à acuracidade dos estoques, Wanke (2011) diz que é um indicador de relevo para a tomada de decisão dos gestores. Logo, as falhas nas informações indicam falta de acuracidade. Portanto, quando a informação de estoque dada pelo sistema de controle, informatizado ou manual, não é condizente com a quantidade real que se encontra no estoque, dizemos que esse inventário não é confiável ou não tem acuracidade. Fonte: Thinkstock/Getty Images 10 Unidade: Inventário Físico dos Estoques O gestor de estoque deve adotar uma política em que o inventário realizado gere total confiabilidade em relação às informações, uma vez que elas afetam todos os setores da empresa, desde o nível gerencial até o operacional. Segundo Wanke (2011), uma informação errada sobre os saldos em estoque pode levar a uma decisão equivocada na área de planejamento de produção ou de vendas, interferindo negativamente nas previsões de demanda dos consumidores. Devemos lembrar que a falta do estoque pode causar problemas internos e externos assim como custos expressivos não somente financeiros. Classifi cação dos Inventários Vamos entrar no mérito técnico do inventário físico de estoques. O estoque físico pode ser classificado em vários tipos. Podemos ter estoques de materiais, de mercadorias prontas para venda ou, ainda, de mercadorias em processo, ou seja, que estão em produção nas linhas de montagem. Há vários espaços que podem ter produtos e matérias dentro de uma empresa industrial, desde áreas de produção até as de manutenção, dependendo da atividade econômica a que a empresa venha a pertencer (DIAS, 2009). Divisão do Inventário Físico Para efeito de aprendizagem, ou seja, dentro de uma perspectiva didática, vamos considerar as divisões do inventário físico. Quando tratamos da indústria, podemos dividir seus produtos em inventário de: • matéria-prima – trata-se de materiais e/ou componentes que estão sendo utilizados no processo fabril de outros produtos; • material em processo – trata-se de materiais e/ou componentes que já passaram por alguma transformação; • produto acabado – trata-se de produtos prontos para a venda ao consumidor final; • produtos adquiridos de fornecedores que serão utilizados para revenda. • produtos semi-acabados – São os produtos que estão em processamento fabril Entenda que essa é uma divisão teórica, didática, que facilita nossa compreensão. Entenda também que tal procedimento na indústria difere da lógica da empresa comercial, que tem o produto acabado para revenda. Ao tratarmos dos procedimentos ou, ainda, das técnicas de inventário adotadas nas indústrias, estes podem ser aplicados à empresa comercial para qualquer item do estoque. A mesma coisa ocorre com os controles com base na mesma disponibilidade desejada e poderão ser acompanhados constantemente ou periodicamente (PAOLESCH, 2012). Para Ching (2010), a finalidade básica da realização do inventário (da contagem) pode, ainda, estar relacionada à necessidade de acompanhar a localização e a descrição de produtos e também ao fornecimento de dados complementares às atividades operacionais, tais como os volumes de produção, informações sobre montagens, fabricação, até substituição e manutenções de equipamentos, entre outros. 11 Formas de Inventariar Mercadorias em Estoques e Tipos de Inventários O inventário das mercadorias em estoques pode acontecer periódica ou permanentemente. Parece até que é a mesma coisa, mas há diferenças. Os inventários podem ser permanentes ou periódicos, mas cada uma dessas formas de procedimento é mais adequada a um determinado tipo de estrutura e seus fluxos de atividades, como considera Marion (2009). Vamos analisar cada um deles. Inventário permanente: No inventário permanente, a ideia é que os produtos sejam sempre contados após uma movimentação. Ou seja, tanto na saída quanto na entrada das mercadorias, realiza-se uma contagem de todas as unidades daquele tipo de mercadoria em estoque. Inventário periódico: Neste inventário, a contagem do estoque é realizada em datas espe- cificas, normalmente ao final do exercício fiscal. Tipos de Inventários Veja a tabela 1 que apresenta os tipos de inventários e uma visão de cada método que existe para inventariar bens nas empresas. Posteriormente, segue uma análise rápida de cada um deles. Tabela 1: Tipos de Inventário e visão dos métodos Tipos de inventário Visão do método Inventário geral Contábil, preocupação com valor dos ativos Inventário dinâmico Economizar recursos operacionais do almoxarifado Inventário rotativo Prevenção de erros; manter informações corre Inventário por amostragem Identificar se os métodos de controle são eficientes Inventário geral Embora não seja nosso propósito discutir o mérito contábil dos estoques, ao falarmos de tipos de inventários, não podemos deixar de mencionar o inventário geral, que permite uma visão contábil. É um processo de contagem física de todos os itens da empresa em uma data pré-fixada; daí dizermos que é realizado de forma periódica (CHING, 2010). As empresas usam fazer isso no fechamento do Balanço Patrimonial para atender às exigências do Fisco Nacional. Para Marion (2009), a ideia é que a empresa informe ao fisco qual foi o custo das mercadorias ou dos produtos vendidos (CMV ou CPV). O cálculo é simples, pois, como sugere o próprio Marion em seus trabalhos, basta informar qual era o estoque inicial, somar com que foi comprado e subtrair o estoque no finaldo exercício fiscal. Assim: 12 Unidade: Inventário Físico dos Estoques CMV ou CPV = Estoque Inicial (EI) + Compras (C) - Estoque Final (EF) Do ponto de vista administrativo, o gestor de estoque deve considerar que esse inventário não é eficiente em termos de informações para os gestores, pois: • é possível que apresente falhas, já que a contagem acontece em um único período e, dependendo da quantidade de bens, a acurácia do estoque é baixa; • a coordenação torna-se difícil se o número de bens for elevado, dificultando novas contagens, quando existem divergências; • é uma contagem mais para ajustes do que mesmo para identificar divergências de informações. Inventário dinâmico Este tipo de inventário é adequado à visão gerencial em que se busca economizar os recursos envolvidos com atividade no almoxarifado. É um processo de contagem física de um item sempre que este atinge alguma situação pré-definida. Com este tipo de inventário, o gestor tem a oportunidade de saber, realmente, se a informação documental ou o registro em sistema de que o estoque zerou, realmente zerou, ou seja, se esgotou (TADEU, 2011). Autores como Ching (2010) dizem que é comum os gestores considerarem que o inventário rotativo é adequado à averiguação do estoque de segurança, ou seja, para verificar se, realmente, a informação documental registrada nos sistemas de controle se confirma com a averiguação física de tal nível de estoque. Esta averiguação rotativa é importante para detectar erros e, assim, evitar riscos de atendimento à demanda dos clientes. Este tipo de inventário permite, de certo modo, uma economia de gastos com o pessoal do almoxarifado que realiza a contagem quando o estoque está em seu nível mínimo, ou seja, no estoque de segurança definido estrategicamente pela gerência (CHING, 2010). Inventário rotativo Quando tratamos de averiguação permanente, portanto um modo de contagem permanente, estamos falando do inventário rotativo. Os gestores buscam, com este tipo de averiguação, certa prevenção de erros no inventário. Assim, eles mantêm as informações corretas ao longo de todo o ano. Os gestores determinam a frequência com que a averiguação deve ser feita, de forma pré-determinada, geralmente em função da importância do produto para os negócios da empresa (TADEU, 2011). A prática adotada não segue uma regra em todas as empresas, mas é comum a averiguação diária, quase sempre ao iniciar o dia de trabalho, como acontece em postos de gasolina, à medida que há a troca de turno. Principais vantagens: 13 • contagem frequente dos itens mais movimentados; • prevenção dos erros, já que o objetivo fundamental é encontrar e conciliar as divergências; • contínuo aprimoramento das equipes pela percepção da responsabilidade de que os estoques devem ser mantidos permanentemente corretos; • monitoração contínua dos índices de acuracidade através de gráficos que permitam identificar quando houver desvios da normalidade nos processos de controles de estoques; • realização das contagens em pleno funcionamento das operações. Como qualquer um dos tipos, este tem vantagens, já elencadas acima, e também desvantagens. Estas últimas podem referir-se ao custo para algumas empresas, por terem de usar pessoas, funcionários para averiguar diariamente os produtos em estoques. Para Wanke (2011), esse procedimento é praticamente inviável para muitas pequenas empresas e, muito mais, para médias e grandes, a não ser que os gestores o façam para um grupo restrito de produtos. Inventário por amostragem A visão dos gestores é basicamente identificar se os métodos de controle dos estoques são eficientes para que tomem decisões corretas. Geralmente, quem usa este tipo de averiguação são os auditores quando são convidados pelos gestores da empresa. Neste tipo de inventário, verificam-se apenas alguns produtos de forma aleatória, daí dizermos por amostragem. A ferramenta estatística é muito comum para este tipo e para os auditores em suas tarefas (PAOLESCH, 2012). A Acuracidade de Estoque e o Método de Cálculo Como um indicador, a acuracidade pode ser determinada com uma simples equação que relaciona duas variáveis básicas: a informação correta e a informação verificada in loco pelo inventariante, assim como se vê abaixo (TADEU, 2011): Acuracidade = [quantidade de informações corretas / quantidade de informações verificadas] x 100 14 Unidade: Inventário Físico dos Estoques Da mesma forma que determinamos a acuracidade do inventário, podemos, ainda, verificar a divergência entre as informações que chamamos de acuracidade do estoque. A divergência pode ser expressa em uma equação simples, apenas considerando o que foi medido pelo inventariante e o que consta nos sistemas utilizados na empresa, como está logo abaixo: Divergência = [quantidade medida – quantidade no sistema / quantidade no sistema] x 100 As divergências não poderiam existir, mas, por diversos motivos, acontecem e podem ser aceitáveis em função de diversos fatores. A questão da tolerância de erro na averiguação é um aspecto a ser considerado no processo de inventariar das empresas (PAOLESCH, 2012). Identificar as divergências é identificar os erros de estoques. É importante, para os gestores, saber quais são os saldos reais dos bens existentes em estoque ou, ainda, a quantidade exata dos bens em inventário. Caso as divergências entre as informações quantitativas reais, existentes no estoque, e aquelas indicadas em relatórios sejam significativas, não resultando de erros de contagens, os procedimentos passam a ser reavaliados ou os recursos envolvidos responsabilizados pelas falhas (MARTINS & ALT, 2002). Se as divergências forem resultantes de diferenças de pesos, por exemplo, há tolerância e parâmetros (métodos de conferências) para aceitabilidade das informações do estoque; é o que revela Pozo (2007) em seu livro. Mas há um grau de aceitação do erro, isto é, da divergência conceituada no item anterior, e esse desvio deve ser ajustado. Não é possível aceitarmos falhas de sistemas, pois quem está por trás deles são os usuários. Para Pensar Será que um sistema moderno elimina as divergências nos inventários físico e contábil, ou seja, o sistema maximiza a acuracidade do inventário de estoque? Será que a precisão da informação não é resultado de um conjunto de elementos, entre eles o pessoal envolvido? Na questão técnica relacionada ao cálculo da acuracidade do inventário, não estão sendo inseridos aspectos financeiros envolvidos na contabilização dos bens em estoques. Estamos enfatizando a operacionalidade da averiguação física dos estoques, logo o que se busca é saber se existe ou não itens com erro. A questão de o erro ser positivo ou negativo não vem ao caso, descreve Pozo, (2007); para ele, independente do tipo de erro, a maior ou a menor, todos geram problemas diversos para a empresa, ou seja, para os seus gestores na tomada de decisões estratégicas. 15 A acuracidade é somente um indicador de que o total contabilizado ou está muito diferente da soma dos valores dos itens existentes em estoque ou não está diferente. Para Marion (2009), a identificação desse índice é uma visão puramente patrimonialista e não de perfeição de processos realizados por alguém. Veja que podemos considerar que o estoque está com itens com divergências positivas (sobras) e outros itens com divergências negativas (faltas) e, no final, essas diferenças se compensam e se anulam do ponto de vista contábil. É uma possibilidade. Você, caro gestor, deve considerar que o interessante é ter informações corretas de forma constante e permanente, para, então, subsidiar outros gestores na empresa. Para Tadeu (2011), quando os gestores das empresas substituem a prática de inventários gerais anuais por sistemas de inventário permanente, eles estão buscandomanter corretas as quantidades e valores dos sistemas de controle de estoques de suas unidades durante o ano todo. Trocando Ideias Caso você necessite fazer uma averiguação física dos estoques, considere que há métodos consagrados e todos recomendam um planejamento das ações a serem tomadas para implementar qualquer iniciativa de inventariar estoques. Um Método para Manutenção da Acuracidade dos Estoques Vejamos os detalhes de cada etapa deste método de manutenção da acuracidade de estoques: Primeira etapa – Preparação da equipe Preparar a equipe ou, ainda, organizar as equipes que efetuarão o inventário é fundamental. Os analistas chamam de primeira contagem os reconhecedores dos itens de estoques. Depois disso, organizam-se as equipes da segunda contagem, que chamam de revisores (TADEU, 2011). Os procedimentos são padronizados nas empresas e colaboradores são convidados com antecedência e preparados para realizar a averiguação. É comum selecionar uma quantidade de itens para conferência e, se houver diferenças de um dia para outro, buscar saber quais os motivos (TADEU, 2011). À medida que se encontram as causa do erro, geralmente, avalia-se o processo causador desse erro, a fim de descobrir uma maneira de evitar sua ocorrência através de uma mudança de procedimento. Pode acontecer de esse erro ser de causa puramente humana. Esse processo acontece até pararem as divergências. 16 Unidade: Inventário Físico dos Estoques Segunda etapa – Arrumação Física O gestor de estoque deve considerar que arrumar fisicamente as áreas assim como os bens a serem inventariados é importante para o sucesso desta atividade. Os gestores devem, à medida do possível: • agrupar os produtos iguais ou similares para facilitar a contagem pelo colaborador; • usar cartões para identificar os produtos ou materiais, • pensar no espaço que será usado deixando espaços livres para o fluxo contínuo dos colaboradores; • adotar um procedimento para os produtos que não serão inventariados, assim como possíveis equipamentos necessários para atividade, como equipamentos de movimentação ou de medidas ou pesagens. Terceira etapa – Análises das Diferenças Aqui aparece a questão da acuracidade dos estoques. Esta se estabelece à medida que se mapeiam todos os detalhes dos três últimos documentos emitidos antes da contagem, que são: • notas fiscais; • notas de entradas; • requisições de materiais e • devoluções de materiais. Os gestores de estoques devem considerar qual o procedimento de maior importância do inventário; tal procedimento pode resultar na eficiência do inventário para empresa (WANKE, 2011). Ainda para Wanke (2011), os gestores de estoque, ao serem impelidos a realizar um inventário, devem considerar que não é possível movimentar bens ou materiais na data da contagem assim como receber qualquer material nos dias de inventário. Caso as áreas de produção necessitem de materiais, que os retirem antes do dia do inventário; o mesmo deve acontecer com os produtos que vão para o almoxarifado. Até a expedição deve considerar que os produtos faturados e não entregues sejam isolados dos demais que forem inventariados, para que não haja erros no inventário. Vamos ao um fluxo da rotina de um inventário em uma empresa (Figura 4). 17 Figura 4 - Fluxo da Rotina do Inventário Veja que, para a operacionalidade, tudo começa com a geração de fichas, impressão das fichas, para posterior lançamento das contagens em sistema. A conferência com os documentos sugere a montagem de relatórios e, por fim, a atualização do inventário, indicando, a partir de relatórios, quais são as divergências, caso existam (CHING, 2010). Os inventários físicos de estoque exigem certo profissionalismo, tendo em vista que a identificação dos fatores que causam divergência ajuda os tomadores de decisão das empresas a otimizarem suas ações. A gestão de materiais considera que há um custo para manter estoque, pois os materiais ou produtos ocupam espaço, consomem energia, exigem recursos para manipulação, entre outras questões. Para Viana (2002), manter o inventário acima do necessário, ou seja, dos níveis de demanda interna e externa é prejuízo. A revisão periódica de inventário e uma política eficiente são essenciais e podem se estabelecer a partir de uma classificação do estoque com base em valores, identificando os bens que retêm valor mesmo se estocados por um longo período e os bens ou materiais que precisam ser usados ou descartados. Isso como ajuste para evitar o risco de perder dinheiro. É preciso entender que há uma lógica no mercado para os produtos e essa lógica é mutável. 18 Unidade: Inventário Físico dos Estoques Conclusão O gestor de estoques deve ter clara a seguinte ideia: o inventário é um assunto de relevo para os demais gestores departamentais, pois pode haver uma parcela do orçamento de uma organização que esteja sendo subavaliada ou superavaliada ou, ainda, esteja escondendo falhas diversas. Como sugere Corrêa (2010), hoje as empresas estão pensando em uma estrutura enxuta, bem próxima da filosofia Manufatura Enxuta, a qual sugere que, quanto menor o nível de estoque ou quanto mais precisa a informação relativa aos estoques físicos existentes, mais eficientes serão as estratégias dos gestores. O estoque pode ser um indicador de produtividade de uma empresa e, consequentemente, um indicador de performance de uma indústria, podendo servir de exemplo a ser seguido pelos concorrentes, como esclarece Ritzman e Krajewski (2004) em sua obra. A melhoria da qualidade produtiva, a redução do tempo operacional, a diminuição criteriosa dos custos, dentre outros aspectos, são alguns exemplos de ações que oferecem vantagens competitivas para uma indústria em qualquer setor da atividade econômica as quais podem ser melhor percebidas com inventários permanentes (TADEU, 2011). 19 Material Complementar Veja o link: www.youtube.com/watch?v=v7Tf010_4Ko Trata-se de uma discussão exposta por Vicente Sevilha Jr. Sob título: Inventário -- Levantamento de Estoques -- Sevilha Contabilidade -- Vicente Sevilha Jr. 20 Unidade: Inventário Físico dos Estoques Referências BOWERSOX, D.J.; CLOSS, D.J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2004. BRUNI, A. L., FAMÁ, R. – Gestão de Custos e Formação de Preços. São Paulo: Atlas. 2012. CHING, Y. H. – Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. 4ª. Edição. São Paulo: Atlas, 2010. CORRÊA, H. L. Gestão de Redes de Suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. FLEURY, P. F.; FIGUEIREDO, K. F.; WANKE, P. F. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. MARION, J. Carlos. Contabilidade Básica. 4ª. Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2009. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2007. PAOLESCH, B. – Almoxarifado e Gestão de Estoques. São Paulo: Editora Erica, 2012. POZO, Hamilton, administração de materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 4ª ed. São Paulo: Atlas 2007. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Pearson Education, 2004. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. TADEU, H. F. B. Gestão de Estoques: Fundamentos, Modelos Matemáticos e Melhores Práticas Aplicadas. São Paulo: Editora Cengage Learning, 2011. VIANA, João José. Administração de Matérias. 1ª ed. São Paulo: Atlas,2002. WANKE, P. F. Gestão de estoques na cadeia de suprimento: decisões e modelos quantitativos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. 21 Anotações
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